Procura o que fazer na ilha da Boa Vista, em Cabo Verde? Pois bem, recentemente tive oportunidade de regressar ao arquipélago e visitar a ilha da Boa vista, explorando as suas praias, cidades e aldeias – como Sal Rei, Rabil, Povoação Velha e a encantadora Fundo das Figueiras – e algumas atrações naturais da ilha, incluindo praias belíssimas. E, do Deserto de Viana à Praia de Chaves, passando pelo Museu dos Náufragos, pequenas aldeias e bons restaurantes, a verdade é que não falta o que visitar na ilha da Boa Vista.
Eis, pois, sugestões sobre o que fazer na ilha da Boa Vista e onde comer bem numa escapadinha de 3, 5 ou até 7 dias à ilha com as dunas e praias mais bonitas de Cabo Verde. Inclui referências às principais atrações turísticas e aos melhores restaurantes para aconchegar o estômago com a gastronomia cabo-verdiana.
Manda a verdade dizer, no entanto, que a Boa Vista não é a minha ilha preferida de Cabo Verde. Gosto mais da ilha do Fogo e de Santo Antão, por exemplo. E mesmo a cidade do Mindelo, em São Vicente, revelou-se mais especial do que Sal Rei. Isto porque, tal como na vizinha ilha do Sal, na ilha da Boa Vista sente-se um inevitável ambiente de férias. É um lugar de veraneio com sotaque francês, alemão, italiano. O turismo é a principal atividade da ilha, os autocarros da Tui enchem os bares de praia – e é público e notório que o turismo de massas me incomoda.
Dito isto, é claro que vale a pena visitar a ilha da Boa Vista – não é isso que está em causa! Até porque há atividades muito interessantes para fazer na Boa Vista, longe dos resorts e do turismo de massas. O que visitar, então, durante 3, 5 ou 7 dias de férias na ilha da Boa Vista? Venha daí. Neste artigo, as atrações da ilha da Boa Vista estão (quase sempre) organizadas no sentido do ponteiro dos relógios, começando em Sal Rei. Ou, pelo menos, na ordem em que as visitei num tour de volta à ilha.
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O que fazer na ilha da Boa Vista (Cabo Verde)
- 1.1 Explorar Sal Rei, capital da ilha da Boa Vista
- 1.2 Visitar o Museu dos Náufragos, em Sal Rei
- 1.3 Caminhar pela Avenida dos Pescadores
- 1.4 Visitar a Casa da Cultura
- 1.5 Comprar peixe na Peixaria Municipal
- 1.6 Conhecer o Mercado Municipal de Sal Rei…
- 1.7 … e os mercadinhos mais pequenos
- 1.8 Conhecer o trabalho do Eurico na Loja Art de Mar
- 1.9 Fim de tarde na Praia do Estoril
- 1.10 Praticar desportos aquáticos
- 1.11 Tour de volta à ilha da Boa Vista
- 1.12 Ver o barco Cabo Santa Maria
- 1.13 Deserto de Viana
- 1.14 Conhecer a povoação de Rabil
- 1.15 Visitar a Olaria de Rabil
- 1.16 Praia de Chaves
- 1.17 Reserva Natural de Morro de Areia
- 1.18 Ver tartarugas em Ponta Preta
- 1.19 Entrar na gruta da Praia da Varandinha
- 1.20 Visitar Povoação Velha
- 1.21 Praia Santa Mónica
- 1.22 Salinas de Curral Velho
- 1.23 Praia de João Barrosa
- 1.24 Aldeia Cabeço dos Tarafes
- 1.25 Fundo das Figueiras
- 1.26 Aldeia João Galego
- 1.27 Bofareira
- 1.28 Outras coisas a fazer na ilha da Boa Vista
- 2 Mapa dos lugares a visitar na ilha da Boa Vista
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Dicas para visitar a Boa Vista
- 3.1 Vistos de entrada em Cabo Verde
- 3.2 Melhor época para visitar a ilha da Boa Vista
- 3.3 Quantos dias são necessários para conhecer a Boa Vista
- 3.4 Como chegar à ilha da Boa Vista
- 3.5 Como se deslocar na Boa Vista
- 3.6 Excursões turísticas
- 3.7 Onde ficar na ilha da Boa Vista
- 3.8 Gastronomia e onde comer
- 3.9 Vida noturna em Sal Rei
- 3.10 Cartões SIM e Internet
- 3.11 Seguro de viagem
O que fazer na ilha da Boa Vista (Cabo Verde)
Explorar Sal Rei, capital da ilha da Boa Vista
A não ser que vá direto para um dos resorts da ilha da Boa Vista (como o muito popular VOI Praia de Chaves Resort, antigo Iberostar Club Boa Vista), é quase certo que começará a sua visita à ilha da Boa Vista pela capital Sal Rei. E faz muito bem – digo-lhe desde já.
Sal Rei é, na verdade, uma povoação muito interessante. E, com exceção das obras que encontrei na praça central e de que todos reclamam, o espaço público está relativamente bem cuidado. A cidade tem vida, numa mescla entre os locais cabo-verdianos e estrangeiros que se apaixonaram pela ilha – ou por alguém da ilha! – e por lá ficaram a viver.
Assim, não é perda de tempo explorar Sal Rei. De todo. É que, apesar das praias da ilha da Boa Vista serem muito boas, eu pessoalmente gosto muito das povoações. De lugares com gente. E isso inclui tanto as aldeias de Cabeço dos Tarafes ou Fundo das Figueiras (ver adiante), como também a capital Sal Rei.
Mas por agora, vou então mostrar o que visitar em Sal Rei, com referência a alguns museus, praias e mercados. Estou certo de que vai gostar de conhecer a cidade.
Visitar o Museu dos Náufragos, em Sal Rei
Um dos locais imperdíveis em Sal Rei – e na verdade em qualquer lista com o que visitar na ilha da Boa Vista! – é o Museu dos Náufragos. Tido como “a primeira estrutura privada de interesse antropológico e artístico em Cabo Verde”, o museu “possui uma coleção de antropologia cultural, obras de arte e achados de arqueologia subaquática”.
Apesar de relativamente pequeno, eu gostei muito de visitar o museu. Até porque a equipa do Museu dos Náufragos é muito simpática e prestável, estando disponível para fazer visitas guiadas e explicar tudo sobre as exposições do museu.
A esse respeito, dizer que nas palavras do museu “a história é contada do ponto de vista de um ‘náufrago’ perdido no mar da vida, a metáfora remete à condição do homem, que como Jonas, Ulisses ou Robinson Crusoé é empurrado para o mar aberto pelo desejo de conhecimento”. Confesso que não me senti nesse “ponto de vista”, mas com certeza foi falta de criatividade e abstração da minha parte.
Se não sabe o que fazer na ilha da Boa Vista para além da praia e do tour de volta à ilha, aqui fica uma sugestão imperdível na capital Sal Rei: visitar o Museu dos Náufragos.
O museu está aberto todos os dias de manhã, entre as 9:15 e as 12:30 (exceto domingo), sendo que está mais calmo a partir das 10:30. A entrada custa 7€ por pessoa.
Caminhar pela Avenida dos Pescadores
Uma das artérias mais agradáveis de Sal Rei é a chamada Avenida dos Pescadores. Fica na zona marginal da povoação, em parte defronte da Praia Diante, e vale a pena percorrê-la sem pressas durante a estadia na ilha da Boa Vista. Para além da beleza da paisagem, é lá que ficam algumas esplanadas a pedir tempo, incluindo as de cafés, restaurantes e, claro, da geladaria Cremositos. Fica a dica.
Visitar a Casa da Cultura
Outra das atividades imperdíveis a fazer na ilha da Boa Vista é visitar a Casa da Cultura. Fica no mesmo edifício histórico e maravilhoso onde se encontra o restaurante Sodade, a dois passos da Avenida dos Pescadores.
À chegada, foi-me entregue um telemóvel com uma app onde constava muita informação e um áudio-guia que, ao contrário do que habitualmente sinto, me pareceu verdadeiramente útil e interessante (e nada chato!). Dei por isso comigo a fazer toda a visita acompanhada pelo áudio-guia, uma raridade para mim.
E assim, estando na Casa da Cultura, e para além de admirar o interior de uma belíssima mansão de traça colonial, foi possível conhecer um pouco melhor da história da ilha da Boa Vista, o quotidiano dos seus habitantes e até aspetos culturais e gastronómicos. Tudo somado, visitar a Casa da Cultura é indubitavelmente uma das melhores coisas que pode fazer na ilha da Boa Vista. Pode confiar!
Quando visitar a Casa da Cultura aceite a sugestão de levar um áudio-guia (como disse, não é nada chato e as informações são interessantes). Pode também fazer download da app e usar o seu telefone. A entrada no museu custa 4€ por pessoa.
Comprar peixe na Peixaria Municipal
A ilha da Boa Vista é um lugar onde o peixe tem um papel fundamental na gastronomia local. Ora, sabendo disso, não poderia deixar de ir conhecer a chamada Peixaria Municipal, onde todos os dias se comercializam os peixes que durante o dia se encontram nos restaurantes. Atum, peixe-serra, salmão e e esmoregal (lírio), por exemplo.
Infelizmente, nos dias em que estive hospedado em Sal Rei o mar esteve sempre bastante agitado (ou bruto, como ouvir dizer!), pelo que alguns barcos de pesca optaram por não sair. Como resultado, não vi a Peixaria Municipal tão vibrante quanto tinha imaginado, mas em todo o caso vale sempre a pena visitar. Passe por lá.
Conhecer o Mercado Municipal de Sal Rei…
Da mesma forma, não poderia deixar de incluir o Mercado Municipal na minha lista com o que visitar na ilha da Boa Vista. Eu gosto de mercados – não o escondo. Mesmo que não tenha por hábitos fazer muitas compras.
Mas justifica-se conhecer o mais importante mercado de frescos de Sal Rei, com as suas bancas coloridas com frutas e legumes, e ainda algum artesanato e outro tipo de lojas no piso superior. Até porque, caso esteja hospedado num apartamento e cozinhar, tem na peixaria e mercados municipais dois locais de eleição para comprar os seus produtos frescos. Fica a dica.
… e os mercadinhos mais pequenos
Para além do Mercado Municipal, há outros pequenos espaços comerciais em Sal Rei que vendem quase sempre frutas e legumes, e por vezes outro tipo de produtos não perecíveis. Foi num deles que encontrei a Dona Regina, uma cabo-verdiana que encarna no olhar a simpatia de todo um povo. E não são sempre as pessoas a maior riqueza de um destino?
Mas não há apenas mercados de frescos. Há também pequenos mercado de artesanato (e souvenirs!), como aquela pequena rua que liga a Avenida dos Pescadores à Casa da Cultura.
Em suma, vale a pena estar atento às bancas dos mercadinhos de Sal Rei, seja para se alimentar ou para fazer compras antes ou depois de um dia de praia. Pode até ser uma forma de levar um pouco de Cabo Verde para casa, no fim da viagem…
Conhecer o trabalho do Eurico na Loja Art de Mar
Há uns tempos fiz um roteiro pelo Baixo Alentejo, em Portugal, que me levou à aldeia de Longueira, terra onde encontrei o artesão Miguel Veiga. E, por algum motivo, quando entrei na loja Art de Mar e comecei a falar com Eurico Estrela, veio-me à memória o trabalho do Miguel.
Tal como ele, também Eurico apanha lixo da praia, trazido pelo mar, nomeadamente pedaços de plástico e madeiras velhas, e com eles cria obras decorativas de grande beleza estética. É uma forma bonita e criativa de dar vida nova ao lixo, diminuindo ao mesmo tempo a poluição das praias. Não é um Bordallo II, evidentemente, mas gostei mesmo muito de conhecer Eurico e as suas obras. Há ainda pulseiras e outras pequenas peças artesanais que ele faz com criatividade e muito bom gosto. Fica a recomendação.
Fim de tarde na Praia do Estoril
O pôr do sol é um momento de excelência para se sentar num bar de praia e desfrutar de um último mergulho acompanhado por uma cerveja Strela Kriola, um sumo natural ou uma caipirinha feita com grogue de Cabo Verde. E, para isso, entre todos os bares de praia que conheci na ilha da Boa Vista, aquele de que mais gostei foi o Toca da Garoupa. É um espaço simples, descomplicado e com boa energia, virado a poente. De que precisa mais?
Se preferir outro tipo de bar, pode também caminhar um pouco mais e ir até ao mais famoso Morabeza Beach Bar & Lounge Restaurant, ainda na Praia do Estoril. Eu fui e não gostei. Dependendo da hora do dia, pode dar-se o caso do espaço estar praticamente todo reservado para os grandes grupos turísticos da agência de viagens Tui que aterram na ilha da Boa Vista. Falo por experiência. Fica o alerta.
Praticar desportos aquáticos
Cabo Verde é muito procurado pelos amantes dos desportos náuticos que dependem do vento. Especialmente durante os meses de janeiro e fevereiro, quando o vento é mais intenso, muitos amantes do desporto decidem visitar a ilha da Boa Vista – e também a vizinha ilha do Sal – para aprenderem ou praticarem kitesurf, windsurf e outros desportos do género.
Na verdade, há muitas escolas que ensinam e alugam equipamento, incluindo na já referida Praia do Estoril. Por isso já sabe: se gosta de kitesurf ou windsurf, a ilha da Boa Vista pode muito bem ser o próximo destino de férias.
Tour de volta à ilha da Boa Vista
Todos os lugares referidos até ao momento neste artigo com o que visitar na ilha da Boa Vista ficam em Sal Rei. Mas, felizmente, há muitos atrativos fora da capital – e a melhor forma de os conhecer é num tour de volta à ilha. Trata-se de um passeio que combina as duas rotas turísticas de meio-dia mais comuns na ilha – a Rota do Norte e a Rota do Sul -, permitindo assim conhecer boa parte da ilha da Boa Vista num único dia de férias.
Durante esse passeio, é possível ver o cargueiro encalhado na Praia da Atalanta; conhecer o Deserto de Viana e suas dunas; visitar Rabil e a sua olaria; colocar o pé na areia das praias de Chaves, Santa Mónica, Varandinha e João Barrosa; conhecer a Reserva Natural de Morro de Areia; ver as tartarugas a alimentarem-se em Ponta Preta; visitar as aldeias de Povoação Velha, Cabeço dos Tarafes, Fundo das Figueiras, João Galego e Bofareira; e quem sabe até passar junto às Salinas de Curral Velho. Um dia em cheio, portanto!
Descontando fazer praia, é porventura a atividade mais popular entre todos aqueles que visitam esta ilha cabo-verdiana. Eu fiz e recomendo.
Não é um passeio barato, especialmente se viajar sozinho, mas não pense que se alugar um carro consegue ir aos mesmos locais por si. É preciso um carro 4×4 e, não menos importante, conhecimento para conduzir nas dunas de areia. Eu paguei 100€ para ir sozinho, ao meu ritmo; mas, se dividir com outros turistas, o preço rondará os 50€ por pessoa.
Ver o barco Cabo Santa Maria
A primeira paragem do meu tour de volta à ilha foi na Praia da Atalanta. Isto porque, antes ainda de rumar à zona sul da ilha da Boa Vista, Lino, o meu guia e condutor nesse dia de viagem, sugeriu irmos primeiro ver um barco encalhado precisamente na Praia da Atalanta. E assim foi.
Trata-se do cargueiro espanhol Cabo Santa Maria, que encalhou num banco de areia em setembro de 1968, não mais deixando as águas de Cabo Verde. Pela positiva, reza a história que o acidente – cujas causas nunca foram conhecidas! – foi uma espécie de dádiva do mar para as gentes da Boa Vista. Isto porque, em tempo de fome, a carga que transportava no porão nessa viagem entre a Europa e a América do Sul ajudou a alimentar o povo da Boa Vista.
Hoje em dia, pouco falta para o colapso total da estrutura do navio, fustigada por tempestades e corroída pela ferrugem. Ao longe, o cargueiro parecia-me até a carcaça de uma grande baleia morta.
Deserto de Viana
O chamado Deserto de Viana é um deserto de areia localizado na zona nordeste da ilha da Boa Vista, não muito longe das povoações de Sal Rei e Rabil. Dele se diz ser o maios entre os três desertos do arquipélago de Cabo Verde. Para o viajante, é sem dúvida uma das imagens mais icónicas da Boa Vista.
Mesmo que já tenha visitado outros desertos mais imponentes espalhados pelo mundo, como o Deserto do Sahara, vale sempre a pena.
Conhecer a povoação de Rabil
Junto ao aeroporto fica uma das mais importantes localidades da ilha da Boa Vista. Chama-se Rabil e, no seu perímetro urbano, salta à vista a Igreja de São Roque, construída em 1806 e tida como “a primeira igreja da ilha”. Foi pelo menos isso que me transmitiram localmente, apontando para a indicação de “1806” na frontaria do templo religioso. Mas é também em Rabil que fica o epicentro da indústria cerâmica da Boa Vista, que não poderia deixar de conhecer.
Visitar a Olaria de Rabil
Uma das coisas que mais vale a pena visitar em Rabil é, pois, a sua olaria. Trata-se de um edifício vistoso, pintado de amarelo, localizado no promontório onde Rabil está instalada, com vista para a planície do interior da ilha da Boa Vista.
No dia em que visitei a olaria, estava a decorrer a missa de sétimo dia de alguém da aldeia, razão pela qual todos os trabalhadores estavam ausentes. Pude entrar, conhecer o espaço e comprar uma ou outra peça na loja da olaria. Mas ver gente a trabalhar o barro foi algo que não consegui fazer nesta desta vez.
Caso tenha interesse por cerâmica, veja no projeto Rostos da Aldeia os episódios sobre o Barro Preto de Bisalhães e sobre São Pedro do Corval.
Praia de Chaves
Por muitos considerada a praia mais bonita da ilha da Boa Vista, e até uma das melhores praias de Cabo Verde, a Praia de Chaves é outro dos locais imperdíveis na ilha. Tem um areal imenso, com um bar de praia muito agradável (apesar dos preços inflacionados), bonitas dunas de areia nas proximidades e um descontraído ambiente de férias de verão.
Tudo isso diante de uma enorme chaminé localmente conhecida como Chaminé de Chaves, parte integrante de uma antiga fábrica de cerâmica que prosperou no final do século XIX e início do século XX. E o mais curioso é que se pode hoje em dia dizer que a chaminé é um dos ícones da ilha da Boa Vista!
Tudo somado, se só pudesse frequentar uma praia durante a viagem à ilha da Boa Vista, a Praia de Chaves seria uma séria candidata a ser a escolhida. Mesmo.
Reserva Natural de Morro de Areia
Mas se é dunas que procura, talvez se surpreenda ainda mais com a Reserva Natural de Morro de Areia, não muito longe dali. Trata-se de uma zona desértica, um pouco à imagem do Deserto de Chaves, mas com a particularidade das dunas terminarem literalmente no Oceano Atlântico. É uma imagem poderosa e não muito comum – lembro-me de ver algo parecido durante o meu roteiro em Angola, mas não é de todo frequente.
Em suma, se o que visitar na ilha da Boa Vista, a Praia de Chaves e a Reserva Natural de Morro de Areia não podem falhar.
Ver tartarugas em Ponta Preta
Uma das coisas que não sabia antes de visitar a ilha da Boa Vista, em Cabo Verde, era que havia a possibilidade de avistar tartarugas a partir de terra firma, na zona de Ponta Preta. E a verdade é que quando lá parei elas lá estavam, nas águas agitadas da baía, alimentando-se. Foi uma paragem rápida, mas gosto de aproveitar sempre que há a oportunidade de observar tartarugas.
Entrar na gruta da Praia da Varandinha
Icónica é também a Praia da Varandinha. Não pelo areal, mas sim pelas suas escarpas, em tudo semelhantes à costa algarvia, no Sul de Portugal, que albergam várias grutas visitáveis. É uma faixa litoral muito distinta do resto da ilha da Boa Vista, e que por isso mesmo merece a visita de locais e turistas.
Visitar Povoação Velha
Tida como a aldeia onde nasceu a história da Boa Vista, Povoação Velha foi a primeira capital da ilha. É, na verdade, uma aldeia muito pequena, instalada no sopé de uma montanha conhecida como Rocha Estancia. Um lugar tranquilo, onde o tempo parece ter parado.
Dada a proximidade com algumas das praias mais bonitas da ilha, poderia até ser um dos melhores locais onde ficar na ilha da Boa Vista. Mas, infelizmente, não há pousadas em Povoação Velha. Há, isso sim, a Capela Nossa Senhora da Conceição, uma praça central bonita e bem cuidada, uma ou outra lojinha virada para os turistas que por ali passam, e a arrebatadora paisagem para a montanha.
Fui abordado por um senhor, que me convidou a visitar a sua loja de artesanato e souvenirs, mas tudo de forma cordial e não demasiado intrusiva. Passe por lá.
Praia Santa Mónica
Se há areal que merece referência neste guia com o que visitar na ilha da Boa Vista, esse lugar é sem dúvida a Praia Santa Mónica. São quilómetros e quilómetros de uma faixa litoral a perder de vista, águas transparentes e até um muito agradável bar de praia, onde é possível almoçar com qualidade e vista para o mar. É lá que os tour de volta à ilha costumam parar para almoço.
Infelizmente, há em Santa Mónica um gigantesco empreendimento turístico de 5 estrelas por acabar e atualmente ao abandono. As dimensão do ex-futuro White Sands Hotel e Spa são, para o meu gosto, um exagero; mas, estando a sua construção já muito avançada, seria uma pena se o mesmo fosse deixado indefinidamente inacabado. Fica o apelo para as autoridades cabo-verdianas.
Seja como for, a Praia Santa Mónica é outra das melhores praias da ilha da Boa Vista, rivalizando com a Praia de Chaves pelo título da mais bonita praia da ilha. A visitar, portanto!
Salinas de Curral Velho
Curral Velho é o nome de uma aldeia abandonada no sul da ilha da Boa Vista. Pouco resta da antiga aldeia, para além das ruínas de algumas habitações. Mas lá perto, entre a velha aldeia e a praia, existe uma pequena salina, hoje desativada, a que vale a pena prestar atenção. Pelo menos fotograficamente, é uma paragem que vale a pena fazer. Fica a dica.
Praia de João Barrosa
Outra dos mais longos areais da ilha da Boa Vista pertence à Praia de João Barrosa. Acabei por não ter muito tempo para desfrutar da praia, mas deu pelo menos para me aperceber da sua beleza. E fotografar. Mesmo em dia de muito vento e mar agitado, o lugar não desilude.
Aldeia Cabeço dos Tarafes
Existem três pequenas aldeias na chamada Zona Norte da ilha da Boa Vista. Ficam todas muito perto umas das outras, sendo que a mais pequena ostenta o curioso nome de Cabeça dos Tarafes. Foi a primeira que visitei.
Confesso que não fiquei rendido. Havia uma praça central desocupada – na verdade, toda a aldeia parecia com pouco movimento! – e pouco mais chamou a minha atenção. Exatamente o oposto da vizinha Fundo das Figueiras, para onde fui de seguida no meu roteiro na ilha da Boa Vista.
Fundo das Figueiras
Em viagem, por vezes chega-se a um lugar e sente-se imediatamente uma energia boa que faz o viajante gostar imediatamente do destino. Foi o que me aconteceu em Fundo das Figueiras. Não sei explicar muito bem, mas ainda não tinha saído do carro e já estava rendido a Fundo das Figueiras – para mim, a aldeia mais bonita da ilha da Boa Vista.
Trata-se de uma povoação encantadora, conhecida pelas ruas empedradas ladeadas por “arbustos de hibisco e buganvílias que adornam as casas térreas, pintadas com cores vivas e persianas contrastantes”. Havia grupos de pessoas sentadas à conversa à porta de casa, nos passeios. O ambiente era tão acolhedor que me senti imediatamente em casa. Adorei!
Talvez lhe interesse também saber que é lá que fica o Centro de Interpretação Ambiental do Parque Natural do Norte. Resumidamente, é uma “plataforma de divulgação ambiental dinâmica”, onde de pode “aprender e desfrutar das espécies marinhas mais emblemáticas” que habitam a ilha da Boa Vista.
Aldeia João Galego
Li algures que a região Norte da ilha da Boa Vista é famosa pelas gentes calorosas que a habitam e pela sua morabeza, “um termo local que evoca gentileza e afeto”. Ora, no tempo que dediquei a visitar João Galego não tive oportunidade de privar com muitos habitantes, mas posso pelo menos afiançar que a rua principal está muito bem cuidada, com os arbustos impecavelmente podados e as fachadas pintadas com cores garridas. Não é uma aldeia muito grande, mas passe por lá quando visitar a ilha da Boa Vista – não perde nada!
Bofareira
Se perguntar a alguém o que fazer na ilha da Boa Vista, muito dificilmente a resposta será visitar a Bofareira. Mas, como ficava na estrada de regresso a Sal Rei, a escassos 10km da capital, acabei por atravessá-la.
Não tenho muito a apontar, exceto a simpatia dos velhotes que estavam na praça central impecavelmente vestidos a aproveitar os raios de sol do final de tarde. Mas é em Bofareira que fica a muito popular Mercearia Elvis, ponto estratégico para uma paragem na aldeia (até porque pouco mais há em Bofareira). Vai uma Strela Kriola para refrescar?
Foi o término do meu tour de volta à ilha. Ainda pensámos em visitar a comunidade da Boa Esperança, uma favela localizada às portas de Sal Rei, mas era já um pouco tarde e, por isso, demos por findo o passeio. Foi muito bom!
Outras coisas a fazer na ilha da Boa Vista
Como é evidente, esta não é uma lista exaustiva com o que fazer ou visitar na ilha da Boa Vista, até porque há coisas fundamentais que eu não fiz, fosse por falta de vontade (kitesurf) ou por estar na época errada (desova das tartarugas). É, apenas, a minha opinião sobre o que a ilha tem para oferecer em termos turísticos, baseado na minha experiência. Seja como for, eis algumas atividades adicionais a considerar:
- Visitar o Forte Duque de Bragança, no Ilhéu de Sal Rei.
- Ver as exposições no Centro de Artes e Cultura (quando fui visitar a Ilha da Boa Vista estavam a trocar de exposições).
- Assistir à desova das tartarugas na ilha da Boa Vista (junho a meados de outubro).
- Observação de baleias (passeio de meio dia).
- Dar um mergulho no pequeno lago Odjo D’Mar.
- Praticar kitesurf (regra geral há mais vento nos meses de janeiro e fevereiro).
- Fazer mergulho.
Mapa dos lugares a visitar na ilha da Boa Vista
No mapa acima, encontra a localização exata de todos os lugares referenciados no artigo. Como vê, além de boas praias para dar uns mergulhos e fazer umas férias tranquilas na ilha da Boa Vista, há muito o que ver e fazer nesta ilha de Cabo Verde.
Dicas para visitar a Boa Vista
Vistos de entrada em Cabo Verde
Os cidadãos portugueses já não precisam de pedir um visto de turismo para visitar Cabo Verde. É, no entanto, obrigatório fazer o registo prévio de entrada em www.ease.gov.cv – o chamado processo Eficiente, Automático e Seguro de Entrada de viajantes em Cabo Verde -, preferencialmente com, pelo menos, cinco dias de antecedência em relação à data de entrada no país. Custa 3.400 CVE, pouco mais de 30€.
Melhor época para visitar a ilha da Boa Vista
Em teoria, é possível visitar a ilha da Boa Vista durante todo o ano, até porque as temperaturas são sempre amenas e a amplitude térmica diária muito reduzida. Mas, na prática, a melhor época para visitar a ilha da Boa Vista depende daquilo que procura.
Assim, os meses de inverno são mais ventosos, propícios para praticar desportos como kitesurf e windsurf – especialmente janeiro e fevereiro. Em compensação, a água do mar não é tão quente, pelo que, para férias de praia, não são os meses ideais.
Já os meses de verão, com águas quentes e menos vento, são perfeitos para fazer praia e assistir à desova das tartarugas – que, regra geral, acontece entre junho e meados de outubro, com pico no mês de agosto. Pela negativa, as épocas de férias na Europa, nomeadamente, a Páscoa, julho e agosto são os meses em que a ilha está mais cheia de turistas europeus, especialmente alemães, italianos e portugueses.
Quantos dias são necessários para conhecer a Boa Vista
Boa parte dos turistas que aterram no Aeroporto Internacional Aristides Pereira, em Rabil, tem por objetivo fazer férias na ilha da Boa Vista com foco na praia. Ora, como muitos deles viajam em pacotes de viagem com voos charter, a duração da viagem está normalmente fixada em 7 dias. E, para quem quer descansar na praia, uma semana na Boa Vista é perfeito.
Mas, se o objetivo é explorar a Boa Vista, fazer uma excursão para conhecer as atrações da ilha, dar uns mergulhos e mais uma ou outra atividade em Sal Rei, eu diria que três dias completos são suficientes. Eu fiquei três dias completos na Ilha da Boa Vista e fiquei satisfeito – mas, lá está, o meu objetivo não era fazer praia.
Como chegar à ilha da Boa Vista
A TAP opera voos diretos entre Lisboa e o Aeroporto Internacional Aristides Pereira várias vezes por semana. São a ligação mais fiável entre Portugal Continental e a ilha da Boa Vista. Infelizmente, e dada a limitada concorrência, os preços dos voos costumam ser altos para um voo de médio curso, especialmente nas férias escolares. Seja como for, vale a pena estar atento às ocasionais promoções da TAP para a ilha da Boa Vista. Veja o artigo sobre como comprar voos baratos e quem sabe não encontra ligações aéreas mais em conta.
De resto, vá preparado para esperar no aeroporto. Uma vez que há vários aviões (da Tui) a chegar com pouco tempo de intervalo, prepare-se para uma fila longa de pessoas para passar a segurança / imigração. E o mesmo se aplica no regresso, pelo que deve ir chegar ao aeroporto com pelo menos duas horas de antecedência (ou mais, se quiser despachar bagagem). Eu não estava a contar com isso, daí o alerta.
Pesquisar voos para a Boa Vista
Caso queira, pode tentar combinar a viagem com uma estadia na vizinha ilha do Sal. Antes de comprar os voos, veja os horários dos barcos entre a Boa Vista e o Sal no site da CV Interilhas, já que costuma haver apenas um ou dois por semana.
Como se deslocar na Boa Vista
Para explorar a ilha da Boa vista de forma independente (sem recorrer a tours), sugiro alugar uma scooter ou uma moto-quatro diretamente em Sal Rei. Tenha atenção a conduzir para evitar acidentes, e previna-se contra o sol e eventual desidratação – leve chapéu, protetor solar e muita água. E tome em atenção que não é possível visitar alguns dos lugares aqui referidos sem um veículo 4×4 e a companhia de um guia especializado.
Excursões turísticas
Caso o seu tempo seja limitado, pode valer a pena contratar antecipadamente uma excursão privada para visitar a ilha da Boa Vista, em especial a já referida excursão de “volta à ilha”. Como é natural, pode contratar o passeio in loco – mas, se preferir tratar de tudo com antecedência, seja para uma volta à ilha ou outras atividades na ilha da Boa Vista, veja as propostas de tours disponíveis na GetYourGuide. Nomeadamente:
- Boa Vista: excursão de dia inteiro à ilha, da Calutours, propriedade de cabo-verdianos originários da ilha).
- Passeio de 4×4 por Santa Mónica, Dunas, Cavernas e Vila, da agência local Boavista Go – Tours & Expeditions.
- Passeio de 4×4 – Rabil, Naufrágio, Sal Rei e Bar da Praia, da mesma empresa.
- Excursão de Observação de Baleias (Dia Inteiro), da Boa Vista Tours.
Onde ficar na ilha da Boa Vista
Antes de mais, veja o artigo sobre onde ficar na ilha da Boa Vista para todas as dicas dos melhores hotéis e resorts onde se hospedar.
Em jeito de resumo, se procura um resort para relaxar, veja o VOI Praia de Chaves Resort, antigo Iberostar Club Boa Vista. Mas olhe que eu não sou especialista em resorts.
Mas, caso opte por ficar na cidade de Sal Rei (é a minha recomendação!), perto da praia, o três estrelas Ouril Hotel Agueda é um dos melhores hotéis da ilha da Boa Vista e vale bem a pena. Alternativamente, se prefere o aconchego das pequenas pousadas, veja o B&B Salinas Boa Vista (onde fiquei hospedado, é uma opção aceitável), ou ainda as guesthouses B&B Mi Ma Bo e B&B Sereia Azul.
Para outras opções de hospedagem na ilha da Boa Vista, pesquise no link abaixo. Encontra pousadas baratas, alguns hotéis, vários apartamentos e um ou outro resort.
Pesquisar hotéis na ilha da Boa Vista
Gastronomia e onde comer
Os amantes da gastronomia têm excelentes restaurantes na ilha da Boa Vista. Neles se incluem não só espaços familiares onde degustar sabores locais, mas também restaurantes de gastronomia internacional, nomeadamente italiana. Em qualquer caso, o peixe é sempre o grande destaque dos cardápios – nomeadamente atum, serra e esmoregal (lírio) -, bem como a lagosta. Conte com entradas de tartares e carpaccios de peixe-serra ou atum, por exemplo, bem como muito esmoregal nos menus.
Quanto a restaurantes, eis algumas recomendações sobre onde comer bem na ilha da Boa Vista.
Antes de mais, referência para o restaurante Sodade – Casa da Cultura. Está instalado numa casa espetacular, tem um ambiente maravilhoso, mas confesso que a comida me desiludiu um pouco (é o mal das expectativas demasiado altas).
Almocei relativamente bem no restaurante Cá’ Baby, mais cosmopolita, junto ao Largo de Santa Isabel, a praça principal da cidade (infelizmente estava em obras). A propósito, queria ter ido ao icónico Blue Marlin, mas nos dias em que visitei a ilha da Boa Vista esteve sempre encerrado. Tal como ponderei conhecer os restaurantes Blu Mery e Ca’ Dju (com porções estilo tapas, pelo que é bom ir acompanhado para partilhar). Mas, na verdade, acabei por optar por restaurantes mais tradicionais, como os que abaixo refiro.
Assim, as grandes surpresas foram precisamente os restaurantes mais familiares, literalmente em casa das pessoas. Desde logo, o Ká Nixa, um restaurante familiar onde se come bem e barato. É gastronomia cabo-verdiana sem grandes invenções, com porções generosas e bom preço. Mas, se tivesse que eleger a melhor refeição que fiz na ilha da Boa Vista, o prémio iria para o restaurante Simplicidade, que alguns habitantes conhecem como Ká Edite (por ser, de facto, a casa de Edite). Não tem menu, e em cada dia preparam duas entradas e três ou quatro pratos. São disso exemplo um carpacio de peixe-serra e um bife de atum maravilhoso. Fica a dica.
Por fim, duas referências mais contemporâneas na Avenida dos Pescadores: O bowlavista, com comida mais saudável; e o Cremositos para gelados e bom café. Experimente.
Vida noturna em Sal Rei
No tempo em que estive em Sal Rei acabei por não sair muito, pelo que não tenho dicas especiais sobre os melhores bares para beber um copo. Ainda assim, posso indicar que há música ao vivo em quase todos os dias da semana, em locais específicos, como o Restaurante Sodade ou a geladaria Cremosito. Foi neste último que vi um belíssimo espetáculo domingueiro de uma dupla cabo-verdiana. Assim, o melhor conselho que posso dar é indagar junto da sua pousada ou hotel o calendário de atuações em Sal Rei.
Cartões SIM e Internet
As duas empresas a operar na ilha do Sal são a Unitel e a Alou (antiga CVMóvel). Eu tinha um cartão de uma anterior viagem a São Vicente e Santo Antão, reutilizado na ilha do Sal, pelo que não tive necessidade de comprar um cartão SIM à chegada à ilha da Boa Vista. Mas vi pessoas a vender cartões SIM da Alou – embora a preços inflacionados! – no aeroporto, junto ao tapete de recolha de bagagens.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.