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Roteiro em São Tomé e Príncipe (uma viagem perfeita!)

Roteiro São Tomé: visitar túnel de Santa Catarina
Ao fundo, o túnel de Santa Catarina, na costa Norte da ilha de São Tomé

Procura um roteiro de viagem a São Tomé e Príncipe? Pois bem, trata-se de um destino feliz – não me ocorre melhor expressão. Tem vastas áreas verdes em parques naturais, praias deslumbrantes e um sem fim de atrativos incríveis. Principalmente a ilha do Príncipe que, confesso, roubou o meu coração desde o primeiro instante.

Visitar São Tomé e Príncipe é, ainda, um privilégio. Num tempo de destinos globalizados e desenxabidos, São Tomé e Príncipe continua único. Não há palavras!

Foi para revisitar à ilha de São Tomé e, principalmente, para visitar o Príncipe que decidi voltar ao país, tantos anos depois. Assim, este é um itinerário para visitar São Tomé e Príncipe em duas semanas de viagem, que cobre as principais atrações do país e resulta muitíssimo bem. Estou em crer, aliás, que para os dias de viagem disponíveis este foi o roteiro ideal. Permitiu-me ficar com uma boa ideia sobre ambas as ilhas – e ainda o Ilhéu das Rolas – mas não é para ficar uma semana de férias na praia. Para isso terá de adaptar o roteiro ou acrescentar mais 3, 5 ou 7 dias.

Mulher são-tomense
Dona Teresa, habitante da Roça Diogo Vaz

Dito isto, partilho neste artigo um roteiro de viagem a São Tomé e Príncipe, dia a dia, para que possa adaptar o itinerário aos seus gostos pessoais, número de dias disponível e objetivos da viagem. E ainda sugestões dos melhores hotéis e pousadas para se hospedar em cada destino, como se deslocar no país e muitas outras dicas de viagem. Vamos a isso.

Este roteiro em São Tomé e Príncipe tem pequenas alterações em relação ao meu itinerário, com o objetivo de otimizar os dias de viagem (fruto da experiência no terreno) e, com isso, sugerir-lhe um roteiro de duas semanas ainda melhor.

Roteiro em São Tomé e Príncipe

Dia 1: Voo para São Tomé

É muito provável que chegue ao final da tarde a São Tomé e Príncipe, pelo que talvez não se justifique planear grandes atividades. Assim, mal chegado ao aeroporto, e tendo combinado com antecedência o aluguer de um carro, recomendo seguir em direção ao Mucumbli. Trata-se de um turismo rural maravilhoso em Ponta Figo, perto de Neves, que proporciona a introdução perfeita a São Tomé e Príncipe.

Mas, se por acaso chegar ao início da tarde e tiver tempo disponível, ainda conseguirá visitar a Roça Agostinho Neto e a Praia dos Tamarindos a caminho do hotel Mucumbli. Mas, neste roteiro em São Tomé, vamos assumir que aterrou já tarde no Aeroporto Internacional de São Tomé e Príncipe. Foi o que me aconteceu, uma vez que atualmente o voo da TAP faz quase sempre uma escala técnica em Accra.

Se não quiser conduzir ao anoitecer, combine transfer com o Mucumbli. Eles também podem ajudar no aluguer de carro para o dia seguinte.

Dormida: Mucumbli, um excelente turismo rural em Ponta Figo.

Dia 2: Costa Norte da ilha de São Tomé

Cacau a secar na Roça Diogo Vaz
Roteiro São Tomé: Cacau a secar na Roça Diogo Vaz

Dia dedicado a explorar as atrações atrações da costa Norte da ilha de São Tomé. Assim, sugiro que comece por seguir até à Roça Diogo Vaz, produtora daquele que em 2023 foi considerado o Melhor Chocolate do Mundo no Salão do Chocolate de Paris. Mediante o pagamento de 10€, é possível fazer uma visita guiada para conhecer todo o processo de produção do cacau. Note no entanto que, ao contrário de outras roças, a visita está focada na produção de cacau e não inclui uma ida à zona habitada da roça.

Prosseguindo pela estrada, chegará a uma faixa belíssima do litoral, onde se atravessa o chamado Túnel de Santa Catarina. Tal como nas estradas da Madeira, é inevitável o impulso de parar e fotografar. Faça-o, mas com atenção porque a estrada é muito estreita. Não que haja muito trânsito, mas nunca se sabe. Vai seguramente encontrar miúdos e pedir dinheiro ou vender frutas e afins – não se assuste se for abordado de forma bem efusiva.

Petisqueira Santola
O prato que deu fama à Petisqueira Santola, em Neves

E, já que está tão perto, porque não prosseguir até ao final da estrada, que termina pouco depois da povoação de Santa Catarina. É o fim da linha, e não há outra opção que não voltar para trás pelo mesmo caminho, em direção a Neves, onde chegará já a pensar no almoço. É aí que entra em ação a Petisqueira Santola, afamada pelo prato que lhe deu nome. Confesso que foi uma desilusão, mas experimente e diga de sua justiça.

De tarde, pode desfrutar do ambiente extraordinário do Mucumbli ou, melhor ainda, fazer mais uns quilómetros e ir visitar a Roça Agostinho Neto. À chegada, será abordado por um dos guias que trabalham na roça, que lhe proporá uma visita guiada pela mesma. Ora, embora não seja de todo obrigatório ou fundamental, recomendo que o faça por uma questão de empatia. O turismo de base comunitária é muito importante para as comunidades locais, proporcionando um rendimento relevante para os seus habitantes. E a Roça Agostinho Neto não é exceção.

O que fazer em São Tomé: visitar Praia dos Tamarindos
Praia dos Tamarindos, uma das melhores praias de São Tomé

Não muito longe fica a Praia dos Tamarindos, seguramente uma das praias mais bonitas de São Tomé e Príncipe. Não me ocorre melhor forma de terminar uma tarde a visitar a Costa Norte da ilha de São Tomé. Léve-léve.

Nota: se quiser ter mais tempo na praia, pode visitar a Roça Agostinho Neto no dia seguinte de manhã, desde que o horário do voo para o Príncipe o permita.

Dormida: Mucumbli, perto de Neves.

Dia 3: Voo para ilha do Príncipe

Roça Agostinho Neto, São Tomé e Príncipe
Interior do antigo hospital da Roça Agostinho Neto, São Tomé e Príncipe

Este será o dia de viajar até à maravilhosa ilha do Príncipe. Mas talvez não seja má ideia apanhar o voo da tarde (caso exista). Assim, pode aproveitar para fazer uma caminhada matinal de 9,3km pela chamada Rota de Cacau (pergunte no Mucumbli). Alternativamente, e caso não o tenha feito no dia anterior, vá visitar a Roça Agostinho Neto – imprescindível neste roteiro em São Tomé e Príncipe.

Por fim, tendo algum tempo disponível, pode ainda passar pela cidade de São Tomé para um primeiro contacto com a capital do país, antes de seguir para o aeroporto. O voo de São Tomé para a ilha do Príncipe dura pouco mais de meia hora, pelo que num ápice estará num dos destinos mais arrebatadores que já tive oportunidade de visitar. Prepare-se.

Santo António, Príncipe
Praça central de Santo António, principal cidade da ilha do Príncipe

Quando chegar à ilha do Príncipe, é provável que ainda tenha algumas horas de luz, pelo que aproveite para explorar a cidade de Santo António e entrar no ritmo leve-leve da ilha. É uma urbe muito pequena mas bem cuidada. Pode até nem ter grandes atrações turísticas, mas eu, pessoalmente, gosto muito de Santo António.

Se por acaso apanhou o voo da manhã e chegou mais cedo ao Príncipe, terá tempo para desfrutar de uma das suas maravilhosas praias. Uma boa sugestão é começar pela praia do Bom Bom, já que a estrada é boa (para os padrões de São Tomé) e nem precisa de guia para lá chegar.

Praia Bom Bom, ilha do Príncipe
Entardecer na Praia Bom Bom, ilha do Príncipe

O jantar, esse, tem de ser no Rosa Pão, gerido pela simpaticíssima Rosita. Na verdade, há muitos bons lugares onde comer em Santo António, mas o Rosa Pão é um sítio único e imperdível. E nada melhor do que começar por lá. Vá à confiança.

Para reservar o jantar, ligue com antecedência (pelo menos no dia anterior) para encomendar. Caso contrário, a Rosita não irá cozinhar. O telefone é +239 9916621. A refeição custa 10€ por pessoa, água incluída (as bebidas tipo cerveja são pagas à parte). Repito: não adianta aparecer no restaurante se não tiver encomendado antes.

Dormida: Residencial Brigada, em Santo António. Eu optei por ficar na cidade – e fiquei muito bem! -, mas os melhores hotéis do Príncipe ficam nas roças e praias. É o caso do Sundy Praia Lodge (praia) e do Hotel Belo Monte (roça).

Dia 4: Roça Sundy (Príncipe)

Roça Porto-Real, ilha do Príncipe
Ruínas do antigo hospital da Roça Porto-Real, na ilha do Príncipe

No primeiro dia completo na ilha do Príncipe, fiz um passeio que permitiu conhecer algumas das principais atrações da ilha.

Comecei o dia a visitar Roça Porto-Real, onde pontifica um velho hospital entretanto devorado pela vegetação. Ao que consta, já foi um dos hospitais mais importantes do país, a par com o da Roça Agostinho Neto, na ilha de São Tomé. Hoje em dia, serve para festas efetuadas nas ruínas, e todas as noivas da ilha passam na escadaria do antigo hospital para uma sessão fotográfica antes do copo de água.

Tal como a esmagadora maioria das roças de São Tomé e Príncipe, é uma pena o estado de degradação a que chegou a Roça Porto-Real. Mas, ainda assim, vale a pena visitar. Até porque faz parte da história do Príncipe.

Cooperativa de Valorização de Resíduos
Anabela posando na Cooperativa de Valorização de Resíduos do Príncipe

Não muito longe fica a Cooperativa de Valorização de Resíduos, um projeto com o dedo da inigualável Estrela Matilde que permitiu a um grupo de mulheres criarem jóias com garrafas de vidro que não são recicladas nem reutilizadas.

É curioso que apenas as garrafas de Rosema, a cerveja nacional, são reutilizadas. Tudo o que é importado, como as garrafas de Super Bock, Heineken e várias marcas de vinho portuguesas não têm qualquer utilidade posterior. Não sendo recicladas, criam um problema ambiental. É lixo.

Ora, a cooperativa resgata esse vidro ao lixo e transforma-o em areia de vidro, que é usado na construção civil e para… criar “joias”. Com aspas, claro está, mas ainda assim elementos decorativos com que os turistas podem ajudar mulhers como Anabela. Passe por lá e, se puder, ajude.

Seguimos depois em direção à Roça Sundy, atualmente transformada em hotel. Mas, a caminho, quando cruzávamos a comunidade de Pincaté, encontrei o senhor Joaquim à porta de sua casa a trabalhar com madeira, criando utensílios de cozinha e peças decorativas.

Roça Sundy
A igreja da Roça Sundy, ilha do Príncipe

Uma vez na Roça Sundy, fui visitar a Casa Grande, principal edifício da roça. Mas também o chamado o Museu do Ferro Velho, onde se encontram locomotivas e outra maquinaria industrial do tempo colonial. E ainda a chamada Casa do Cacau, onde se explica um pouco do processo de produção do cacau e se vendem os produtos aos visitantes. E, claro, a igreja (ainda funciona!) e outros edifícios mais degradados. É, sem dúvida, uma roça de visita obrigatória na ilha do Príncipe.

Depois de visitar a Roça Sundy, decidi descer até à Praia São Pedro, onde está instalado o exclusivo Sundy Praia Lodge. Trata-se de um hotel de luxo com uma localização em completa harmonia com a Natureza envolvente. Um restaurante belíssimo, com umas formas orgânicas em forma de baleia que me fizeram lembrar o extraordinário Sfer Ik Tulum. E isso é um grandíssimo elogio!

Visitar São Tomé e Príncipe: Ribeira Izé
Ruínas da igreja da Ribeira Izé, ilha do Príncipe

De seguida, rumei à Praia da Ribeira Izé, não com o objetivo de tomar banho ou fazer praia, mas sim de ver um edifício em ruínas muito especial. Trata-se do que resta da Igreja da Ribeira Izé, tida como a igreja mais antiga de São Tomé e uma das mais antigas do continente africano. Nas palavras do são-tomense Yodi, a igreja foi mandada construir por Maria Correia, que vivia na Baía das Agulhas e pertencia a uma das famílias mais ricas do Príncipe.

Uma excelente forma de terminar o dia, antes de regressar a Santo António para mais um jantar tradicional. Um dia perfeito, sem dúvida!

Nota: caso queira contratar um guia para conduzir e o acompanhar nos passeios, fale com o Yodiney, mais conhecido por Yodi (WhatsApp +239 999 7927, email santosyodiney@gmail.com). À data em que escrevo, é Presidente da Associação de Guias Turísticos do Príncipe, e uma pessoa conhecedora e muito querida na ilha.

Dormida: Residencial Brigada, em Santo António, ilha do Príncipe.

Dia 5: Parque Natural do Príncipe (Príncipe)

Parque Natural do Príncipe
Caminhada no Parque Natural do Príncipe

Dia de caminhada no interior do Parque Natural do Príncipe, Reserva Mundial da Biosfera, com o objetivo de chegar à cascata O Qué Pipi. Se possível (comece cedo!), no caminho passe pela comunidade de Praia Abade para conhecer a produção muito rudimentar de sabão de coco artesanal – mais um projeto com o dedo da HBD. Mas não demore muito, porque quanto mais cedo começar o trilho, melhor.

A caminhada é relativamente curta, embora o calor e a humidade tornem a ida, quase sempre a subir, mais desafiante. Mas pouco tarda até que se comece a ouvir o som da água da cascata e, num ápice, estava a nadar na água fria da pequena lagos formada na base da cascata. É um lugar bonito, mas quem conhece as lagoas do Gerês, por exemplo, decerto não ficará impressionado. Mas a cascata é imponente – disso não haja dúvidas!

Roça do Terreiro Velho, ilha do Príncipe
Roça do Terreiro Velho, do italiano Claudio Corallo

No regresso à cidade, tempo ainda para uma passagem rápida pela Roça do Terreiro Velho, de Claudio Corallo, o “senhor Cacau” de São Tomé e Príncipe. Infelizmente, a roça está atualmente ao abandono – ao que consta, Claudio Corallo saiu definitivamente do Príncipe para se instalar na ilha de São Tomé.

Depois, nada melhor do que voltar para o mar e desfrutar de uma das praias mais emblemáticas da ilha: a Praia Banana. De caminho, paragem para apreciar as vistas em dois miradouros imperdíveis. Primeiro, o Miradouro das Antenas; e logo depois, já na Roça Belo Monte, o Miradouro da Praia Banana.

Miradouro do Precipício da Praia Banana
Vista a partir do Miradouro da Praia Banana, na Roça Belo Monte

Por esta altura já deverá ser hora de almoço, pelo que a visita à roça propriamente dita poderá ficar para depois da praia (faça essa gestão em função das horas e da fome). Seja como for, saiba que é possível pedir refeição no bar instalado na Praia Banana, comida essa que é confecionada no hotel e trazida para a praia. Eu acabei por não experimentar, mas fica a enfática sugestão dada por uma amiga.

Na minha opinião, depois da caminhada matinal, a tarde deve ser passada a aproveitar a Praia Banana. Depois de uns dias muito intensos, o corpo merece relaxar no ambiente bucólico daquela que é, sem dúvida, uma das melhores praias de São Tomé e Príncipe. Fica a dica.

Roteiro São Tomé: visitar Roça Belo Monte, ilha do Príncipe
Belo Monte, a roça mais bem preservada da ilha do Príncipe

Com o final da tarde a aproximar-se, não deixe então de visitar a Roça Belo Monte, atualmente transformada em hotel. Trata-se da roça mais bem recuperada da ilha do Príncipe, motivo por si só mais do que suficiente para merecer uma visita. Mas é também lá que está instalado o Museu Forever Príncipe.

Os visitantes da exposição aprenderão sobre a formação da ilha, os seus animais, plantas e paisagens únicas e obterão informações sobre a vida quotidiana, a cultura e a história do povo do Príncipe. A exposição também explica as vantagens e desafios económicos e ecológicos de ser uma pequena ilha.

Site oficial do Museu forever Príncipe

É o final de mais um dia perfeito na ilha do Príncipe!

Dormida: Residencial Brigada, em Santo António. Como referi, eu optei por ficar na cidade, mas os melhores hotéis da ilha do Príncipe ficam nas roças e praias.

Dia 6: Passeio de barco até à Baía das Agulhas (Príncipe)

Passeio de barco na ilha do Príncipe
Passeio de barco até à Baía das Agulhas, na ilha do Príncipe

Uma das atividades imperdíveis a fazer na ilha do Príncipe é um passeio de barco até à Baía das Agulhas, que permite avistar zonas da ilha de outra forma inacessíveis e ainda conhecer as praias maravilhosas da baía e locais como a Praia Margarida e a Praia Boi.

E assim, saímos de Santo António de manhã cedo, direto à Baía das Agulhas. Os picos que se avistam na baía dão um recorte deslumbrante ao horizonte e, à medida que o barco se aproximava da costa, fui percebendo a beleza de um pequeno areal. Não me recordo do nome, mas tenho uma vaga ideia de ser Praia Formiga. Foi lá a primeira paragem do passeio de barco, para meia hora de snorkeling.

Praia Margarida, ilha do Príncipe
Vista da Praia Margarida, ilha do Príncipe

Estávamos então no ponto mais afastado do percurso, e o regresso seria então feito a conta-gotas, saltitando de praia em praia. Referência inevitável para a maravilhosa Praia Margarida, para a Praia do Bom Bom, a Praia Macaco e, claro está, a Praia Boi.

São todas tão maravilhosas que, depois deste passeio, será muito difícil eleger a praia mais bonita de São Tomé e Príncipe.

Santo António, ilha do Príncipe
Mulheres limpando izaquente, junto a um pequeno cais em Santo António, ilha do Príncipe

De olhos esbugalhados com tamanha beleza, era então hora de dar por terminado o passeio e regressar a Santo António. Assim que o barco atracou, não pude deixar de reparar nas mulheres que, ali mesmo, manuseavam izaquente, um fruto muito apreciado no país.

No que restou deste dia do roteiro em São Tomé e Príncipe, aproveitei para passear por Santo António, passar no mercado e relaxar na companhia de uma Rosema gelada.

Optando pelo passeio de barco de dia completo, é possível combinar com o guia e almoçar na Praia Margarida.

Dormida: Residencial Brigada, em Santo António.

Dia 7: Pescadores na Praia Burra e descansar na Praia Banana (Príncipe)

Comunidade piscatória de Praia Burra
António, pescador e um dos mais antigos moradores da comunidade piscatória de Praia Burra

No último dia na ilha do Príncipe, tomei a decisão de conhecer uma comunidade piscatória pouco visitada. A sugestão foi de Yodi, e aceitei de imediato. A ideia era conhecer os pescadores de Praia Burra, almoçar na casa de uma moradora da comunidade e ainda dar um mergulho no mar. E assim foi.

Roteiro São Tomé e Príncipe: Pescador na Praia Burra
Preparativos para a pescaria, Praia Burra

Passeei pela comunidade, sem deixar de reparar a evidência: a comunidade é muito pobre e vive sem grandes condições. Yodi foi-me apresentando muitos dos moradores, vi os preparativos para uma pescaria, conversei com gente a amanhar peixe, fui dar um mergulho e depois almocei por lá um peixe muito saboroso.

Se não quiser almoçar em Praia Burra, a Praia Banana fica a dois passos.

Praia Banana, ilha do Príncipe
Praia Banana, uma das praias mais bonitas da ilha do Príncipe

A Praia Banana fica a dois passos da Praia Burra, como disse, mas a proximidade é apenas geográfica. São dois mundos bem diferentes – o da pobre aldeia piscatória e o outro, onde a Roça Belo Monte tem instalado um bar de praia.

Não raras vezes me acontece isto em viagem: contrastes bem vincados. E assim, o resto da tarde foi passado num muito bem-vindo dolce fare niente na Praia Banana, até serem horas de rumar à Praia Grande para ver o “lançamento” de tartarugas bebés.

Tartarugas na Praia Grande
Tartarugas bebés saindo do seu ninho na Praia Grande, ilha do Príncipe

Note que, dependendo da época do ano, pode assistir ao “lançamento” de tartarugas bebés (por volta das 16:00) ou acompanhar a desova das tartarugas (a partir das 19:30). Eu já tinha visto a desova de tartarugas em Tortuguero, Costa Rica, e também em Rekawa, no Sri Lanka. Mas nunca tinha tido oportunidade de ver os bebés a saírem do ninho correndo desesperadamente em direção ao mar.

E é verdadeiramente emocionante, se bem que os predadores são tantos que dá um aperto no coração sempre que uma ave de rapina ou um peixe predador se lança sobre uma tartaruga recém-nascida.

Para fazer atividades ligadas às tartarugas é obrigatório fazer a visita com um guia local. Coordene com a Fundação Príncipe ou diretamente com o guia Yodi.

Dormida: Residencial Brigada, em Santo António. Veja onde ficar na ilha do Príncipe para outras pousadas e hotéis.

Dia 8: Regresso a São Tomé e estrada para Sul

Museu do Café da Roça Monte Café, São Tomé
Museu do Café da Roça Monte Café, em Trindade

Saí da ilha do Príncipe no voo matinal de regresso a São Tomé, a tempo de pegar num carro alugado e seguir imediatamente para a Casa Museu Almada Negreiros, na Roça Saudade, onde me esperava um delicioso almoço de degustação.

Na verdade, foi um dia com grande enfoque na gastronomia de São Tomé e Príncipe. Mas antes do almoço, e uma vez que ficava a caminho, parei no Museu do Café da Roça Monte Café, para conhecer um pouco melhor o processo. A visita é relativamente simples, mas confesso que gostei de a ter feito.

Depois de almoço épico na Casa Museu Almada Negreiros, era então hora de rumar para sul. A ideia era pernoitar na Roça São João dos Angolares, pelo que ainda tinha um bom caminho pela frente em direção ao sul da ilha. E com várias paragens…

Roteiro São Tomé: Roça Água izé
Nha Preta, habitante da Roça Água izé

A primeira delas foi na Roça Água Izé, onde tinha estado há 17 anos. Assim que cheguei à roça, Aluizo apresentou-se como guia e eu aceitei os seus serviços.

Depois de revisitar alguns edifícios de que me lembrava bem – impressionante como pouco mudou em duas décadas! -, mostrei-lhe fotos antigas e ele reconheceu algumas pessoas. Uma senhora já falecida, o Miguel e nha Preta. “Queres ir a casa dela mostrar a foto?”. E assim, num ápice, estava à porta da casa de Isilda Vaz, cabo-verdiana mais conhecida por nha Preta. A sua reação ao ver a foto foi maravilhosa. De sorriso rasgado, só dizia “eu era tão linda”, “ai que eu era tão linda”. Foi um momento delicioso!

FACA - Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa
FACA – Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa, na Roça Água Izé

Na parte baixa da Roça Água Izé, é também indispensável visitar a FACA – Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa, espaço onde atualmente está instalada a Missão Dimix. Eu poderia ficar horas e horas naquele espaço, mas o tempo era escasso e prometi a mim mesmo que haveria de voltar no regresso.

Depois, uma paragem rápida para fotografar a chamada Boca do Inferno. E outra na Praia das Sete Ondas, para relaxar uns minutos e tomar algo no bem cuidado bar de praia ali existente.

Roteiro São Tomé e Príncipe: Boca do Inferno
Vista da Boca do Inferno, São Tomé e Príncipe

A noite estava já a tomar conta dos céus quando finalmente cheguei a São João dos Angolares, pronto para o segundo momento gastronómico do dia. Um jantar de degustação na Roça São João dos Angolares, pela mão do chef João Carlos Silva, que vale muito a pena.

Para contextualizar, não sei se o leitor se recordará, mas em tempos houve um programa de televisão chamado Na Roça com os Tachos. A ideia era promover a gastronomia regional de São Tomé e Príncipe, e era apresentado precisamente pelo chef João Carlos Silva. Foi desde aí que se tornou conhecido em Portugal.

Como vê, um dia com duas atividades gastronómicas de alto nível!

Caso pretenda o jantar de degustação (30€), composto por cinco ou seis entradas, prato principal e duas sobremesas, reserve com antecedência. Infelizmente, o contacto com a Roça São João dos Angolares nem sempre é fácil, mas não custa tentar.

Dormida: Roça São João dos Angolares, em São João dos Angolares. Veja onde ficar em São Tomé para outras pousadas e hotéis no sul da ilha.

Dia 9: Porto Alegre

Vista do Pico Cão Grande, São Tomé
Vista do Pico Cão Grande a partir da EN2, São Tomé

Manhã de calvário rumo ao paraíso – assim se resumem as três horas passadas na estrada a caminho do extremo sul da ilha de São Tomé. O piso é péssimo, mas já lá vamos.

Antes disso, referência para a icónica vista para o Pico Cão Grande. E, claro, para a imensa quantidade de vacas que fui encontrando na estrada. Mas, mais impressionante ainda é a quantidade de palmeiras alinhadas plantadas para produção intensiva de óleo de palma. E isso tem um responsável, de seu nome Agripalma.

Roteiro São Tomé e Príncipe: Porto Alegre
Povoação de Porto Alegre

A empresa merece ser nomeada porque, a partir da saída para a Agripalma, a estrada está mesmo muito má. Ou seja, foi arranjada até à localização da empresa, mas ignorada depois disso.

Não tenho os dados todos para ser mais afirmativo, mas parece-me ser um daqueles exemplos em que uma indústria altamente lucrativa perdeu uma oportunidade de ouro para mostrar que não se importa só com o seu umbigo e ser bem acolhida pela população e ganhar o seu respeito. Bastava ter oferecido à comunidade o arranjo da estrada até Porto Alegre – que, como digo, está mesmo num estado lastimável.

Roteiro São Tomé: Porto Alegre
Antiga roça em Porto Alegre, no sul da ilha de São Tomé

Seja como for, com todo o cuidado do mundo, lá cheguei a Porto Alegre, onde o guia local Jêjê me aguardava para me mostrar o Roteiro Histórias do Sul. Trata-se de um “projeto participativo desenvolvido nas comunidades de Porto Alegre, Vila Malanza e Ponta Baleia​”, em São Tomé e Príncipe.” que, com recurso a fotografias dos seus habitantes, permite contar as suas histórias e, com isso, “dar a conhecer a cultura são-tomense, os seus costumes e tradições”. É uma forma de saber mais sobre as comunidades de Porto Alegre e, claro, de contribuir para o sucesso deste projeto de base comunitária.

A tarde, essa, depois da coça da estrada, foi passada a relaxar na Praia Inhame. Um descanso merecido num dia desafiante deste roteiro de viagem por São Tomé e Príncipe.

Apesar de muitos são-tomenses garantirem que não é preciso um veículo 4×4 – e em teoria não é! -, eu aconselho vivamente que alugue um carro de tração total. Pode ser um pequeno mas fiável Suzuki Jimny. E vai ver que a viagem corre muito melhor.

Para marcar o percurso Histórias do Sul, envie WhatsApp ao Jêjê pelo número +239 995 7073. O passeio custa 10€ por pessoa.

Dormida: Hotel Praia Inhame Ecolodge, na Praia Inhame. Veja onde ficar em São Tomé para outras pousadas e hotéis no sul da ilha.

Dia 10: Passeio de barco ao ilhéu das Rolas

Praia Bateria, ilhéu das Rolas
Praia Bateria, no ilhéu das Rolas

Combinei com Jêjê apanhar-me de barco na Praia Piscina (em vez de ir eu a Porto Alegre!), uma das que eu queria conhecer no Sul da ilha de São Tomé. E assim fiz a curta caminhada de 2km entre a Praia Inhame e a Praia Piscina com tempo de sobra para dar um mergulho e ficar a desfrutar as águas quentes da praia antes do barco chegar.

Depois fomos dar a volta ao ilhéu das Rolas, afamado pela presença de um hotel atualmente encerrado. Ou, melhor dizendo, íamos dar a volta ao ilhéu. O motor do barco teve um pequeno problema, pelo que adaptámos o trajeto.

E assim a primeira paragem foi na pequena mas belíssima Praia Bateria. Será esta a praia mais bonita de São Tomé? É linda, linda! Saltei para a água e aproveitei cada segundo naquela paisagem deslumbrante. Wow!

Marco Zero da Linha do Equador
Marco Zero da Linha do Equador, no ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

Depois disso, dirigimo-nos à entrada do ilhéu, onde fica a comunidade, ponto a partir do qual fiz o percurso a pé até ao Marco Zero da Linha do Equador. De caminho, passagem pelo Jardim Botânico Cultura Botânica.

Assim que cheguei ao Marco Zero, deu imediatamente para perceber que as vistas sobre o ilhéu das Rolas e a zona Sul da ilha de São Tomé são maravilhosas. O verde das árvores funde-se com o azul das águas e do céu, numa sinfonia de cores acompanhada pelo barulho dos pássaros. É um local tranquilo e muito agradável.

Praia Café, ilhéu das Rolas
A maravilhosa Praia Café, no ilhéu das Rolas

Depois, seguimos a pé até à Praia Café, outra praia com águas de tirar o fôlego de tão azuis e transparentes. E isto para não falar da temperatura da água… deliciosamente quente. Um cenário perfeito para um almoço de peixe com o pé na areia, entre dois mergulhos no mar e um banho de sol.

Mas como tudo o que é bom tem o seu fim, logo chegou a hora de deixar o ilhéu das Rolas para trás. No regresso, passagem pela Baía Chinha para ver as grutas e formações rochosas que desenham a costa do ilhéu, antes de voltar definitivamente à ilha de São Tomé. Desta feita, Jêjê deixou-me na Praia inhame, pelo que fiquei ali mesmo a aproveitar os últimos raios de sol de uma tarde feliz.

Dormida: Hotel Praia Inhame Ecolodge, na Praia Inhame.

Dia 11: Praias do Sul (Inhame, Piscina, Jalé)

Roteiro São Tomé: Praia Piscina
Chegada à Praia Piscina, ilha de São Tomé

No meu roteiro em São Tomé e Príncipe, este dia estava dedicado a conhecer as praias do Sul. Mas, antes disso, estava eu a caminho do pequeno-almoço quando um senhor me chamou. Tinha uma t-shirt a dizer Programa Tatô e um balde azul na mão. Contou-me que durante a noite os ovos de um ninho de tartarugas da espécie sada (nome pelo qual são conhecidas localmente) tinha eclodido e ali no balde tinha algumas que ia “lançar” ao mar para os turistas verem.

Na verdade, já tinha visto algo semelhante na ilha do Príncipe, mas interessou-me pelo facto da espécie de tartaruga ser totalmente distinta e estar ameaçada.

Pouco depois, uma chuvada monumental abateu-se sobre São Tomé, razão pela qual tive de esperar um pouco. Assim que o dilúvio deu tréguas e o azul pintalgou o céu, ainda fui com o Jêjê na sua mota visitar a Praia Jalé e a Praia Vanha. Foi lá que tive oportunidade de conhecer a destilaria de gin do Turismo Rural Vanha, propriedade do casal franco-são-tomense Bastien e Delicia. A esse respeito, saiba que eles têm um marca de produtos locais, chamada Delícias das ilhas, de que só ouvi coisas boas.

Para almoço, nova experiência. Parei no Salutar, restaurante do chef e enfermeiro Manuel (mais conhecido por Ney), na Praia Cabana. É, para muitos, outra das praias mais bonitas de São Tomé e Príncipe, e foi nesse cenário que aproveitei para comer um delicioso polvo cozinhado por Ney.

Praia Inhame, São Tomé e Príncipe
Praia Inhame, seguramente uma das melhores praias de São Tomé e Príncipe

A tarde, essa, foi passada na Inhame Ecolodge a relaxar e a trabalhar online. Ainda pensei visitar a bela Praia dos Namorados (no Google Maps aparece como Praia da Bomboca), mas acabei por ficar mesmo na Inhame. Caso decida ir, saiba que a praia fica já bem perto da comunidade de Porto Alegre e nela se instalou o N’Guembú Nature Resort. Vá visitar e depois conte como foi.

Dormida: Hotel Praia Inhame Ecolodge. Conheça os melhores hotéis em São Tomé para outras opções hoteleiras.

Dia 12: Cidade de São Tomé

Viagem São Tomé
Vista da Avenida Água Grande, junto à Catedral de São Tomé

Dia de fazer a viagem de regresso a Norte, aproveitando para ver aquilo que não teve oportunidade de conhecer na viagem para Sul. Por exemplo, se por algum motivo não conseguiu visitar a FACA – Fábrica das Artes, Ambiente e Cidadania Activa, na Roça Água Izé, faça-o neste dia do roteiro. Ou pare para uma bebida no bar da Praia das Sete Ondas.

Importante é saber que, com a estrada no estado atual, são sensivelmente três horas de viagens sem contar com as paragens. Assim sendo, parta bem cedo para ainda conseguir aproveitar a tarde na cidade de São Tomé.

CACAU - Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias
CACAU – Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias

Uma coisa que recomendo sem reservas é visitar as exposições da CACAU – Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias. É mais um projeto de João Carlos Silva, “instalado nas antigas oficinas das obras públicas coloniais, recuperadas para ser um espaço na centralidade da capital e com uma programação e ação contínua”. É, na verdade, um dos raros espaços culturais da cidade de São Tomé. Vale bem a pena visitar.

No que restar da tarde, é passear pela cidade, visitar a catedral, beber uma Rosema numa esplanada e deixar-se levar pelo ritmo léve-léve de São Tomé e Príncipe. Mas não é tudo. Ao jantar, escolha um destes dois restaurantes para uma experiência memorável: Carambola ou XQuizEat. Não tem erro!

Se por acaso este dia calhar à quinta-feira, pode também participar na noite cultural da CACAU, com jantar buffet, espetáculo musical e danças tradicionais. Eu não o fiz porque não senti que fosse a minha onda, mas caso queira o jantar custa 25€ e deve reservar in loco ou pelo número +239 222 2625.

Dormida: Sweet Guesthouse (excelente), o novíssimo Hotel Kenito ou o mais exclusivo Omali Lodge, na cidade de São Tomé. Veja onde ficar na ilha de São Tomé para outras pousadas e hotéis no Sul da ilha.

Dia 13: Cidade de São Tomé e voo de regresso

Visitar São Tomé: Mercado Bobo Forro
Vendedora do Mercado Bobo Forro, em São Tomé

No último dia do roteiro em São Tomé, acorde bem cedo para visitar o Mercado Bobo Forro. Fica afastado do centro da cidade, mas a viagem é curta e vale bem a pena. Lá encontrará um mundo de frutas e vegetais, folhas para calulu e especiarias, e uma vibrante secção de peixe fresco.

Se conseguir que este dia do roteiro em São Tomé e Príncipe calhe a um domingo, pode ainda aproveitar para fazer o Roteiro da Boa Morte, “um projeto de turismo comunitário que se apresenta como um produto único, diferenciado e focado na promoção e divulgação da enorme riqueza cultural existente no Bairro da Boa Morte, em São Tomé e Príncipe, agregando história, arte pública, artesanato e Tchiloli”. As palavras são dos Leigos para o Desenvolvimento, dinamizadores do projeto.

Roteiro da Boa Morte
Dulce, uma das novas guias do Roteiro da Boa Morte

Depois de almoço, e antes de rumar ao aeroporto, faltava ainda fazer algo importante neste roteiro em São Tomé e Príncipe: visitar e provar chocolates Claudio Corallo. A visita dura uma hora, é dirigida pelo próprio e “resume 50 anos de carreira”.

Confesso que ia preparado para uma má experiência, mas admito que fui agradavelmente surpreendido pela postura do senhor Corallo. Não menos importante, gostei muito das explicações e das diferentes provas de cacau e chocolates. A esse respeito, jamais esquecerei a explosão de gengibre na boca na última das provas – absolutamente surpreendente. Uma bela forma de finalizar a minha viagem!

Claudio Corallo, São Tomé e Príncipe
Claudio Corallo explicando os diferentes tipos de cacau de São Tomé e Príncipe

Terminada a visita, apanhei uma motorizada até à Sweet Guesthouse, onde um transfer organizado pela pousada já me esperava para me levar até ao aeroporto. Na madrugada do dia seguinte aterraria em Portugal, com o coração cheio de boas memórias e o olhar ainda a pensar nas paisagens do Príncipe – o grande amor desta viagem!

Dormida: a bordo do avião.

Este roteiro em São Tomé e Príncipe é uma adaptação daquilo que eu fiz e, grosso modo, corresponde àquilo que tinha planeado para a viagem a São Tomé e Príncipe. Não foi exatamente o meu itinerário porque, depois de visitar São Tome e Príncipe, adaptei pormenores para sugerir as opções mais lógicas para o roteiro ficar ainda melhor. E também porque eu fiquei mais tempo na ilha de São Tomé para fazer um vídeo sobre Turismo Cultural em São Tomé.

Dito isto, veja os artigos sobre o que ver e fazer em São Tomé e também o que visitar na ilha do Príncipe para mais detalhes sobre cada uma das atividades referidas no roteiro.

Tendo mais dias disponíveis, considere uma (ou várias) das seguintes opções:

  • Dedique um dia a conhecer um projeto de ecoturismo como o excelente Welfare AgroTurismo.
  • No dia 8 deste roteiro, fique a dormir na cidade para fazer tudo com mais calma. Parta para o Sul na manhã do dia seguinte, com mais tempo para as paragens.
  • Fique mais uma noite no sul da ilha de São Tomé.
  • Fique mais uma noite na ilha do Príncipe (nunca é demasiado!).

Outros locais a incluir no roteiro em São Tomé e Príncipe

Como referido, se tiver mais tempo disponível para a sua viagem a São Tomé e Príncipe, considere visitar outros locais em ambas as ilhas. Todos eles valorizam a experiência de viajar em São Tomé e Príncipe. Entre elas:

  • Assistir a um espetáculo de Tchiloli. Eu tive oportunidade de assistir a uma parte de um espetáculo de Tchiloli (podem demorar seis ou mais horas!), mas nem sempre é fácil saber quando acontecem. Pergunte localmente para averiguar da existência de algum espetáculo, ou contacte o espaço CACAU – quem sabe não conseguem ajudar.
  • Conhecer o Parque Natural Ôbo.
  • Fazer o trekking do Pico Cão Grande.
  • Visitar o Jardim Botânico do Bom Sucesso.
  • Fazer o trilho entre o Bom Sucesso e Bombaim.
  • Ver a Cascata de São Nicolau.
  • Fazer surf em Porto Alegre.

Por que recomendo visitar a ilha do Príncipe no início da viagem?

Em resumo, por precaução. Os voos entre as ilhas de São Tomé e do Príncipe podem ser cancelados por variadíssimas razões, pelo que deve fazer os possíveis para minimizar o risco de sofrer maiores inconvenientes com um eventual cancelamento.

Nesse contexto, e porque visitar a ilha do Príncipe é imprescindível em qualquer roteiro em São Tomé e Príncipe, eu recomendo que vá logo no início da viagem. Dessa forma, se o voo de regresso Príncipe – São Tomé sofrer algum imprevisto, terá maior margem para ajustar o roteiro, não correndo o risco de perder o voo de São Tomé para casa no final da viagem.

Roteiro em São Tomé e Príncipe: mapa da viagem

No mapa acima, encontra a localização exata de todos os lugares referenciados neste roteiro de viagem em São Tomé e Príncipe.

Dicas para visitar São Tomé e Príncipe

Qual a melhor época para visitar São Tomé e Príncipe?

Dizem os locais que a melhor época para visitar São Tomé e Príncipe vai sensivelmente de meados de dezembro a meados de fevereiro. Nessa altura, está calor e a chuva é muito pouca. Alternativamente, junho, julho e agosto são outros dos meses em que menos chove em São Tomé e Príncipe – e, nesse sentido, são também épocas aconselháveis para viajar e fazer férias no país.

Vistos de entrada

Os cidadãos portugueses não precisam de visto para viagens de duração até 15 dias. Nos restantes casos, o visto pode ser pedido online, mas as instruções não são muito claras. Assim, para ter maiores probabilidades de sucesso, deve fazer um PDF com informação sobre os voos e ainda o passaporte – tudo num único documento, que submeterá no formulário.

Alternativamente, é possível agendar uma ida è Embaixada de São Tomé em Portugal, em Lisboa, ou aos consulados no Porto e Coimbra, onde é possível obter o visto em cinco dias úteis. Ou até em menos tempo, caso pague taxa de urgência (no valor de 50€). Pelo menos no Porto (onde tirei o visto), o processo foi tranquilo e eficiente.

Como chegar a São Tomé

A forma mais eficiente de viajar entre Portugal e São Tomé e Príncipe é usando os voos diretos da TAP de Lisboa para a ilha de São Tomé. Tenha no entanto em atenção que, à data em que escrevo, em vários dias da semana o avião faz escala em Acra, capital do Gana, o que aumenta a duração total da viagem em algumas horas.

De resto, saiba que em 2024 a companhia aérea Fly Angola iniciou uma operação com voos de Luanda para São Tomé. Para quem está a viver em Luanda ou gostaria de combinar uma viagem a Angola com uns dias de descanso em São Tomé e Príncipe, esta ligação é muito útil.

Pesquisar voos para São Tomé

Como alugar carro em São Tomé e Príncipe

Na ilha de São Tomé, eu aluguei um pequeno jeep Suzuki Jimmy diretamente ao são-tomense José Gonçalves, proprietário da Casa Cantagalo, pessoa que me foi recomendada. O carro estava em bom estado, tinha seguro e tudo correu na perfeição, razão pela qual deixo aqui a sugestão. Contacte o José pelo WhatsApp +239 990 5344.

Se preferir uma agência local, a Get a Car parece ser uma rent-a-car fiável (pode reservar online). Fica a dica. Note que a DiscoverCars, que eu utilizo habitualmente nas minhas viagens, não aluga carros em São Tome e Príncipe.

No que toca à ilha do Príncipe, saiba que há uma falta enorme de carros para alugar. Ora, a não ser que contrate os serviços de um guia ou pernoite nos hotéis mais luxuosos e organize os passeios diretamente, vai mesmo precisar de carro. Assim sendo, deve também contactar pessoas de confiança (há quem por vezes não honram as reservas!) e com antecedência para conseguir alugar carro na ilha do Príncipe.

Assim, sugiro que contacte o Carlos Correia (proprietário da Residencial Brigada, +239 992 0520) ou o guia local Yodi (+239 999 7927), para tentar assegurar um carro com a máxima antecedência. São ambos de total confiança.

Segurança em São Tomé e Príncipe

É, provavelmente, um dos países mais seguros de África. Nunca em momento algum me senti inseguro nas ruas e estradas de São Tomé e Príncipe. Há muitas abordagens nas ruas a pedir dinheiro, é certo, incluindo de crianças e jovens que podem ser desconfortáveis, mas insegurança nunca senti. Dito isto, tal como em qualquer destino do mundo, o senso comum deve estar sempre presente.

Profilaxia da malária: fazer ou não fazer?

As autoridades de São Tomé e Príncipe tinham por objetivo erradicar a malária do país até 2025, mas dados recentes parecem indicar que tal meta não vai ser atingida. Dito isto, e apesar da malaria já não ser um problema grave no país, antes de viajar para São Tomé e Príncipe deve fazer uma consulta do viajanteonline ou presencial – para se aconselhar sobre eventuais vacinas ou profilaxia da malária. Porque mais vale prevenir.

Note que os sintomas da malária podem ser confundidos com uma simples gripe, pelo que é muito importante estar atento. Mas, se sentir febres altas, tremores (frio/calor), dores nas articulações, fraqueza generalizada, falta de apetite, olhos amarelados e/ou urina escura, procure rapidamente ajuda especializada para ser corretamente diagnosticado e, se necessário, medicado.

Por tudo isso, é também fundamental fazer um bom seguro de viagem antes de viajar para São Tomé e Príncipe. Até porque os melhores seguros têm apoio médico à distância de uma chamada. Mais uma vez, não facilite!

Dinheiro: Euros ou Dobras?

Antes de mais, convém saber que o câmbio está mais ou menos estabilizado nas 25 dobras por cada euro. Pode trocar no aeroporto ou na cidade, ou ainda levantar nas máquinas ATM existentes em ambos os lugares. Viajando para Sul, saiba que a última máquina está instalada em São João dos Angolares.

Dito isto, nos lugares habituados a lidar com turistas, como as unidades hoteleiras, é possível pagar em euros. Por vezes, quando os proprietários têm ligações a Portugal, é até permitido pagar via MbWay ou transferência bancária. Mas, no dia a dia, fora das atividades mais turísticas, é sempre melhor ter dobras para pagar motoqueiros, padarias e mercearias.

Em suma, a estratégia que eu aconselho é levar a maioria do dinheiro que vai precisar, e trocar uma pequena parte à chegada (ou levantar). Quanto aos hotéis, se puder pagar antecipadamente por transferência bancária, é menos uma preocupação.

Onde ficar

Antes de mais, pode ver os melhores hotéis e pousadas de qualidade consultando os artigos sobre os hotéis na ilha de São Tomé e hotéis na ilha do Príncipe. Neles, enumero opções de hospedagem para todos os gostos: pousadas baratas, hotéis de praia e roças onde estão instalados hotéis de luxo.

Em concreto, durante o meu roteiro em São Tomé e Príncipe, com a duração de duas semanas, tinha planeado ficar hospedado em cinco alojamentos diferentes (quatro em São Tomé e um no Príncipe). E assim foi. São todos alojamentos recomendáveis – a saber:

Para conhecer outras opções de alojamento, pesquise usando o link abaixo.

Pesquisar hotéis em São Tomé e Príncipe

Gastronomia e onde comer em São Tomé e Príncipe

No que toca à gastronomia tradicional são-tomense, há pelo três elementos emblemáticos que deve tentar provar: calulu, angu e izaquente (parecido com feijão). O calulu é um prato super complexo, que demora 24 horas a ser confeccionado. É uma espécie de ensopado de peixe seco, cozinhado com uma vintena de diferentes “folhas” trituradas, servido com arroz ou, melhor ainda, com angu de fuba de milho.

Depois há banana em abundância, de várias espécies distintas, cozida, frita ou assada. E, claro, o peixe. São Tomé e Príncipe é terra de peixe. Comi cherne delicioso, peixe-azeite (lírio) muito bom, atum, bonito e “voador” (este último já menos interessante). E também polvo e choco. Não faltam frutas tropicais para além da referida banana, como a carambola e a deliciosa cajá-manga (dá para fazer uns sumos naturais maravilhosos).

Quanto a restaurantes, nesta viagem tive uma mão cheia de experiências gastronómicas superlativas. A esse respeito, há um par de restaurantes na cidade de São Tomé que eu adorei. São eles o restaurante Carambola, mais tradicional, liderado pela simpaticíssima Dona Elsa, que cozinha maravilhosamente bem (come-se cherne delicioso, peixe-azeite, choco e polvo). E o XQuizEat, no Pico Mocambo, mais contemporâneo, com bife de atum e hambúrguer de peixe como ex-libris do menu (não pode sair do XQuizEat sem comer a mousse de cacau – depois agradece-me!).

Ainda na ilha de São Tomé, merecem referência os dois menus de degustação referenciados: almoço no Casa Museu Almada Negreiros e jantar na Roça São João dos Angolares.

Por fim, na ilha do Príncipe, o destaque vai inteirinho para a cozinha de Rosita no seu Rosa Pão – jantar em sua casa é mesmo imperdível. De resto, acredito também que seja uma boa experiência fazer uma refeição no Sundy Praia Lodge (pelo menos o restaurante é muito bonito!), mas não cheguei a experimentar.

Cartões SIM e Internet

As duas empresas a operar em São Tomé e Príncipe são a CST e a Unitel. Eu tinha um cartão da CST e funcionou de forma aceitável, embora nem sempre a internet seja fiável. Mas não creio que a Unitel seja melhor! É possível comprar um cartão SIM logo no aeroporto, ou então dirija-se à Loja Central da CST na cidade, localizada junto à Catedral de São Tomé.

Seguro de viagem

A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.