Destino: Ásia » Japão » Tóquio

Uma manhã no mercado Tsukiji, o maior mercado de peixe do mundo

Por Filipe Morato Gomes
Fugo - peixe-balão
Fugu, o nome japonês para peixe-balão, um peixe venenoso em exposição no mercado Tsukiji

O mercado Tsukiji foi definitivamente encerrado em outubro de 2018, e a sua atividade transferida para a região de Toyosu. O novo mercado grossista de Tóquio chama-se precisamente mercado Toyosu.

Tsukiji é tido como o maior mercado grossista de peixe do mundo. O mercado fica no centro de Tóquio, algures entre a tranquilidade do Rio Sumida e o consumismo do bairro de Ginza, onde pontuam as principais marcas de luxo do planeta. Era uma das coisas que tinha mais curiosidade em apreciar durante a minha estadia em Tóquio.

Eram cinco da madrugada e o corpo já estava desperto. Não porque pretendesse visitar o leilão de atuns que decorre no mercado Tsukiji (para isso teria de me levantar ainda mais cedo!), mas porque tinha aterrado em Tóquio na noite anterior e a diferença de fuso horário não me deixou dormir mais.

Banca de comida no mercado Tsukiji
Banca de comida na zona exterior do mercado Tsukiji

Visitando o mercado Tsukiji

Primeiro dia em Tóquio. Aos primeiros raios de sol, rumei de metro para a estação de Tsukiji. Tinha a indicação de que poderia visitar o mercado Tsukiji a partir das 9:00 da manhã. Tinha tempo, portanto.

À chegada à estação de Tsukiji, fui conhecer o talento do muito elogiado barista do Turret, pequeníssimo mas afamado entre os inspiradores cafés de Tóquio, localizado nas imediações da estação. Mais torrado que o habitual mas talvez por isso delicioso, o café latte aconchegou o estômago para as próximas horas a cirandar na área do mercado.

Mercado Tsukiji Tóquio
Comida e mais comida em Tsukiji

O mercado Tsukiji, em sentido lato, tem duas grandes áreas completamente distintas. Uma área interna, coberta, originalmente apenas dedicada aos negócios grossistas (incluindo o leilão de atuns) mas onde, hoje em dia, o comum dos habitantes pode também fazer compras. E uma área exterior, composta por ruelas cheias de restaurantes especialistas em sushi e “frutos do mar”; casas de chá verde; lojas com equipamento de cozinha (facas, por exemplo); e um sem fim de pequenos negócios tendo a gastronomia e o mar como denominadores comuns.

Foi por aí que comecei a minha visita.

Chá matcha
Provando matcha em Tsukiji, Tóquio

Apesar de não ter fome, posso garantir que Tsukiji é uma tortura para quem gosta de peixe, de sushi, de comida. Fiquei a salivar, só me apetecia provar tudo o que via nas bancas. Não fossem os preços elevados (pelo menos para os padrões portugueses) e sairia da zona exterior do mercado com a barriga cheia de nigiris com peixe incrivelmente fresco, ramen, caldos de atum, ostras, ouriços e iguarias um pouco mais estranhas mas igualmente apetitosas.

Experimentei matcha (chá verde em pó), uma iguaria com ovo cujo nome desconheço e ainda pedaços de lulas secas, tudo coisas que os comerciantes iam dando a provar aos transeuntes, mas fui resistindo à tentação do peixe cru, até porque ainda só eram 9 da manhã, horário de “abertura” do mercado grossista aos visitantes (pensava eu). Fui para lá.

Mercado Tsukiji
Carrinhos de carga amarelos no exterior do mercado

A zona interior do mercado

Junto à entrada, um vigilante de colete refletor abanava um letreiro onde se lia que os turistas só poderiam visitar Tsukiji depois das 10:00. Sabendo que às 10:30 o mercado começa a morrer, a notícia era tudo menos positiva. Mas nada havia a fazer. Voltei à zona exterior do mercado e explorei sem rumo as ruelas de Tsukiji, pensando que tudo aquilo pode em breve desaparecer.

Na verdade, o mercado grossista esteve previsto ser transferido a 7 de novembro de 2016 para Toyosu, uma zona não muito longe mas menos conveniente, mas a mudança acabou por ser adiada por “tempo indeterminado”, o que regra geral quer dizer que os planos foram abandonados. Se a mudança se tornar efetiva, não faço ideia o que sucederá a todo o comércio existente em torno do atual mercado de peixe de Tsukiji.

Zona interior do mercado Tsukiji
Zona interior do mercado

Seja como for, ainda era possível visitar o mercado Tsukiji e, por isso, às dez em ponto estava de novo junto à mesma entrada onde uma hora antes havia sido barrado. Dessa vez, os vigilantes deixaram-me passar. Estava finalmente dentro do mercado Tsukiji propriamente dito.

Muitas das bancas estavam já em arrumações, sinal de que os principais negócios há muito que tinham sido concluídos. Ainda assim, a falta de paciência dos vendedores para com os turistas, vagarosos e de máquina fotográfica em punho era notória. Muitos têm mesmo letreiros a proibir as fotografias junto às suas bancas. Apesar disso, deu para sentir o pulsar de Tsukiji (em ambiente de fim de festa).

Amanhando peixe em Tsukiji
Homens amanhando peixe no mercado Tsukiji

Uma imensidão de carrinhos de carga amarelos percorriam incessantemente o exíguo espaço existente entre as bancas. Havia seguramente centenas de peixes diferentes. Ovas. Ouriços. Polvos. Mexilhões e outros moluscos. Tudo e mais alguma coisa. Era capaz de jurar que todas as espécies comestíveis existentes no mar estariam à venda em Tsukiji.

Onde comer (barato) depois de visitar o mercado

Lá fora, a azáfama era de outro tipo. Centenas de pessoas faziam fila nos minúsculos mas afamados restaurantes de sushi que por ali abundam, salivando por um pequeno-almoço de sushi fresquíssimo. Talvez me arrependa, mas decidi não esperar (um dia volto a Tóquio e experimento). Menos concorrido estava o Chuka Soba Inoue, que havia visto à chegada e que fica um pouco mais afastado do mercado.

Chuka Soba Inoue Tóquio
Preparando ramen no Chuka Soba Inoue

O Chuka Soba Inoue é uma instituição. Não raras vezes aparece em listas com os melhores restaurantes para comer ramen em Tóquio. É muito mais que apenas uma pequena e despretensiosa banca de rua; é a forma perfeita de terminar uma manhã a visitar o mercado Tsukiji (para quem não quer comer sushi).

Era então altura de prosseguir para Ginza e continuar a explorar os contrastes da capital japonesa. Não poderia ter começado de melhor forma a minha viagem a Tóquio.

Veja o que tem mesmo de fazer em Tóquio.

Dicas para visitar o mercado Tsukiji

Como se comportar na zona interior do mercado

Para evitar problemas com os vendedores do mercado, deixo algumas dicas e regras básicas para ter em atenção na zona interior do mercado:

  • Não atrapalhe (Tsukiji é um mercado e, como tal, não tem função decorativa; os vendedores estão lá para fazer negócio). Ou seja:
    • não ande em grupo numeroso e compacto;
    • não fique parado muito tempo em frente a uma banca, dificultando a passagem;
    • se possível não leve mochila às costas (as passagens entre as bancas são por vezes muito estreitas)
  • Respeite quem não quer as suas bancas fotografadas;
  • Tenha muito cuidado com os carrinhos de carga; estão por todo o lado e andam bem rápido.

Como assistir ao leilão de atuns

Se quiser assistir ao leilão de atuns, prepare-se para madrugar. Atualmente, são permitidos dois grupos de 60 pessoas cada, por dia; o primeiro grupo assiste das 5:25 às 5:45, e o segundo das 5:50 às 6:10. Apesar disso, precisa de chegar pelo menos uma hora antes (por volta das 4:00 será o ideal) mas, durante a primavera e outono, picos do turismo no Japão, vá ainda mais cedo.

Algumas coisas que precisa saber:

  • Não é permitido usar flash ao fotografar o leilão;
  • Não é permitido comer ou beber;
  • Durante o inverno costuma estar muito frio – vá prevenido.

É também importante notar que, face à inexistência de metro durante a noite, se quiser assistir ao leilão de atuns é imprescindível ficar a dormir perto do mercado. Caso contrário, vai gastar uma pequena fortuna em táxi.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.