
Ilha de Tanna, Vanuatu
Desde há algum tempo que nomes como Ouagadougou, Tuvalu ou Vanuatu me despertam aquela curiosidade de viajante que impele a partir. Foi por isso natural incluir o arquipélago de Vanuatu no itinerário de uma volta ao mundo em família que passaria pela região do Pacífico Sul.
Era a oportunidade perfeita para conhecer Vanuatu – um país de grandes contrastes marcado pela simplicidade -, particularmente uma ilha onde ainda subsistem minorias étnicas que, apesar da influência externa, permanecem fiéis a muitos dos seus costumes ancestrais: Tanna.

Na verdade, não são muitos os turistas que afluem à ilha de Tanna, pela simples razão de que Vanuatu, além de um destino incrivelmente caro, fica a caminho de lugar nenhum, perdido no meio do Oceano Pacífico e na sombra das vizinhas ilhas Fiji. É preciso querer mesmo ir a Vanuatu para visitar Vanuatu.
Aterrei no aeroporto de Lenakel, em Tanna, a bordo de uma pequena avioneta oriunda da capital Port Vila, e rumei diretamente às pequenas cabanas do Friendly Bungalows, junto a uma praia de areia escura na costa norte da ilha.
Esperavam-me dias de chuva intensa que me impediam de cumprir um dos principais objetivos da viagem a Tanna: ver o vulcão Yasur expelindo lava a partir do topo da sua cratera.
O outro objectivo era tomar contacto com a vida nas mais tradicionais aldeias de Vanuatu, daquelas que resistem ao passar do tempo, ao chamado “progresso”, ao ocidente e à globalização, e permanecem firmemente agarradas às suas tradições ancestrais.
A semana que passámos em Tanna, com o vulcão Yasur ao alcance do olhar, foi uma espécie de viagem no tempo, um regresso a um passado em que o relógio parou em aldeias como Tapel e Yakel, onde os meninos se vestem com as “roupas da Natureza” (nas palavras da minha filha de apenas 5 anos) e se subsiste com o que a generosa Natureza dá – comem-se raízes e frutos, e os porcos aparentam ser mais valiosos do que a moeda oficial de Vanuatu.
Subida ao vulcão Yasur
O topo do cónico monte Yasur está apenas 360 metros acima do nível das águas do mar, mas numa ilha tão pequena como Tanna, essa altitude é suficiente para dominar o horizonte, onde quer que o viajante esteja. Da pequena aldeia localizada junto aos bungalows onde nos alojámos, por exemplo, e apesar da luxuriante vegetação tropical, avistava-se facilmente o Yasur. Sempre!
E não era só a visão do vulcão que impressionava. A espaços, sem aviso, ouvia-se um bruáááá assustador sempre que as entranhas do vulcão entravam em erupção e uma explosão de lava era expelida para os céus. Uma demonstração de força da Natureza, sem filtros.
Assim que as condições meteorológicas acalmaram, integrei uma viagem de jeep até à base do vulcão Yasur, consciente do risco que a proximidade a um vulcão ativo acarreta.
A noite ainda não tinha chegado a Tanna quando subi a pé as poucas centenas de metros que separam o parque de estacionamento do topo da cratera. Lá em cima, duas dezenas de visitantes procuravam o melhor local para os seus tripés e máquinas fotográficas prontas para o que aí vinha.
Os guias sentaram-se no chão a descansar, protegidos com mantas e casacos polares – a indicação de que iria arrefecer muitíssimo – e aguardaram.
Do Yasur viam-se cogumelos de fumo denso formarem-se na sua cratera. À medida que a tarde se transformava em noite, a lava incandescente expelida ia-se tornando cada vez mais vistosa. Assustadoramente vistosa. E perto. Quando por fim escureceu completamente e o céu ficou negro-negro, o vulcão ganhou contornos de espetacularidade ímpares.
Breu. Silêncio.
Bruááááááááááá!
E então a lava jorrava com violência, o céu negro tornava-se laranja, e eu sentia-me pequeno e absolutamente insignificante, à mercê dos humores da Natureza. Fiquei a observar, explosão após explosão, extasiado, numa inconsciência consciente que terá durado um par de horas, até que os guias começaram a chamar para o regresso.
Desci intacto e de alma cheia. E a certeza que nenhuma fotografia conseguirá mostrar a magnificência do que eu vi em Tanna, a magia que senti no topo do vulcão Yasur, o poderio das entranhas da Terra conquistando os céus escuros de Vanuatu.
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O melhor das (minhas) viagens
A Matinal desafiou-me a partilhar “o que há de melhor em viajar”, incentivando-me a recorrer ao baú de memórias para partilhar experiências marcantes vividas em viagem. Assim nasce esta série de artigos com alguns dos melhores momentos das viagens que tenho feito pelo mundo:
- De barco pelas águas tropicais de Bacuit, Filipinas
- Explosões de lava no vulcão Yasur em Tanna, Vanuatu
- A magia de Petra, Jordânia
- Safari no parque Etosha, Namíbia
- Viver e amar em Ubud, Bali
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- Viajar de autocaravana na Nova Zelândia
- Estocolmo: espelho meu, existe cidade na Europa mais bela do que eu?
- Despertar com os monges de Luang Prabang
- 4×4 no deserto de Gobi, Mongólia