Tenho de admitir que Essaouira foi um dos momentos altos da minha viagem pela costa de Marrocos. A cidade é belíssima e ventosa, afamada entre os praticantes de desportos como o surf, o windsurf e o kitesurf, e está muito bem preparada em termos de infraestruturas turísticas – restaurantes, pousadas, lojas.
Mais importante, continua a manter um ritmo de vida a alma próprios, independentemente do afluxo de turistas à cidade. É certo que se veem as lojas “típicas” com produtos “tradicionais” – quadros com caligrafia árabe, cerâmica, instrumentos musicais, roupa, jogos de gamão – a piscar o olho aos visitantes, mas isso não tem mal nenhum.
Visitar Essaouira
Comecei a minha aventura em Essaouira pelo porto de pesca. Manhã cedo, pus-me a observar. Um puto envergando uma t-shirt do Messi passou com um cabaz de peixe. Milhares de gaivotas sobrevoavam a área do porto, piscando o olho ao peixe e fazendo tiro ao alvo às cabeças de pescadores e visitantes como eu (houve uma que me acertou em cheio, a malandra!).
Havia movimento no porto, mas não em demasia. Os homens estavam atarefados a descarregar um barco acabado de atracar. Outro colocava gelo num cesto com peixe fresco. Uma mulher de chador, segurava um balde, porventura à espera de peixe. Outros homens consertavam uma enorme rede de pesca cor de salmão. Um par de turistas fotografava o quotidiano no porto, até que um pequeno desacato fez-me abandonar o local.
Porventura por causa do Ramadão, os marroquinos pareciam mais irritadiços que o normal. É certo que muitos não gostam de ser fotografados, independentemente da altura do ano, mas houve um momento em que se tornaram efetivamente agressivos, sem razão aparente, pelo que, por prudência, decidi prosseguir viagem para o coração da Essaouira histórica.
A medina de Essaouira
Seriam umas 10:30 quando entrei nas muralhas de Essaouira, classificadas pela UNESCO como Património Mundial, rumo ao “Castelo Real”, uma fortaleza de origem portuguesa construída no início do século XVI.
Atravessei a bem conservada medina através de ruelas limpas, bem cuidadas e quase desertas, onde as lojas começavam a abrir as suas portas para um novo dia de trabalho. A manhã ia calma e os marroquinos pareciam não ter pressa – efeitos do calor?
O ritmo convidava a estar. A desenhar. E foi o que decidi fazer no resto da manhã e durante a tarde, por entre mais umas voltas na zona histórica de Essaouira e uma refeição sem pressas no divino restaurante Taros.
Ao fim da tarde, e após terminar mais um sketch, regressei ao hotel para jantar e descansar, e havia um jogo de futebol a decorrer no calçadão local (como em todas as vezes que calcorreei a marginal de Essaouira). Notava-se que os souks iam ficando mais animados e coloridos, mas nada me preparou para a surpresa da noite.
Após um belo jantar no excelente Atlas Hotel & Spa, onde fiquei alojado, decidi sair do hotel e caminhar até à Avenida Oqba Ibn Nafiaa, a principal avenida do centro histórico e onde o souk ganha toda uma outra vida assim que a noite cai. Milhares de pessoas percorriam a rua transformada em mercado, com talhos abertos, lojas de roupa, frutarias, vendedores ambulantes de sumos de laranja, de couscous, de tudo um pouco. Com a frescura noturna, Essoauira fervilhava de vida.
Continuei a percorrer a avenida, voltei para trás e, às tantas, decidi seguir por uma perpendicular mais pequena. Foi quando ouvi o som de um gumbri que me fez parar. E entrar.
Era uma pequena casa de chá familiar onde não estava qualquer cliente. Atrás do balcão, a família conversava vagarosamente. Ao fundo, sentado, com uma presença majestática em corpo franzino, o velho Maalam Azouz Soudani tocava o seu gumbri.
Soudani é frequentador assíduo do Festival Gnaoua e Músicas do Mundo de Essaouira. Dirigiu-se a mim em árabe (é normal pensarem que sou marroquino), deu as boas-vindas e começou a tocar. Escutei com atenção, ao som de um chá de menta a escaldar, até que me aproximei para observar melhor o “mestre” a tocar.
Às tantas, perguntou se eu tocava guitarra e passou-me o gumbri para as mãos. Imaginei as histórias que já terá vivido, os palcos e areias do deserto que aquele instrumento já terá pisado, os festivais Gnaoua que terá ajudado a abrilhantar, as sábias mãos berberes por quem já terá passado… e senti-me, por momentos, um privilegiado.
Por uma estranha coincidência, uma companheira de viagem de ocasião confidenciou, pouco antes de sairmos da casa de chá: “que coincidência; estive a ouvir este senhor hoje à tarde no Youtube”. Não fazia ideia quem era Maalam Azouz Soudani, e ali estávamos diante dele, um velho carismático e bonito, cheios de talentos. Tal como Essaouira.
Festival Gnaoua e Músicas do Mundo
Este texto faz parte da série Especial Costa Atlântica de Marrocos, de El Jadida a Essaouira.
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