Após passar duas semanas em Maiorca, partilho neste texto algumas dicas de viagem úteis para quem vai visitar a maior das ilhas Baleares espanholas.
Vou tentar ajudar a compreender melhor a ilha; a decidir a melhor zona para se hospedar; a escolher os transportes; e dar algumas dicas para poupar dinheiro (e não ser enganado!).
Entendendo a Ilha de Maiorca
As regiões da ilha
– Costa Oeste. Turisticamente falando, Maiorca divide-se em cinco grandes regiões. A Costa Oeste, marcada pela cordilheira da Serra de Tramuntana, perfeita para quem gosta de montanhas, de estradas belíssimas e de pequenas enseadas (calas) com praias quase sempre de pedras. É também onde ficam as aldeias mais bonitas de Maiorca.
– Costa Leste. No lado oposto da ilha, a Costa Leste é marcada por muitas das mais bonitas praias de Maiorca, especialmente no município de Santanyì, que adorei. Principalmente para quem aprecia as pequenas calas em detrimento dos grandes areais.
Juntas, são, na minha opinião, as duas regiões onde deve investir a maioria do seu tempo em Maiorca.
– Costa Norte. A Costa Norte de Maiorca, ao invés, é sinónimo de resorts e turismo de massas. Perfeita para quem pretende passar o dia estendido numa toalha de praia.
– Costa Sul. A Costa Sul, por seu turno, abriga a capital Palma de Maiorca e as principais zonas de diversão noturna de Maiorca, como Magaluf e El Arenal. Se é jovem e o objetivo da viagem a Maiorca é uma combinação de praia e vida noturna, esta é provavelmente a melhor escolha.
– Interior de Maiorca. Por último, o interior da ilha tem algumas povoações interessantes, mas manda a verdade dizer que foi a região de Maiorca que conheci pior.
Porque é que há várias cidades com um nome e outro igual começado por Port?
Uma das coisas que me intrigou em Maiorca foi o facto de muitas cidades estarem, por assim dizer, divididas em duas. Por exemplo: Alcúdia e Port Alcúdia; Soller e Port de Soller, Pollença e Port de Pollença. Na altura desconhecia a explicação que, afinal, tem toda a lógica.
Ao que consta, por volta do século XVI havia piratas no Mar Mediterrâneo, oriundos do Norte de África, que, muito frequentemente, saqueavam as aldeias próximas da costa, levando dinheiro, comida e até pessoas.
Para se defenderem, os habitantes optaram por viver no interior da ilha, onde era mais fácil estarem a salvo dos ataques dos piratas. Assim, os pescadores mantinham os seus barcos junto à costa, onde muitas vezes tinham uma pequena casa para os guardarem; mas viviam a alguns quilómetros de distância, para o interior.
Ou seja, por exemplo, um pescador trabalhava em Port de Soller (onde tinha o barco) mas vivia em Soller (onde tinha a casa, longe da costa).
Hoje em dia, com o crescimento turístico em Maiorca, regra geral acontece o seguinte: a povoação junto ao mar tornou-se mais movimentada e voltada para o turismo, com hotéis e restaurantes; enquanto que a povoação no interior mantém-se mais tranquila e é o local onde moram os habitantes locais. São disso exemplo as povoações de Alcúdia e Port Alcúdia; Soller e Port de Soller; Andratx e Port de Andratx; Pollença e Port de Pollença.
Dicas de viagem: Maiorca
Como chegar
A Ilha de Maiorca está muito bem servida de ligações aéreas de toda a Europa, especialmente durante o verão. No caso de Portugal, as opções mais diretas são os voos low cost da Ryanair desde o Porto, e as ligações da Iberia / Air Nostrum desde Lisboa.
Outras companhias que vale a pena pesquisar, considerando um bilhete combinado com escala em Madrid, são a TAP, a Vueling e/ou a Air Europa. A Iberia também voa para Palma de Maiorca, mas por norma evito voar com eles (para mim, é a pior companhia aérea da Europa).
Como sair do aeroporto de Palma de Maiorca
Se alugar um carro, o mais provável é que a sua empresa de rent-a-car tenha um transfer do aeroporto até ao local onde vai recolher a sua viatura; e daí, seguirá no seu carro alugado para a sua base na Ilha de Maiorca – seja a capital Palma de Maiorca ou qualquer outra povoação da ilha.
Caso tenha optado por não alugar carro, há, para além dos táxis, dois autocarros públicos: um que liga o aeroporto até à zona turística de El Arenal; e outro que vai para o centro de Palma de Maiorca. Para os apanhar, deve descer ao piso térreo (das partidas) e atravessar o grande espaço onde estão estacionadas inúmeras camionetas de turismo. Do outro lado ficam as paragens de autocarro.
O preço da viagem é de 1€ para residentes e 5€ (!) para não-residentes. Mais detalhes no site da AENA.
Como se deslocar em Maiorca
A Ilha de Maiorca é daqueles destinos onde alugar um carro é, de longe, a melhor alternativa; especialmente se não ficar o tempo todo na praia ou resort e quiser conhecer a ilha (veja o texto 10 coisas que tem (mesmo) de fazer em Maiorca).
O custo do aluguer é acessível e só assim se consegue aceder a muitos dos melhores locais da ilha. Eu costumo alugar através do site discovercars.com, e foi o que fiz nesta viagem. Entre as opções que me apareceram nos resultados da pesquisa, escolhi um carro económico da empresa OK Rent-a-car; e não tenho nada a reclamar. Foram muito prestáveis e eficientes.
Em alternativa, existe uma extensa rede de autocarros públicos, mas os horários são naturalmente limitados. Seja como for, a não ser que recorra, como complemento, à boleia ou à bicicleta, não vai conseguir visitar em tempo útil muitas das calas e praias referidas se viajar apenas de autocarro.
Procurar carros para alugar em Maiorca
Atenção: existe um esquema em muitos rent-a-car de Maiorca que me irrita profundamente, por ser enganador (para não dizer uma fraude). Funciona assim. Nos resultados das pesquisas, os carros mais baratos têm, regra geral, uma condição muito particular no que toca à política de combustível.
Em vez do normal cheio-cheio (ou seja, recolhe-se o carro com o depósito cheio de combustível, e devolve-se o carro com o depósito igualmente cheio), aparecem alugueres que indicam “Pré-pago (reembolso parcial)”. Essas tarifas obrigam a que pague de imediato, a preços inflacionados, o combustível que estiver no depósito; além de pagar uma taxa por esse abastecimento, que rondará os 25€ – 30€.
Na prática, aquilo que parece ser um aluguer muito barato vai acabar por ficar mais caro. No exemplo da imagem acima, o mesmo aluguer com a tarifa cheio-cheio ficava por 48€, quase o dobro. Em resumo, tenha atenção e não se deixe enganar! Escolha sempre tarifas que o obrigam a devolver o carro com o depósito cheio. Eis o que dizem as condições da empresa de aluguer de carros (está tudo escrito e claro):
Pré-Pago (Reembolso)
“Ao retirar o seu carro, o tanque estará cheio ou parcialmente cheio. Você pagará por esse combustível imediatamente, e ele poderá custar mais do que o preço cobrado num posto de gasolina local.
Você será reembolsado pelo combustível não utilizado ao devolver o carro.
Além do preço do combustível, você também terá que pagar uma tarifa não reembolsável de serviço de combustível no valor entre 24,00€ e 30,00€, incluindo imposto.”
Onde ficar em Maiorca
Para o ajudar a escolher a melhor zona da ilha para se hospedar, escrevi um guia completo sobre onde ficar em Maiorca, onde se pode ler o seguinte:
- 1-5 noites. Se a estadia em Maiorca durar até cinco noites, fique num único local da Costa Leste; Santanyí é uma base que me agrada, por ficar perto de várias das melhores praias de Maiorca (na minha opinião). Procure hotéis em Santanyí;
- 6-10 noites. Se ficar de seis a 10 noites, escolha duas bases distintas para se hospedar em Maiorca: uma na Costa Leste e outra em Alcúdia / Pollença. Alcúdia está muito bem localizada, e não estou a falar da proximidade com a super movimentada Praia do Muro. Note que não recomendo ficar em Port Alcúdia, mas sim em Alcúdia propriamente dita. Procure hotéis em Alcúdia;
- 11-15 noites. Se a estadia em Maiorca for em torno de duas semanas, sugiro três bases distintas: uma na Costa Leste, outra em Alcúdia / Pollença, e uma terceira numa povoação da Serra de Tramuntana, na Costa Oeste. As belíssimas povoações de Deià ou Valldemossa são opções tranquilas; Port de Soller é mais movimentada. Eu recomendo procurar hotéis em Deià, o que lhe trará mais diversidade à viagem;
- 16 noites em diante. Se ficar ainda mais tempo, pode aproveitar ainda melhor a Costa Leste e escolher uma quarta base na zona superior da costa, como Capdepera ou Canyamel; ou então ficar as últimas noites em Palma de Maiorca – que, como cidade, é muito interessante e tem muito para ver. Procure hotéis em Palma de Maiorca.
Gastronomia
Um dos pratos mais emblemáticos de Maiorca chama-se arroz brut (literalmente arroz sujo, em catalão). Tinha muita vontade de experimentar mas acabei por fazer muitas refeições em casa e, além disso, é um prato tipicamente de inverno (e eu estive em Maiorca em meados de julho debaixo de um calor infernal). Conclusão, fica a dica gastronómica para quando for a Maiorca – e depois conte como é.
De resto, nos restaurantes é comum servirem paella ou fiduea (paella feita com massa fiduea em vez de arroz), além de peixe grelhado. Já nos supermercados, o peixe exposto nunca me convenceu; ao invés, o marisco, polvo e lulas tinham quase sempre excelente aspeto.
O que levar
Não se preocupe demasiado: tudo o que precisar e não levar de casa encontra em Maiorca. Dito isto, eis algumas coisas que eu considero fundamentais ter em Maiorca (como digo, pode comprar lá):
- Carta de condução: mesmo que não pense alugar um carro, nunca se sabe se não muda de ideias quando chegar a Maiorca.
- Calçado para a água, absolutamente fundamental para explorar as calas de Maiorca. Eu comprei para a minha filha numa Decathlon de Maiorca.
- Guarda-sol (principalmente se viajar com crianças e durante o verão) – o calor pode ser abrasador e, na maioria das praias e enseadas, ou não há sombra ou o aluguer de guarda-sois e cadeiras de praia tem um custo elevadíssimo. Muitas casas alugadas têm guarda-sol, mas os hotéis não.
- Protetor solar, cremes hidratantes e demais produtos para combater os efeitos do sol.
- Cantil para usar na praia ou em caminhadas.
Dicas para poupar dinheiro em Maiorca
Maiorca é um destino de verão, e recebe uns cinco ou seis milhões de turistas por ano. Quer isso dizer que muitos preços são inflacionados nas zonas mais frequentadas por turistas. Se quer poupar dinheiro, esteja atento.
Um exemplo: um gelado tipo Magnum tinha 2,20€ como preço oficial afixado nos placards; mas em várias bares de praias e cafés, era colocado um autocolante com um novo preço, regra geral de 2,80€ ou 3€. Pela positiva, cafés em localidades menos voltadas para o turismo (como Alcúdia, em vez de Port Alcúdia), era mas fácil encontrar os tais gelados ao preço oficial. É apenas um pequeno exemplo, mas que ilustra bem o que se passa em Maiorca.
De resto, a restauração em Maiorca não é barata, por isso, caso fique alojado em apartamentos ou estúdios com kitchenette e tenha possibilidade de cozinhar, poupará bastante dinheiro com as refeições. Esta é provavelmente a dica de viagem sobre Maiorca que o fará poupar um valor mais significativo durante as férias.
Por último, se viajar com crianças pequenas para Maiorca e alugar um carro (como eu recomendo), poupa muito dinheiro se levar consigo a cadeirinha de bebé. As companhias aéreas permitem o transporte gratuito da cadeira – mesmo a low cost Ryanair.
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