Não é muito frequente eu voltar aos mesmos lugares, mas foi isso que aconteceu com a Cidade Velha de Santiago. Tive oportunidade de conhecer a ilha de Santiago por altura do primeiro voo direto da TAP entre Lisboa e a Praia e, já nessa altura, fiz questão de visitar a Ribeira Grande, atual Cidade Velha de Santiago, povoação que se julga ser a mais antiga colónia criada nos trópicos pelos europeus.
Desta feita, cheguei em tempos de bonança, dias depois de uma tempestade ter destruído parte da marginal da Cidade Velha.
Visitar a Cidade Velha de Santiago
Ainda na Praia, perguntei onde poderia apanhar uma Hiace com destino à Cidade Velha de Santiago. Gosto de andar de transportes locais e, além disso, o preço que os taxistas pediam era demasiado alto para um viajante solitário. “Mercado de Sucupira”, foi a resposta.
Quando lá cheguei, e apesar de ser domingo, não foi difícil encontrar uma carrinha com destino à Cidade Velha. Estava, aliás, praticamente de saída, pelo que pouco tive de esperar. Quer dizer, o motorista haveria ainda de parar longos minutos numa mercearia para carregar mercadoria, e num outro local, à saída da Praia, por motivos que não consegui descortinar. Tudo normal, portanto.
À chegada à Cidade Velha, saí na Rua Calhau, junto ao Pelourinho, no coração do povoado. Haveria de perceber mais tarde que poderia ter saído da Hiace mais perto do forte.
Dei uma volta pelo centro histórico, que a UNESCO inclui entre os locais classificados como Património Mundial de Cabo Verde; o Pelourinho estava muito calmo, quase sem gente, e havia apenas um vendedor de artesanato com a banca montada na praça.
Poderia ter continuado a conhecer o coração da Cidade Velha de Santiago, mas tinha decidido que, antes mesmo de caminhar pela Rua Banana ou entrar no Centro Cultural e na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, queria subir até ao Forte Real de São Filipe.
Na minha cabeça, a memória da primeira visita à Cidade Velha em que, por algum motivo, não explorei convenientemente a fortaleza. Desta vez, não iria cometer o mesmo erro.
Comecei a subir a rua de acesso à antiga Sé Catedral da Cidade Velha, que adorei visitar. O estado de conservação do edifício não é o melhor, mas é notório o esforço para preservar o local com dignidade e aberto ao público.
Por essa altura, desconhecia a existência de um atalho até ao Forte de São Filipe pelo que, olhando para a estrada que ainda teria de percorrer debaixo de um sol escaldante, fiz sinal de paragem a uma Hiace que entretanto saíra do Pelourinho em direção à Praia. Dois ou três quilómetros adiante, o motorista parou e a porta abriu-se para eu sair – estava no cruzamento com a estrada de acesso ao forte.
O Forte Real de São Filipe foi construído no alto de Achada Forte, em posição dominante sobre a cidade da Ribeira Grande.
Foi onde encontrei um rapaz tímido de olhar fixo no telemóvel, que vendia os bilhetes de entrada. “Quer ver o filme antes ou depois?”, perguntou. Não fazia ideia a que se referia mas, depois de perceber que o assunto era o forte, optei por ver imediatamente. Falava um pouco da história da fortaleza e, apesar das rudimentares técnicas documentais, não dei o tempo por mal-empregado.
Logo a seguir, entrei no forte. Para meu espanto, tinha a fortaleza só para mim. Visitei-a tranquilamente, observando os baluartes e as guaritas; as muralhas e a cisterna abobadada; os canhões portugueses e as vistas sobre a Cidade Velha, lá em baixo, ainda e sempre tranquila.
Quando por fim decidi voltar à Cidade Velha, já não fui pela estrada. Tinha perguntado ao jovem cabo-verdiano que me vendera o ingresso qual a forma mais rápida de regressar à povoação. Ele indicara-me um trilho, à esquerda do forte, que iria ter lá abaixo de forma muito mais rápida do que serpentear a estrada.
Foi o caminho que segui, até que rapidamente cheguei ao exato local onde apanhara a Hiace: a antiga Sé Catedral da Cidade Velha. Era, de facto, muito perto.
Um pouco adiante, um miradouro permitia contemplar as vistas sobre a praia. Havia uma dupla de turistas nas pedras feitas areal, alguns cabo-verdianos a tomar banho, e um punhado de barcos a pontilhar a aguarela.
A manhã há muito que dera lugar à tarde, pelo que parei num dos restaurantes junto ao Pelourinho para almoçar. Depois de esperar aquilo que me pareceu uma eternidade pela refeição, segui então para o Centro Cultural, onde apreciei a singela exposição de arte, antes de entrar pela Rua Banana até à Igreja do Rosário. Lamentavelmente, a porta encontrava-se fechada.
Estava eu a preparar-me para voltar para trás quando, como que por magia, apareceu uma senhora de respeitável idade com a chave e abriu a porta. Talvez tivesse sido avisada da minha presença; talvez me tivesse visto passar do interior de sua casa. Seja como for, assim que eu deixei a igreja ela voltou a trancar o edifício.
Para mim, era tempo de tomar uma bebida fresca numa banca do Pelourinho e apanhar nova Hiace de regresso à Cidade da Praia. Apesar da tempestade, a vida continuava tranquila na Cidade Velha de Santiago.
Guia para visitar a Cidade Velha
Como chegar à Cidade Velha
Para ir até à Cidade Velha de Santiago pode ir de táxi ou nas Hiace (diz-se iásse). O táxi é mais cómodo mas as Hiaces, transportes coletivos usados pelos locais, são muito mais interessantes. A viagem dura o que durar (nunca se sabe onde nem por quanto tempo o motorista vai parar), custa 200 escudos e apanha-se em Sucupira.
Onde ficar
Eu fiquei hospedado no Oasis Praiamar, localizado na Praínha e, embora não seja o meu estilo preferido de alojamento, é um dos melhores hotéis da Praia; outro é o Hotel Pérola, junto à praia da Gamboa. Se preferir algo mais intimista, considere o elegante Boutique Hotel Praia Maria, instalado no Plateau (o centro histórico). Veja também onde ficar na ilha de Santiago para outras opções de hospedagem.
Dicas úteis
Eis algumas dicas para uma chegada tranquila à ilha de Santiago:
- Ao fazer o check-in do seu voo para a ilha de Santiago, escolha um lugar nas filas da frente. Assim será dos primeiros a sair do avião; e evitará longas esperas para obter o visto de entrada em Cabo Verde.
- Já depois de recolher a bagagem, aceite a oferta de cartões telefónicos da CVTelecom ou da Unitel. Depois é só carregar o cartão para ter telefone e internet durante a sua estadia em Cabo Verde.
- Tirando a ocasional boleia, a única forma de ir do aeroporto até à Cidade da Praia é de táxi (1.000 escudos, preço fixo). Cambie dinheiro dentro do terminal ou use o ATM existente junto às partidas.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Viajei a convite da organização Sete Sóis Sete Luas.
Estive no início do mês na Cidade Velha e acabei por não visitar o Forte pela imensa preguiça que me deu de subir tudo aquilo a pé. andei a explorar a vila, na zona por trás da Igreja do rosário, no que parece ser apenas “embrenhar-se no mato” há uma série de ruínas infelizmente pouco conservadas.
Adorei essa manhã na Cidade Velha, mais do que pelo que visitei, mas pela interação. Os miúdos eram super simpáticos e ensinaram-me a caçar borboletas junto à igreja do Rosário e brinquei num belo banho de mar enquanto outros me contavam que eram pela Juventus e que o Benfica tinha perdido na noite anterior.
Visitei a Cidade Velha no passado mês de outubro e devo dizer que o transporte público custou 80$00.