Oficialmente chamada Itsukushima, a ilha é mais conhecida como Miyajima – ou “ilha santuário” -, uma vez que, de certa forma, aos olhos de todos, a ilha se confunde com o seu principal santuário xintoísta.
O famoso torii gigante, que parece flutuar na água e faz parte do santuário Itsukushima, integra a lista de Património da UNESCO no Japão. É lindo! A fama entre os turistas advém precisamente da fotogenia do lugar, uma vez que tanto o torii como o edifício principal do santuário foram construídos ao largo de Miyajima, sobre as águas da baía de Hiroshima.
É, porventura, a par com o monte Fuji e o santuário Fushimi Inari Taisha, em Kyoto, uma das imagens mais icónicas do Japão. Especialmente na maré cheia…
Mas há muito mais para ver e fazer em Miyajima. Do Templo Daisho-in aos trilhos no monte Misen, passando pelo Parque Momijidani ou o Pavilhão Senjokaku, não faltam atrativos na ilha. Isso e, claro está, os veados que, um pouco à imagem de Nara, nela se passeiam livremente.
Neste artigo, partilho a minha experiência em Miyajima, acompanhada por um roteiro (que eu gostaria de ter feito na totalidade) para um dia de visita à ilha. Vamos a isso.
Roteiro de um dia em Miyajima
Para quem quer ver mais do que o torii “flutuante”, eis um possível roteiro completo para um dia em Miyajima. Útil tanto para um passeio a partir de Hiroshima quanto para quem decide pernoitar em Miyajima.
- Omotesando. Rua comercial vibrante, onde se localiza boa parte das lojas e restaurantes. É inevitável começar a visita a Miyajima por ali.
- Santuário Itsukushima. Um dos santuários xintoístas mais famosos do Japão, alberga o mais fotografado torii do país. É a principal razão pela qual os turistas visitam Miyajima.
- Templo Daisho-in. Importante templo de madeira localizado no sopé do monte Misen.
- Apanhar o Teleférico de Miyajima (reservar bilhetes) e subir até ao observatório do monte Misen, para caminhar um pouco e apreciar as vistas. O regresso, esse, recomendo que seja feito a pé, por trilhos lindíssimos e quase sempre a descer. Note que há três possíveis trilhos (Momijidani, Daisho-in e Omoto); e, entre eles, o Daisho-in é o menos íngreme e aquele que oferece as melhores vistas ao longo do trajeto. Fica a dica.
- Parque Momijidani. Tendo tempo, aproveite para conhecer este jardim da época Edo. É especialmente bonito durante o outono.
- Pavilhão Senjokaku. Um pagode com cinco andares que vale a pena conhecer.
Pode fazer o roteiro em Miyajima por esta ordem, a não ser que necessite de o adequar às marés (informações abaixo, no guia prático).
A minha visita a Miyajima (o que fazer)
Ainda dentro do ferry, a beleza de Miyajima vai-se desnudando à medida que a ilha vai ficando mais próxima. Vi o torii, ao longe, e foi aí que começou o encantamento.
Após o desembarque, dei de caras com a rua principal do núcleo urbano da ilha. Era manhã cedo, não havia ainda muita gente; e alguns comerciantes preparavam as suas lojas para o fluxo turístico matinal. O meu principal objetivo estava algumas centenas de metros adiante, pelo que espreitei um par de lojas, por mera curiosidade; mas não me delonguei por ali.
Depois de percorrer o centrinho da povoação de Miyajima, fui então para o Santuário Itsukushima. Tal como todos os viajantes, queria ver com os meus olhos uma das imagens mais icónicas do Japão: o torii “flutuante” do santuário. De preferência dentro de água.
Acontece que, estando num roteiro de viagem ao Japão um pouco apertado, tive pouco mais do que uma manhã para visitar Miyajima; pelo que não tive opção quanto às marés. E assim encontrei o torii totalmente descoberto, sem água à volta, por conta da baixa-mar.
Não foi o ideal mas, ainda assim, é uma visão impactante.
Vi pessoas a brincar junto ao torii, a porta sagrada de Itsukushima; outras divertidas a tirar selfies; e algumas, poucas, introspetivas. Colocavam a palma da mão aberta no torii, como se o estivessem a acariciar; como se estivessem sozinhas no meio da multidão, absortas nos seus pensamentos.
Aos meus olhos, pareciam-me momentos íntimos e emotivos, pouco condizentes com as gargalhadas e conversas ruidosas dos grupos de turistas – maioritariamente japoneses – em visita a Miyajima.
Deixei-me ficar, em silêncio, absorvendo a atmosfera, até que, depois de cirandar pelo areal, fui visitar o santuário propriamente dito. Foi quando, ao caminhar pelos passadiços de madeira, me apercebi de que algo inesperado estava a acontecer em Itsukushima: um casamento. E por ali fiquei, discretamente observando os procedimentos matrimoniais.
Devo ter ficado pelo menos um par de horas no santuário, talvez mais, sem dar pela passagem do tempo. Quando olhei para o relógio, a minha passagem por Miyajima tinha de terminar. Desta vez, não iria visitar o Templo Daisho-in, o Pavilhão Senjokaku e o Parque Momijidani; nem tampouco iria subir ao topo do monte Misen ou fazer os percursos pedestres pelas florestas de Miyajima.
Era, pois, tempo de regressar à rua Omotesando, almoçar num dos restaurantes de Miyajima e voltar ao cais de embarque. Ainda iria rumar a Hiroshima e apanhar o comboio para a bela e misteriosa cidade de Kyoto. Com Miyajima no coração!
Guia prático
Como chegar à ilha Miyajima
A forma mais cómoda de chegar a Miyajima a partir de Hiroshima é através de um ferry da Aqua Net que parte do centro da cidade, junto ao Memorial da Paz de Hiroshima. É também a opção mais cara, com preço a rondar os ¥4.000 (cerca de 32€), ida e volta.
A forma mais popular, no entanto, implica o uso de uma combinação comboio + ferry, e é gratuita para os detentores do Japan Rail Pass. Assim, a partir da estação de Hiroshima apanhe a linha JR Sanyo rumo à estação Miyajimaguchi (25 minutos de viagem). Aí, basta fazer uma curta caminhada até ao cais de embarque, local de onde há partidas frequentes dos barcos da companhia JR até à ilha Miyajima. É muito fácil.
Visitar Itsukushima na maré alta ou baixa?
Se visitar Miyajima de forma rápida, é certo que só verá o torii de Itsukushima dentro de água ou descoberto (e não ambas as situações). Mas, em qual dos casos é mais bonito – dentro de água ou em terra firme?
Eu estive junto ao torii com maré baixa. Mas fiquei com a sensação de que seria ainda mais bonito com a base coberta de água. Veja a tábua das marés e planeie em conformidade. Como é natural, caso pernoite na ilha ou fique um dia inteiro em Miyajima não terá esse dilema.
Onde ficar em Miyajima
Se tiver tempo, considere a hipótese de pernoitar em Miyajima e seguir viagem no dia seguinte. Eu não o fiz, mas julgo que a experiência teria tido muito a ganhar com isso. Até porque a ilha fica lindíssima à noite, iluminada.
Assim, entre os hotéis onde ficar em Miyajima, destaque para a simples e barata Guest House Mikuniya (estilo hostel) e para o muito popular Sakuraya. Melhor ainda (e um pouco mais caro) são os ryokan Oyado Tsukiusagi e Ryoso Kawaguchi, com interessante relação qualidade/preço.
Por fim, para os amantes do luxo, os ryokan Iwaso e Kurayado Iroha são, provavelmente, as melhores unidades hoteleiras de Miyajima. Para outras opções de hospedagem, consulte o link abaixo.
Seguro de viagem
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