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Ria Formosa, entre a ria e o mar

Por Ana Isabel Mineiro | Viagens Algarve Europa Faro Loulé Olhão Portugal Tavira Vila Real de Santo António
Atualizado em 9.09.2020 | Tempo de leitura: 7 minutos

Ria Formosa
Ria Formosa

Uma das zonas mais repousantes do Algarve é, sem dúvida, a região em volta da Ria Formosa, onde a vegetação de um suave verde mediterrânico se alia ao azul da água para desenhar um dos mais belos quadros do país.

A bela Ria Formosa, no Algarve

Para quem chega do Norte, a diferença é gritante: a pedra em fragas fica para trás, na região da Beira Baixa, e depois do discreto Alentejo entramos no reino dos pinheiros de copa redonda e das alfarrobeiras, nos cheiros subtis de ervas desconhecidas, nos verdes secos de uma paisagem com poucos sobressaltos.

Salinas romanas da Ria Formosa
As antigas salinas romanas da Ria Formosa

Almancil não tem nenhum interesse especial, para além da beleza natural da paisagem e de ser o paraíso do jet set, com dois dos melhores complexos turísticos da Europa: Quinta do Lago e Vale de Lobo. Mas o seu enquadramento é soberbo e toda a área apela ao descanso e ao lazer.

A mata perfumada que antecede a ria faz-nos jurar que nos encontramos na costa mediterrânica: pinheiros mansos, palmeiras das vassouras, vegetação baixa e pouco densa, rosmaninho e outras flores garridas e miúdas, um ar parado e morno onde não chegam os ventos frios do Norte.

Um dos vários percursos marcados que existem no Parque, facilmente feitos a pé, a cavalo ou de bicicleta, são um bom cartão de visita da zona. Por exemplo, o Trilho de São Lourenço. Começamos por avistar uma extensa área de sapal no leito da ria, onde pescadores e aves, nomeadamente o maçarico, competem a apanhar pequenos moluscos e vermes. Na outra margem fica a linha branca das dunas que antecedem o mar; deste lado caminhamos pelo pinhal, embalados pelo canto de poupas e chapins. Com sorte talvez encontremos um camaleão, espécie em extinção na Europa, mas que ainda consegue sobreviver por aqui. O estradão de terra amarela leva-nos até um observatório de pássaros junto a um lago artificial debruado a caniços e juncos, onde facilmente avistamos garças, patos, galinhas-de-água e caimões.

Mais adiante passamos pelas ruínas romanas da salga do peixe e, continuando o caminho, chegamos às salinas, onde o branco ofuscante do sal lembra a neve, escandalosa visão numa terra onde até a sombra queima. Os rectângulos acinzentados, delimitados por passagens de terra batida, vão acumulando sob o sol escaldante camadas superficiais de um sal fino e de grande qualidade. Ao longe, um pequeno grupo passa a cavalo; mas os turistas, tal como os flamingos, têm as suas épocas próprias, e por isso é fácil andar em paz à beira-ria, absorvendo luzes e cheiros.

Painéis informativos sobre a Ria Formosa
No percurso encontram-se painéis informativos sobre a Ria Formosa

Depois faz-se o caminho em sentido contrário e atravessamos a ponte de madeira sobre a água azul – ou o pântano, dependendo das marés – para enterrar os pés nas dunas. A nós o cheiro do mar, o calor do sol sem a protecção carinhosa dos pinheiros, as ondas atlânticas que se estendem até à praia do Ancão, onde acaba a zona protegida. Também aqui é agradável passear, acompanhando a linha das dunas, descobrindo os abundantes cardos marítimos, narcisos das areias e demais belezas subtis da região.

Do outro lado podemos agora ver a mancha verde contínua dos pinheiros e da vegetação, onde se aninham, aqui e ali, os grupos de casinhas brancas que marcam as povoações ou as unidades hoteleiras. Ao longo das praias vão aparecendo pequenos restaurantes e bares de apoio que fornecem sombra e refresco para um passeio mais longo. E o mar, irmão da ria, acompanha-nos ao longo da praia, como no poema de Sophia: “As ondas desenrolam os seus braços / e brancas tombam de bruços”.

O Parque Natural da Ria Formosa

O Parque Natural da Ria Formosa abrange cerca de duzentos e setenta quilómetros quadrados, ao longo do Rio Ancão e até à Manta Rota (de Loulé a Vila Real de Santo António). O seu ecossistema é formado por cinco ilhas muito estreitas que fazem uma barreira contra o mar, deixando serpentear do outro lado a água salgada da lagoa, onde as marés se fazem sentir e as dunas mudam com o vento. Estas barreiras naturais formaram-se há cerca de sete mil anos, quando o nível do mar era muito inferior e grande quantidade de areia proveniente da erosão se foi acumulando ao longo da costa, a dezenas de metros de profundidade. Os cursos de água também reforçaram esses depósitos, que hoje constituem sapais e ilhotas.

Hotel na Quinta do Lago, junto à Ria Formosa
Vista do hotel da Quinta do Lago, junto à Ria Formosa

Dadas as suas características tão especiais, a zona foi declarada Parque Natural em 1987, não só por abrigar espécies raras em Portugal, mas também por se tratar de uma região de especial interesse ornitológico, sobretudo para aves migratórias a caminho de África ou para as que aqui fazem invernia, provenientes do centro e do norte da Europa. Para além da sua importância ornitológica, a Ria Formosa constitui também uma área de grande interesse botânico, com vegetação de sapal e dunas envolvidas por mata esclerófila.

A população local ronda os sete mil e quinhentos habitantes mas chega a triplicar durante o Verão, pelo que é realmente essencial uma vigilância atenta e uma protecção bem direccionada, de modo a conseguir manter vivo um ecossistema tão importante e ao mesmo tempo tão frágil. A maior parte dos habitantes dedica-se ao turismo, à pesca (peixe e marisco), à piscicultura e à cultura de bivalves que, com uma área de mil hectares e dedicada sobretudo à amêijoa, permite o fornecimento para consumo interno e para exportação. As salinas também são conhecidas desde, pelo menos, o tempo dos romanos.

Salinas na ria

A situação geográfica da Ria Formosa e o clima da zona permitiram o desenvolvimento de um dos mais conhecidos aproveitamentos de recusos naturais: a exploração do sal marinho. As salinas algarvias são das mais produtivas do país e também fazem parte do ecossistema da zona, sendo muitas as aves que aqui encontram um excelente local de alimentação, enquanto outras nidificam nas passagens divisórias, por entre as salinas.

A área de marinhas de sal ocupa cerca de novecentos e cinquenta hectares, e constitui uma parte importante da paisagem: os seus tanques rectangulares, que decantam a água do mar até esta se transformar na matéria de um branco ofuscante que todos conhecemos, estendem-se por antigas áreas de sapal, escondidas por vezes por moitas e pinheiros, e interrompidas pelas dunas baixas que antecedem o mar. Na zona da Quinta do Lago também podemos encontrar algumas ruínas romanas situadas junto à ria, que datam do século II. Mas mais raros e interessantes são os tanques de salga de peixe da época, que atestam da antiguidade desta produção local. E para além do peixe conservado em sal, os romanos também produziam aqui uma pasta salgada de peixe, vísceras e ervas aromáticas, conhecida por garum, um apreciado condimento alimentar.

Flor de sal nas salinas da Ria Formosa
Flor de sal nas salinas da Ria Formosa, ainda hoje exploradas

Guia prático

Este é um guia prático para viagens na Ria Formosa, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região do Algarve.

Quando passear na Ria Formosa

Todo o ano, sendo que o Verão é a época de maior afluência turística, com a correspondente subida de preços.

Como chegar

A zona da Ria Formosa que visitámos, na Quinta do Lago, fica em Almancil, a uns 20 quilómetros de Faro. É essencial ter transporte próprio (ou carro alugado) para chegar aqui. A low cost Ryanair voa actualmente do Porto para Faro.

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Onde ficar

O luxuoso Hotel da Quinta do Lago, em Almancil, pode ser a quintessência de uma visita à zona da Ria Formosa. Situado à beira-ria, permite acesso fácil à praia e aos percursos na natureza pela mata, ao longo da ria e às salinas. É possível alugar bicicletas e cavalos.

Veja também o artigo sobre onde ficar no Algarve para outras ideias.

Pesquisar hotéis em Almancil

Restaurantes

O próprio hotel tem três restaurantes e serviço de buffet. Para variar, pode ir a Faro – por exemplo ao Costa, na Av. Nascente.

Informações

O site oficial do Turismo de Portugal oferece informação atualizada sobre os principais pontos turísticos do país, incluindo, naturalmente, o Algarve.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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