Procura um roteiro de viagem à Guiné-Bissau? Pois bem, com passagem em Varela, Cacheu, Bissau e arquipélago dos Bijagós, este é um itinerário para visitar a Guiné-Bissau numa visita de curta duração.
Na verdade, o que eu fiz foi combinar o Senegal e a Guiné-Bissau. Até porque, voando a TAP para as duas capitais, é muito fácil comprar voo de ida para Dakar e o de regresso desde Bissau (ou vice-versa). Foi exatamente isso que eu fiz, numa viagem que durou 18 dias – com os últimos 11 dias dedicados a visitar a Guiné-Bissau.
Para o tempo disponível, creio ter sido a divisão ideal porque me permitiu ficar com uma boa ideia sobre ambos os países. Mas, naturalmente, gostaria de ter tido mais tempo para visitar outras atrações da Guiné-Bissau, como o Parque Natural das Lagoas de Cufada, outras ilhas do arquipélago dos Bijagós – como a paradisíaca ilha de Kéré – ou povoações como Buba e Bafatá. No fundo, dar mais atenção ao sul do país.
Dito isto, partilho neste artigo o meu roteiro de viagem à Guiné-Bissau, dia a dia, para que possa adaptar o itinerário aos seus gostos pessoais, número de dias disponível e objetivos da viagem. E ainda sugestões dos melhores hotéis e pousadas para se hospedar em cada destino, como obter o visto de turismo, como chegar às ilhas dos Bijagós e como se deslocar em território guineenses. Vamos a isso.
Note que este roteiro é a continuação do meu roteiro ao Senegal. Combinei os dois países numa única viagem, com início em Dakar e término em Bissau.
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Roteiro para visitar a Guiné-Bissau
- 1.1 Dia 1: Da fronteira do Senegal para Varela
- 1.2 Dia 2: Varela
- 1.3 Dia 3: Tabanca Elalab
- 1.4 Dia 4: Viagem para Bissau
- 1.5 Dia 5: Bissau
- 1.6 Dia 6: Barco para Bubaque (Bijagós)
- 1.7 Dia 7: Ilha Bubaque (Bijagós)
- 1.8 Dia 8: Regresso a Bissau
- 1.9 Dia 9: Ilha Bolama (Bijagós)
- 1.10 Dia 10: Ilha Bolama (Bijagós)
- 1.11 Dia 11: Bissau
- 1.12 Dia 13: Voo de regresso a Portugal
- 2 Dicas para visitar a Guiné-Bissau
Roteiro para visitar a Guiné-Bissau
Dia 1: Da fronteira do Senegal para Varela
De manhã cedo, saí de Ziguinchor, no sul do Senegal, a bordo de uma carrinha rumo a São Domingos, na Guiné-Bissau. Os procedimentos na fronteira foram bastante rápidos, tanto do lado senegalês quanto no posto fronteiriço guineense.
Chegado a São Domingos, não foi difícil encontrar um transporte que me levasse a Varela, primeira paragem no meu roteiro na Guiné-Bissau. Ainda deu tempo para comprar um cartão SIM numa das dezenas de lojinhas em volta da “estação de camionagem” (com muitas aspas), já que ainda faltavam preencher alguns lugares no carro. Uma vez cheio e carregado com mercadorias, era então hora de percorrer a rudimentar estrada que liga São Domingos a Varela, onde haveria de chegar já passava das 14:00.
De tarde, e depois de um belo almoço na pousada, fui explorar a aldeia de Varela, com uma incursão à sua praia. É por muitos considerada uma das melhores praias da Guiné-Bissau, perdendo apenas para algumas praias do arquipélago dos Bijagós. Honestamente, não fiquei convencido com a praia, mas adorei o ambiente de Varela e a simpatia das suas gentes desde o primeiro instante.
Dormida: Casa Aberta KasumayaKu, em Varela.
Dia 2: Varela
Dia inteiramente passado em Varela. Trabalhei muito (não me recordo de ter sido tão produtivo nos últimos tempos como em Varela!), passeei pela aldeia, fui espreitar novamente a praia. Um dia em cheio, mas sem grande coisa para contar. Está-se mesmo muito bem em Varela!
Dormida: Casa Aberta KasumayaKu, em Varela.
Dia 3: Tabanca Elalab
Para este dia, a ideia era visitar a tabanca Elalab – algo que ansiava desde que comecei a planear a viagem à Guiné-Bissau.
Para tal, de manhã cedo subi numa mota que me levaria até à região de Susana. Uma vez chegado ao ponto combinado, junto ao manguezal, esperei uns minutos e apareceu Fernando, um pescador da comunidade de Elalab, uma tabanca remota localizada entre braços de água, arrozais e mangue.
A viagem de barco decorreu com normalidade, com o rio serpenteando a paisagem e manguezais de ambos os lados.
Quando cheguei à tabanca Elalab, Lucas estava à minha espera. Ele seria o responsável por me mostrar a tabanca e explicar o funcionamento da comunidade. Percorremos toda a aldeia, visitei a igreja, fui conhecer o projeto de ecoturismo criado por dois arquitetos portugueses com materiais locais. Com a ajuda de Lucas, tentei comunicar com os moradores e fui-me deixando estar até ser horas de regressar a Varela. De permeio, ainda almocei em Elalab.
Enquanto me afastava da tabanca Elalab no barco de Fernando, só me ocorria pensar que é exatamente para momentos destes que eu viajo. Seguramente, um dos dias mais marcantes deste roteiro de viagem na Guiné-Bissau.
Dormida: Casa Aberta KasumayaKu, em Varela.
Dia 4: Viagem para Bissau
Acordei ainda antes das três da manhã para apanhar um mini-autocarro com destino a São Domingos. Foi uma viagem onde tomei um dos maiores banhos de pó da minha vida, mas lá cheguei à central de transportes de São Domingos, onde embarquei em nova viagem poeirenta rumo a Bissau.
À tarde, e após deixar passar o calor insuportável do meio do dia, tempo de começar a explorar a capital guineense. Tinha também a missão auto-imposta de encontrar a casa onde os meus país viveram por volta de 1970, mas o objetivo não foi, por agora, cumprido. Ainda passei no Mercado Central de Bissau, onde me deixei ficar à conversa com as simpaticíssimas vendedoras de frutas e legumes.
À medida que o roteiro na Guiné-Bissau ia avançando, mais impressionado ia ficando com a simpatia e amabilidade das pessoas.
Ao jantar, a primeira grande surpresa gastronómica da Guiné-Bissau. Anote este nome: Gã Mela. Será este o melhor restaurante de Bissau? Sem palavras.
Dormida: Hotel Coimbra, em Bissau. Veja onde ficar em Bissau para outras opções de hospedagem.
Dia 5: Bissau
Logo pela manhã fui aos escritórios da Consulmar comprar bilhete para o barco que me levaria a Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, no dia seguinte. De resto, dia inteiramente dedicado a visitar a
Não há muito o que fazer em Bissau em termos de atrações turísticas, por assim dizer. Mas, apesar do centro histórico estar totalmente em obras (num projeto de reabilitação urbana que o tornará bem mais agradável), o maior prazer é mesmo cirandar pelas ruas, falar com as pessoas. E, para mim, sentir uma emoção inexplicável por ali estar.
Numa nota mais pessoal, os meus pais viveram em Bissau e eu saí da Guiné-Bissau na barriga da minha mãe. Tenho uma costela guineense, por assim dizer. Fui por isso tentar novamente encontrar a casa onde eles moraram e, desta feita, encontrei. Fiz uma videochamada para os meus pais, mostrei-lhes a casa na atualidade – 52 anos depois! – e ali ficámos a comprovar que as portadas das janelas são as mesmas, tal como o ferro forjado que decora a varanda. Foi uma emoção. Confesso que varias vezes as lágrimas me têm vindo aos olhos durante estes dias na Guiné-Bissau.
Recomposto, fui espreitar a Sé Catedral de Nossa Senhora da Candelária, que aparentemente estava sempre fechada. Ver a Praça do Império e o Palácio Presidencial do exterior, no topo da Avenida Amilcar Cabral. Apreciar a chamada Mão de Timba, uma escultura instalada na Praça dos Mártires em honra dos mortos no chamado massacre de Pidjiguiti. Caminhar junto ao porto e, por fim, apreciar a luz de fim de tarde para explorar com calma o centro histórico de Bissau – que, a partir das 16:00, começa a ficar mais tranquilo.
Ao jantar, voltei naturalmente ao restaurante Gã Mela. E ainda pensei ir ouvir música a um barzinho, mas o cansaço não deixou.
Dormida: Hotel Coimbra, em Bissau. Veja onde se hospedar em Bissau para outros hotéis e pousadas.
Dia 6: Barco para Bubaque (Bijagós)
O barco que liga Bissau a Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, sai às sextas-feiras e regressa aos domingos, e os horários dependem das marés. Quer isso dizer que o fim de semana em Bubaque pode ter mais ou menos horas, consoante as marés. Isto para quem quer usar o barco da Consulmar, maior e infinitamente mais seguro do que as canoas.
Ora, por azar, nesse fim de semana o barco saía de Bissau às 14:00, pelo que de manhã ainda aproveitei para passear por Bissau sem nenhum objetivo específico. Passava já das 18:00 quando o barco atracou na ilha de Bubaque, pelo que tive apenas tempo de explorar fugazmente a aldeia de Bubaque antes de me instalar na magnífica pousada Saldomar. E por ali fiquei à conversa com o catalão Melchior, dono da pousada, e restantes hóspedes, com boa música e vista para o mar, até depois do jantar.
Foi, portanto, um dia do roteiro de viagem à Guiné-Bissau sem atrações turísticas ou grande atividade física.
Dormida: Saldomar B&Biosphere, em Bubaque. Veja também o artigo sobre onde ficar nos Bijagós.
Dia 7: Ilha Bubaque (Bijagós)
Era então dia de explorar um pouco do arquipélago dos Bijagós. Acordei cedo, arranjei um tuk tuk e fui conhecer a afamada Praia de Bruce, no outro extremo da ilha. E por lá fiquei em modo dolce fare niente, desfrutando das águas tépidas que abraçam a ilha de Bubaque.
Depois de um almoço na muito agradável pousada Wefa, era então hora de regressar a Bubaque de tuk tuk. Mas ainda tinha outro lugar para visitar na ilha.
Antes de arrancar, combinei com o motorista Du fazermos uma paragem estratégica perto da tabanca de Bijante. A ideia era ir até àquela que se revelaria – para mim – a praia mais bonita da ilha Bubaque. Trata-se de uma praia pequena, de areia avermelhada e rodeada de um frondoso manguezal localmente chamada de Praia Etikorete. Achei-a muito mais encantadora e especial do que a longa e branca Praia de Bruce. Fica a dica, para quando visitar a ilha de Bubaque.
Depois disso, recolhi à pousada e fiquei a trabalhar um pouco, de novo com boa música, uma cerveja e vista para o oceano. Perfeito!
No Google Maps, a Praia Etikorete está mal localizada. A localização correta aparece no mapa como “Hidden Beach”.
Dormida: Saldomar B&Biosphere, em Bubaque.
Dia 8: Regresso a Bissau
Na impossibilidade de seguir direto de Bubaque para a ilha de Bolama, não me restou outra alternativa senão voltar de ferry para Bissau e programar a viagem para Bolama na manhã seguinte.
Chegado a Bissau, o dia foi dedicado a passear por Bissau Velho sem objetivos específicos, explorando a zona junto ao Porto, atualmente palco de significativas obras de reabilitação urbana. Acabei depois por beber um copo no Lá Rosa, após tentar visitar o adjacente Parque Lagoa N’Batonha e verificar que estava encerrado.
Dormida: Hotel Coimbra, em Bissau. Veja também outros hotéis em Bissau.
Dia 9: Ilha Bolama (Bijagós)
De manhã cedo, desloquei-me para o porto marítimo de Bissau, comprei o bilhete para Bolama e entrei no ferry com destino a Enxudé. A viagem era para ser relativamente rápida mas cálculos errados (ou inexperiência) do comandante fizeram com o que o ferry ficasse preso num banco de areia (a maré estava muito baixa), tendo perdido muito tempo em manobras para tentar libertar-se. E assim chegámos a Enxudé com quase duas horas de atraso.
No barco, conheci o Delegado Regional da Polícia de Bolama que me ajudou com o alojamento e refeições, ligando para o gerente da pousada Gã Djau e para uma senhora que cozinha por encomenda.
E assim cheguei a Enxudé com a logística tratada. Faltava apenas apanhar uma carrinha de caixa aberta sobrelotada para novo banho de pó até à povoação de São João, onde haveriam de estar duas canoas à espera dos passageiros que pretendiam seguir para Bolama
Uma vez em Bolama, instalei-me na pousada, comi qualquer coisa e fui imediatamente explorar a cidade. Não sei explicar, mas adorei Bolama desde o primeiro instante. É uma pena os edifícios coloniais estarem tão decrépitos, mas o ambiente em Bolama é muito tranquilo e as pessoas são de uma amabilidade inacreditável. Não há como não se sentir em casa em Bolama!
Dormida: Gã Djau, Bolama. Veja também o artigo sobre os melhores hotéis dos Bijagós.
Dia 10: Ilha Bolama (Bijagós)
Manhã dedicada a explorar novamente a cidade de Bolama
Fui cumprimentar o meu “amigo” à esquadra, entrei no modesto mercado de Bolama, visitei o antigo quartel, vagabundeei pela cidade, fui às compras na Loja Verde, passei na mãe d’água, na escola de professores e na nova central fotovoltaica atualmente em construção (vai mudar para melhor a vida de Bolama!), enfim… andei horas a passear por todos os cantos e recantos da cidade de Bolama.
Estava verdadeiramente feliz! Por algum motivo, Bolama estava colada à pele.
Ora, no meu plano original, a ideia era fazer o percurso inverso rumo a Bissau apenas na manhã seguinte. Isso implicava ir de canoa até São João, numa carrinha de caixa aberta até Enxudé e então depois apanhar o ferry para Bissau. E assim, depois do almoço, iria ainda conhecer a Praia de Ofir, alegadamente a melhor praia da ilha de Bolama.
Acontece que um grupo de portugueses a trabalhar em Bolama tinha alugado uma canoa para fazer o regresso Bolama – Bissau direto nesta tarde, e convidaram-me para seguir com eles. Ora, dadas as opções (ir com eles ou acordar às cinco da manhã e empreender a fatigante viagem via Enxudé no dia seguinte), acabei por aceitar o convite. O preço a pagar foi não conhecer a Praia de Ofir!
Assim sendo, segui de canoa para o porto de Bissau, numa viagem tranquila e sem qualquer sobrelotação. E assim cheguei à capital guineense mais cedo do que o previsto, acabando por ficar a dormir novamente no centro da cidade. Mas sabe muito bem voltar a um sítio familiar.
Dormida: Hotel Coimbra, em Bissau.
Dia 11: Bissau
Dia passado quase todo a trabalhar. De manhã, ainda passeei nas proximidades do caótico Mercado de Bandim, o maior mercado da capital guineense, mas toda a tarde foi passada a trabalhar.
Noutra circunstância, poderia ter aproveitado para visitar Cacheu, Bissorá ou até a Ilha do Rei, ao largo de Bissau; mas acabei por ter necessidade de ficar colado no portátil a escrever, editar fotografias e responder a emails. O último dia do meu roteiro de viagem na Guiné-Bissau foi, assim, muito caseiro e sem grandes motivos de interesse, para além do passeio matinal de que não tenho fotografias.
Dormida: Hotel Coimbra, em Bissau.
Dia 13: Voo de regresso a Portugal
Dia praticamente todo dedicado a empreender a viagem de regresso da Guiné-Bissau até à cidade do Porto, com escala em Lisboa.
Deixei o centro de Bissau num carro rumo ao aeroporto, com antecedência, tendo por isso esperado algum tempo pelo voo da TAP rumo a Lisboa. Estava imensamente feliz. Em jeito de despedida, posso aliás garantir que esta viagem à Guiné-Bissau foi maravilhosa.
Andava há vários anos para visitar a terra que me está no sangue e, após vários adiamentos, pude finalmente concretizar esse objetivo. E foi muito emocionante. É claro que podia ter visto muito mais coisas se tivesse empreendido um ritmo mais frenético, mas eu gosto muito de viajar devagar. Valeu a pena. Levo a Guiné-Bissau no coração, e confesso que fiquei com vontade de voltar!
Dicas para visitar a Guiné-Bissau
Guia de viagem à Guiné-Bissau
Para quem está a planear uma viagem à Guiné-Bissau, existe um guia muito útil cuja consulta recomendo. Chama-se “À Descoberta da Guiné-Bissau” e é da autoria de Joana Benzinho e Marta Rosa, da Associação Afetos com Letras, uma Organização Não governamental para o Desenvolvimento com sede em Portugal e uma delegação em território guineense. Fica a dica.
Vistos de entrada
Os cidadãos portugueses necessitam de um visto de turismo para visitar a Guiné-Bissau. Eu obtive o meu em 10 minutos no Consulado da Guiné-Bissau no Porto. O visto custou-me 60€ (com um “recibo” sem qualquer valor legal!), tendo validade de 45 dias de estadia na Guiné-Bissau com obrigação de entrar no país até 60 dias depois da emissão do visto.
Se esse período de 60 dias for insuficiente para si (porque vai para noutros países antes de entrar na Guiné-Bissau, por exemplo), note que, para quem vier, como eu, do Senegal, dizem ser muito fácil comprar o visto guineense na Embaixada da Guiné-Bissau em Ziguinchor (Casamansa). Como já tinha o visto, não tenho experiência para comprovar.
Quando visitar a Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau é um país com duas estações muito vincadas. A estação seca, que vai sensivelmente de novembro a abril; e a estação das chuvas, que vai sensivelmente de junho a setembro. Os meses de maio e outubro são, digamos, de transição.
Ora, durante a época das chuvas, boa parte das estradas estão intransitáveis ou, pelo menos, muito mais difíceis de percorrer. E, além disso, o arquipélago dos Bijagós está literalmente fechado ao turismo, com a esmagadora maioria dos hotéis, lodges e pousadas completamente encerrados (muitos dos proprietários aproveitam, aliás, para viajar durante esses quatro meses).
Ou seja, a melhor época para visitar a Guiné-Bissau é, sem qualquer dúvida, na janela temporal que vai de novembro a março.
Quantos dias são necessários para visitar a Guiné-Bissau
Naturalmente, depende do seu ritmo e dos objetivos da viagem. Mas, se o objetivo é visitar Varela, a norte, a capital Bissau e os Bijagós, e ainda explorar um pouco do fantástico sul, eu diria que precisará de pelo menos duas semanas. Com isso, não conhecerá tudo, evidentemente; mas já dará para ficar com uma bela ideia daquilo que a Guiné-Bissau tem para oferecer.
Se preferir viajar de forma organizada, em grupo, a minha amiga Marta Durán lidera uma viagem ao Senegal e Guiné-Bissau para a agência Nomad. Chama-se Tabancas de África Ocidental.
Como chegar
Como referido, eu vim do Senegal, pelo que não voei diretamente de Portugal para a Guiné-Bissau. Dito isto, à data em que escrevo a TAP opera três voos diretos por semana entre Lisboa e o Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, em Bissau. Os preços variam muito, mas vale a pena estar atento às ocasionais promoções da transportadora portuguesa.
Como se deslocar na Guiné-Bissau
Para quem pretende montar um roteiro de viagem na Guiné-Bissau eficiente, os transportes são quase sempre a maior dor de cabeça. No continente, e dada a ausência de transportes regulares na maior parte do território, resta confiar que haverá uma carrinha ou minibus a sair para o destino pretendido. E isso quase sempre acontece, nem que para isso tenha de sair às 4 da manhã (como no caso da viagem entre Varela e São Domingos).
Dito isto, a melhor dica que posso dar é começar cedo. Muito cedo. Isto porque, se houver transporte, o mais provável é que saia de manhã.
No caso do arquipélago dos Bijagós, é uma pena que não haja um sistema de transportes entre as diferentes ilhas, o que obriga muitas vezes a regressar a Bissau ou, em último caso, a pagar transporte privado organizado pelos lodges de maior qualidade. A exceção é a linha Bissau – Bubaque da Consulmar, empresa que faz igualmente a ligação de Bissau para Enxudé, ponto a partir do qual é possível aceder a São João para apanhar uma canoa para Bolama.
Alternativamente, há canoas de Bissau para Bubaque e Bolama, mas os níveis de segurança são notoriamente inferiores aos dos ferries da Consulmar.
Onde ficar
Onde ficar em Varela
De momento, é virtualmente impossível reservar online qualquer pousada em Varela. Dito isto, eu fiquei numa pousada magnífica chamada Casa Aberta KasumayaKu, gerida pela filha Valentina e pelo pai Frank, ambos de origem italiana. Os bungalows são excelentes, os anfitriões são muito afáveis e a comida é muito boa. Para reservar, fale com a Valentina pelo WhatsApp +245 6640180.
Onde ficar em Bissau
Veja o artigo sobre onde ficar em Bissau para todas as dicas dos melhores hotéis onde se hospedar na capital guineense. Em resumo, o Hotel Coimbra é um hotel excelente, onde fui muitíssimo bem recebido (neste site encontra os contactos). Se o orçamento o permitir, é uma escolha excelente!
Dito isto, caso prefira o conforto de ter uma reserva mais formal, feita numa central de reservas tipo booking, veja o Ceiba Hotel Bissau, de 5 estrelas, localizado em frente à Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau e seguramente um dos melhores hotéis de Bissau. Ou então o mais barato Bissau Royal Hotel, que fica a dois passos do Hotel Coimbra, e os estúdios simples do Badinca, para quem dispensa o luxo.
Para outras opções de hospedagem em Bissau, pesquise no link abaixo.
Onde ficar nos Bijagós
A resposta a esta questão é complexa, pelo que sugiro a leitura do texto sobre onde ficar nos Bijagós onde falo sobre que ilha escolher e os melhores lodges e pousadas do arquipélago.
Dinheiro
É relativamente simples levantar dinheiro em ATM na capital Bissau, mas o mesmo não se poderá dizer de outros destinos da Guiné-Bissau. Caso entre pelo Senegal, pode já trazer dinheiro (a moeda é a mesma); caso contrário, trate do assunto em Bissau. Dito isto, poupará muito dinheiro em taxas e comissões se optar por utilizar um cartões como o Revolut ou o Wise. Foi essa a minha estratégia, mas se preferir poderá também levar notas de Euro e trocar à chegada a Bissau (o seu hotel poderá ajudar a indicar locais de confiança). Note também que, fora de Bissau não encontrará muitos negócios que aceitem pagamentos com cartões bancários.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Filipe, obrigado pelo seu relato. Também eu, não consigo explicar, depois de ter passado 10 dias na Guiné-Bissau nos finais dos anos 90, acabei, pese embora de certo modo triste por ver o quanto o povo da Guiné merecia mais dos seus dirigentes e das organizações internacionais (que, muitas vezes, dão para voltar a tirar!), com uma sensação dominante muito boa. Talvez que tenha a ver com a ternura do povo e a sua genuinidade cativante. Talvez! Fui como agrónomo e por isso tive a oportunidade de visitar o interior, designadamente as plantações de mangas (excelentes, de resto!) e acho que fiquei com uma boa noção do quanto poderia a Guiné ser melhor e menos dependente. Ficam-me na memória o bafo quente e húmido quando saí do avião, os óculos escuros genuínos (nada a ver com os dreads de agora!) do funcionário do aeroporto quando aí cheguei de madrugada, o fervilhar de vida e de comércio àquela hora (pareceu-me que a chegada do avião de Lisboa era sempre uma ocasião especial e de oportunidade), da avenida imensa e muito má conservada até ao centro da cidade, das condições difíceis do hospital por onde todos os dias passava vindo do Hotel (O Sheraton da altura que entretanto se esfumou com uma bomba!), da segurança que sempre senti em toda a viagem (infelizmente corrompida nos tempos mais recentes), das genuinidade das tabancas que visitei nas zonas camponesas, das palavras do antigo guerrilheiro do PAIGC lamentando que os seus compatriotas governantes não soubessem honrar o seu esforço e sacrifício de guerra, e tanto mais! Não voltarei à Guiné-Bissau pois tenho a idade onde o tempo já não é infinito mas fica-me sempre a boa saudade de ali ter estado. A sua crónica foi o meu “regresso”. Obrigado!
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Parabéns pelo relato, Filipe. Creio que a Guiné-Bissau ainda seja um país a ser descoberto. Pelos relatos, não entendo como um povo classificado como tão amável, perdeu tanto tempo com guerras civis e golpes militares.
Estou fazendo pesquisa sobre como viajar de Natal, Rio Grande do Norte – Brasil para Guiné-Bissau e me deparei com este relato do Filipe Gomes. Ainda não encontrei um jeito bom e certo de ir de navio do Brasil para a Guiné-Bissau, mas o relato do Filipe foi animador sobre como é passar uns dias do outro lado do Atlântico, em Guiné-Bissau.
Gostei imenso do seu texto e das úteis informações que publicou. Eu cumpri 2 anos de guerra naquele país e conheço a maior parte dos sítios que descreveu, principalmente Varela, Suzana e S. Domingos. Apesar do que lá passei ficou-me o bichinho de o visitar, mas não é fácil, sozinho não vou, vou contactar a empresa que mencionou. Obrigado.