25 coisas (imperdíveis) para fazer em São Tomé

O que fazer em São Tomé: Roça Água Izé
Entrada do antigo hospital da Roça Água Izé, ilha de São Tomé

Vai visitar São Tomé e Príncipe e procura o que fazer na ilha de São Tomé? Pois bem, recentemente tive oportunidade de regressar ao país do leve leve e deliciar-me com as suas maravilhas naturais e arquitetónicas. Assim, das roças Agostinho Neto e Água Izé às praias Inhame e Jalé, passando pelo chocolate de Claudio Corallo, a verdade é que não falta o que visitar na ilha de São Tomé.

Isto para além da cultura, com expoente máximo nos projetos Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa (FACA), nos espetáculo de Tchiloli e na Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias (CACAU).

Roteiro São Tomé: Roça Água izé
Nha Preta, habitante da Roça Água izé

Note que todos os lugares aqui referidos foram incluídos no meu roteiro de 15 dias em São Tomé e Príncipe – uma viagem que recomendo vivamente.

Eis, pois, sugestões sobre o que fazer na ilha de São Tomé e onde comer bem numa escapadinha de 7 ou mais dias à maior ilha do país. Inclui referências às principais atrações turísticas e aos melhores restaurantes para aconchegar o estômago com a gastronomia são-tomense. Vamos a isso.

Veja também o que fazer na ilha do Príncipe, o meu lugar favorito em São Tomé e Príncipe.

O que fazer em São Tomé

Explorar a cidade de São Tomé

Viagem São Tomé
Vista da Avenida Água Grande, junto à Catedral de São Tomé

Mal-amada pelos visitantes, a cidade de São Tomé não é naturalmente o principal motivo que atrai turistas ao país. Mas, ainda assim, vale a pena caminhar pelo centro da cidade; apreciar as fachadas dos edifícios coloniais; visitar a Catedral de São Tomé; explorar a marginal; enfim, dar uma oportunidade à cidade.

Pode não ser o mais bonito destino turístico do planeta, mas não creio que mereça ser ignorada. Fica o desafio. Nem que seja no último dia do roteiro em São Tomé e Príncipe, antes de rumar ao aeroporto, aproveite para visitar São Tomé – a cidade!

Visitar a Roça Agostinho Neto

Casa na Roça Agostinho Neto, São Tomé e Príncipe
Pormenor de um dos principais edifícios da Roça Agostinho Neto

Fundada em 1865 por Gabriel Constantino Bustamante na atual povoação de Guadalupe, a Roça Agostinho Neto (antiga Roça Rio do Ouro) é a maior e mais icónica das roças de São Tomé e Príncipe. Infelizmente, uma ala do hospital da Agostinho Neto ruiu em 2014. Mais uma “ferida aberta” no património arquitectónico são-tomense e no passado colonial português, como escreveu o jornal Público na altura. Mas nem por isso deve deixar de a incluir na lista com o que visitar em São Tomé.

Assim que chegar à Roça Agostinho Neto, será abordado por um dos guias que trabalham na roça, que lhe proporá uma visita guiada pela mesma. Ora, embora não seja de todo obrigatório ou fundamental, recomendo que o faça por uma questão de empatia. Eu explico.

O turismo de base comunitária é muito importante para as comunidades locais, proporcionando um rendimento relevante para os seus habitantes. E a Roça Agostinho Neto não é exceção. Os guias turísticos organizam-se através de uma associação liderada por Willy Mendes, que não tive oportunidade de conhecer, num sistema rotativo que proporciona trabalho a todos.

Roça Agostinho Neto
Roça Agostinho Neto

No meu caso, foi um jovem de seu nome Jorge quem me acompanhou durante a visita. Não posso dizer que foi um guia extraordinário, até porque eu já conhecia a Roça Agostinho Neto de uma outra viagem. Mas, ainda assim, visitar a Roça Agostinho Neto com um guia local é, como disse, uma forma de contribuir. Além de que sempre deu para fazer perguntas específicas.

E assim, à conversa com Jorge, fiquei a saber que habitam na roça “mil e tal pessoas” porque as famílias em São Tomé são muito numerosas. A justificação veio numa das frases mais marcantes que ouvi em toda a viagem: “O filho é a riqueza do pobre”. Dá que pensar!

Nota: quando perguntei quanto custava o passeio, o guia não me disse um valor fixo e, apesar da minha insistência, disse que cada turista dava o que quisesse. Como essa forma de trabalhar é propícia a mal-entendidos no final, fiz questão de dizer desde logo quanto eu iria dar e confirmar que estava interessado. Fica a dica. Pelo que vi, creio que entre 100 e 250 dobras será um valor aceitável para situações como esta, dependendo do número de turistas.

Dar um mergulho na Praia dos Tamarindos

O que fazer em São Tomé: visitar Praia dos Tamarindos
Praia dos Tamarindos, uma das melhores praias de São Tomé

Não muito longe da Roça Agostinho Neto fica a povoação de Morro Peixe. É lá que se encontra a única praia da costa norte de São Tomé que integra a minha lista das melhores praias de São Tomé e Príncipe.

Chama-se Praia dos Tamarindos e, apesar de a ter encontrado com um mar anormalmente agitado, tem um areal muito bonito em forma de meia lua. A Lonely Planet diz que é “um lindo crescente branco de frente para um mar esmeralda, excelente para nadar”.

Se decidir visitar a Praia dos Tamarindos, saiba que, regra geral, está praticamente deserta durante a semana e muito lotada e em ambiente de festa no fim-de-semana. Fica ao seu critério.

Em breve irá nascer um empreendimento turístico na Praia dos Tamarindos, do mesmo proprietário da Sweet Guesthouse. Não sei que implicações isso terá na praia, mas acredito que haver uma estrutura de apoio aos visitantes poderá ser positivo.

Visitar a Roça Diogo Vaz

Cacau Roça Diogo Vaz
Cacau na Roça Diogo Vaz, São Tomé

Prosseguindo pela estrada da costa norte, em breve chegará à Roça Diogo Vaz, produtora daquele que em 2023 foi considerado o Melhor Chocolate do Mundo no Salão do Chocolate de Paris. É, para mim, outra das roças que deve visitar em São Tomé.

Mediante o pagamento de 10€ por pessoa, é possível fazer uma visita guiada para conhecer todo o processo de produção do cacau. Ou seja, ao contrário de outras roças, a visita organizada segue um guião pré-definido e está focada na produção de cacau. Não contempla uma ida à zona habitada da roça, mas pode, naturalmente, passear por sua conta.

Visitar ilha de São Tomé
Roça Diogo Vaz, na costa norte da ilha de São Tomé

Para quem não conhece o processo de transformação do cacau, a visita é muito informativa. No meu caso, foi o guia Abrão quem me falou dos três tipos de cacau ali produzidos. São eles o cacau Amelonado, o cacau Trinitário e o cacau Catongo, embora este último seja “pouco usado” na roça Diogo Vaz. Eu gostei muito. Como disse, não deixe de incluir a Diogo Vaz nas coisas a visitar na ilha de São Tomé.

As visitas guiadas à Roça Diogo Vaz ocorrem de segunda a sábado, sensivelmente das 8:00 às 15:30. Diz-me a minha experiência que é melhor chegar antes das 15:00 para garantir a visita.

Atravessar o Túnel de Santa Catarina

Roteiro São Tomé: visitar túnel de Santa Catarina
Ao fundo, o túnel de Santa Catarina

Não muito longe da Roça Diogo Vaz fica o fotogénico Túnel de Santa Catarina, um túnel escavado nas rochas, numa faixa belíssima do litoral são-tomense.

Tal como nas estradas da Madeira, é inevitável o impulso de parar e fotografar. Faça-o, mas com atenção porque a estrada é muito estreita. Não que haja muito trânsito, mas nunca se sabe.

Vai seguramente encontrar miúdos e pedir dinheiro ou vender frutas e afins – não se assuste se for abordado de forma bem efusiva.

Conhecer a CACAU – Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias

CACAU - Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias
CACAU – Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias

De regresso à cidade de São Tomé, um dos lugares de visita obrigatória é a Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias, mais conhecida como CACAU.

Trata-se de um projeto do chef são-tomense João Carlos Silva, “instalado nas antigas oficinas das obras públicas coloniais, recuperadas para ser um espaço na centralidade da capital e com uma programação e ação contínua”. É, na verdade, um dos raros espaços culturais da cidade de São Tomé.

Lá dentro, encontra-se o chamado Museu da História de São Tomé e Príncipe, mas o que mais me chamou a atenção foram as exposições artísticas. Isso e o próprio espaço propriamente dito, que está muito bem conseguido. Absolutamente imperdível.

Caso tenha interesse em participar num jantar cultural, com música ao vivo e gastronomia tradicional são-tomense em estilo buffet, saiba que eles acontecem todas as quintas-feiras na CACAU. O jantar custa 25€; pode reservar pelo telefone +239 222 2625.

Fazer compras no Mercado de Bobo Forro

O que fazer em São Tomé: visitar Mercado Bobo Forro
Secção de peixe do Mercado Bobo Forro, São Tomé

Eu gosto de mercados e, estando em São Tomé, não poderia deixar de visitar o Mercado Bobo Forro. Fica afastado do centro da capital, mas a viagem é curta e vale bem a pena. Lá encontrará um mundo de frutas e vegetais, folhas para calulu e especiarias, e uma vibrante secção de peixe fresco. Fica a sugestão, caso goste de incluir este tipo de ambientes nas suas viagens.

Visitar Claudio Corallo

Claudio Corallo, São Tomé e Príncipe
Claudio Corallo explicando os diferentes tipos de cacau de São Tomé e Príncipe

Nome maior da indústria chocolateira de São Tomé e Príncipe, o italiano Claudio Corallo deixou a ilha do Príncipe e está atualmente a viver na ilha de São Tomé. É lá, na sua casa, que dirige uma visita com degustação de chocolate e algumas explicações muito interessantes que, segundo ele, “resumem 50 anos de carreira”.

Tal como escrevi no roteiro de viagem a São Tomé e Príncipe, ia preparado para uma má experiência, mas admito que fui agradavelmente surpreendido pela postura do senhor Corallo. Isto, apesar de, aqui e ali, proferir auto-elogios que eu teria dispensado. Seja como for, foi muito melhor do que eu esperava.

Não menos importante, gostei muito das explicações e das diferentes provas de cacau e chocolates. A esse respeito, jamais esquecerei a explosão de gengibre na boca na última das provas – absolutamente surpreendente. Em suma, é daquelas visitas a incluir na lista com o que fazer em São Tomé.

A visita dura cerca de uma hora e custa 40€ para um grupo de até quatro pessoas. Tem de ser marcada (e paga) presencialmente uns dias antes.

Visitar o Museu do Café (Roça Monte Café)

Museu do Café da Roça Monte Café, São Tomé
Museu do Café da Roça Monte Café, em Trindade

Tal como o cacau na atualidade, também o café teve um papel muito importante na economia de São Tomé e Príncipe. Introduzido pelos portugueses no início do século XIX, a economia da ilha de São Tomé baseava.se precisamente na monocultura do cafezeiro trazido do Brazil.

Foi para conhecer um pouco melhor o processo de manufatura do café que decidi visitar o Museu do Café da Roça Monte Café. A visita é relativamente simples, mas confesso que gostei de a ter feito.

São Tomé o que visitar: Roça Monte Café
Interior do Museu do Café da Roça Monte Café

Associados numa cooperativa de pequenos produtores de café, cultivamos e tratamos o nosso café biológico de maneira artesanal e em harmonia com o meio ambiente

in Museu do Café da Roça Monte Café

Foi lá que fiquei a conhecer o café Omonte, um “puro Arábica biológico” que “surge das variedades antigas cultivadas na região de altitude de Monte Café”. No final da visita, para terminar em beleza, tive oportunidade de provar um dos cafés ali produzidos.

Em suma, recomendo que passe pela Monte Café. Até porque passa bem perto da roça a caminho da Casa Museu Almada Negreiros.

Almoço de degustação na Casa Museu Almada Negreiros (Roça Saudade)

O que fazer em São Tomé: Casa Museu Almada Negreiros
Restaurante na Casa Museu Almada Negreiros

No que toca à gastronomia, há pelo menos dois menus de degustação na ilha de São Tomé que vale a pena experimentar. Um deles é o da Casa Museu Almada Negreiros, na Roça Saudade. O almoço é composto por uma entrada, prato principal e uma sobremesa – e é tudo delicioso.

Por isso, uma vez chegado a São Tomé, o que visitar? Fácil. Se o horário permitir, pode ir direto do aeroporto para a Casa Museu Almada Negreiros – foi exatamente isso que fiz quando aterrei na ilha vindo do Príncipe.

O almoço de degustação custa 18€ por pessoa. Eu reservei por telefone (‪+239 991 6172‬) mas, na verdade, não é necessário – basta aparecer.

Fazer o Roteiro da Boa Morte

Roteiro da Boa Morte
Dulce, uma das novas guias do Roteiro da Boa Morte

Uma das propostas mais inusitadas desta lista com o que fazer em São Tomé é, muito provavelmente, a ideia de fazer o Roteiro da Boa Morte.

O projeto, promovido pela ONG Leigos para o Desenvolvimento e com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, “pretende contribuir para a valorização de produtos associados ao património cultural do Bairro da Boa Morte, em São Tomé, através da articulação do património com artes performativas, artes visuais e tecnologia. O objetivo é criar um objeto cultural identitário, contemporâneo e com sentimento mútuo de pertença, partindo de uma visita encenada como suporte para um negócio turístico cultural”.

Bairro da Boa Morte, São Tomé
Banca de legumes no Bairro da Boa Morte, São Tomé

Na prática, trata-se de uma visita encenada (ou “roteiro interpretativo”) ao Bairro da Boa Morte, localizado nos arredores da cidade de São Tomé, acompanhado por guias locais oriundos do próprio bairro. Por outras palavras, pretende-se levar turistas a um local que, de outra forma, nunca os receberia, proporcionando um rendimento extra para a comunidade.

O projeto vive atualmente um momento de reestruturação, com a formação de novos guias locais. Fica o desejo de que o Roteiro da Boa Morte se venha a tornar, a médio prazo, um exemplo de turismo de base comunitária bem sucedido e com futuro.

Para organizar a visita, envie um email para roteirodaboamorte@gmail.com com indicação da(s) data(s) e horário(s) desejado(s). Já em São Tomé, é possível também contactar pelo número +239 999 6012.

Assistir a um espetáculo de Tchiloli

Tchiloli
Personagem do Tchiloli

Uma das coisas mais extraordinárias que tive oportunidade de ver em São Tomé foi um espetáculo de Tchiloli. E isso aconteceu precisamente no Bairro da Boa Morte, origem do grupo Formiguinha da Boa Morte, constituído em 1956, tido como o mais antigo entre aqueles que atualmente representam o Tchiloli em São Tomé.

Mas o que é Tchiloli – ou “tragédia”, no dialeto local? Trata-se de “uma forma de teatro, música e dança, com origem em Portugal no século XVI e que ainda resiste na ilha de São Tomé”.

Por outras palavras, e um pouco à imagem do Auto de Floripes da ilha do Príncipe, é “a encenação de uma história de morte e traição, paixões e conflitos morais que entusiasma público e atores, onde a música, o movimento e o corpo se fundem numa surpreendente expressão da arte e cultura africanas”.

Tchiloli São Tomé
Momentos antes de uma apresentação de Tchiloli

As palavras são da Gulbenkian, sendo que a tragédia a que se refere o nome é a chamada “Tragédia do Imperador Carlos Magno e do Marquês de Mântua”, peça teatral de meados do século XVI da autoria do dramaturgo madeirense Baltazar Dias. Imperdível!

O Tchiloli é um importante património cultural em São Tomé. Atualmente, está a ser feito um trabalho para valorizar esse património imaterial único, nomeadamente adaptando o espetáculo – que originalmente pode durar sete ou oito horas – para formatos mais curtos e acessíveis a turistas. Mas não é fácil conseguir assistir a um espetáculo de Tchiloli, pelo que recomendo que contacte os Leigos para o Desenvolvimento – se houver algum espetáculo agendado para o Bairro da Boa Morte, eles saberão.

Fotografar a Boca do Inferno

Roteiro São Tomé e Príncipe: Boca do Inferno
Vista da Boca do Inferno, São Tomé e Príncipe

Num registo totalmente distinto, venho sugerir a inclusão de um sítio de beleza ímpar na lista de lugares a visitar em São Tomé. Um sítio costeiro, onde abunda o basalto, na estrada rumo ao sul da ilha, conhecido pelos seus respiradouros, erupções de água do mar que mais parecem géiseres com a ação das ondas.

O lugar é de uma beleza avassaladora, ao ponto de haver quem diga que o basalto formou colunas hexagonais semelhantes à Calçada do Gigante da Irlanda do Norte. Com toda a honestidade, e conhecendo os dois lugares, acho a comparação exagerada.

Passear pela Roça Água Izé

São Tomé o que visitar: Roça Água Izé
Vista do antigo hospital da Roça Água Izé, ilha de São Tomé

A dois passos da Boca do Inferno fica a Roça Água Izé, onde tinha estado há mais de 15 anos. É, porventura, a minha roça preferida em São Tomé. Assim que cheguei, o jovem Aluizo apresentou-se como guia e eu aceitei os seus serviços.

Depois de avistar alguns edifícios de que me lembrava bem, e caminhando tranquilamente pelas ruas empedradas da Roça Água Izé, lá fui visitar o magnífico edifício do antigo hospital. Fica lá no alto, razão pela qual tem as melhores vistas de toda a roça.

Mas, arquitetura à parte, a maior relíquia de Água Izé é mesmo a sua comunidade. Tenho, aliás, a teoria de que os habitantes de Água Izé são especialmente acolhedores. É só um feeling, sem qualquer sustentação científica – vale o que vale – , mas sinto-me sempre bem em Água Izé.

Tudo somado, tem mesmo de fazer uma paragem na Roça Água Izé quando visitar a ilha de São Tomé!

Conhecer a FACA – Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa

FACA - Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa
FACA – Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa, na Roça Água Izé

Direto ao assunto: a Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa (FACA) é um dos lugares mais surpreendentes que tive oportunidade de visitar na ilha de São Tomé. Propriedade de João Carlos Silva – sempre ele! -, a fábrica exibe exposições artísticas de criadores locais, tem uma biblioteca em criação e contribui também para uma maior consciencialização ecológica da comunidade.

A esse respeito, dizer que no espaço FACA está também instalada a Missão Dimix, uma ONG com um trabalho muito meritório na “educação e atividades artísticas manuais e ecológicas com crianças e jovens de meios rurais isolados”.

Tudo isso num antigo armazém localizado à entrada da Roça Água Izé e maravilhosamente recuperado para as suas novas funções. Imperdível!

Jantar de degustação na Roça São João dos Angolares

Roça São João dos Angolares, São Tomé
Vista a partir da Roça São João dos Angolares

Continuando para o sul da ilha de São Tomé, em breve chegará a São João dos Angolares. É lá que fica a homónima Roça São João dos Angolares, também de João Carlos Silva. É um casarão colonial onde é possível pernoitar, mas não é essa função hoteleira que maior fama lhe trouxe.

Assim, mediante reserva, o chef e a sua equipa preparam um jantar de degustação de grande qualidade merecedor de todos os elogios. E essa refeição é, por si só, motivo suficiente para uma paragem estratégica na povoação, antes de rumar às extraordinárias praias do extremo sul da ilha de São Tomé. Fica a dica.

Fotografar o Pico Cão Grande

Vista do Pico Cão Grande, São Tomé
Vista do Pico Cão Grande a partir da EN2, São Tomé

O imagem do Pico Cão Grande, esguio e imponente, é uma visão bem conhecida entre quem vai viajar para São Tomé. Pois que, clichés à parte, também eu parei na berma da estrada para fotografar a montanha. Creio que estamos todos de acordo que a imagem é belíssima. Só é pena aquele poste de eletricidade lá ao fundo, mas quiçá isso seja um preciosismo de fotógrafo. Mas não me arrependo de ter parado.

No mapa com o que fazer em São Tomé, abaixo, encontra a localização aproximada do local onde esta foto foi tirada. Mas não se preocupe que, rumo ao sul, vai passar por este local de qualquer forma.

Conhecer as Histórias do Sul, em Porto Alegre

Roteiro São Tomé: Porto Alegre
Antiga roça em Porto Alegre, no sul da ilha de São Tomé

Outro projeto de turismo de base comunitária em desenvolvimento é um roteiro chamado Histórias do Sul, que tem lugar na povoação de Porto Alegre.

Trata-se de um passeio a pé, com um guia local, visitando várias comunidades em torno de Porto Alegre e contando histórias das pessoas que habitam as aldeias. Um pouco à imagem daquilo que fazemos no Rostos da Aldeia – para valorizar as pessoas -, mas noutro formato. Há fotografias instaladas no exterior da casa de mais de vinte moradores, cujas histórias vão sendo contadas ao longo do percurso.

Em suma, o Histórias do Sul é uma forma de, por um lado, conhecer melhor a comunidade de Porto Alegre e, por outro, de contribuir para que o turismo traga benefícios diretos para a população. Fica a sugestão.

Para marcar o percurso Histórias do Sul, envie WhatsApp ao meu amigo Jêjê pelo número +239 995 7073. O passeio custa 10€ por pessoa.

Fazer um passeio de barco ao ilhéu das Rolas

Marco Zero da Linha do Equador
Marco Zero da Linha do Equador, no ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

Outra das atividades imperdíveis a fazer na ilha de São Tomé é, sem dúvida, visitar o ilhéu das Rolas. Para tal, é possível organizar um passeio de barco a partir de Porto Alegre.

Vale a pena dizer que o passeio permite não só fazer a inevitável caminhada até ao Marco Zero da Linha do Equador, como também dar uns mergulhos e desfrutar da beleza inacreditável da Praia Bateria (ver abaixo). E, claro, conhecer a comunidade que habita o ilhéu das Rolas.

Para finalizar, e optando por um passeio mais completo, pode-se até almoçar na maravilhosa Praia Café. Foi isso que eu fiz, e recomendo vivamente.

Pode fazer um passeio de barco ao ilhéu das Rolas com o pessoal do Inhame Ecolodge. mas, sinceramente, fica muito melhor servido se falar com o Jêjê ara marcar o percurso Histórias do Sul, envie WhatsApp ao meu amigo Jêjê pelo número +239 995 7073. O passeio custa 10€ por pessoa.

Dar um mergulho na Praia Bateria

Praia Bateria, ilhéu das Rolas
Praia Bateria, no ilhéu das Rolas

Como referido acima, o passeio ao ilhéu das Rolas permite conhecer a minúscula Praia Bateria. Trata-se de uma pequeníssima enseada rodeada de rochas e palmeiras e que, na minha opinião, é uma das praias mais bonitas de São Tomé e Príncipe. Não há palavras…

Vale o que vale, é certo, e bem sei que a beleza é subjetiva. Mas para mim seria um crime visitar São Tomé e Príncipe e não se dar a oportunidade de conhecer esta pequena preciosidade. Fica a enfática sugestão.

Dolce fare niente na Praia Inhame

Praia Inhame, São Tomé e Príncipe
Praia Inhame, seguramente uma das melhores praias de São Tomé e Príncipe

Por falar em praias e de volta à ilha de São Tomé, o sul da ilha é fértil em praias de tirar o fôlego até ao viajante mais experiente. Tudo é lindo e belo e luxuriante e wow!

Entre elas, um dos destaques vai para a Praia Inhame, onde se instalou o homónimo Hotel Praia Inhame Ecolodge. É outra das praias cuja visita recomendo incluir na lista com o que fazer em São Tomé. Nem que seja para aproveitar as férias e não fazer nada…

Conhecer a Praia Jalé

Onde ficar em São Tomé: Domus Praia Jalé
Bungalow do Domus Praia Jalé, um dos hotéis existentes na Praia Jalé

Não muito longe fica a Praia Piscina e, logo a seguir, a mais famosa Praia Jalé. Trata-se de um dos areais mais longos da ilha de São Tomé, perfeito para desfrutar das temperaturas tropicais das suas águas. Fica a referência, para o caso de querer fazer praia no sul da ilha.

Visitar a destilaria do Turismo Rural Vanha

Destilaria de gin do Turismo Rural Vanha
Destilaria de gin do Turismo Rural Vanha

No topo da Praia Vanha há um alojamento turístico propriedade do casal franco-são-tomense Bastien e Delicia que tem uma particularidade muito interessante: uma destilaria de gin artesanal.

Mesmo não sendo apreciador da bebida, vale a pena passar por lá, conversar com os proprietários, aprender um pouco sobre o processo do gin e quem sabe até fazer uma degustação. Dizem também que se come muito bem no Turismo Rural Vanha, mas quando lá fui estava temporariamente encerrado.

Comprar artesanato local

O que comprar em Sçao Tomé: Artesanato de madeira
Artesanato de madeira na Roça Agostinho Neto

Nos pontos mais visitados pelos turistas estrangeiros, como a Roça Agostinho Neto ou a Boca do Inferno, encontrará artesãos são-tomenses a vender artesanato. Trata-se, na sua maioria, de artigos de madeira, nomeadamente máscaras, algumas das quais de grande beleza.

Eu acabei por não resistir e comprei uma máscara para trazer para casa. No fundo, é mais uma forma de contribuir para a economia local e criar impacto positivo nas comunidades visitadas.

Comer santola em Neves

Petisqueira Santola
O prato que deu fama à Petisqueira Santola, em Neves

Tive muitas dúvidas em incluir a Petisqueira Santola nesta lista com o que fazer em São Tomé, e não consigo recomendar sem fazer este reparo. Ou seja, comer santola na Petisqueira Santola faz parte de todo e qualquer roteiro de viagem em São Tomé e Príncipe, mas pareceu-me demasiado turístico e, pior do que isso, que a qualidade não será a mesma de outrora. Em suma, confesso que me desiludi.

Convém dizer que eu tinha estado na Petisqueira Santola há mais de 15 anos e recordava com saudade aquela refeição. Mas, desta vez, sou capaz de apostar que a santola tinha sido congelada, e isso desiludiu-me profundamente. Espero não estar a ser injusto, mas se me perguntar se é algo que tem mesmo de fazer em São Tomé, já não serei tão assertivo como outrora. Deixo essa decisão para si.

Outras coisas a fazer na ilha de São Tomé

Porto Alegre, ilha de São Tomé
Aldeia de Porto Alegre, ilha de São Tomé

Como é evidente, esta não é uma lista exaustiva com o que fazer ou visitar na ilha de São Tomé, até porque há atividades que eu não fiz por desconhecimento ou falta de tempo. Entre elas, visitar a Cascata de São Nicolau e o Parque Natural Ôbo, por exemplo. Seja como for, eis algumas atividades adicionais a considerar em São Tomé:

  • Conhecer o Parque Natural Ôbo.
  • Fazer o trekking do Pico Cão Grande.
  • Tomar banho na Lagoa Azul.
  • Visitar o Jardim Botânico do Bom Sucesso.
  • Fazer o trilho entre o Bom Sucesso e Bombaim.
  • Ver a Cascata de São Nicolau.
  • Fazer surf em Porto Alegre.

Mapa dos lugares a visitar na ilha de São Tomé

No mapa acima, encontra a localização de todos os lugares referenciados no artigo. Como vê, além de boas praias para dar uns mergulhos e fazer umas férias tranquilas na ilha de São Tomé, há muito o que ver e fazer na maior ilha de São Tomé e Príncipe.

Dicas para visitar São Tomé

Visto para São Tomé e Príncipe

Os cidadãos portugueses não precisam de visto para viagens de duração até 15 dias. Nos restantes casos, o visto pode ser pedido online, mas as instruções não são muito claras. Assim, para ter maiores probabilidades de sucesso, deve fazer um PDF com informação sobre os voos e ainda o passaporte – tudo num único documento, que submeterá no formulário.

Alternativamente, é possível agendar uma ida è Embaixada de São Tomé em Portugal, em Lisboa, ou aos consulados no Porto e Coimbra, onde é possível obter o visto em cinco dias úteis. Ou até em menos tempo, caso pague taxa de urgência (no valor de 50€). Pelo menos no Porto (onde tirei o visto), o processo foi tranquilo e eficiente.

Qual a melhor época para visitar São Tomé?

Dizem os locais que a melhor época para visitar a ilha de São Tomé vai sensivelmente de meados de dezembro a meados de fevereiro. Nessa altura, está calor e a chuva é muito pouca. Alternativamente, junho, julho e agosto são outros dos meses em que menos chove em São Tomé e Príncipe – e, nesse sentido, são também épocas aconselháveis para viajar e fazer férias no país.

Quantos dias são necessários para conhecer a ilha de São Tomé

Na minha opinião, 7 dias é o mínimo dos mínimos para conhecer a ilha de São Tomé, sendo que o ideal andará à volta dos 9 ou 10 dias completos. Dito isto, num roteiro de 2 semanas em São Tomé e Príncipe, eu dividiria o tempo da seguinte forma: 5-6 dias no Príncipe e 8-9 dias em São Tomé. Jogue também com o horários dos voos para otimizar o roteiro.

Como chegar à ilha de São Tomé

A forma mais eficiente de viajar entre Portugal e a ilha de São Tomé é usando os voos diretos da TAP a partir de Lisboa. Tenha no entanto em atenção que, à data em que escrevo, em vários dias da semana o avião faz escala em Acra, capital do Gana, o que aumenta a duração total da viagem em algumas horas.

De resto, saiba que em 2024 a companhia aérea Fly Angola iniciou uma operação com voos de Luanda para São Tomé. Para quem está a viver em Luanda ou gostaria de combinar uma viagem a Angola com uns dias de descanso em São Tomé e Príncipe, esta ligação é muito útil.

Pesquisar voos para São Tomé

Como se deslocar em São Tomé

Posto de forma simples e direta, precisa mesmo de alugar carro para conseguir explorar a ilha de São Tomé de forma eficiente. Eu aluguei um pequeno jeep Suzuki Jimny diretamente ao são-tomense José Gonçalves, proprietário da Casa Cantagalo, pessoa que me foi recomendada. O carro estava em bom estado, tinha seguro e tudo correu na perfeição, razão pela qual deixo aqui a sugestão. Contacte o José pelo WhatsApp +239 990 5344.

Se preferir uma agência local, a Get a Car parece ser uma rent-a-car fiável (pode reservar online). Fica a dica. Note que a DiscoverCars, que eu utilizo habitualmente nas minhas viagens, não aluga carros em São Tome e Príncipe.

Onde ficar na ilha de São Tomé

Antes de mais, veja o artigo sobre onde ficar em São Tomé para todas as dicas dos melhores hotéis e resorts onde se hospedar. Mas, em jeito de resumo, durante o meu roteiro em São Tomé e Príncipe tinha planeado ficar hospedado em cinco alojamentos diferentes. E assim foi. São todos hotéis ou pousadas muito agradáveis, pelo que os recomendo sem hesitação. A saber:

Caso queira ficar num hotel de luxo, não deixe de considerar o referido Omali Lodge. Não é para todas as bolsas, mas é seguramente o melhor hotel da ilha de São Tomé. Para outras opções de hospedagem, pesquise no link abaixo. Encontra pousadas baratas, alguns hotéis, vários apartamentos e um ou outro resort.

Pesquisar hotéis na ilha de São Tomé

Gastronomia e onde comer

No que toca à gastronomia tradicional são-tomense, há pelo três elementos emblemáticos que deve tentar provar: calulu, angu e izaquente (parecido com feijão). O calulu é um prato super complexo, que demora 24 horas a ser confeccionado. É uma espécie de ensopado de peixe seco, cozinhado com uma vintena de diferentes “folhas” trituradas, servido com arroz ou, melhor ainda, com angu de fuba de milho.

Depois há banana em abundância, de várias espécies distintas, cozida, frita ou assada. E, claro, o peixe. São Tomé e Príncipe é terra de peixe. Comi cherne delicioso, peixe-azeite (lírio) muito bom, atum, bonito e “voador” (este último já menos interessante). E também polvo e choco. Não faltam frutas tropicais para além da referida banana, como a carambola e a deliciosa cajá-manga (dá para fazer uns sumos naturais maravilhosos).

Quanto a restaurantes, nesta viagem tive uma mão cheia de experiências gastronómicas superlativas. A esse respeito, há um par de espaços na cidade de São Tomé que eu adorei. São eles o restaurante Carambola, mais tradicional, liderado pela simpaticíssima Dona Elsa, que cozinha maravilhosamente bem (come-se cherne delicioso, peixe-azeite, choco e polvo). E o XQuizEat, no Pico Mocambo, mais contemporâneo, com bife de atum e hambúrguer de peixe como ex-libris do menu (não pode sair do XQuizEat sem comer a mousse de cacau – depois agradece-me!). Tinha também boas referências sobre o Chez Tete, mas acabei por não experimentar.

Merecem também referência os dois menus de degustação acima referidos: almoço no restaurante Casa Museu Almada Negreiros e jantar na Roça São João dos Angolares. Valem bem a pena.

De resto, aproveito para dizer que não fiquei nada impressionado com um dos mais famosos restaurantes da cidade de São Tomé, de seu nome Papa-Figo. Não é mau, claro está, mas prefiro de longe o Carambola. E o mesmo poderei dizer da referida Petisqueira Santola, em Neves – como disse, foi uma desilusão, mas experimente e diga de sua justiça.

Vida noturna na cidade de São Tomé

No tempo em que estive na ilha de São Tomé acabei por não sair à noite, pelo que não tenho dicas especiais sobre os melhores bares para beber um copo. Ainda assim, posso indicar que o Pico Mocambo é um bar muito agradável. Passe por lá.

Cartões SIM e Internet

As duas empresas a operar em São Tomé e Príncipe são a CST e a Unitel. Eu tinha um cartão da CST e funcionou de forma aceitável, embora nem sempre a internet seja fiável. Mas não creio que a Unitel seja melhor! É possível comprar um cartão SIM logo no aeroporto, ou então dirija-se à Loja Central da CST na cidade, localizada junto à Catedral de São Tomé.

Seguro de viagem

A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.