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Viajar de autocaravana na Nova Zelândia

Por Filipe Morato Gomes | Viagens Ilha Norte Ilha Sul Nova Zelândia Oceânia Família O melhor das (minhas) viagens Transportes
Atualizado em 22.03.2020 | Tempo de leitura: 7 minutos

Viajando de autocaravana na Nova Zelândia
Viajando de autocaravana na Nova Zelândia

Não conduzo por prazer. Faço-o com o simples objetivo de me deslocar de um ponto ao outro. Em viagem, prefiro por isso usar o comboio, os autocarros e camionetas, enfim, os transportes públicos. É raro alugar um carro, e nunca, até visitar a Nova Zelândia, tinha sequer ponderado viajar numa autocaravana.

Desde que comecei a planear a viagem à Nova Zelândia, decidi no entanto que queria conhecer o país de autocaravana. Não só porque a rede de transportes públicos é limitada mas, principalmente, porque me pareceu a forma mais natural, cómoda e indicada para explorar o país. Queria partilhar com a minha filha a experiência de ter uma “casa sobre rodas”; queria dormir debaixo das estrelas; queria poder parar a cada curva para fotografar, fazer um piquenique ou desfrutar das paisagens únicas da ilha Sul; queria ir a locais para onde os transportes são escassos. Queria enfim, ter total liberdade para conhecer a Nova Zelândia ao nosso ritmo, sem estar dependente dos horários das empresas de transportes.

E assim fiz.

Parque de autocaravana lago Tekapo, Nova Zelândia
Parque de autocaravana junto ao Lago Tekapo, ilha Sul da Nova Zelândia

Ainda o avião não tinha pousado na pista de Christchurch, a principal cidade da ilha Sul da Nova Zelândia, e já se vislumbrava o sol a nascer no horizonte pintando de cor de laranja os picos nevados dos Alpes do Sul. Depois de recolher a autocaravana perto do aeroporto e de a personalizar tanto quanto possível para se tornar a casa da família durante as semanas seguintes, começámos a explorar uma Christchurch ainda ferida e com notórias sequelas do violento sismo do ano anterior.

Nesses primeiros dias ficámos a dormir em casa de uma família neozelandesa e não queríamos abusar da hospitalidade kiwi, pelo que não nos delongámos muito na cidade. Até porque a ansiedade de nos fazermos à estrada era evidente.

Ao volante da autocaravana, seguimos então para o Lago Tekapo. A chegada ao parque de autocaravanas trouxe momentos de expectativa, na esperança de que as condições do parque fossem boas. Sim, a dormida seria sempre dentro da autocaravana, mas a possibilidade de haver uma cozinha condigna, uma sala comum quente e acolhedora e uma paisagem envolvente que convidasse à contemplação era motivo de excitação adicional. Nem tudo isso aconteceu em Tekapo, mas cedo aprenderíamos que, na Nova Zelândia, pelo menos paisagem é coisa que nunca falha.

Parque de autocaravanas, Glaciar Fox
Parque de autocaravanas na aldeia de Fox

É preciso aliás ser muito perfecionista para desenhar um cenário como aquele que observei a partir do topo do Monte John, uma colina sobranceira ao majestático Lago Tekapo. Com águas de um inacreditável azul-turquesa, calmas e escuras, o Lago Tekapo mais parecia um espelho destinado a refletir as silhuetas alpinas, incluindo o icónico Monte Cook, pico mais alto da Nova Zelândia, o nosso próximo destino.

Continuando viagem estrada fora, abeirámo-nos do Monte Cook através do trilho Kea Point. Estávamos a contornar uma das margens do esplêndido Lago Pukaki, com as águas transformadas em espelho da Natureza envolvente, quando a minha filha, ainda criança, fez uma descoberta: “O reflexo da montanha está ao contrário”. Estava espantada, emocionada, feliz.

Era uma alegria semelhante à que sentia ao ajudar a cozinhar na autocaravana, ao transformá-la de sala de brinquedos em sala de jantar em quarto de dormir. Até fazer a cama era um passatempo muito apreciado, não pela vontade de dormir – que nunca tinha -, mas pela magia de participar na transformação de um carro numa casa.

Motorhome a caminho de Milford Sound
Uma caravana a caminho de Milford Sound

Dias depois, atravessámos os Alpes pela passagem de Haast, através de uma estrada de montanha bela e sinuosa, antes de rumarmos a Queenstown, a capital dos desportos de aventura da Nova Zelândia. Foi quando a pequena Inês, do alto do seu trono-cadeira colocado ao fundo da autocaravana, atrás da mesa que continuava montada mesmo em andamento, avisou que não queria conversas nem jogos para se entreter. “Tenho de olhar para estas paisagens. Não me posso distrair a conversar contigo!”.

Tal como eu, a pequena Inês estava rendida à beleza da Nova Zelândia e, por isso, as paragens para contemplar a paisagem, fotografar ou simplesmente descansar tornaram-se uma constante. E essa liberdade é uma das grandes vantagens de viajar de autocaravana.

Saímos de Queenstown a contragosto, até porque aí conhecêramos um dos melhores parques de caravanas da Nova Zelândia, mas tínhamos um motivo fortíssimo para o fazer: percorrer uma das mais espetaculares estradas de todo o país, que liga Te Anau ao belíssimo Milford Sound através da “terra dos fiordes”.

Estrada a caminho de Milford Sound
Parar em qualquer lugar é uma das grandes vantagens de viajar de autocaravana

Estávamos no extremo sul da ilha Sul e ainda faltava percorrer as estradas da região dos glaciares Fox e Franz Joseph, conhecer o Parque Nacional Abel Tasman, fazer a travessia para a ilha Norte, explorar as ruas de Wellington, Rotorua e todas as estradas de montanha que unem muitas outras localidades neozelandesas, mas estávamos já completamente rendidos ao conceito de viajar de autocaravana.

E assim, enamorados pela vida em movimento que uma autocaravana proporciona, passámos cinco semanas a desbravar os encantos da Nova Zelândia.

Ainda hoje, três anos volvidos, quando perguntam à minha filha o país que mais gostou nessa longa viagem em família, a resposta costuma sair-lhe pronta: “Nova Zelândia”. Tal como a mim, quando me perguntam qual o país mais bonito que conheço.

Conhecer a Nova Zelândia foi um dos maiores privilégios que já tive em viagem, e estou em crer que muito desse fascínio advém da oportunidade de explorar o país de autocaravana – com calma, em contacto com a Natureza e com total liberdade de movimentos. E eu nem gosto de conduzir!

Mais fotos de autocaravanas

Chegada a Milford Sound
Chegada a Milford Sound
Campervan da empresa Jucy
Campervan da empresa Jucy
Motorhome Nova Zelândia
Uma motorhome de média dimensão estacionada junto ao Monte Cook
Autocaravana Britz
A autocaravana onde viajei durante cinco semanas na Nova Zelândia

Dicas para alugar autocaravana na Nova Zelândia

Onde alugar

Sugiro que o faça online, em companhias como a Britz (com quem viajei), Maui, Jucy, Apollo, Wicked ou Escape (dependendo do orçamento e estilo de autocaravana pretendida). Note que o Inverno neozelandês traz consigo grandes descontos no aluguer de motorhomes e campervans.

Como poupar no combustível?

Use cartões de fidelidade como o cartão Smart Fuel da New Zealand Automobile Association, que oferece 4 a 6 cêntimos de desconto por litro em algumas gasolineiras.

Os grandes supermercados têm acordos com gasolineiras e dão descontos em combustível. Por exemplo, quando estive na Nova Zelândia, o supermercado Fresh Choice de Queenstown anunciava um desconto de 25 cêntimos / litro numa gasolineira específica, se fizesse compras acima de 100 dólares (o que é muito provável se estiver a abastecer a caravana para uma semana de estrada). Olhe sempre para o fundo do talão de compra do supermercado, pois é provável que anuncie descontos de pelo menos 4 cêntimos no combustível (os supermercados Countdown, por exemplo, costumam permitir descontos na Shell e na Z se fizer compras acima de 40 NZD).

Abastecer o depósito da autocaravana nas cidades com mais movimento (quando estive na Nova Zelândia, por exemplo, o gasóleo mais barato de Queenstown, onde há muita concorrência, custava 158,9 NZD; subindo até Wanaka, onde toda a gente que vai para os glaciares tem que encher o depósito, passava a 166,9 NZD e na minúscula Fox Glacier o preço do diesel estava fixado em 174,9 NZD.

Como poupar na travessia Picton – Wellington

É uma travessia caríssima, especialmente para quem viaja em autocaravana ou carro alugado e, por isso, tudo o que sirva para poupar uns dólares é bem-vindo. O cartão da TOP 10 permite 10% de desconto na travessia.

Poupar nos parques com autocaravanas self-contained

As caravanas maiores (regra geral chamadas de motorhomes, por oposição às campervans, mais pequenas), com casas de banho e até, muitas vezes, chuveiro, são quase sempre mais caras, mas permitem dormir fora dos parques de campismo, e de borla.

Isto porque, na Nova Zelândia, há muitos locais onde é permitida a pernoita de caravanas, desde que sejam self-contained – isto é, desde que tenham pelo menos uma sanita portátil. A cada três dias, mais coisa menos coisa, necessitará de dormir num parque para recarregar a bateria e fazer limpezas, mas ainda assim poupará muito dinheiro em alojamento.

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O melhor das (minhas) viagens

A Matinal desafiou-me a partilhar “o que há de melhor em viajar”, incentivando-me a recorrer ao baú de memórias para partilhar experiências marcantes vividas em viagem. Assim nasce esta série de artigos com alguns dos melhores momentos das viagens que tenho feito pelo mundo:

  1. De barco pelas águas tropicais de Bacuit, Filipinas
  2. Explosões de lava no vulcão Yasur em Tanna, Vanuatu
  3. A magia de Petra, Jordânia
  4. Safari no parque Etosha, Namíbia
  5. Viver e amar em Ubud, Bali
  6. Desova das tartarugas em Tortuguero, o milagre da vida na Costa Rica
  7. Explorando o parque Zion, EUA
  8. Viajar de autocaravana na Nova Zelândia
  9. Estocolmo: espelho meu, existe cidade na Europa mais bela do que eu?
  10. Despertar com os monges de Luang Prabang
  11. 4×4 no deserto de Gobi, Mongólia

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Grito por Mariana »

Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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