Riade não é um destino turístico. Pelo menos por enquanto. Até porque não é uma cidade feita a pensar nas pessoas; está recheada de auto-estradas e avenidas gigantes, os passeios são uma novidade e as distâncias são imensas, pelo que é muito difícil caminhar na capital da Arábia Saudita.
Além disso, quando visitei Riade, a cidade parecia um estaleiro gigante – por causa das obras do metro. Talvez a existência desse transporte público venha a mudar tudo – haja esperança! Tudo somado, fiquei com a nítida sensação de estar numa cidade sem alma. Exatamente o oposto de Jeddah, por quem me apaixonei.
Para piorar, tive também azar. Havia um mega-evento musical em preparação, razão pela qual o belíssimo distrito de At-Turaif estava virtualmente inacessível ao comum dos turistas. Foi pena!
Infelizmente não tenho segredos de Riade para revelar. Não passei muito tempo na capital da Arábia Saudita; não conheci os centros comerciais (que muita gente aprecia), nem cafés acolhedores ou lugares fora da caixa.
Dito isto, eis algumas (das poucas) coisas que posso recomendar fazer em Riade. Vá e veja com os seus olhos. Quem sabe não se encanta mais do que eu.
O que visitar em Riade
Forte Masmak (al-Qasr Masmak)
Epicentro do centro histórico de Riade, o Forte Masmak tem um enorme relevo histórico na fundação e unificação do reino da Arábia Saudita. Isto porque, no início do século XX, o jovem Amir Abdulaziz bin Abdul Rahman bin Faisal Al Saud conseguiu recapturar o Forte Masmak, evento que restaurou o controlo da família Al Saud sobre Riade. O forte foi depois utilizado como palácio por Abdulaziz até 1938, altura em que a corte foi transferida para o recém-construído Palácio Murabba.
Atualmente, o Forte Masmak funciona como museu e, apesar de me parecer excessivamente restaurado, é presença obrigatória em qualquer lista com o que fazer em Riade. Eu gostei de visitar!
Praça Deira
Perto do forte, há uma praça conhecida pelas piores razões. É o local onde as autoridades sauditas enforcam publicamente os condenados à morte. Tentei visitar a praça mas, por causa da preparação de um evento, o espaço estava totalmente vedado. Ainda conversei com um polícia, na tentativa de ter acesso ao local, mas sem sucesso.
Souks de Riade
Há alguns mercados que vale a pena visitar em Riade. Desde logo, a enorme área comercial junto à Torre do Relógio, nas proximidades do Forte Masmak. É disso exemplo um mercado de antiguidades chamado souk al-Thumairi. Tenha no entanto em atenção que entre as 10:00 e as 16:00 quase tudo está fechado.
Dada a minha curta estadia em Riade, acabei por não conseguir visitar os principais souks para poder partilhar a experiência. Mas fica o desafio: inclua os mercados na lista com o que fazer em Riade e depois conte como foi. Vá de manhã cedo.
Distrito de At-Turaif, em ad-Dir’iyah
Também gostaria de ter visitado o distrito de At-Turaif em ad-Dir’iyah, que faz parte da lista de Património UNESCO na Arábia Saudita. Era, aliás, uma das principais coisas que queria fazer em Riade.
Infelizmente, todo o bairro se encontrava vedado e encerrado por causa de um mega-evento chamado Riyadh Season – e pediram-me 200 SAR para ter acesso ao bairro, mesmo que não houvesse qualquer atividade a decorrer naquele momento. Achei um roubo, ainda para mais tratando-se de património que deveria estar disponível para visita – e, por isso, recusei. Tive pena, mas não me restou alternativa.
Sky Bridge na Kingdom Tower
Oferecendo uma das vistas mais espetaculares sobre a cidade de Riade, a chamada Sky Bridge, na Kingdom Tower, é uma das atividades que recomendo fazer na capital saudita. A “ponte”, envidraçada, tem 65 metros de comprimento e fica no topo do edifício, a sensivelmente 300 metros de altura.
Eu escolhi visitar a Sky Bridge ao anoitecer, e julgo que o fim da tarde é a melhor altura para subir os 99 pisos num elevador rapidíssimo. Fica num centro comercial de luxo – Kingdom Centre – e não é grátis, mas vale a pena. Principalmente numa cidade sem muitos atrativos.
Dica: não é muito fácil encontrar a bilheteira dentro do centro comercial; fica no segundo piso, perto da loja Carolina Herrera. Saiba também que não é possível pagar os ingressos com cartão (só aceitam dinheiro). Custam 60 SAR por adulto; 20 SAR por criança dos dois aos 10 anos.
Restaurante Nadj Village
Para uma experiência gastronómica que mimetize uma refeição tradicional saudita com conforto e qualidade, nada melhor do que experimentar o restaurante Nadj Village.
Eu fui lá duas vezes, provei diversas iguarias da gastronomia local e… recomendo. Talvez haja outros restaurantes menos conhecidos e porventura melhores, mas não tive oportunidade de os conhecer.
Nota: tenha em atenção que a maioria dos comensais se senta no chão (há apenas um par de mesas).
Jebel Fihrayn (Edge of the World)
Uma das principais razões para ter voado para Riade – em vez de Jeddah – era ter oportunidade de conhecer aldeias de adobe como Ushaiqer e visitar Jebel Fihrayn, mais conhecido como Edge of the World.
Trata-se, nas palavras do Atlas Obscura, de uma “inesperada e dramática maravilha geológica no deserto rochoso a noroeste de Riade”. As falésias erguem-se do nada no deserto, altas e imponentes como uma grande muralha natural. Lembrei-me dos kaluts iranianos, um dos locais mais fantásticos que conheço no planeta. Um espetáculo grandioso.
Nota: o Edge of the World dista sensivelmente 100 quilómetros de Riade; é perfeito para um passeio de um dia a partir da capital saudita. Aconselha-se viagem em veículo 4×4, de preferência acompanhado de, pelo menos, outra viatura. Agências como a Ghazi Tours, sedeadas em Riade, organizam passeios para o Edge of the World – normalmente às sextas-feiras.
Guia prático para visitar Riade
Como chegar
Há inúmeras companhias aéreas a voar para Riade, entre as quais a Turkish Airlines (foi a que usei), a Lufthansa e a Emirates. Caso se ajuste ao seu roteiro na Arábia Saudita, considere a hipótese de ir por Riade e regressar por Jeddah.
Note que, do aeroporto internacional de Riade para o centro da cidade não há transportes públicos. Use a Uber; para tal precisa de comprar um cartão SIM com dados móveis antes de sair do terminal (veja as dicas sobre a Arábia Saudita para mais informações).
Transportes em Riade
O metro de Riade continua em construção (a data prevista para o início das operações é 2021) e, uma vez em funcionamento, facilitará em muito as deslocações na cidade. Até lá, sendo o sistema de autocarros pouco prático para o comum dos turistas, a melhor forma de se deslocar em Riade é usando táxis ou a aplicação UBER. Note, no entanto, que o trânsito é quase sempre muito intenso.
Onde ficar
Escrevi um texto sobre onde ficar em Riade, onde explico as vantagens e desvantagens dos diferentes bairros da cidade – e cuja leitura recomendo.
Em resumo, eu fiquei no hotel OYO 150 Al Hamra Palace Al Aswaq, na região de Al Batha e, honestamente, creio não ser a melhor opção. E isto apesar de quase sempre procurar ficar alojado em regiões alternativas; nos centros históricos ou, pelo menos, longe dos distritos financeiros. Muito melhores são as regiões de Al Olaya e Al Sulimaniyah, onde recomendo que procure hospedagem.
Em concreto, o Courtyard by Marriott Riyadh Olaya é um quatro estrelas impecável (muito mais barato do que o luxuoso Hyatt Regency Riyadh Olaya). Noutro espectro de preços, o Al Khozama Hotel e o aparthotel Al Diafah Apartments Olaya, ainda em Al Olaya, são muito elogiados e oferecem uma boa relação qualidade/preço.
Alternativamente, caso prefira ficar no distrito de Al Sulimaniyah, os hotéis Suite Inn Hotel Riyadh e Hyatt Place Riyadh Sulimaniyah são excelentes escolhas para dormir em Riade. Caso queira poupar na hospedagem em Riade, o Nozol Al Toot Furnished Units é um aparthotel a considerar em Al Sulimaniyah.
Para outras opções, nomeadamente hotéis na região histórica de Deira, use o link abaixo.
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