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4×4 no deserto de Gobi, Mongólia

Por Filipe Morato Gomes | Viagens Ásia Mongólia Desertos O melhor das (minhas) viagens
Atualizado em 22.03.2020 | Tempo de leitura: 5 minutos

A caminho do deserto de Gobi
A caminho do deserto de Gobi

Deserto de Gobi

Com a velha carrinha russa abastecida de víveres para os próximos dias, saímos de Ulan Bator em direção ao remoto e esparsamente populado deserto de Gobi, no sul da Mongólia. Tinha chegado à capital Ulan Bator há três ou quatro dias, tempo necessário para encontrar cinco companheiros de ocasião – duas amigas suíças, dois irmãos israelitas e um canadiano solitário – para dividir as despesas e explorar o Gobi em conjunto.

Nos arredores de Ulan Bator, os edifícios em altura, de influência soviética, iam dando lugar a enormes bairros de gers e casas coloridas, protegidos por cercas de madeira desordenadas. A estrada era por enquanto de asfalto, e assim se manteve por vários quilómetros até que, pouco depois de circundarmos uma ponte caída, fruto de uma intempérie recente, o condutor mongol saiu da estrada e entrou num pequeno trilho de terra batida onde nos cruzámos com uma manada de vacas.

Daí para a frente, os bovinos dariam lugar às aves de rapina, aos iaques, aos camelos e às cabras de montanha. Quando me instalei no primeiro ger da viagem, a aventura a caminho do deserto de Gobi estava verdadeiramente a começar.

Ger (yurt), Mongólia
Dormida num ger, a tradicional tenda mongol

Sabia da existência de figuras rupestres na região de Baga Gazrim Chulee e, com o intuito de as conhecer, mostrei ao patriarca da família onde passara a noite uma fotografia com gravuras na pedra, enquanto, na universal linguagem corporal, encolhi os ombros, abri ambas as mãos com as palmas viradas ao céu e estiquei o sobrolho: “Onde?” O velho percebeu, fez um sinal indicando que era algo muito pequeno e soltou uma gargalhada.

Acedeu, ainda assim, a mostrar-nos um exemplar das gravuras perdidas nos planaltos da Mongólia central, não muito longe do vale onde a sua família se instalara. Entrou no carro e conduziu-nos pelo meio de pedras e pedregulhos sem trilhos marcados até dar ordem de paragem; saiu e apontou para uma pedra do tamanho de uma cabra deitada: as figuras rupestres estavam – e estavam mesmo! – ali gravadas. Tal como em muitas outras pedras semelhantes espalhadas pelo planalto, explicou.

Tsagaan Suvarga, Mongólia
Tsagaan Suvarga, Mongólia

Seguimos então em direção a Luns, entreposto fundamental para reabastecimento de combustível, não sem antes contemplarmos as ruínas do imponente templo Sum Kokh Bund, localizado com perfeição numa ilha de um pequeno lago. Face à ausência de chuva, o lago dera temporariamente lugar a um verdejante campo de pastagens aproveitado por cavalos em hora de refeição. O lugar era deveras bonito, mas o ponto alto do dia estava guardado para a região montanhosa de Tsagaan Suvarga.

Consta que há milhões de anos a área estava submersa no mar, facto que as marcas geológicas nas escarpas parecem confirmar. Lá em baixo, com o deserto de Gobi cada vez mais próximo, areias a perder de vista em tons de amarelo, laranja, salmão, vermelho, bege e branco conferiam à paisagem um toque especial. Desci rumo às areias onduladas, deixando-me rodear por uma paleta de cores inacreditável.

Estávamos já a curta distância de nenhures, o local onde viviam os anfitriões dessa noite. O sol aproximava-se furiosamente do horizonte quando me sentei num tosco alpendre de madeira construído perto dos gers. Alaranjou-se, avioletou-se, desapareceu.

Mercado de Dalanzadgad, Mongólia
Mercado de Dalanzadgad, a maior povoação no deserto de Gobi

Manhã cedo, era então dia de visitar Dalanzadgad, a maior cidade implantada no deserto de Gobi e virtualmente o único local da região onde, com alguma sorte, se encontram legumes e fruta frescos. Não muitos, é certo, mas ainda assim os suficientes para conferir variedade à ementa gastronómica e descansar temporariamente do sabor a carneiro. O mercado de Dalanzadgad é um lugar fascinante que fervilha de vida, ao ar livre, rodeado de pequenas mercearias de bairro e onde vale a pena deixar-se ficar.

Prosseguimos então por estradas pouco dignas desse nome até Yolin An (o Vale do Gelo), um vale assombroso onde é possível fazer caminhadas ao longo do que no Inverno é o leito de um rio, observar animais selvagens ou, simplesmente, contemplar a paisagem. A envolvência mudara radicalmente, mas não haveria de demorar até estarmos de novo em ambientes desérticos, à medida que as areias avermelhadas de Bayanzag e os seus famosos vestígios de dinossáurios se aproximavam.

Não tardaria muito até chegar às dunas de Khongoryn, porventura o objetivo maior desta incursão pelo deserto de Gobi.

Deserto de Gobi: dunas de Khongoryn
As dunas de Khongoryn, um dos pontos altos da minha viagem pelo deserto de Gobi

Uma família instalada no sopé das dunas – bem longe dos pretensiosos tourist camps da região -, deu-me as boas-vindas debaixo de uma forte e improvável chuvada em pleno deserto de Gobi. Sim, chovia quando cheguei a Khongoryn!

As crianças vendiam pequenas peças de artesanato em lã de ovelha. Havia camelos para quem quisesse conhecer as dunas no dorso das resistentes criaturas. No alto das dunas, a vista era deslumbrante: de um lado, uma estreita língua de dunas que se estendia ao longo de incontáveis quilómetros; do outro, em cujo solo os gers estão instalados, uma espécie de oásis esverdeava de forma ligeira o amarelo dominante da paisagem. E assim ficámos, deslumbrados, deixando que o deserto de Gobi – e a areia das dunas! – se nos colasse à pele.

Carrinha 4x4, Mongólia
A velha carrinha 4×4, companhia inseparável na viagem pelo deserto de Gobi

É um lugar único, Khongoryn, e um dos poucos omnipresentes nas excursões organizadas que visitam o deserto de Gobi. Para mim, era também o ponto a partir do qual o Sul ficaria pelas costas. A partir de Khongoryn, bem no sul da Mongólia, iria rumar a zonas mais verdejantes do país. O deserto ficaria para trás; as memórias guardadas na alma.

Embrenhar-me no Gobi foi uma das melhores experiências de todas as minhas viagens.

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O melhor das (minhas) viagens

A Matinal desafiou-me a partilhar “o que há de melhor em viajar”, incentivando-me a recorrer ao baú de memórias para partilhar experiências marcantes vividas em viagem. Assim nasce esta série de artigos com alguns dos melhores momentos das viagens que tenho feito pelo mundo:

  1. De barco pelas águas tropicais de Bacuit, Filipinas
  2. Explosões de lava no vulcão Yasur em Tanna, Vanuatu
  3. A magia de Petra, Jordânia
  4. Safari no parque Etosha, Namíbia
  5. Viver e amar em Ubud, Bali
  6. Desova das tartarugas em Tortuguero, o milagre da vida na Costa Rica
  7. Explorando o parque Zion, EUA
  8. Viajar de autocaravana na Nova Zelândia
  9. Estocolmo: espelho meu, existe cidade na Europa mais bela do que eu?
  10. Despertar com os monges de Luang Prabang
  11. 4×4 no deserto de Gobi, Mongólia

Saiba mais sobre: Viagens Ásia Mongólia Desertos O melhor das (minhas) viagens

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Comentários

  1. Miguel Ângelo

    Queria começar por lhe agradecer a fonte de inspiração que é o seu site. E fazer-lhe 3 perguntas relativas a uma viagem em preparação de 3 semanas à Mongolia: recomenda alguma guesthouse / pousada em Ulan Bator? E uma companhia que organize viagens ao deserto de Gobi? Vou apanhar o Nadaam no meio dessas 3 semanas, que devo esperar (caos, preços inflaccionados, insegurança, oportunidade cultural)? Obrigado.

    Responder
    • Filipe Morato Gomes

      Em Ulan Bator, um dos principais pontos de encontro de viajantes, ideal para encontrar outras pessoas para dividir a viagem pelo Gobi, é a UB Guesthouse. Quanto ao Nadaam, acima de tudo é uma “oportunidade cultural” 🙂

      Responder

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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