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Trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga: Santo Antão em estado bruto

Por Filipe Morato Gomes | Trekking África Cabo Verde Santo Antão
Atualizado em 5.02.2023 | Tempo de leitura: 9 minutos

Trilho Pinhão - Lombo Branco - Sinagoga
A paisagem deslumbrante ao longo do trilho entre o Pinhão e Lombo Branco

Confesso que não conhecia o Trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga. Mas, antes de terminar o meu roteiro em Santo Antão e dedicar um par de dias a explorar a região do Tarrafal de Monte Trigo, queria fazer mais um percurso pedestre.

Já tinha feito o Trilho da Ponta do Sol e o Trilho do Vale de Paúl, bem mais conhecidos e documentados. E, após conversar com a minha anfitriã, fiquei motivado para fazer um trilho que vai do lugar de Cruz, no Pinhão, até à aldeia de Sinagoga, passando pela povoação de Lombo Branco.

Ora, a informação que encontrei sobre o trajeto, incluindo no Wikiloc, dava a entender ser um trilho bastante fácil, com uma subida inicial relativamente acentuada, é certo, mas que depois seria quase sempre a descer com declives moderados.

Nada de mais errado. Por essa altura eu ainda não sabia que, dos três trilhos que fiz em Santo Antão, este haveria de ser o mais duro de todos. Mas valeu muito a pena. Para quem procura trilhos para fazer em Santo Antão, aliás, não poderia deixar de recomendar mais esta experiência. Venha daí.

Conteúdos do Artigo
  • 1 Trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga
    • 1.1 Pinhão
    • 1.2 Monte Joana
    • 1.3 Dragoeiro
    • 1.4 Lombo Branco
    • 1.5 Sinagoga
  • 2 Ficha técnica do trekking Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga (Santo Antão)
  • 3 Outros trilhos a fazer em Santo Antão
  • 4 Guia prático
    • 4.1 Como chegar ao Pinhão (início do trekking)
    • 4.2 Dicas para fazer o trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga
    • 4.3 Onde ficar em Santo Antão
    • 4.4 Seguro de viagem

Trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga

Pinhão

Trilho Pinhão - Lombo Branco - Sinagoga
Fase inicial do trilho entre o Pinhão e Sinagoga

Depois de apanhar um coletivo de Paúl até à Ribeira Grande, combinei com um motorista local levar-me até ao Pinhão (1.000 escudos cabo-verdianos). A viagem de carro é verdadeiramente espetacular, com uma estrada muito estreita, cheia de curvas e contracurvas e sempre, sempre a subir.

Uma vez chegados ao fim da estrada, o motorista deu meia-volta, indicou termos chegado a Cruz – a parte mais alta do Pinhão -, deixou-me sair e voltou para trás. Estava por minha conta.

Monte Joana

Paisagem Santo Antão
As belíssimas paisagens montanhosas de Santo Antão

Comecei então a caminhar em direção a Monte Joana, com a ajuda da aplicação Maps.me, uma vez que o trilho não está marcado. Pouco depois, passei à porta do hotel The Retreat, com uma localização tão isolada quanto fantástica para quem gosta de se embrenhar na Natureza.

E foi subindo e descendo que o trilho se foi desenrolando, atravessando as cristas montanhosas, os vales e as encostas verdejantes do interior de Santo Antão.

Trekking Pinhão - Lombo Branco - Sinagoga
Trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga

Numa altura em que ainda estava fresco, haveria de parar numa povoação para tomar um chá de abacate. Isto porque, num local junto a um riacho aparentemente chamado Ribeira Mão para Trás, a cabo-verdiana Júlia aproveitou a localização da sua casa para fazer negócio com os caminheiros, disponibilizando café, chá, bebidas frescas ou até comida.

Uma verdadeira empreendedora, que viu uma oportunidade de negócio passar-lhe, literalmente, à porta de casa. E eu fui um dos que não resistiram.

Júlia, Santo Antão
Júlia preparando um chá em sua casa

Depois da paragem – ou talvez por causa da paragem! – , a viagem começou a endurecer. Subidas e descidas sem fim, algumas delas muito íngremes e, pior do que tudo, com um piso muito irregular que tornava a progressão mais lenta e exigente para os joelhos. E escadas.

A espaços, cruzei-me com outros viajantes que faziam o trilho em sentido inverso. Até que, pela primeira vez em Santo Antão, avistei um dragoeiro. Foi um daqueles momentos wow.

Dragoeiro

Turistas a fazer trekking em Santo Antão
Ao longo do percurso cruzei-me com alguns turistas que faziam o trilho em sentido contrário

Sou verdadeiramente apaixonado por estas árvores – uma das razões por que quero muito visitar a remota ilha de Socotra, no Iémen. E, por desconhecimento, não estava à espera de encontrar dragoeiros em Santo Antão.

Nem quando passei numa estalagem chamada Pousada Dragoeiro Monte Joana fiz essa associação. Foi só quando estava defronte de um dragoeiro que me caiu a ficha. Haveria de ver outro, mais à frente no Trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga, mas aquela primeira visão foi verdadeiramente mágica!

Trekking Pinhão - Lombo Branco - Sinagoga
Trekking Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga, Santo Antão

O trekking prosseguiu pelas encostas verdejantes de Santo Antão, num ritmo lento mas constante. E, quando parecia que não havia mais subidas para ultrapassar, aparecia sempre mais uma. E outra. E um lanço de escadas. Ou pelo menos assim me pareceu, tal a dureza do percurso.

Em contraponto, olhando em redor tudo era calma, paz, beleza em tons de verde, felicidade. Estava cansado e feliz em simultâneo, numa mistura de sensações e emoções difícil de catalogar.

Dragoeiro, Santo Antão
Um dragoeiro, planta endémica de Cabo Verde em perigo de extinção

A espaços, era possível ver agricultores a trabalhar nos campos de cultivo instalados em socalcos alinhados nas vertentes montanhosas. O cenário era tão fotogénico quanto o trabalho será duro para aqueles aldeões. É inimaginável o que aqueles homens e mulheres têm de percorrer entre as suas casas e os seus terrenos, muitas vezes lá no fundo com as casas lá no topo – ou vice-versa.

Agricultura em socalcos, Santo Antão
Homens trabalhando nos socalcos de Santo Antão

A certa altura, olhando para o Maps.me finalmente parecia que a povoação de Lombo Branco já não estava assim tão longe. Eu estava em êxtase; e só pensava no facto de, por um lado, ter ido sem a noção exata das dificuldades do trilho (a italiana Liana, que me sugeriu o percurso, tinha dito que era “fácil”); e, por outro, de nunca imaginar o quão belo seria este trekking.

É difícil descrever em palavras a beleza agreste e verdejante, arrebatadora e desafiante de todo o troço entre o Pinhão e Lombo Branco. Mas faltava uma última subida assassina, em escadas, antes de conseguir avistar as primeiras casas de Lombo Branco. Ultrapassado esse obstáculo, só apetecia cerrar os punhos e gritar. Missão (quase) cumprida!

Trekking Pinhão - Sinagoga
Trekking Pinhão – Sinagoga

Lombo Branco

À chegada a Lombo Branco, fui novamente surpreendido. Desta feita com a existência de grandes casarões modernos, caros e altaneiros, com piscinas e boas vistas para o oceano. Dava a impressão de ali ser o bairro chique de Santo Antão – algo cuja existência desconhecia.

A partir de Lombo Branco, faltava apenas uma parte final em estrada até Sinagoga. Talvez quilómetro e meio, com uma descida muito acentuada e um piso em pedrinhas arredondadas que, por esta altura, já faziam mossa nas pernas e nos joelhos.

Em jeito de provocação, passou um coletivo em sentido descendente. Mas decidi não aceitar a boleia, porque queria mesmo ir a pé até ao fim. E assim fiz.

Sinagoga

Estrada Lombo Branco - Sinagoga
A estrada sinuosa entre Lombo Branco e Sinagoga, parte final da caminhada

Cheguei morto a Sinagoga, mas imensamente feliz. Sentei-me num muro junto à estrada, na companhia de meia dúzia de cabo-verdianos, à espera do coletivo que me haveria de levar de regresso a Paúl.

Entre todas as caminhadas que fiz em Santo Antão, esta foi seguramente a mais dura. E isto apesar da curta distância. Mas, para quem procura trilhos exigentes e tem experiência de trekking, esta é daquelas caminhadas que valem mesmo a pena. Do melhor que já fiz nas minhas viagens.

O que visitar em Santo Antão: Sinagoga
Vista da povoação de Sinagoga, em Santo Antão

Nota: há quem torne o percurso pedestre ainda mais longo e difícil começando a caminhada na Ribeira Grande. Posso assegurar que da Ribeira Grande até ao Pinhão, onde eu comecei, é sempre, sempre, sempre a subir. Não aconselho, a não ser que vá na disposição de sofrer bastante.

Ficha técnica do trekking Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga (Santo Antão)

  • Tipo de percurso: Linear
  • Início/Final: Pinhão/Sinagoga
  • Distância: 7 km
  • Duração: 5 horas
  • Nível de dificuldade: Difícil. Apesar da curta distância, o desnível é muito acentuado e, pior do que isso, o piso é muito irregular na maior parte do trajeto, tornando a progressão mais lenta e exigente para pés e pernas.
  • Acessibilidade: De táxi. Ver “como chegar”, abaixo.

Outros trilhos a fazer em Santo Antão

A ilha de Santo Antão está recheada de percursos pedestres maravilhosos. Para quem gosta de caminhar recomendo a leitura do artigo sobre os melhores trekkings de Santo Antão. Mas, em resumo, aqui ficam outras sugestões de trekking em Santo Antão:

  • Trilho Ponta do Sol – Cruzinha
  • Trilho Tarrafal – Monte Trigo
  • Trilho do Vale de Paúl
  • Trilho Corda – Coculi

Guia prático

Como chegar ao Pinhão (início do trekking)

Não havendo coletivos regulares a fazer esta rota (eu, pelo menos, não encontrei!), para chegar a Cruz, no topo do Pinhão, é preciso ir de carro privado (táxi) a partir da Ribeira Grande, numa viagem sempre, sempre a subir serpenteando pelas montanhas de Santo Antão. Conte pagar 1.000 escudos cabo-verdianos pelo transporte entre a Ribeira Grande e o Pinhão.

Em resumo, apanhei um coletivo de Paúl para Ribeira Grande (100 CVE por pessoa), de lá um táxi para Pinhão (1.000 CVE pelo carro) e depois fiz tudo a pé até Sinagoga, onde apanhei novo coletivo para Paúl (50 CVE por pessoa).

Dicas para fazer o trilho Pinhão – Lombo Branco – Sinagoga

  • Leve roupa quente e um corta-vento para as montanhas (de preferência vista-se por camadas). Nos locais de maior altitude pode estar muito mais frio do que imagina.
  • Leve muita água e alguns alimentos (fruta, sanduíches, barras de cereais, frutos secos).
  • Use botas de trekking, com proteção para os tornozelos e boa aderência. Caminhar no terreno pedregoso e com grandes declives requer boa proteção para os tornozelos, razão pela qual recomendo o uso de botas de montanha.
  • Instale a app Maps.me e descarregue o mapa de Cabo Verde, ou leve um sistema de GPS com os ficheiros GPX. Para mim, o Maps.me é salvador nas caminhadas em Santo Antão, ao passo que o Google Maps é praticamente inútil.
  • Faça um seguro de viagem, porque azares acontecem quando menos se espera. Eu recomendo a IATI Seguros (se usar este link tem 5% de desconto).

Onde ficar em Santo Antão

Antes de mais, veja o artigo sobre onde ficar em Santo Antão para todas as dicas dos melhores hotéis e regiões onde se hospedar. Em resumo, para o meu estilo, o hotel Black Mamba, instalado numa propriedade muito bem cuidada na povoação de Paúl, é um dos melhores hotéis onde ficar em Santo Antão. Ainda em Paúl, recomendo também a pousada Oasis Paul Residencial.

Caso prefira montar a sua base no início do trilho, o referido hotel The Retreat é sem qualquer dúvida a escolha ideal. Fica em Pinhão, completamente isolado do mundo moderno.

Pesquisar hotéis em Santo Antão

Seguro de viagem

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Saiba mais sobre: Trekking África Cabo Verde Santo Antão

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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