Castelo de Himeji, a “garça branca” dos castelos japoneses

O Castelo de Himeji é uma das mais proeminentes construções em madeira do Japão, e unanimemente considerado o mais emblemático castelo do país. É belo e harmonioso, e localmente conhecido como Castelo Garça Branca pelo facto de a sua silhueta branca se assemelhar a “uma garça que se ergue bailando”. Era essa maravilha da arquitetura japonesa que eu queria conhecer a caminho de Hiroshima.

Saí da apetitosa cidade de Kanazawa de manhã bem cedo num rapidíssimo comboio em direção a Himeji. Não iria pernoitar na cidade, pelo que, lá chegado, deixei a mochila nos cacifos existentes na estação de caminhos-de-ferro e segui para o castelo, omnipresente na paisagem urbana de Himeji.

Mal saí da estação de comboios ali estava ele, imponente, diante dos meus olhos, ao fundo de uma larga avenida com pouco mais de um quilómetro de extensão. Não havia muito que enganar, era só seguir em frente.

Sendo inverno, o Castelo de Himeji estava com muitos turistas, é certo, mas sem os exageros de outras épocas. Entrei nos jardins e dirigi-me de imediato à torre central do castelo (ou tenshu), que corresponde ao conceito europeu de torre de menagem. É o ex-líbris de Himeji; e é verdadeiramente impressionante.

“O tenshu é o símbolo da autoridade e poder dos senhores feudais. É ao mesmo tempo um aglomerado de conhecimento e técnica, como instalação militar construída na turbulenta época da guerra civil. Com toda a sua graciosidade, parece quase inconcebível que o Castelo de Himeji tenha sido projetado como construção suficientemente capaz de proporcionar toda a proteção defensiva desejada.”, in folheto informativo do castelo.

Pela minha parte, estava conquistado ainda antes de entrar no edifício.

Tal como no Castelo de Matsumoto, que visitara dias antes, visto de fora o Castelo de Himeji aparenta ser uma construção de cinco pisos mas, por dentro, tem na verdade seis pisos independentes (mais um subterrâneo). Antes de visitar o Japão, desconhecia este artifício, comum nos castelos japoneses, de incluir um piso disfarçado, secreto, nas suas edificações feudais.

Entrei.

A visita ao tenshu de Himeji está organizada de forma a que todos os visitantes o percorram no mesmo sentido, ao longo de um trajeto previamente definido e delimitado por cordas e barreiras de madeira. Não é a minha forma preferida de visitar monumentos mas, dada a popularidade do castelo, compreendo a opção; há que tentar coordenar os milhares de visitantes – japoneses e estrangeiros – que, diariamente, afluem a Himeji.

Lá dentro, madeira, muita madeira; um grande pilar com mais de 5.700 toneladas que suporta todo o edifício; jogos de luzes incríveis; sistemas defensivos engenhosos; plataformas de ataque. Estava numa espécie de recuo temporal, piso a piso, degrau a degrau, compartimento a compartimento. Himeji estava a fascinar-me cada vez mais!

Depois de explorar demoradamente o tenshu de Himeji, regressei aos jardins do castelo. O dia estava soalheiro e havia uma exposição de bonsais no exterior. Um jogo de escalas curioso, olhar para o castelo tendo os bonsais em primeiro plano.

Caminhando novamente pelo complexo de jardins, qualquer que fosse o ângulo de visão, era impossível não reparar na mais óbvia de todas as características do Castelo de Himeji: é de uma beleza avassaladora. É imponente, claro. Mas é ao mesmo tempo incrivelmente bonito e elegante. Ou, como vi escrito num folheto turístico em português (!), é de uma “majestosa elegância”.

Pouco depois, abandonei o Castelo de Himeji e voltei para a estação de caminhos-de-ferro com o objetivo de apanhar o primeiro comboio rumo a Hiroshima. Estava de alma cheia, muito bem impressionado. A paragem para visitar o Castelo de Himeji valera mesmo a pena.