
Tbilisi é uma das cidades mais surpreendentes que tive oportunidade de visitar nos últimos tempos. Bonita, vibrante, misturando com mestria a modernidade com os bairros tradicionais; museus de qualidade e oferta cultural; e tudo cimentado com um ambiente jovem e descontraído, farta vida boémia, que faz da capital da Geórgia um destino, digamos, refrescante.
A verdade é que me apaixonei pela cidade. Imagino-me, aliás, sem grande dificuldade, a viver em Tbilisi – e não é de todo frequente ter essa sensação.
Perdoe-me, pois, o tom porventura demasiado elogioso desta prosa sobre o que fazer em Tbilisi. O texto retrata as muitas experiências positivas que vivi na capital georgiana. De museus a feiras de velharias, passando por banhos sulfurosos e espetáculos de marionetas, por funiculares e espaços verdes, e até por restaurantes e cafés maravilhosos, estou certo que este roteiro de Tbilisi pode ser útil. Vamos a isso.
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O que fazer em Tbilisi
- 1.1 Centro histórico (a velha Tbilisi)
- 1.2 Assistir a um espetáculo no Teatro de Marionetas Rezo Gabriadze
- 1.3 Catedral de Sioni
- 1.4 Museu da Geórgia
- 1.5 MOMA – Museu de Arte Moderna de Tbilisi
- 1.6 Ponte da Paz
- 1.7 Teleférico para Kartlis Deda (“Mãe da Geórgia”)
- 1.8 Parque Mtatsminda
- 1.9 Visitar o bairro Sololaki (lado B de Tbilisi)
- 1.10 Banhos (com massagem) no Sulfur Bath N5
- 1.11 Feira de velharias Dry Bridge Market
- 1.12 Loja Fotografia
- 1.13 Tomar um chá no Café Linville
- 1.14 Jantar no Lolita
- 1.15 Jazz ao vivo no Jazz Singer Cafe
- 1.16 Um copo no Fabrika
- 2 Mapa: o que fazer em Tbilisi
- 3 Passeios fora de Tbilisi
- 4 Guia prático
O que fazer em Tbilisi
Centro histórico (a velha Tbilisi)
Não há como fugir: o centro histórico de Tbilisi é das áreas mais bonitas da cidade, e onde se concentra boa parte das atrações turísticas. É, por isso mesmo, a mais frequentada pelos visitantes.
Percorri vezes sem conta a vibrante rua Sioni Kote Afkhazi, percorri becos e ruelas à procura de varandas de ferro e fachadas Arte Nova; assisti a espetáculos de músicos de rua junto aos restaurantes da rua Erekle II. Calcorreei a calçada junto aos banhos sulforosos; e admirei a Torre do Relógio do Teatro de Marionetas Rezo Gabriadze.
A velha Tbilisi é um mundo em si mesmo. É uma das muitas razões que fizeram com que capital da Geórgia ficasse gravada na memória como uma das melhores cidades que já visitei em toda a vida!
Assistir a um espetáculo no Teatro de Marionetas Rezo Gabriadze
Nascido na cidade de Kutaisi, outrora sob domínio soviético, Rezo Gabriadze é um criativo que ganhou reputação internacional como guionista, realizador, escultor e, mais tarde, marionetista.
Ao que consta, sentindo-se “frustrado pela falta de liberdade intelectual durante a época soviética”, Rezo “tornou-se marionetista como forma de poder contar subrepticiamente as suas histórias dramáticas”.
Ora, para além da curiosa Torre do Relógio – que mais parece um edifício da Disneyland californiana -, cujo relógio proporciona, todos os dias ao meio-dia, um pequeno espetáculo visual que vale a pena espreitar (não se assuste com a quantidade de turistas!), também o espetáculo de Rezo Gabriadze justifica hora e meia do seu tempo.
Eu fui assistir a um dos espetáculos e, apesar de não ter sido a coisa mais extraordinária que fiz em Tbilisi, não me arrependo. Fica a dica.
Dica: o espetáculo esgota com alguma antecedência, pelo que se aconselha uma ida à bilheteira logo no dia de chegada a Tbilisi; pode também tentar reservar pelo email ticketsgabriadze@gmail.com.
Catedral de Sioni
Construída inicialmente nos séculos VI e VII, a Catedral de Sioni foi, ao longo dos tempos, múltiplas vezes destruída por invasores estrangeiros e tantas outras renascida das cinzas.
Foi em tempos a principal catedral ortodoxa da Geórgia. Hoje em dia, e apesar de não ser tão imponente como a nova Catedral da Santíssima Trindade, continua a ser um dos mais importantes monumentos da velha Tbilisi. A visitar.
A catedral fica na histórica Rua Sioni, no centro de Tbilisi. Que é como quem diz a meio caminho entre a Ponte da Paz e os banhos sulfurosos.
Museu da Geórgia
O Museu da Geórgia integra, desde 2004, o chamado Museu Nacional Georgiano e, após profundas remodelações ocorridas em 2001, abriu ao público com novas valências e exposições.
Atualmente, o museu alberga uma vasta coleção ligada à história natural e humana, para além de uma exposição permanente muito interessante intitulada O Tesouro Arqueológico. Se gosta de visitar museus, não perca.
MOMA – Museu de Arte Moderna de Tbilisi
Em viagem, os museus de arte contemporânea são muitas vezes os que despertam mais o meu interesse. Vem isto a propósito de ter ido visitar o MOMA – Museu de Arte Moderna de Tbilisi.
Ora, não sendo eu um crítico de arte, resta-me sugerir a visita ao museu. Até porque a maioria das exposições é temporária, pelo que visitá-lo é sempre uma surpresa. Fica na Avenida Rustaveli, uma das melhores zonas onde ficar em Tbilisi.
Escultura Kama Sutra
À saída do Museu de Arte Moderna de Tbilisi vai encontrar uma obra artística curiosa. Trata-se de um espaço circular fechado, cujo interior se encontra decorado com altos-relevos de cariz sexual, mostrando posições sexuais explícitas inspiradas no livro Kama Sutra. Não estava à espera de encontrar uma obra deste género no MOMA de Tbilisi.
Ponte da Paz
A Ponte da Paz é uma ponte pedonal de aço e vidro sobre o Rio Kura, que une a velha Tbilisi com o Parque Rike e a zona nova da cidade.
Vindo do centro histórico de Tbilisi, porém, a obra é uma visão modernista e aparentemente deslocada. Só quando se avista, do outro lado do rio, a arquitetura ultra moderna e surpreendente do Rike Concert Hall é que tudo começa a fazer sentido.
É uma das obras arquitetónicas contemporâneas mais emblemáticas da capital da Geórgia.
Teleférico para Kartlis Deda (“Mãe da Geórgia”)
Erguida no topo da colina Sololaki em 1958, ano em que Tbilisi comemorou seu 1500º aniversário, Kartlis Deda é uma enorme estátua de alumínio apelidada de “Mãe da Geórgia”.
A estátua enverga um traje típico da Geórgia e, nas mãos, segura um cálice de vinho e uma espada. Diz-se que simboliza o caráter nacional da Geórgia. O vinho representará a hospitalidade do povo, e a espada o amor georgiano pela liberdade (ou melhor, a força do povo caso alguém tentar infringir a sua liberdade).
Para lá chegar, aconselho apanhar o teleférico até Narikala (a viagem é muito agradável). No regresso, pode descer a pé até ao coração de Tbilisi; é um passeio bem interessante.
Parque Mtatsminda
Sempre que possível, gosto de apreciar as cidades de um ponto de vista elevado. Para além das óbvias oportunidades fotográficas, isso permite perceber melhor a geografia dos destinos, as ligações entre os diferentes bairros e as regiões urbanas.
Em Tbilisi, isso é possível não apenas com recurso ao teleférico para Kartlis Deda mas também com o funicular para o Parque Mtatsminda. Lá em cima, há cafés, trilhos para caminhadas, áreas de piquenique e até uma espécie de ringue onde os miúdos andam de patins.
Eu apanhei o funicular de Mtatsminda ao final da tarde. É a hora perfeita para apreciar o entardecer sobre a capital da Geórgia e, não menos importante, jantar na esplanada do restaurante panorâmico. Vá por mim!
Visitar o bairro Sololaki (lado B de Tbilisi)
Para quem gosta de conhecer recantos escondidos e preciosidades históricas ligadas à arquitetura, nada como fazer um passeio a pé pelo bairro Sololaki, de preferência acompanhado por quem conhece muito bem a cidade.
Eu fiz um passeio organizado por Baia, uma simpática georgiana que organiza um passeio maravilhoso com visita a alguns edifícios extraordinários que, de outra forma, por minha conta, nunca teria descoberto. É ideal para quem tem prazer visitar lugares fora da caixa.
Dica Alma de Viajante: Não pense muito e reserve a Caminhada das lendas urbanas da burguesia e apartamentos assombrados da minha amiga Baia. Eu adorei, e estou certo de que dará o seu tempo por muito bem empregue.
Banhos (com massagem) no Sulfur Bath N5
Os banhos termais ficam na parte antiga de Tbilisi, aproveitando a existência de nascentes de água sulfurosa na região. A maioria foi construída entre os séculos XVII e XIX, e existem várias termas ainda hoje em funcionamento. Eu fui experimentar o chamado Sulfur Bath N5.
Optei por banhos com massagem, que não durou mais que 10 minutos. No passado, tive algumas experiências dolorosas – lembro-me de massagens em Chefchaouen (Marrocos), Istambul e Diyarbakir (Turquia), por exemplo, onde sofri bastante -, mas nesse aspeto a massagem nos banhos sulfurosos de Tbilisi foi levezinha.
Para quem nunca experimentou, vale a pena. Para quem já o fez noutros locais, talvez não se justifique. Quanto aos banhos propriamente ditos, aconselho a experiência. Faz parte!
Feira de velharias Dry Bridge Market
O chamado Dry Bridge Market (Mercado da Ponte Seca, numa tradução literal) é uma concorrida feira de velharias. Na verdade, é o maior mercado da pulga de Tbilisi.
Não é por isso de estranhar que ali se encontrem um sem número de antiguidades e objetos estranhos. De máquinas fotográficas a máquinas de escrever maravilhosas, passando por joias e livros antigos, artigos de cozinha e memorabilia soviética. Mas não só. Há também pinturas de artistas contemporâneos e obras de jovens artesãos.
Pela minha parte, nada dado a fazer compras em viagem, acabei por trazer uma mala de couro lindíssima e feita à mão.
Dicas sobre o mercado
- O Dry Bridge Market decorre diariamente entre as 10:00 e as 17:00; mas pode não acontecer se as condições climatéricas forem desfavoráveis.
- Tenha em atenção que os preços são quase sempre negociáveis, e podem ser especialmente altos para os turistas. Compare preços antes de comprar.
- Se sair do mercado com fome, o pequeno café-restaurante Corner by the River pode muito bem ser o que procura para aconchegar o estômago.
Loja Fotografia
Como amante da arte fotográfica e de lugares pouco convencionais, recomendo uma passagem pela loja Fotografia, em Tbilisi. Não faz parte dos roteiros de Tbilisi, nem tampouco sei se terá qualquer interesse para os leitores. Mas, para mim, é daqueles lugares de visita, digamos, obrigatória para quem procura um lado mais alternativo da cidade.
Tem exposições de fotografia, livros e alguns artigos fotográficos para venda. É lá também que fica o Minimalist Cafe.
Tomar um chá no Café Linville
A escadaria, estreita e inclinada, foi o mote para a visita ao Café Linville. Fica junto à Praça da Liberdade, no coração de Tbilisi, e é tudo menos o típico café hipster das capitais europeias. Entrar no Linville é quase como entrar na casa da avó. Não falta o papel de parede, o piano e o aquário.
É certo que o Linville vale mais pelo ambiente retro do que pela comida ou café propriamente ditos. Mas, face à decoração do espaço, isso parece pormenor de somenos. Quando visitar Tbilisi, passe por lá e depois conte como foi!
Veja outros cafés de Tbilisi que visitei e recomendo. Além disso, num texto sobre o que fazer em Yerevan sugeri um espaço igualmente curioso chamado Jean-Paul Existential Cafe. Espreite, caso aprecie lugares alternativos.
Jantar no Lolita
Apesar de ficar um pouco fora de mão, fui ao restaurante Lolita após ter visto recomendações de habitantes locais.
Trata-se de um restaurante arejado, com ambiente multicultural que mistura jovens georgianos com estrangeiros a trabalhar em Tbilisi. Se tivesse de catalogar o Lolita para o ajudar a visualizar melhor o conceito, talvez se encaixasse na definição de restaurante hipster.
A comida, essa, é de grande qualidade (não é barato, para o padrão de Tbilisi). Já o serviço, pode ser um pouco lento, até porque o Lolita está muitas vezes lotado. Tudo somado, acho que é recomendação que vale a pena.
Jazz ao vivo no Jazz Singer Cafe
Descobri o Jazz Singer Cafe por puro acaso. Caminhava pelas ruas de Tbilisi em direção a “casa” quando ouvi música ao vivo vinda de um pequeno bar, de portas abertas.
Lá dentro, virado para a esplanada, um grupo tocava jazz para uma vintena de clientes. Sentei-me na esplanada, pedi uma bebida, e fiquei a curtir o momento. Só depois percebi que o jazz ao vivo é frequente, fazendo daquele espaço um dos mais agradáveis – ainda que simples – para ouvir boa música ao vivo ao ar livre.
Fica na Rua Sioni, a dois passos da já referida Catedral de Sioni.
Um copo no Fabrika
Ocupando praticamente um quarteirão na zona de Marjanishvili, em Tbilisi, o espaço Fabrika inclui o mais famoso hostel da cidade – chamado, sem surpresa, o Fabrika Hostel -, para além de várias lojas e bares.
Uma espécie de LX Factory (Lisboa) em miniatura, que vale bem a pena incluir na lista com o que fazer em Tbilisi. Especialmente ao final da tarde ou à noite – para um copo, muita música e conversas na companhia de uma população multicultural (que a presença do hostel mais famoso da cidade amplifica).
Mapa: o que fazer em Tbilisi
Como é evidente, não falta o que fazer em Tbilisi, e esta lista apenas reflete a minha experiência com tempo limitado na capital da Geórgia. Tendo mais dias, o meu conselho é que se deixe perder nas ruas de Tbilisi; é daquelas cidades onde em cada bairro ou ruela há coisas surpreendentes por desvendar.
De resto, não deixe de fazer também alguns passeios mais longos para fora da cidade. Deixo abaixo algumas sugestões.
Passeios fora de Tbilisi
Tendo tempo, há uma série de locais acessíveis a partir de Tbilisi que merecem uma visita. Nomeadamente:
- Mosteiro David Gareja
- Os monumentos de Mtskheta
- Museu de Josef Stalin, em Gori (a cidade-natal de Estaline)
- Kazbegi
Veja o texto sobre estes passeios a partir de Tbilisi para mais dicas práticas sobre as visitas.
Guia prático
Como chegar
Como visitei a Geórgia e a Arménia na mesma viagem, voei de Portugal para Yerevan com regresso de Tbilisi em voos da Turkish Airlines, que oferecia as melhores ligações. A Lufthansa era outra das boas opções que encontrei. São, por isso, as duas companhias aéreas que recomendo para a sua viagem à capital da Geórgia.
Onde ficar
Recomendo a leitura de um artigo sobre onde se hospedar em Tbilisi, onde partilho de forma mais detalhada uma opinião sobre os melhores bairros para ficar.
Dito isto, eu fiquei hospedado na Marina Guest House, na zona de Marjanishvili, mas atualmente não está a aceitar reservas online. A localização é perfeita; Marina, a anfitriã, é muito prestável; o pequeno-almoço, servido todas as manhãs na varanda da casa, é delicioso; e a casa de família, construída no século XIX, é uma espécie de baú de memórias de uma Tbilisi tradicional.
Note que no booking há várias guesthouses com o mesmo nome, mas nenhuma é a que eu conheci.
Alternativamente, ainda em Marjanishvili, considere o divertido e excelente Tiflis Inn Glamour Boutique Hotel (ou Retro Tiflis), seguramente um dos mais originais e bonitos hotéis de Tbilisi; e, claro, o inevitável Fabrika Hostel & Suites, para os viajantes jovens de espírito.
Caso prefira uma hospedagem junto à Avenida Rustaveli, na margem oposta do rio, o Bricks Room Hotel é um dos hotéis com melhor relação qualidade/preço; o incrível Shota @ Rustaveli Boutique Hotel é um dos melhores hotéis de Tbilisi (mas não dos mais baratos). E o Teatron é igualmente excelente e é menos dispendioso.
Para outras opções de alojamento, use por favor o link abaixo.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.