Procura um roteiro de viagem a Angola? Pois bem, trata-se de um país turisticamente muito pouco explorado, apesar de contar com atrativos turísticos incríveis. E foi para desbravar esse território que decidi visitar Angola. Assim, com passagem por Luanda, Cabo Ledo, as imperdíveis Quedas de Calandula e as Pedras Negras de Pungo Andongo, em Malanje, mas com o foco no sul do país – nomeadamente Benguela, Praia do Soba, Namibe e Lubango! -, este é um itinerário para visitar Angola em três semanas de viagem em ritmo lento.
Naturalmente, não deu para conhecer tudo. Na verdade, ficou muito de fora do meu roteiro em Angola. Infelizmente, não fui visitar a apaixonante Baía dos Tigres ou Mbanza Kongo, os vestígios da capital do antigo Reino do Kongo, no norte de Angola, que a UNESCO classifica como Património Mundial. Mas é, pelo menos, uma boa introdução para uma viagem a Angola.
Para os dias de viagem disponíveis, este foi o roteiro ideal. Permitiu-me ficar com uma boa ideia sobre Angola. Mas, naturalmente, gostaria de ter tido mais tempo para visitar outras atrações do país.
Dito isto, partilho neste artigo um roteiro de viagem a Angola, dia a dia, para que possa adaptar o itinerário aos seus gostos pessoais, número de dias disponível e objetivos da viagem. E ainda sugestões dos melhores hotéis e pousadas para se hospedar em cada destino – Luanda, Malanje, Benguela, Moçâmedes (Namibe) e Lubango – e como se deslocar no país. Vamos a isso.
- 1 Por que decidi fazer esta viagem a Angola
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Roteiro em Angola
- 2.1 Dia 1: Visitar Luanda
- 2.2 Dia 2: Viagem para Malanje
- 2.3 Dia 3: Quedas de Calandula
- 2.4 Dia 4: Pedras Negras de Pungo Candongo e viagem para Conda (Cuanza Sul)
- 2.5 Dia 5: Viagem para Benguela
- 2.6 Dia 6: Benguela
- 2.7 Dia 7: Baía Azul e Baía Farta
- 2.8 Dia 8: Safari matinal e viagem para Lubango
- 2.9 Dia 9: Fenda da Tundavala
- 2.10 Dia 10: Lubango
- 2.11 Dia 11: Miradouro da Serra da Leba e viagem para Namibe
- 2.12 Dia 12: Moçâmedes
- 2.13 Dia 13: Tômbua e Parque Nacional Iona
- 2.14 Dia 14: Deserto do Namibe
- 2.15 Dia 15: Praia do Soba
- 2.16 Dia 16: Viagem para Lobito
- 2.17 Dia 17: Lobito
- 2.18 Dia 18: Viagem Lobito – Cabo Ledo
- 2.19 Dia 19: Cabo Ledo
- 2.20 Dia 20: Miradouro da Lua e Museu da Escravatura
- 2.21 Dia 21: Luanda (fim do roteiro em Angola)
- 3 Mapa do roteiro de viagem em Angola
- 4 Outros locais a visitar em Angola
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Dicas para visitar Angola
- 5.1 Onde fica Angola?
- 5.2 Qual a melhor época para visitar Angola?
- 5.3 Vistos de entrada
- 5.4 Como chegar a Luanda
- 5.5 Como se deslocar em Angola
- 5.6 Viagens organizadas
- 5.7 Segurança em Angola
- 5.8 Saúde: dengue e malária
- 5.9 Dinheiro e custo de vida em Angola
- 5.10 Onde ficar
- 5.11 Gastronomia em Angola
- 5.12 Seguro de viagem
Por que decidi fazer esta viagem a Angola
Existem várias ideias preconcebidas sobre viajar em Angola. Que é muito caro, que é muito inseguro e que é muito complicado, por exemplo. Ora, nada melhor do que ir ver com os próprios olhos para julgar a veracidade dessas ideias. Até porque Angola não é, por enquanto, um destino turístico com muita informação publicada.
Por tudo isso, andava há muito tempo a pensar fazer um roteiro em Angola. Tinha a clara sensação de que Angola era uma espécie de diamante em bruto em termos turísticos. Com poucas infraestruturas turísticas, é certo, mas com lugares lindíssimos, pessoas afáveis e menos inseguro do que todos pensamos. Era, no fundo, uma vontade de desbravar um terreno turisticamente pouco explorado, e de mostrar que – estando o meu feeling correto – o país merece mesmo ser visitado.
Depois de três semanas a viajar em Angola, posso afiançar que a vontade de partilhar a experiência e incentivar outras pessoas a visitar Angola só aumentou. E não falo do chamado turismo da saudade, mas sim de todo o tipo de viajantes com vontade de descobrir novas latitudes. É um país incrível – e que um dia se vai tornar num caso sério de popularidade em termos turísticos. É ir o quanto antes!
Por coincidência, três semanas antes da minha viagem, as autoridades angolanas decidiram liberalizar a entrada no país a cidadãos de 98 países, incluindo Brasil e Portugal. Foi a cereja no topo do bolo. E, uma vez completo este roteiro em Angola, mais certo estou de que o país tem tudo para entrar no radar de muitos viajantes. Pode crer!
Roteiro em Angola
Dia 1: Visitar Luanda
O dia começou com uma caminhada pelas ruas da capital angolana. O objetivo era chegar à Marginal de Luanda, visitando de caminho algumas das atrações da cidade.
E assim comecei por visitar a Igreja Sagrada Família, um dos principais templos católicos de Luanda, antes de prosseguir pelas ruas da capital em direção ao chamado Palácio de Ferro, um centro cultural onde, infelizmente, não havia nenhuma exposição em exibição. Aos poucos, ia percebendo que, apesar de má fama, não falta o que visitar em Luanda para um turista interessado.
Já junto à Marginal de Luanda, fui ainda conhecer o Museu da Moeda, um espaço museológico que, honestamente, não me fascinou.
Com a hora de almoço a aproximar-se, rumei à chamada Ilha do Cabo para almoçar no Kintal da Tia Guida, um pequeno restaurante tradicional muito bem referenciado onde me entreguei aos prazeres do peixe.
De tarde, fui então até à Fortaleza de São Miguel, um forte do século XVI que atualmente alberga o Museu Militar. É, muito provavelmente, a principal atração turística de Luanda – e merece bem uma visita atenta. E assim dei por terminado o primeiro dia do meu roteiro em Angola. Faltava apenas um jantar com amigos – e amigos de amigos! – num dos bons restaurantes de Luanda. Um excelente prenúncio para o resto da viagem!
Dormida: Thomson Art House, em Luanda. Veja onde ficar em Luanda para outras opções.
Dia 2: Viagem para Malanje
De manhã bem cedo, saí do centro de Luanda a bordo de um jeep emprestado por um casal amigo. Esperava-me uma longa viagem, muita estrada e uma infinidade de quilómetros com o único objetivo de chegar à província de Malanje.
E assim parei apenas em N’dalatando para almoçar e visitar o centro histórico, onde pontificam alguns edifícios muito interessantes da época colonial.
À chegada a Cacuso, uma das principais cidades da província, virei em direção às Quedas de Calandula. É nesse trajeto que fica a gigantesca propriedade de produção de gado onde se instalou o magnífico Kahombo Resort Rural.
Já dentro da fazenda (que tem 20 mil hectares), percorri quase 20km de estrada de terra, atravessei algumas aldeias com casas de adobe, esperei que o gado desimpedisse a estrada e só depois cheguei ao destino do dia, onde fui recebido pela simpaticíssima Sónia. Sim, o Kahombo Resort Rural é ele próprio o destino – um projeto hoteleiro absolutamente maravilhoso que recomendo sem reservas.
Dormida: Kahombo Resort Rural, em Malanje.
Dia 3: Quedas de Calandula
Existem duas atrações naturais na província de Malanje que se destacam de todas as outras. São, aliás, dois dos ex-libris maiores do turismo em Angola. Falo das Quedas de Calandula e das Pedras Negras de Pungo Candongo.
Ora, tendo deixado estas últimas para o dia seguinte por questões de otimização do roteiro em Angola, este dia foi inteiramente dedicado a visitar as Quedas de Calandula. E assim, de manhã cedo saí do hotel Kahombo e, ao atravessar a fazenda, deparei-me com aldeias cheias de vida. Foi lá que conheci a jovem Mimi e muitos outros, novos e velhos, tão simpáticos quanto desfavorecidos.
Segui então para as Quedas de Calandula, também conhecidas como Quedas do Duque de Bragança. Apreciei a enorme queda de água a partir do miradouro. Depois desci até ao leito do rio para as vislumbrar de baixo. E, não satisfeito, peguei no carro e fui até à outra margem, no local onde está construída a pousada com as melhores vistas de que tenho memória. Chama-se precisamente Pousada Calandula e, apesar de não recomendar que lá pernoite (é estupidamente caro para aquilo que oferece!), vale a pena visitar. Até porque é desse lado, num miradouro perto da pousada, que se obtém as vistas mais impressionantes da cascata.
Quando, por fim, regressei ao conforto do hotel, já a tarde se preparava para desmaiar. Tinha sido um dia intenso, inteiramente dedicado a Calandula.
Dormida: Kahombo Resort Rural, em Malanje.
Dia 4: Pedras Negras de Pungo Candongo e viagem para Conda (Cuanza Sul)
De manhã cedo, foi já com saudades que me despedi do Kahombo. Mas este dia do roteiro em Angola implicava muitas horas de viagem, pelo que tive mesmo de sair cedo.
O primeiro objetivo era visitar as Pedras Negras do Pungo Andongo, uma das maravilhas naturais de Angola. Lá chegados, uma pequeníssima povoação onde, ao que constam, vivem “sete habitantes e cinco polícias”. A escola primária parecia desativada, mas as restantes casas estavam aparentemente bem cuidadas.
Segui por um pequeno caminho de pedras até junto às pedras gigantes. Subi, e foi então que começou o deslumbramento. As vistas lá de cima são arrebatadoras. E mais ficaram quando levantei o drone e pude “voar” pelas paisagens mágicas de Pungo Andongo. Wow!
Infelizmente, tinha muitos quilómetros pela frente (era um dos dias mais compridos do meu roteiro para visitar Angola), pelo que, ao fim de hora e meia a explorar as Pedras Negras do Pungo Andongo, era tempo de voltar à estrada. O almoço haveria de ser numa estação de serviço em Dondo, antes de prosseguir viagem em direção a Quibala.
Já mais perto do destino do dia, visitei brevemente Gabela e virei em direção a Conda. Quando lá passei estava a decorrer um jogo de futebol no campo pelado da aldeia. As bancadas estavam cheias e o ambiente era intenso, como se de um jogo contra um rival se tratasse. E, pelo que percebi, era isso mesmo que estava a acontecer: um jogo entre a equipa local e um rival de uma aldeia vizinha.
Com a noite a aparecer, prossegui viagem até à Fazenda do Rio Uiri, uma fazenda de café gerida por um simpático casal de portugueses que oferece alojamento.
Dormida: Fazenda Rio Uiri, em Conda.
Dia 5: Viagem para Benguela
De manhã, fui visitar a fazenda de café na companhia dos anfitriões Mário e Maria Odete, ambos muito orgulhosos de tudo o que foram construindo na Fazenda Rio Uiri. Os trabalhadores da fazenda estavam a plantar pés de cafeeiros saídos da “maternidade” junto à chamada Rota do Café, um passeio interpretativo proporcionado aos turistas que por ali pernoitam.
No final do passeio, era então hora de me despedir do simpático casal e rumar à cidade de Benguela, onde cheguei cerca de três horas depois.
Tinham sido uns primeiros dias a visitar Angola muito exigentes, pelo que, após uma deliciosa feijoada tardia numa tasca de Benguela, deixei-me ficar a desfrutar das águas refrescantes da piscina do hotel durante o resto do dia.
Dormida: Hotel Luso, em Benguela.
Dia 6: Benguela
Ao sexto dia do roteiro para visitar Angola, optei por não pegar no carro e destinar o dia para explorar a cidade de Benguela.
Comecei por caminhar pelo centro de Benguela e visitar o Mercado Municipal da Fruta e Hortaliça, onde conheci simpáticas vendedoras como Júlia e Cacinda. Não me demorei muito por lá, já que o mercado estava sem grande movimento, mas ainda assim valeu a pena.
Entrei depois na Igreja Nossa Sra. do Pópulo, onde tive o privilégio de conhecer a Tia Lurdes Seabra e com ela ficar muito tempo à conversa. E, aí sim, fui ficando e ficando, antes de ir fazer uma visita a uma rádio de Benguela, à Praia Morena – a praia urbana de Benguela! – e ao pequeno mas surpreendente Museu Nacional de Arqueologia. Não sabia que havia tantas coisas para visitar em Benguela, mas gostei mesmo muito do museu. Vale a pena visitar, nem que fosse somente pelo edifício!
Por algum motivo, estava a adorar o ambiente de Benguela. Parecia-me um daqueles onde o viajante se sente muito bem sem saber os motivos.
O resto da tarde foi passada a descansar no hotel, depois de uma primeira parte do roteiro em Angola bastante intensa. Referência também para as excelentes refeições do dia: almoço no restaurante Tudo na Brasa e jantar na Marisqueira Sani, duas belíssimas propostas gastronómicas da cidade de Benguela.
Dormida: Hotel Luso, em Benguela.
Dia 7: Baía Azul e Baía Farta
Dia de voltar à estrada neste roteiro para visitar Angola. Mas, antes de sair de Benguela, fiz uma curta passagem pela icónica Catedral de Benguela, conhecida como Catedral de Nossa Senhora de Fátima. A sua construção foi iniciada pelos portugueses, mas quis a história que nunca tivesse sido concluída.
Só então saí rumo à Baía Azul, parando nas salinas instaladas à face da estrada. E, à chegada à Baía Azul, tempo para desfrutar da magnífica praia (onde foram construídas muitas casas de férias luxuosas), aproveitar uma esplanada e apreciar os miúdos a recolher chocos enormes das armadilhas deixadas nas águas.
Fui depois almoçar no excelente Hotel Duas Faces e queria também conhecer um projeto tão extraordinário quanto improvável em local tão isolado: o clube de jazz Rasgado’s. Trata-se de um espaço onde se respira arte e onde, ao que consta, costuma haver excelentes espetáculos de jazz. Infelizmente, não consegui sequer ver por dentro, uma vez que estava encerrado e sem qualquer segurança nas proximidades a quem pudesse pedir para visitar.
Um pouco triste, ainda dei um salto à vizinha Baía Farta, mas acabei por não explorar muito já que ainda queria chegar ao Lodge Kapembawe antes do anoitecer. Tal como o Kahombo, também o Lodge Kapembawe é um projeto hoteleiro gerido com alma e que vale a pena conhecer.
Dormida: Lodge Kapembawe, em Benguela.
Dia 8: Safari matinal e viagem para Lubango
De manhã muito cedo, fui fazer um “safari” dentro da propriedade onde se encontra o Lodge Kapembawe. Um local onde foram reintroduzidos alguns animais, incluindo um grupo de quinze girafas. Para quem já fez um safari no Serengueti ou na Cratera de Ngorongoro, por exemplo, este safari em Angola não tem grande interesse. Mas, se nunca esteve perto de animais como oryx ou girafas, pode valer a pena.
Terminado o passeio, era hora de tomar o pequeno-almoço no hotel e preparar-me para a viagem de 350km que tinha pela frente rumo à cidade do Lubango, capital da província de Huíla.
Dormida: Pululukwa, em Lubango.
Dia 9: Fenda da Tundavala
Dia do roteiro em Angola dedicado a visitar outro dos ex-libris turísticos do país. Falo da chamada Fenda da Tundavala, um “enorme abismo de cerca de 1.200 metros situado na Serra da Leba”, localizado a pouco mais de 20km do centro do Lubango, no local onde termina o Planalto Central de Angola.
Lá chegado, reparei imediatamente em três miúdas mumuila a vender artesanato. Tentei meter conversa sem grande sucesso, mas acabei por adquirir uma pequena peça de cestaria. Só depois fui ver a Fenda da Tundavala.
É de facto imponente. Como se alguém tivesse cortado uma “fatia” da serra de forma geométrica. Verdadeiramente impressionante.
De regresso à cidade, pretendia visitar o Museu Regional da Huila – mas estava encerrado. E assim, estando num registo de maior tranquilidade, acabei por ir até ao Pululukwa para conhecer aquele que é unanimemente considerado como o melhor hotel do Lubango e trabalhar um pouco no blogue. Foi um resto de dia descansado.
Dormida: Pululukwa, em Lubango.
Dia 10: Lubango
De manhã, fui até ao Cristo Redentor apreciar as vistas sobre a muito espraiada cidade do Lubango. Depois, ainda pensei em explorar com mais calma a malha urbana. Mas na Fenda da Tundavala tinha conhecido um grupo de voluntários do projeto Criança Feliz, que tenta fazer a diferença nas comunidades desfavorecidas em torno do Lubango.
E assim acabei por combinar acompanhar a visita a uma dessas comunidades e ajudar a transportar alguns colchões para os voluntários que haveriam de passar lá o próximo mês. Boa parte da tarde foi por isso passada numa pequena aldeia muito simples nos arredores de Lubango.
Quanto ao resto, e uma vez que por essa altura já tinha feito amigos no Lubango, acabei por ter um fim de tarde mais caseiro, sem preocupação de visitar mais atrações turísticas. E confesso que me soube muito bem.
Dormida: Pululukwa, em Lubango.
Dia 11: Miradouro da Serra da Leba e viagem para Namibe
Chegado o dia de deixar o Lubango para trás, a ideia era voltar ao litoral e montar arraiais em Moçâmedes – a antiga cidade do Namibe.
Ora, o caminho passa bem perto do Miradouro da Serra da Leba, local onde é possível apreciar a estrada Lubango – Moçâmedes serpenteando pela serra. São pouco mais de uma dúzia de curvas mas incrivelmente fotogénicas. Imperdível!
Prosseguindo viagem, havia várias comunidades a vender artesanato em barraquinhas na estrada – especialmente cestaria e peças de madeira decoradas com ferros quentes. Mais uma vez, acabei por fazer compras de artesanato.
Por essa altura, ainda não sabia que este dia do roteiro em Angola iria mudar completamente o rumo da viagem. Mas, à chegada a Moçâmedes, tive um acidente de carro que me fez perder dois dias de viagem e ficar sem viatura operacional. Tive, por isso, de perder algum tempo para resolver o problema e improvisar nos transportes daí em diante.
Não fora esse episódio e teria ido explorar a cidade, conhecer a sua maravilhosa arquitetura colonial e preparar-me para um pequeno tour no deserto do Namibe.
Nota: por causa do acidente, tive de adaptar o itinerário. E assim, deste momento em diante, este roteiro em Angola não reflete exatamente o que eu fiz em cada dia de viagem, mas sim o que tinha planeado fazer caso não tivesse tido o acidente. É uma adaptação que assume que continua a ter carro, para que possa aproveitar ao máximo a viagem a Angola.
Dormida: Residencial Oásis, em Moçâmedes.
Dia 12: Moçâmedes
Dia dedicado a deambular por Moçâmedes e conhecer algumas atrações locais. É disso exemplo o chamado Cine Place Namibe, um antigo cinema com uma arquitetura futurista que se encontra atualmente ao abandono. Mas também a Marginal do Namibe e até a Praia Amélia. E, claro, a vibrante arquitetura colonial de Moçâmedes.
Veja também a entrevista com a Inês Monteiro sobre viver no Namibe.
Dormida: Residencial Oásis, em Moçâmedes.
Dia 13: Tômbua e Parque Nacional Iona
Manhã passada em Moçâmedes, à espera que o guia regressasse à cidade após um pequeno tour com um casal de franceses. Pensava que iria sair mais cedo para o deserto, mas só conseguimos estar todos prontos por volta das 16:00. Um pouco tarde, portanto.
A ideia era seguir para o Parque Nacional Iona, mas entretanto levantou-se uma tempestade de areia tal que se tornou perigoso pernoitar no Parque Nacional Iona. Isso mesmo me disseram os rangers do parque, razão pela qual fui até à cidade piscatória de Tômbua apreciar o final da tarde.
Foi lá que vi miúdos a apedrejarem pássaros que estavam a pescar nas águas junto ao areal – para comer -, antes de ir conhecer um barzinho inusitado chamado Bar Virei, que de certa forma faz lembrar o famoso Joe’s Beerhouse de Windhoek. Uma completa surpresa encontrar um espaço assim num local como Tômbua.
Dormida: acampamento junto à praia (era para ser no deserto).
Dia 14: Deserto do Namibe
Dia verdadeiramente especial. De manhã, nova tentativa para entrar no Parque Nacional Iona – e, desta vez, deu tudo certo. A tempestade tinha amainado, mas as previsões indicavam que não tinha muitas horas para entrar no Iona. E assim optei por ir apenas até ao barco Vanessa, antes de voltar para trás e rumar às extraordinárias Colinas de Curoca.
De permeio, referência para uma capela abandonada chamada Capela da Senhora dos Navegantes, e para uma casa em ruínas onde se lia “Café Mito da Utopia” e havia poemas escritos na parede.
Depois, segui então para as chamadas Colinas de Curoca, um desfiladeiro também conhecido como Vale dos Espíritos e que é uma das principais atrações turísticas da província do Namibe. É, para mim, um dos lugares mais belos que tive oportunidade de visitar durante este roteiro de viagem a Angola.
De resto, fui também conhecer espécimes de welwitschia mirabilis, uma planta popularmente conhecida como polvo-do-deserto que só existe no Deserto do Namibe. E, para terminar o dia, passagem em Moçâmedes para retemperar energias, antes de seguir viagem até à Praia do Soba – outros dos locais mais incríveis de Angola!
Dormida: Praia do Soba.
Dia 15: Praia do Soba
Dia inteiramente dedicado a desfrutar da Praia do Soba. É certo que poderia ter ido conhecer as Piscinas Naturais do Piambo, a aldeia piscatória do Tiambo ou até as ossadas de dinossauros existentes na região. Mas a estadia na Praia do Soba estava a saber tão bem – e, honestamente, ainda estava a recuperar mentalmente do acidente! – que decidi não sair de lá. E não me arrependo.
Dormida: Praia do Soba.
Dia 16: Viagem para Lobito
Dia de viagem totalmente passado na estrada, em movimento para Norte. A ideia era sair de Praia do Soba em direção a Lobito, ao longo de uma estrada belíssima e em muito bom estado (descontando 60km péssimos). Isto parando em Lucira, uma pequena aldeia de pescadores sobre a qual me tinham falado.
Tinha imensa vontade de incluir Lucira neste roteiro em Angola, mas como estava de boleia com um casal francês acabei por não conseguir parar. Da mesma forma, a minha ideia era parar na chamada Restinga, em Lobito, e passar lá o dia seguinte. Mas, infelizmente, os planos do casal implicavam pernoitar em Porto Amboim, sem paragem em Lobito. Ainda assim, fica a referência: tendo viatura própria, fique em Lobito.
Dormida: Casa Rosa Hotel Residence, em Lobito.
Dia 17: Lobito
No décimo sétimo dia do roteiro de viagem em Angola, a ideia era explorar a Restinga e o centro de Lobito. Fica a dica, caso não tenha o meu azar no que toca aos transportes.
Dormida: Casa Rosa Hotel Residence, em Lobito.
Dia 18: Viagem Lobito – Cabo Ledo
Com o roteiro em Angola a aproximar-se do fim, era então tempo de rumar a um dos destinos de praia mais afamados de Angola: Cabo Ledo.
A viagem de Lobito para Cabo Ledo ainda é extensa, pelo que boa parte do dia seria inevitavelmente passado na estrada. Ao chegar, e mesmo antes de ir à praia principal, nada como ir conhecer a outrora deserta Praia dos Surfistas, onde atualmente existe uma escola de surf e um pequeno bar de apoio. É um excelente aperitivo para a estadia em Cabo Ledo!
Dormida: Carpe Diem Resort Tropical, em Cabo Ledo.
Dia 19: Cabo Ledo
Dia passado a desfrutar da praia de Cabo Ledo e, não menos importante, a conhecer a aldeia piscatória e os seus habitantes. Vai seguramente reparar que as estruturas para secar o peixe são um paraíso para os amantes de fotografia, e não faltarão oportunidades para conversar com os pescadores.
Indo até à outra ponta do areal, não deixe de fazer uma refeição no Queiroz Point. Vale muito a pena!
Dormida: Carpe Diem Resort Tropical, em Cabo Ledo.
Dia 20: Miradouro da Lua e Museu da Escravatura
Com Luanda como objetivo final, a ideia era sair de Cabo Ledo cedo para poder aproveitar as várias atrações existentes pelo caminho. Desde logo a Praia de Sangano, mas também para fazer um passeio de barco no Rio Kwanza, caso tenha tempo e vontade (eu não fiz!).
Um pouco mais a norte, fica o imperdível Miradouro da Lua; um lago onde há quase sempre muitos flamingos; e, junto ao local onde se apanham os barcos para Mussulo, o muito simples Museu Nacional da Escravatura e um Mercado de Artesanato onde se vende de tudo um pouco. Tudo paragens obrigatórias antes de chegar a Luanda.
Dormida: Thomson Art House, em Luanda. Veja onde ficar em Luanda para outras opções hoteleiras.
Dia 21: Luanda (fim do roteiro em Angola)
Com o regresso a Luanda, o último dia do roteiro em Angola fecha o círculo da viagem em forma de oito (ver mapa, abaixo). Tempo para rever amigos a viver em Luanda, para explorar o que ficou por ver na capital ou quem sabe ir até ao chamado Cemitério dos Navios, a norte da capital angolana. Tudo isso antes de rumar ao aeroporto internacional de Luanda para apanhar um voo com destino a Portugal.
Dormida: a bordo do avião.
Este roteiro em Angola é uma adaptação daquilo que eu fiz e, grosso modo, corresponde àquilo que tinha planeado para a viagem a Angola. Não foi exatamente o meu itinerário porque tive dois percalços que não permitiram completar a segunda metade da viagem exatamente como pretendia: um acidente rodoviário e um problema de saúde do meu companheiro de viagem. Esta adaptação permite, como escrevi acima, que possa aproveitar ao máximo a viagem.
Mapa do roteiro de viagem em Angola
No mapa acima, encontra a localização exata de todos os lugares referenciados neste roteiro de viagem em Angola. No total, foram percorridos mais de 3.000 km.
Outros locais a visitar em Angola
Como referido, se tiver mais tempo disponível para a sua viagem a Angola, considere visitar os seguintes locais. Todos eles valorizam a experiência de viajar em Angola.
- Baía dos Tigres.
- Oncócua, uma aldeia na província do Cunene, no sul de Angola, frequentada por várias minorias étnicas.
- Mbanza Kongo, os vestígios da capital do antigo Reino do Kongo, junto à fronteira com o Congo, que a UNESCO classifica como Património Mundial.
Dicas para visitar Angola
Onde fica Angola?
A República de Angola está situada na costa ocidental de África, no hemisfério Sul. O território principal (excluindo o enclave de Cabinda) é limitado a norte e a nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico.
Qual a melhor época para visitar Angola?
Em teoria, o ideal é escolher a época mais seca, que vai de junho a outubro. Não quer dizer que não possa visitar Angola noutros meses, mas a probabilidade de muita chuva e/ou demasiado calor será muito maior. Note que os meses de abril e maio costumam ser os de maior pluviosidade.
Vistos de entrada
Desde outubro de 2023 os cidadãos portugueses e brasileiros (bem como de 96 outras nacionalidades) não precisam de pedir um visto de turismo para visitar Angola, tendo direito a permanecer no país por 30 dias. E não há qualquer registo prévio de entrada obrigatório para preencher antes da viagem.
À chegada ao aeroporto de Luanda, o processo foi rápido e eficiente. Por segurança, para além de um passaporte válido, leve também o Certificado Internacional de Vacinas (a mim não me pediram).
Como chegar a Luanda
A forma mais eficiente de viajar entre Portugal e Angola é usando os voos diretos da TAP de Lisboa ou Porto para Luanda. Foi exatamente isso que eu fiz, voando a partir da cidade do Porto. A TAAG também liga os dois países; mas, havendo alternativas, não é companhia aérea que recomende.
Como se deslocar em Angola
No que toca aos transportes em Angola, saiba que há empresas de autocarros que ligam as principais cidades de Angola. É o caso da Macon e da Huambo Expresso. Ou seja, em teoria é possível sair de Luanda e visitar destinos como Malanje, Lubango ou Benguela usando transportes coletivos – procure horários atualizados nos sites oficiais. Na prática, é muito mais eficiente viajar em Angola com viatura própria.
Viagens organizadas
Para quem prefere o conforto de ter tudo organizado por profissionais, saiba que há pelo menos duas agências de viagens que o podem ajudar. A Triskelion Expeditions tem um programa de 10 dias para pequenos grupos, em datas específicas. A delegação angolana da agência Cosmos, por seu turno, pode ajudar em tudo o que precisar, incluindo montar um programa com guia ou simplesmente ajudar a alugar carro.
Foram ambas muito úteis no planeamento da minha viagem a Angola, e estou certo que poderão ajudar os turistas que pretendam visitar Angola – principalmente aqueles que não queiram viajar de forma independente.
Caso queira montar um programa à sua medida, contacte a Diretora-Geral da Cosmos em Angola, Isabel Apolinário, através do formulário abaixo.
Segurança em Angola
Ao contrário da ideia dominante, não senti que Angola fosse um destino inseguro. É claro que a capital Luanda tem os seus problemas de segurança, especialmente à noite, mas na generalidade dos destinos nunca me senti ameaçado. Há furtos e roubos, claro está, mas o tempo em que as pessoas eram frequentemente ameaçadas à luz do dia com uma arma de fogo parece já ter passado.
Dito isto, é bom manter os níveis de alerta e bom senso adequados a uma viagem em África.
Saúde: dengue e malária
Não sou médico, mas é sabido que Angola é um país com grande prevalência de doenças tropicais como a malária e o dengue. Antes de viajar para Angola, deve fazer uma consulta do viajante – online ou presencial – para se aconselhar sobre eventuais vacinas ou profilaxia da malária.
Os sintomas da malária ou dengue podem ser confundidos com uma simples gripe, pelo que é muito importante estar atento. Não escrevo isto para alarmar, mas há muitas histórias de pessoas que não procuraram ajuda rapidamente e acabaram por falecer vítimas de malária. Se sentir febres altas, tremores (frio/calor), dores nas articulações, fraqueza generalizada, falta de apetite, olhos amarelados e/ou urina escura, procure rapidamente ajuda especializada para ser corretamente diagnosticado e, se necessário, medicado. Não facilite.
A este respeito, dizer que o meu companheiro de aventura apanhou malária durante a viagem em Angola e teve de ser internado numa clínica em Luanda. Vi, por isso, como a infeção pode silenciosamente ir alastrando. “Mais quatro ou cinco dias e a coisa poderia ter corrido muito mal”, disseram-me na clínica.
Por tudo isso, é fundamental fazer um bom seguro de viagem antes de viajar para Angola. Mais uma vez, não facilite!
Dinheiro e custo de vida em Angola
Já foi tempo em que Angola era um destino extremamente caro. Talvez se lembre que, há alguns anos, Luanda foi considerada a capital mais cara do mundo para viver. Pois bem, atualmente, com a tremenda desvalorização sofrida pelo Kwanza angolano, esse já não é o caso.
Para ter uma ideia, fora de Luanda é possível dormir em hotéis por 20.000-25.000 Kwanzas (quarto duplo), o que equivale a menos de 30€. Quanto a refeições, há menus do dia a menos de 5€.
Dito isto, é claro que alguns dos hotéis aqui referidos são muito mais caros do que isso. É o caso do Kahombo, do Praia do Soba e do Carpe Diem Resort Tropical, por exemplo.
Quanto à utilização do dinheiro, saiba que em muitos hotéis e restaurantes só é aparentemente possível usar cartões locais, pelo que o cartão Revolut não funcionava. Levante por isso o dinheiro em ATM, em Angola chamados multicaixa.
Onde ficar
Durante o meu roteiro de viagem em Angola, com a duração de três semanas, tinha como referência ficar hospedado em 12 destinos distintos (num ou noutro caso acabei por ficar em casa de amigos). A saber:
- Thomson Art House, em Luanda
- Kahombo Resort Rural, em Malanje
- Fazenda Rio Uiri, em Conda
- Hotel Luso, em Benguela
- Lodge Kapembawe, perto de Benguela
- Pululukwa Resort, no Lubango
- Residencial Oásis, em Moçâmedes (Namibe)
- Acampamento no deserto
- Lodge Praia do Soba
- Casa Rosa Hotel Residence, em Lobito
- Carpe Diem Resort Tropical, em Cabo Ledo
Infelizmente, e com exceção dos hotéis em Luanda, a maioria dos alojamentos não é possível reservar usando a central de reservas booking. Assim, em boa parte dos casos a forma mais prática de reservar é contactando os hotéis através do Whatsapp ou email.
Seja como for, e uma vez que são continuamente adicionados novos hotéis à plataforma, verifique no link abaixo se o hotel que pretende já está acessível para reservas online.
Gastronomia em Angola
Um dos pratos mais tradicionais de Angola é o mufete, composto por peixe grelhado com feijão de óleo de palma, batata doce, mandioca e banana pão. Referência também para o funge, um acompanhamento muito comum na cozinha angolana, tradicionalmente servido com pratos que tenham molho, de que é exemplo a moamba de galinha.
De resto, são abundantes as propostas gastronómicas com notórias influência portuguesa. Do polvo à lagareiro ao peixe grelhado, passando pelo frango assado, não falta pratos a lembrar a culinária portuguesa tradicional. Em especial para os apreciadores de peixe e marisco, a gastronomia de Angola é muito apelativa. Infelizmente, em vários restaurantes fiquei desapontado com a forma excessiva como o peixe era cozinhado.
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