Petra, Jordânia
Há um punhado de lugares no mundo que serão sempre especiais e emocionantes vistos e vividos de perto, não importa o número de reportagens, vídeos ou fotografias que já se tenha visto a respeito. O complexo arqueológico de Angkor Wat, por exemplo, a “cidade perdida” de Machu Picchu e a Grande Muralha da China são três das preciosidades que coloco nessa categoria de lugares especiais. A antiga cidade de Petra é outra.
Habitada desde tempos pré-históricos, esta cidade do Reino Nabateu situada entre o Mar Vermelho e o Mar Morto era uma importante encruzilhada entre a Arábia, o Egito e a Síria-Fenícia. Petra é metade construída e metade esculpida na rocha, e é cercada por montanhas cravadas de passagens e desfiladeiros. É um dos sítios arqueológicos mais famosos do mundo, onde antigas tradições orientais combinam com arquitetura helenística., in UNESCO
Cheguei a Wadi Musa com as expectativas em alta oriundo do deserto Wadi Rum, outro espetacular destino jordano localizado a poucas dezenas de quilómetros da antiga capital do reino dos Nabateus.
A moderna povoação foi desilusão ao primeiro encontro. É desinteressante e interesseira e, talvez por isso, ninguém vai a Wadi Musa para visitar Wadi Musa: serve apenas de porta de entrada e porto de abrigo para quem visita Petra e os seus monumentos escavados nas rochas. Para mim, Wadi Musa era apenas isso mesmo: um local para dormir antes de explorar o legado Nabateu.
Manhã cedo, segui para o sítio arqueológico de Petra, resmunguei pelo preço exorbitante cobrado à entrada e dirigi-me em direção ao Siq. É o nome dado ao longo e estreitíssimo corredor entre montanhas, à entrada de Petra, que termina com uma vista dramática do Al Khazneh – O Tesouro. É seguramente uma das imagens mais conhecidas de Petra mas, ainda assim, surpreendente e impactante quando visto ao vivo, cara a cara, a fachada revelando-se a pouco e pouco entre os contornos imperfeitos da saída do desfiladeiro.
Dei comigo petrificado, de olho arregalado e quase sem reação, deleitando-me com a imagem mil vezes vista em fotos e filmes: a fachada do Al Khazneh, ali, diante dos meus olhos, perto e palpável. Foi o início de uma viagem no tempo extraordinária pela antiguidade de Petra. Mal sabia que ainda me estavam reservadas outras descobertas tão ou mais emocionantes.
Como o magnífico Teatro de Petra.
Como o Tribunal.
Como a Avenida das Colunas.
Como todos os momentos deambulando sem rumo pelas montanhas onde Petra foi escavada.
E, acima de tudo, como a visita a El Deir (“O Mosteiro“). É o monumento visitável mais afastado do atual complexo arqueológico da antiga cidade de Petra, alcançável através de um trilho sempre a subir que inclui uma escadaria com cerca de 800 degraus que, com o cansaço acumulado de muitas horas a caminhar pelos caminhos de Petra, parecem infindáveis. Mas vale a pena.
A subida é recompensada com a visão de um dos maiores e mais emblemáticos monumentos de Petra. Não há como negar a semelhança visual entre o Mosteiro e o Tesouro, que visitei à chegada a Petra, mas o Mosteiro tem a particularidade adicional de, ao que se julga saber, ter sido reutilizado como capela cristã (as cruzes escavadas no interior terão dado o nome ao monumento).
Lá no topo, beduínos impecavelmente vestidos serviam chá aos turistas numa esplanada muito apetecível improvisada mesmo defronte da fachada, mas eu tinha outros planos para descansar. Fiz-me ao caminho pelas escarpas de Petra e parei na casa de Bedoul Mofleh, um beduíno que criou uma casa de chá simples e acolhedora junto à sua casa escavada na pedra.
Era fim de tarde, hora de começar o regresso em direção ao Siq. O final perfeito para um par de dias a visitar Petra.
Dicas para visitar Petra
- Para mais informações visite o site oficial em www.visitpetra.jo.
- Note que, dada a estrutura de custos do bilhete de entrada em Petra, compensa comprar bilhete para dois ou três dias (em vez de apenas um).
- Não cometa o erro de visitar Petra num day tour desde Amã. Fique alojado em Wadi Musa.
- Há guias credenciados para quem quiser informações históricas adicionais in situ, mas pode perfeitamente visitar Petra sozinho e desfrutar da experiência ao seu ritmo.
- Eu optei por não fazer a visita noturna a Petra porque me pareceu uma atividade demasiado encenada para o dólar do turista. Visto à distância, talvez tenha sido um erro – dizem-me que a visita noturna é encantadora.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
O melhor das (minhas) viagens
A Matinal desafiou-me a partilhar “o que há de melhor em viajar”, incentivando-me a recorrer ao baú de memórias para partilhar experiências marcantes vividas em viagem. Assim nasce esta série de artigos com alguns dos melhores momentos das viagens que tenho feito pelo mundo:
- De barco pelas águas tropicais de Bacuit, Filipinas
- Explosões de lava no vulcão Yasur em Tanna, Vanuatu
- A magia de Petra, Jordânia
- Safari no parque Etosha, Namíbia
- Viver e amar em Ubud, Bali
- Desova das tartarugas em Tortuguero, o milagre da vida na Costa Rica
- Explorando o parque Zion, EUA
- Viajar de autocaravana na Nova Zelândia
- Estocolmo: espelho meu, existe cidade na Europa mais bela do que eu?
- Despertar com os monges de Luang Prabang
- 4×4 no deserto de Gobi, Mongólia
Adorei revisitar Petra com este magnifico artigo. É sem dúvida um lugar de inexplicável beleza e magnetismo… assim como Wadi Rum. E apesar das expectativas que se possam criar, e eu levava muitas, mas superou todas.
Conheci e senti Petra à noite, apenas iluminada pelas velas nos desfiladeiros… não retirou a magia quando a voltei a ver, no dia seguinte. Mas a versão nocturna, foi a que mais me marcou!
Obrigada por tudo partilhar.
Gostaria de saber se é possível e seguro ir de forma independente do porto de navios a Petra na parada de um Cruzeiro que chega as 9 e sai às 18h.
Obrigada.
Petra é sem duvida um dos destinos que fazem parte da minha wishlist! Que, pela leitura que habitualmente faço aqui, vai crescendo cada vez mais. :)
Normalmente, prefiro as férias da Páscoa para fazer as “grandes” viagens, evitando assim o Agosto que é sempre mais concorrido. Gostaria da vossa ajuda para perceber se Abril é um mês ideal para visitar Petra.
Obrigada.
Sim. Para mim, abril/maio e setembro/outubro são provavelmente as melhores épocas para visitar Petra.
Olá Teresa e Filipe,
Vi este comentário e penso poder contribuir com uma opinião. Estive 15 dias na Jordânia (agora em Agosto) e se para a Teresa, o calor não for problema então Agosto até nem é uma má ideia para visitar a Jordânia! É época baixa, há menos turistas e os preços não são exorbitantes. ;)
Caro Filipe,
Estivemos em Petra há 2 meses e uma boa alternativa é na entrada pedir a um dos motoristas que por lá andam que nos leve pelo caminho da montanha (eles levam num 4×4 que negociado pode custar uns 35 dinares).
A vantagem é que contornam Petra, deixam-nos num percurso montanhoso escavado nas encostas da montanha, que é muito bonito, uma aventura e tem vistas absolutamente fantásticas.
Nuns 45m/1h chega-se ao Mosteiro… e depois faz-se o caminho para o desfiladeiro a descer os 800 degraus e apenas se percorre uma vez todo o percurso até à entrada.
É uma alternativa bastante menos cansativa e não se repete a ida e vinda (embora não se perca nada em fazer 2x o ir e vir da entrada oficial).
Deixo a ideia para quem não tenha capacidade física para subir os 800 degraus; e para quem não tenha capacidade de aguentar tantas horas sob o sol para repetir o caminho.
Obrigado pela dica. É de facto uma alternativa para visitar Petra de forma menos exigente. Perde-se é aquela entrada majestosa pelo desfiladeiro…
Excelente. Tenho a certeza que irei visitar este local. Tal como o Egito, que me maravilhou, a Jordânia e particularmente Petra, vai deixar-me de boa aberta, eu que adoro história e arqueologia.
Abraço.