Aldeias mais bonitas de Portugal: o que visitar

Por Filipe Morato Gomes
Linhares da Beira, Portugal
Rua da aldeia de Linhares da Beira

Sou apaixonado pelo interior de Portugal e suas aldeias, pelo que esta esta lista das mais belas aldeias de Portugal é um convite a visitar um lado mais rural e tranquilo do país. Dias de contacto com a natureza e com a simpatia das gentes que habitam os chamados territórios de baixa densidade.

Felizmente, ao longo dos anos tenho tido oportunidade de visitar muitas das aldeias mais bonitas de Portugal. De Norte a Sul do território continental – o foco deste artigo –, mas também nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

Samodães

Assim, escolher aldeias de Portugal pela sua beleza é tão subjetivo quanto injusto para tantas outras que poderiam estar nesta seleção. Encare-a, pois, como um ponto de partida para descobrir esse outro Portugal, longe das praias do Algarve e dos grandes centros urbanos. Um país de gente hospitaleira, mas também de muros de pedra, portas abertas e tradições regionais únicas.

As aldeias portuguesas são guardiãs de memórias, costumes e tradições que não se podem perder. Por isso, lanço o desafio de, caso ainda não conheça, se fazer à estrada e visitar muitas destas belas aldeias de Portugal. Vai ver que não se arrepende!

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Portugal rural: as aldeias do interior são a alma do país

Visitar aldeias mais bonitas de Portugal: Pitões das Júnias
Vista de Pitões das Júnias, uma das mais belas aldeias de Portugal

Viajar por Portugal é, muitas vezes, descobrir que o mais autêntico não está nos grandes centros urbanos mas sim nas pequenas aldeias que se agarram às encostas, às margens dos rios ou aos silêncios da serra. São lugares onde o tempo parece fazer pausa, onde a vida acontece devagar e com propósito.

Há uma beleza serena nas aldeias portuguesas. Não é feita de postais perfeitos, mas de muros em granito, de roupas a secar nas janelas, de senhoras sentadas à porta, de conversas que dispensam pressa. É aí que se sente a verdadeira hospitalidade portuguesa — aquela que não se aprende nos guias de viagem, mas que se vive com um prato fumegante na mesa e um sorriso sincero.

Miradouro do Fragão do Corvo, Manteigas
Miradouro do Fragão do Corvo, em Manteigas – ou a incrível beleza do interior de Portugal

Explorar estas aldeias é redescobrir Portugal com olhos mais atentos. É caminhar por ruas estreitas, ouvir histórias contadas ao calor da lareira, saborear receitas que atravessaram gerações. E perceber que, longe da pressa do mundo contemporâneo, ainda existem lugares onde se vive com os pés bem assentes na terra – e o coração cheio de raízes.

Muitas das aldeias mais bonitas de Portugal estão fora dos circuitos turísticos ou dos roteiros em Portugal mais habituais – escondidas em vales tranquilos ou no cimo de montanhas que parecem tocar o céu. Visitá-las é uma experiência única, especialmente para quem procura autenticidade, cultura popular e paisagens de tirar o fôlego.

Sacristia do Mosteiro de Coz
Sacristia do Mosteiro de Coz

Se procura mais do que uma viagem superficial por baloiços e passadiços, as aldeias de Portugal têm tudo o que uma alma viajante precisa. Aliás, se aprecia a temática, sugiro que espreite o maravilhoso projeto Rostos da Aldeia, de cuja equipa orgulhosamente faço parte. E veja também as redes que procuram promover o turismo no interior, como as Aldeias Históricas de Portugal, a rede de Aldeias do Xisto ou as Aldeias de Montanha.

Mapa das aldeias de Portugal

No mapa cima encontra todas as aldeias de Portugal referenciadas neste artigo. A azul estão as aldeias do Norte; a verde as aldeias do Centro; a amarelo as aldeias do Alentejo; e a vermelho as aldeias do Algarve. No seu conjunto formam esta seleção das aldeias mais bonitas de Portugal – uma escolha da minha inteira responsabilidade e totalmente subjetiva.

Aldeias mais bonitas de Portugal: Norte

Castro Laboreiro

Aldeias de Portugal: Castro Laboreiro
Aldeia de Castro Laboreiro

No extremo norte do país, encrostada nas serranias do Parque Nacional da Peneda-Gerês, Castro Laboreiro guarda uma autenticidade rara.

As suas ruínas castrejas, o velho castelo medieval e a tradição das brandas e inverneiras contam a história de um povo rijo e resistente, habituado à transumância [ainda há famílias a fazer mudanças entre as brandas, as aldeias no planalto, e as inverneiras, as aldeias situadas no vale do rio Laboreiro) e às dificuldades da vida rural em ambientes de montanha. As águas do rio são geladas, é certo, mas o calor dos seus habitantes – ainda que à primeira vista possam parecer desconfiados – compensa tudo.

Castro Laboreiro é um dos meus refúgios da adolescência, pelo que é sempre um prazer lá voltar. Já até pensei em lá comprar uma casa – mas isso é outra história. Recomendo Castro Laboreiro a todos.

Soajo, a aldeia dos espigueiros

Aldeias portuguesas: Espigueiros do Soajo
Espigueiros do Soajo

Famosa pela sua eira comunitária, onde pontifica um conjunto de espigueiros de granito muito fotogénicos, o Soajo é uma aldeia com alma no coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Percorrer as suas ruelas sinuosas é recuar a um Portugal rústico, onde o tempo corre devagar e em função do astro-rei, e os cheiros predominantes são a lenha a arder, a pão no forno ou, claro está, a bosta de vaca. É, para mim, uma das aldeias mais bonitas de Portugal – sem qualquer dúvida.

Mas o Soajo não vive apenas da memória. Vive da montanha que a rodeia, da pastorícia e das vacas cachena, dos trilhos que serpenteiam até ribeiros escondidos – como o trilho do Pão e da Fé – e da hospitalidade genuína de quem lá mora. Como li algures, no Soajo “a beleza é bruta como a pedra mas calorosa como o fogo de uma lareira acesa”. E é uma aldeia verdadeiramente multicultural.

Lindoso

Castelo de Lindoso
Castelo de Lindoso

Em pleno coração do Gerês, Lindoso destaca-se pelo castelo imponente e o conjunto notável de espigueiros com vista para o vale. A aldeia oferece uma fusão bem conseguida entre património histórico e paisagem natural envolvente, sendo uma espécie de postal vivo do Minho profundo.

É lá que fica a chamada Porta de Lindoso, uma das cinco portas de entrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês. É outra das aldeias de Portugal que faz parte da minha infância – e cuja visita recomendo vivamente.

Ponte de Mouro

Na freguesia de Barbeita, em Monção, a aldeia de Ponte de Mouro ergue-se sobre histórias e lendas antigas. Diz-se que o nome nasceu de um povoado mourisco que aqui existiu, e cuja memória ficou gravada no rio e na ponte que o atravessa. Hoje, o curso de águas cristalinas que banha a praia fluvial revela o encanto natural que desde sempre seduziu povos e viajantes, num cenário verde e tranquilo típico do Minho.

Mas Ponte de Mouro é também palco de grandes feitos históricos: foi ali que se preparou o Tratado de Windsor, a mais antiga aliança diplomática ainda em vigor no mundo, e o casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre.

Entre ruas estreitas e casas de pedra, encontram-se a Capela de São Félix, a Capela do Santo Cristo, a Casa do Cruzeiro e velhos moinhos, testemunhos de um passado que se mistura com a serenidade de uma das aldeias mais bonitas de Portugal. Pouco conhecida, é certo, mas merecedora de todas as visitas.

Pitões das Júnias, a aldeia no fim do mundo

Pitões das Júnias
A melhor forma de conhecer Pitões das Júnias é deixar-se perder pelas ruas da aldeia

Encostada às fragas de Barroso, Pitões das Júnias é um lugar de lendas, brumas e silêncios. Com o mosteiro de Santa Maria como sentinela, a aldeia oferece trilhos que serpenteiam por entre pastos e escarpas, revelando um Portugal quase mítico. Pitões das Júnias é mesmo uma das aldeias mais altas e mais emblemáticas do país, é terra de lobos e de pastores, de vacas à solta e de rebanhos guardados por cães.

Entre o fumeiro artesanal, o Cozido de Pitões e espaços que preservam a memória local, como o Ecomuseu do Barroso e o novo Centro Interpretativo do Lobo Ibérico, a aldeia prova que tradição e vitalidade podem coexistir, mesmo no coração da serra. Eu acho mesmo que é uma das aldeias mais bonitas de Portugal, e que vale a pena visitar o ano todo. O Entrudo de Pitões e as noites de Fiadeiro são alguns dos eventos a procurar no calendário.

Vilarinho de Negrões

Espelhada nas águas da albufeira do Alto Rabagão, esta aldeia barrosã revela-se num quadro perfeito. É uma aldeia postal, de fotogenia perfeita, por se encontrar numa estreita e bela peninsula na bonita albufeira.

Em Vilarinho de Negrões, o granito das casas contrasta com o azul do espelho d’água, criando um cenário de paz e serenidade muito especial. A aldeia é relativamente pequena, não tem propriamente construções que se destaquem nem espaços culturais abertos ao público, mas é perfeita para deambular, conversar com os habitantes e saber um pouco da sua história. Recomendo.

Podence, a aldeia dos Caretos

Careto de Podence numa casa de xisto
Um Careto posando numa casa de xisto da aldeia

Conhecida pelos seus caretos endiabrados, Podence ganha vida no Entrudo Chocalheiro. É quando recebe milhares de visitantes que transfiguram a calmaria da povoação – uma das aldeias de Portugal atualmente mais procuradas pelo turismo.

Mas, para além da folia, esta aldeia transmontana guarda a alma das tradições e o encanto das suas ruas simples e acolhedoras. Gosto muito de Podence – com ou sem Carnaval.

Rio de Onor, a aldeia comunitária

Rio de Onor
Rua de Rio de Onor, uma das aldeias mais bonitas de Portugal

Instalada no concelho de Bragança, em Trás-os-Montes, a aldeia de Rio de Onor partilha o seu quotidiano com Espanha, numa simbiose cultural muito singular. Dividida entre dois países — metade portuguesa, metade espanhola —, mantém viva uma forma ancestral de vida comunitária, onde os recursos são partilhados e as decisões são tomadas em assembleia.

Do lado espanhol, Rihonor de Castilla; do lado português, Rio de Onor. Dois nomes, dois países. Mas, para quem lá vive, é como se as duas aldeias fossem uma só: são, simplesmente, o “povo de acima” e o “povo de abaixo”. O pronome “nosso” tem aqui um peso real: os fornos, os moinhos, os rebanhos e até a terra pertencem a todos, num modelo de entreajuda que sobreviveu ao tempo e às fronteiras.

Montesinho

Montesinho
Ambiente tranquilo na aldeia de Montesinho

Montesinho é uma das joias do nordeste transmontano e um dos nomes que não pode faltar numa lista das mais bonitas aldeias de Portugal. Situada no coração do parque natural que lhe dá nome, a aldeia encanta à primeira vista com as suas casas de xisto e granito, as varandas de madeira e as ruas estreitas onde o tempo parece ter parado. É um lugar onde a arquitetura tradicional se manteve fiel à paisagem, e onde o silêncio da serra é apenas interrompido pelo som das águas e pelo eco dos sinos.

Mas Montesinho não é apenas bela — é viva. A hospitalidade das suas gentes, as tradições mantidas, a gastronomia rica e os alojamentos acolhedores fazem dela um refúgio perfeito para quem procura autenticidade no extremo norte de Portugal.

Picote, a aldeia do miradouro sobre o Douro

Aldeia de Picote
Rua na aldeia de Picote

Suspensa sobre os abismos do Douro Internacional, a aldeia de Picote oferece vistas vertiginosas e um património cultural vibrante. Aqui nasceu a Mirandêsa, língua que ainda ecoa nas conversas do povo e nas festas populares. O miradouro da Fraga do Puio é um dos ex-libris da aldeia, por oferecer uma vista esplendorosa para as imponentes fragas do Douro Internacional.

Tudo somado, não deixe de conhecer a aldeia de Picote e toda a região do Douro Internacional. É, provavelmente, um dos últimos quase segredos do país.

Constantim

Encaixada entre montes e vales, Constantim vive em sintonia com a terra. As tradições agropastoris e a arquitetura popular fazem desta aldeia um exemplo da resiliência transmontana. Tem uma associação recreativa e cultural muito dinâmica – que é sede do grupo de Pauliteiros – e organiza uma das mais interessantes festas de inverno do Nordeste Transmontano: a festa em honra a São João Evangelista, também conhecida como Festa dos Moços ou Festa do Carocho e da Velha, e que se realiza logo a seguir ao Natal.

Aconselho a procurarem a oficina de Célio Pires, e, se a porta não estiver aberta, a esperarem pelo fim do horário de expediente. É que Célio é militar da GNR mas, quando não está de serviço nem não está em palco com a sua banda, os Trasga, estará com certeza na sua oficina a construir uma flauta, uma baita, um bombo, uma sanfona. Célio é não só um multi-instrumentista como também um habilidoso construtor de instrumentos tradicionais. E um acérrimo defensor da lingua mirandesa. Procure-o que será uma experiência inesquecível.

Uva

Portugal aldeias: Uva
Pombal característico da aldeia de Uva

Com um nome curioso e uma paisagem dominada por vinhedos e oliveiras, Uva é pequena mas cheia de identidade. Tem ruas estreitas, ritmo pausado e a vista para os vales a conferirem-lhe um charme sereno. É conhecida como a aldeia dos pombais, por reunir o maior conjunto destas construções rurais. Num passado que já vai longínquo era comum fazer-se criação de pombos, não apenas para comer a sua carne mas porque o pombinho (os excrementos) ajudava a fertilizar as terras.

Hoje os pombais persistem muito à custa do esforço da associação Palombar, que com a preservação destas estruturas permite também que continuem a voar pombos pelos céus de Uva, e que as aves predadoras como as águias continuem a ter alimento. Recomendo uma visita à associação Palombar, à adega de Aline Domingues, a produtora do vinho “Menina de Uva”, e ao atelier de José Antão, ainda continua a fazer navalhas artesanais.

Provesende

Casas senhoriais de Provesende, uma das aldeias mais bonitas de Portugal
As ruas de Provesende exibem solares imponentes que remetem para outra época

Na região das Aldeias Vinhateiras do Douro, Provesende guarda a elegância das casas senhoriais e a autenticidade das tradições durienses. É uma aldeia de Portugal que convida a passeios demorados entre vinhas e miradouros de perder a respiração, complementados com visitas às várias quintas onde ainda se produz vinho – como a Morgadio da Calçada, a Quinta da Fonte do Milho ou a Quinta do Cume.

Vale a pena parar na padaria do centro da aldeia logo pela manhã e sentir o cheio de pão de centeio acabado de cozer por António Matos. E também almoçar no restaurante Papas Zaide, de Graça Monteiro. Os apreciadores de memorabilia rural também se vão encantar com uma visita ao café O Arado, mesmo em frente à padaria. Fica a dica.

Ucanha, a aldeia da ponte fortificada

Ucanha
Centro de Ucanha, uma das Aldeias Vinhateiras do Douro

Dominada por uma torre fortificada e uma ponte medieval que atravessa o rio Varosa, Ucanha é um dos segredos mais bem guardados do Douro Vinhateiro. O seu património histórico e a envolvência natural impressionam pela harmonia. O vale do rio Varosa é um verdadeiro vale encantado e que fica ainda mais encantador durante a floração do sabugueiro, uma plantação abundante em Ucanha. Mas comer Milhos no Pote na Tasquinha do Matias e visitar as Caves da Murganheira são duas experiências que eu recomendo vivamente. E tenho a certeza que não vai esquecer Ucanha.

Trevões, a aldeia dos solares

Igreja de Trevões
Os segredos escondidos da Igreja Matriz de Trevões

Situada num planalto que avista o Douro, Trevões é uma aldeia com alma. As casas em xisto e granito, os solares antigos e a calma das ruas contam histórias de um tempo nobre que ainda se sente no ar. Terra de palácios e casas brasonadas, chegou a ter uma sede episcopal, quando o Bispo de Viseu era também Abade de Trevões. O património religioso é notável, e pode ser visitado no pequeno museu da aldeia. Talvez se surpreenda com esta pequena mas bela aldeia portuguesa.

Sistelo, a aldeia dos socalcos

Socalcos de Sistelo
Socalcos de Sistelo

Localizada no Parque Nacional da Peneda-Gerês e classificada como Monumento Nacional, a aldeia de Sistelo é um lugar onde o tempo corre devagar. E onde cada miradouro abre horizontes sobre vales e montanhas que parecem não ter fim. Seguir os trilhos que acompanham o rio Vez ou perder-se pelas veredas dos socalcos é mergulhar num cenário de rara beleza, onde tradição e autenticidade se mantêm intactas, fazendo de Sistelo uma das aldeias mais bonitas de Portugal.

Por causa da recente popularidade turística nos anos mais recentes, evite visitar a aldeia de Sistelo durante o fim de semana – especialmente nos meses de verão. Escolha um dia útl e terá uma experiência muito mais tranquila naquela que é, sem dúvida, uma das aldeias mais populares da atualidade no Norte de Portugal.

Onde ficar em Sistelo: Casa da Ferreirinha.

Quintandona, a aldeia de xisto às portas do Porto

Aldeias de Portugal: Quintandona
Rua do centro da aldeia de Quintandora

Perto do Porto, mas com o coração no passado, Quintandona é uma aldeia em xisto que foi cuidadosamente recuperada. Foi com o empenho de uma associação cultural – a Casa do Xiné – e o financiamento comunitário do projeto LEADER que se demonstrou ser possível dar novos rumos aos territórios ameaçados pelo despovoamento.

A Festa do Caldo, organizada todos os anos em Quintandona, leva milhares de visitantes à aldeia num fim de semana de setembro. Mas a aldeia pode e deve ser visitada o ano todo, até pela qualidade de alojamento e restauração que ali se encontra – incluindo o wine bar Casa da Viúva. Entre eventos culturais e um ambiente acolhedor, Quintandona mistura o melhor da tradição com a vivência contemporânea. E tudo isso a meia hora do Porto.

Aldeias mais bonitas de Portugal: Centro

Almeida – a estrela das fortalezas

Aldeias de Portugal: Almeida
Muralha de Almeida

Cercada por muralhas em forma de estrela, Almeida é uma jóia da arquitetura militar portuguesa que se ergue como uma das mais emblemáticas Aldeias Históricas de Portugal.

A aldeia impressiona pela imponência do seu sistema defensivo e pela serenidade das suas ruas empedradas, onde a História se respira a cada esquina. A sua origem remonta a antigos povoados lusitanos, romanos e árabes, mas foi a partir da Reconquista que ganhou forma e importância estratégica. O próprio nome, Al-Mêda, dado pelos mouros, evoca a mesa plana onde assenta a vila.

Em suma, percorrer as ruas de Almeida é revisitar séculos de história, entre casario, igrejas, quartéis e memórias de guerras que moldaram o destino do reino. Hoje, liberta da função militar, Almeida conserva o peso do passado nas suas muralhas imponentes, mas também a serenidade de uma aldeia que guarda, em cada pedra, a memória da nação. A visitar, portanto.

Candal, a aldeia do verde e do xisto

Aldeia de Candal, Serra da Lousã
Aldeia de Candal, Serra da Lousã

Num recanto verdejante da Serra da Lousã, Candal surge como uma pintura em xisto. As casas agarradas à encosta, a ribeira a correr ao fundo e o silêncio apenas interrompido pelo som da natureza tornam esta aldeia um santuário de tranquilidade. É porventura uma das mais bonitas entre as belas Aldeias do Xisto da Serra da Lousã.

Além da beleza natural, a aldeia tem sabido reinventar-se sem perder autenticidade. É um daqueles lugares onde o tempo abranda e onde cada recanto convida à contemplação — um refúgio perfeito para quem quer descobrir o coração sereno da Serra da Lousã. Lembro com particular enlevo uma estadia no Candal, de despertar olhando para a neblina sobre os telhados e de fazer um trilho à volta da aldeia, curto em extensão, mas imenso em beleza e significado.

Cerdeira, a aldeia criativa na Serra da Lousã

Cerdeira, Serra da Lousã
Vista da aldeia de Cerdeira, na Serra da Lousã

Encaixada nas serranias da Lousã, a aldeia de Cerdeira esteve, durante décadas, condenada ao silêncio e ao abandono. O casario de xisto, cercado por encostas íngremes e carvalhais, chegou a estar quase em ruínas, testemunhando o êxodo de quem procurava horizontes mais largos. Mas foi precisamente esse cenário esquecido que despertou, no final do século XX, o olhar de artistas e sonhadores decididos a devolver vida a um lugar à beira da extinção.

Nasceu assim a Cerdeira – Home for Creativity, um projeto cultural que transformou a aldeia num espaço de residência artística e partilha comunitária. Artística e inspiradora, Cerdeira é muito mais do que uma aldeia de xisto. Com ateliês e residências criativas, respira cultura em comunhão com a serra. Um lugar onde a tradição se reinventa sem perder a alma.

Talasnal, a aldeia encantada da Lousã

Visitar aldeia do Talasnal
Aldeia do Talasnal

Das mais emblemáticas da Serra da Lousã, o Talasnal encanta pela harmonia entre o xisto, o verde e o som dos chocalhos ao longe. As casas, restauradas com respeito pela tradição, acolhem visitantes em busca de um retiro de autenticidade. As casas em pedra acolhem alojamentos, restaurantes e espaços culturais, e as suas ruas estreitas conduzem a miradouros de onde se avistam vales profundos e serras infinitas.

Entre caminhadas, sabores regionais e a atmosfera única do xisto, a aldeia tornou-se símbolo da capacidade de renascer sem perder a alma, mostrando como a memória rural pode ser reinventada para o futuro.

Castelo Rodrigo, a aldeia muralhada da Beira

Castelo Rodrigo
Porta de entrada na aldeia de Castelo Rodrigo

Sentinela sobre a paisagem beirã, Castelo Rodrigo é uma aldeia-museu. As muralhas, a cisterna medieval e as vistas de cortar a respiração fazem deste lugar um mergulho no passado com direito a horizonte infinito.

Erguida no alto de uma colina que domina a vasta paisagem de Riba Côa, Castelo Rodrigo é uma das aldeias mais impressionantes e bem preservadas do interior português. Passear pelas suas ruas estreitas é percorrer séculos de história, entre ruínas do castelo, solares manuelinos e a antiga cisterna medieval que ainda guarda o eco do passado.

Piódão, a aldeia-presépio do Açor

Visitar Piódão
A aldeia de Piódão numa manhã de novoeiro

Aninhada na encosta da Serra do Açor, Piódão parece saída de um conto de Hans Christian Andersen. O casario em xisto, com janelas azuis, encaixa-se na paisagem como se ali tivesse nascido com ela. Um ícone do Portugal profundo, onde o tempo se curva ao encanto.

As ruas estreitas e irregulares desta bela aldeia do centro do país, feitas de lajes de pedra, conduzem o visitante por entre casas que parecem repetidas num padrão encantado. A harmonia das construções, todas em xisto e madeira escura, é apenas quebrada pelo azul intenso das portas e janelas, cor escolhida para proteger contra os maus espíritos – dizem os antigos.

À noite, quando a aldeia se ilumina, Piódão transforma-se num presépio vivo, suspenso entre o silêncio da serra e o brilho das estrelas. É fundamental em qualquer compilação das aldeias mais bonitas de Portugal.

Campo Benfeito, a aldeia das Capuchinhas

Campo Benfeito, aldeias de Portugal
Rua de Campo Benfeito

Pequena e elevada, esta aldeia da Serra do Montemuro é outra que guarda segredos de outros tempos. Com o teatro popular, os produtos locais e a paisagem envolvente, rodeada por pastagens, giestais e carvalhais, a aldeia de Campo Benfeito respira autenticidade.

Passear pelas ruas estreitas pode significar encontrar um vizinho que ainda trabalha a terra, uma artesã que passa os dias na antiga escola primária a desenvolver artigos para a cooperativa Capuchinhas; ou até encontrar um ensaio espontâneo do Teatro Regional da Serra do Montemuro, o projeto cultural que devolveu alma e futuro à aldeia. Foi graças a este grupo que Campo Benfeito se tornou um símbolo de resistência e criatividade nas montanhas, mostrando que mesmo os lugares mais isolados podem renascer através da arte e da comunidade. É daquelas aldeias no Centro de Portugal que tem mesmo de visitar!

Veja também o artigo Turismo industrial: um roteiro no Centro de Portugal.

Manhouce, a aldeia das cantadeiras

Vozes de Manhouce
Vozes de Manhouce

Com raízes profundas na cultura beirã, Manhouce destaca-se pelas tradições musicais. Ali, a alma da montanha canta-se em cada pedra e em cada rosto. É a aldeia de Isabel Silvestre e as Vozes de Manhouce, que levaram a pronúncia do norte e o canto serrano a todo o país, transformando a tradição oral num símbolo de identidade.

Rodeada de pastos verdes, ribeiros e serras de granito, a aldeia de Manhouce guarda, pois, uma autenticidade rara, feita de gestos antigos e de uma relação íntima com a terra. As casas em pedra, os espigueiros e os caminhos estreitos testemunham uma vida marcada pelo trabalho agrícola e pela comunhão com a natureza, num equilíbrio que o tempo parece respeitar. E isso, para quem a visita, é sinónimo de belas recodrações.

Monsanto, a “aldeia mais portuguesa de Portugal”

Monsanto, aldeia mais portuguesa de Portugal
Vista da aldeia de Montanto

Considerada a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, graças a um concurso nacional conduzido ainda nos tempos da ditadura, Monsanto é um colosso granítico onde as casas se encaixam entre penedos. O cenário é dramático e belo, o cinzento dos penedos a contrastar com as cores vivas dos vasos que enfeitam as portas e janelas.

A cinematografia da aldeia atingiu reputação mundial – foi palco de algumas filmagens da famosa Guerra dos Tronos -, e é difícil ignorar a imagem do castelo altaneiro a coroar esta pérola da Beira. Com sorte, durante a visita, ainda ouvirá uma das adufeiras de Monsanto a tocar. A experiência tem tudo para ser inesquecível.

Penha Garcia, a aldeia dos fósseis e do castelo

Aldeia de fósseis e lendas, Penha Garcia revela-se num vale encantado com moinhos recuperados e trilhos que seguem o tempo geológico. É um destino onde a História e a natureza caminham lado a lado. Com as suas ruas íngremes e casas em pedra é, para mim, uma das aldeias mais fascinantes da Beira Baixa.

No alto, as ruínas do castelo templário oferecem uma vista deslumbrante sobre o vale e sobre o rio Ponsul, que deu forma à paisagem agreste e bela. É também nas suas margens que se esconde um dos maiores tesouros de Penha Garcia: pegadas fósseis com mais de 480 milhões de anos, integradas no Geopark Naturtejo. Aconselho o percurso pedestre Roteiro dos Fósseis – será conduzido entre quedas de água, azenhas recuperadas e formações rochosas que contam a história da Terra.

Belmonte, a aldeia de Pedro Álvares Cabral

Terra de Pedro Álvares Cabral e da herança judaica, Belmonte tem uma aura histórica bem vincada. É uma urbe onde o passado se sente em cada esquina: no castelo medieval que domina a paisagem, nas ruas estreitas onde viveu a antiga comunidade judaica e nas casas de granito que parecem contar as suas histórias. A herança dos Cabrais e a permanência da cultura sefardita fazem de Belmonte um lugar singular, onde diferentes mundos se cruzam e coexistem.

Hoje, essa memória está viva nos museus, nas tradições e na própria forma como os habitantes preservam o legado que lhes coube. O Museu dos Descobrimentos, o Museu Judaico e a sinagoga Bet Eliahu recordam que Belmonte é, ao mesmo tempo, berço de navegadores e refúgio de fé. Envolta por montes e vales, é também um ponto de partida ideal para explorar a Serra da Estrela, unindo história, cultura e natureza numa harmonia rara. É outra das mais belas aldeias de Portugal.

Sortelha, a aldeia de pedra intocada

Aldeias mais bonitas de Portugal: Sortelha
Entardecer na aldeia de Sortelha

Sortelha é um prodígio medieval. As suas muralhas envolvem um casario preservado que faz o visitante recuar séculos. Sim, caminhar por Sortelha é como atravessar uma linha do tempo intacta.

Entre penedos imponentes e muralhas de granito, Sortelha ergue-se como uma das mais bem conservadas Aldeias Históricas de Portugal. Do alto das muralhas, a vista estende-se sobre a Serra da Malcata e o planalto beirão, revelando a beleza austera do interior profundo. À noite, e tal como Piódão, quando as luzes se acendem e o vento sopra entre as torres, Sortelha ganha uma atmosfera mágica, quase fora do tempo. Imperdível!

Linhares da Beira, a aldeia dos ventos e das asas

Aldeias de Portugal: Linhares da Beira
Castelo de Linhares da Beira

Nas encostas da Serra da Estrela, Linhares da Beira conjuga património e paisagem com mestria. Não é caso único nesta lista de aldeias de Portugal, mas o castelo e as ruas de pedra fazem dela um tesouro arquitetónico com vista privilegiada. As casas graníticas, o pelourinho e a imponente igreja matriz compõem um cenário de rara harmonia, onde o passado medieval se entrelaça com a serenidade das montanhas.

Conhecida como a “aldeia dos ventos”, Linhares da Beira é hoje palco de campeonatos de parapente, atraindo aventureiros que se lançam do seu miradouro natural. Entre o voo e o silêncio, entre o granito e o céu, a aldeia é um lugar onde a beleza das coisas simples se impõe de forma natural.

Alcaide, a aldeia das cerejeiras em flor

Aldeias Portugal: Alcaide
Vista da aldeia de Alcaide

Alcaide é uma pequena aldeia do concelho do Fundão. Uma urbe que celebra o que é local, da gastronomia ao artesanato, passando pelas festas que animam as suas ruas. É um refúgio beirão com sabor genuíno. A Festa da Cereja, na primavera, que anima todas as aldeias do Fundão, também se festeja aqui; mas, na minha opinião, é no Míscaros – Festival do Cogumelo, celebrado em novembro, que terá a oportunidade feliz de sentir o calor nas ruas, mesmo quando o inverno começa a descer à Gardunha.

Videmonte, a aldeia nas franjas da Serra da Estrela

Passadiços do Mondego
Passadiços do Mondego, um dos grandes dinamizadores turísticos da aldeia de Videmonte

À porta do Parque Natural da Serra da Estrela, Videmonte vive entre o rigor do inverno e a exuberância do verão. As tradições rurais e a paisagem envolvente fazem desta aldeia um segredo bem guardado. O casario em granito, as ruas estreitas e o ritmo pausado contam histórias de quem sempre viveu em harmonia com a montanha. Apesar de não ser das mais visitadas, é uma das aldeias mais altas do concelho da Guarda – e uma das que melhor preserva o espírito serrano.

Dornes, a aldeia dos Templários

Frequentemente referida como uma das aldeias históricas mais belas de Portugal, a povoação de Dornes está instalada numa península nas margens do rio Zêzere, na albufeira de Castelo de Bode, e integra a marca turística Rota dos Templários.

Durante século XX, o Zêzere viu a sua fisionomia ser profundamente alterada com o aproveitamento hidroeléctrico do rio. Para os habitantes de Dornes, essas alterações tiveram o seu epílogo na década de 1950, com a construção da Barragem de Castelo de Bode e consequente subida das águas que viria a alterar de forma significativa a paisagem ribeirinha.

Para além da beleza natural envolvente, destaque para a Torre de Dornes, uma torre defensiva pentagonal única no contexto português. É, nas palavras oficiais, “a maior atração turística histórico-militar de Ferreira do Zêzere”.

Aldeias mais bonitas de Portugal: Alentejo

Flor da Rosa

Aldeias do Alentejo, Portugal: Flor da Rosa
Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa

Com um mosteiro-fortaleza a dominar a paisagem, Flor da Rosa pertence ao concelho do Crato e é um lugar onde o silêncio monástico se mistura com a ruralidade alentejana. É conhecida também pela arte da olaria, e tem ainda uma pequena escola de artes a funcionar.

A imponência da antiga sede da Ordem de Malta contrasta com a serenidade dos campos dourados em redor. É uma paragem obrigatória para quem aprecia património e paz.

Monsaraz

Monsaraz, visitar aldeias do Alentejo
Rua principal de Monsaraz

Monsaraz parece ser uma aldeia postal, um presépio altaneiro que se ergue altiva sobre o Alqueva, com muralhas que guardam séculos de história. As ruas de calçada, as casas caiadas e a vista infinita sobre o grande lago fazem desta aldeia uma das mais fotogénicas e poéticas de Portugal. Um dos ex-libris da aldeia é o seu castelo, mandado construir por D. Dinis e que está agora classificado como Monumento Nacional. É consensual considerá-la uma das aldeias mais bonitas de Portugal.

Vale a pena deambular vagarosamente pelas suas ruas, entrar nas lojas de artesanato, experimentar os simpaticos restaurantes. Tudo com muita calma, aproveitando o facto de na povoação raramente se verem carros (eles ficam estacionados, e muito bem, do lado de fora da muralha) e, sobretudo, apreciar um pôr do sol, altura em que a aldeia ganha uma luz mágica e quase irreal. Imperdível.

Evoramonte

Num cabeço solitário da Serra d’Ossa, Evoramonte surpreende com o seu castelo de torres cilíndricas, ícone do poder manuelino, e a brancura do casario. O horizonte estende-se em todas as direções, num mar de montes suaves e sobreiros, enquanto o casario em tons de branco repousa à sombra do castelo.

Caminhar pelas ruas estreitas da vila é sentir a harmonia entre pedra e luz, entre o silêncio e o vento que sopra da planície. Evoramonte não se visita com pressa, é até bem provável que prefira pernoitar na aldeia para a ver acordar, bem antes de qualquer turistas calcorrear as suas ruas. Fica a dica.

Belver

Castelo de Belver
O Castelo de Belver visto a partir do passadiço do Alamal

Belver é uma varanda sobre o rio Tejo, coroada por um castelo medieval que vigia o rio há séculos. Construído pelos Cavaleiros da Ordem do Hospital no início do século XIII, o castelo cumpria uma dupla missão: proteger o território e impulsionar o repovoamento da região. No seu interior, restam vestígios da antiga alcáçova, uma cisterna e a Capela de São Brás, onde ainda se pode admirar um retábulo quinhentista que outrora guardou relíquias sagradas trazidas da Palestina.

Tudo somado, é certo que as ruelas inclinadas de Belber, aliado ao som da água lá em baixo, criam uma atmosfera agradável que convida à reflexão. É o cenário ideal para uma escapadinha junto ao Tejo.

Baleizão

Foi em Baleizão que nasceu e viveu Catarina Eufémia, a trabalhadora rural assassinada em 1954 durante o regime do Estado Novo, tornando-se um ícone da resistência e da luta pelos direitos dos trabalhadores. A sua história ecoa nas ruas tranquilas, nas casas caiadas e no silêncio vasto da planície, lembrando a força e a dignidade de um povo que nunca deixou de sonhar com a liberdade.

Hoje, Baleizão convida à visita serena e ao encontro com a autenticidade alentejana. No Centro de Documentação Catarina Eufémia, pode conhecer-se melhor a vida e o contexto social em que viveu Catarina Eufémia. Nas redondezas, os campos dourados, as herdades e os caminhos rurais oferecem percursos ideais para caminhadas ou passeios de bicicleta.

Para além da carga histórica, Baleizão oferece a paisagem ondulada do Baixo Alentejo e a calma de um Alentejo profundo e genuíno. Uma aldeia portuguesa que é um retrato vivo da resistência e da ruralidade.

Porto Covo

Aldeias mais bonitas de Portugal: Porto Covo
Praça central de Porto Covo

Porto Covo é um daqueles postais perfeitos do litoral alentejano. Com praias de encantar e uma praça central digna de romance, esta aldeia piscatória conjuga o sal do mar com a doçura da vida simples. É fácil apaixonar-se por este pedaço de paraíso à beira-mar. Eu conheço há décadas e adoro, sendo para mim outra das mais belas aldeias de Portugal – sem qualquer dúvida.

Pense em casas caiadas de branco com faixas azuis, um casario alinhado em torno da Praça Marquês de Pombal e o cheiro a mar fresco – e perceberá o encanto irresistível de Porto Covo. Ali, o tempo é medido em marés, e o pôr do sol tem sempre um tom de despedida doce. Nos arredores sucedem-se praias belíssimas, como a da Samouqueira, a dos Buizinhos ou a mítica Ilha do Pessegueiro. O trilho que as liga é, também ele, um convite à descoberta lenta.

Alegrete

Alegrete - aldeias mais bonitas de Portugal
Vista da bonita vila de Alegrete

Encravada na Serra de São Mamede, bem perto da cidade de Portalegre, Alegrete é uma altaneira aldeia muralhada. Com vista sobre a paisagem raiana, é lugar de histórias antigas, castanheiros centenários e horizontes sem fim. A aldeia convida a conhecer a gastronomia local, feita de sabores robustos e receitas ancestrais, e a participar em festividades tradicionais que mantêm viva a cultura raiana.

Não é uma aldeia muito grande mas, mesmo assim, visitar Alegrete é mergulhar numa experiência muito agradável. E talvez não seja exagero dizer que em Alegrete história, natureza e tradição se misturam num equilíbrio perfeito. Gosto muito.

Santa Susana

Pormenor da aldeia de Santa Susana, Alentejo
Casario em Santa Susana

Terra de encanto e tradição, Santa Susana fica no concelho de Alcácer do Sal e parece ser o lugar onde o traço azul a contornar as casas alentejanas ganhou notoriedade, marcando a identidade desta região.

A serenidade da aldeia prolonga-se para a albufeira do Pego do Altar, ideal para caminhadas, observação de aves ou simplesmente contemplar a água refletindo o céu. A gastronomia local, rica e saborosa, inspira-se nos produtos da terra, do rio e do mar, completando a experiência de quem visita Santa Susana: uma combinação perfeita de paisagem e sabores alentejanos.

Corval

Roteiro no Alentejo Central: Olarias do Corval
Nélia Patalim na sua olaria em Corval

São Pedro do Corval é a capital da olaria alentejana. Ali, a tradição molda-se no barro e as oficinas mantêm viva uma arte ancestral. Um passeio pelas ruas é uma viagem entre cor, forma e memória, com a olaria sempre em pano de fundo.

A criatividade está à vista em cada canto. Há um museu muito interessante para visitar e, melhor ainda, várias olarias de portas abertas que nos permitem ver ao vivo e a cores (muitas cores) como se mantém a tradição oleira. É fascinante assistir ao trabalho na roda e às pinturas à mão de cada uma das peças em oficinas como a de Rui Patalim.

Vila de Frades

No coração do Alentejo, na mais pequena freguesia do concelho da Vidigueira, Vila de Frades é uma aldeia onde a vinha e o barro ditam o ritmo da vida.

Famosa pelo vinho de talha, tradição que remonta aos tempos romanos, a aldeia mantém viva a cultura do Alentejo em cada copo, cada cante e cada gesto do ciclo da produção vinícola. As ruas tranquilas e o casario discreto convivem com a paisagem dourada da vinha, oferecendo uma experiência autêntica e intimamente ligada ao território.

O Centro Interpretativo do Vinho de Talha (CIVT) transforma essa tradição em experiência sensorial e cultural. Aberto em 2020, permite aos visitantes descobrir cheiros, aromas, sons e histórias da vinha e do vinho, desde o cultivo até à taberna.

Mina de São Domingos

Aldeias de Portugal: Mina de São Domingos
Antigas oficinas ferroviárias da Mina de São Domingos, Mértola

Paisagem lunar, lagoa azul e ruínas industriais. A Mina de São Domingos é diferente de todas as outras: um cenário pós-industrial que conta a saga da mineração no Alentejo profundo. O silêncio das minas contrasta com a beleza inesperada. É um lugar onde a natureza e a memória convivem. Recomendam-se banhos na Tapada Grande e uma visita à Casa do Mineiro para conhecer a história incrível desta aldeia do concelho de Mértola. É mais uma das aldeias imperdíveis no Sul do país.

Aldeias mais bonitas de Portugal: Algarve

Aljezur

Aljezur nasceu entre colinas férteis e dunas douradas, e conserva ainda hoje o traço árabe no desenho das suas ruas estreitas e na harmonia do casario. O tempo parece abrandar entre os becos e as escadas que ligam a vila antiga à parte moderna, onde se encontram cafés, galerias e mercados cheios de vida.

Mas é nos arredores que Aljezur revela o seu lado mais indomável: as praias da Amoreira, de Monte Clérigo e da Arrifana são um paraíso para surfistas e amantes da natureza, com falésias monumentais e areais quase desertos. Visitar Aljezur é sentir o encontro entre serra e oceano, entre a tranquilidade do interior e a força bruta do Atlântico — um lugar onde o Alentejo se despede e o Algarve começa, com alma e beleza em partes iguais.

Alte, a aldeia das artes

Aldeia de Alte, Algarve
O artista Daniel Vieira, uma das mais notáveis figuras de Alte, junto a um mural no centro da aldeia

No coração do barrocal algarvio, em pleno município de Loulé, Alte preserva com orgulho as suas tradições. As fontes de água fresca, os moinhos e as ruas floridas compõem um retrato vivo do interior algarvio, longe da azáfama costeira. É uma aldeia onde se respira música e cultura, particularmente visível nas muitas pinturas murais que evocam as associação culturais da terra e os seus benfeitores. É perfeita para quem procura autenticidade e sossego.

Cachopo

Em plena Serra do Caldeirão, Cachopo é um refúgio serrano que parece parado no tempo. Os caminhos de xisto, os campos de medronheiros e a hospitalidade genuína dos seus habitantes tornam a visita memorável – é o Algarve rural no seu estado mais puro.

Explorar Cachopo é descobrir um território rico em património natural, arqueológico e cultural. Os trilhos pedestres conduzem a montes como Azinhosa, Graínho e Casas Baixas, onde a arquitetura serrana se revela em fornos comunitários, eiras, chaminés rendilhadas e antigos moinhos de vento. O Núcleo Museológico de Cachopo e os restaurantes locais completam a experiência, permitindo conhecer a história, as tradições e os sabores da serra algarvia.

Estói, a aldeia do palácio

No coração do Algarve, a apenas dez quilómetros da cidade de Faro, Estói brilha como uma aldeia aristocrática, onde a história e a elegância se entrelaçam. Conhecida como Aldeia Branca, as suas ruas estreitas, os cafés e restaurantes tradicionais convidam a passeios tranquilos, onde cada detalhe revela o charme discreto de um passado que continua presente.

E o Palácio de Estói, com a sua imponente fachada rococó, escadaria dupla e jardins de estilo francês, transporta o visitante para o final do século XIX, enquanto as ruínas romanas de Milreu lembram a presença clássica que marcou a região séculos antes.

Cacela Velha

Algarve: praia de Cacela Velha
Praia de Cacela Velha, Algarve

Suspensa sobre a Ria Formosa, Cacela Velha é uma das aldeias mais encantadoras de Portugal. Com ruas estreitas e casas caiadas de branco, a aldeia exibe a serenidade do tempo passado, coroada pela Igreja Matriz, de 1583, com o seu portal renascentista, e pela Fortaleza de Cacela, construída sobre antigas muralhas mouriscas.

Cada recanto oferece panorâmicas deslumbrantes sobre a praia e a Ria Formosa, tornando a visita à aldeia tão cativante quanto um passeio pelo areal. A famosa Praia de Cacela Velha, também conhecida como Praia da Fábrica, estende-se por mais de dois quilómetros de areal e varia conforme a maré, formando piscinas naturais e lagoas ideais para famílias e banhos tranquilos. Apesar da crescente popularidade, a praia mantém zonas quase desertas, perfeitas para quem procura sossego ou a experiência do naturismo. Imperdível.

Dicas para visitar as aldeias de Portugal

Transportes em Portugal

Apesar de haver muitos autocarros e comboios a unir as principais cidades portuguesas, a verdade é que, para visitar as aldeias de Portugal é imprescindível ter carro. Especialmente porque a maioria fica no interior, região com menos oferta de transportes coletivos.

Assim, caso precise de alugar uma viatura, sugiro que simule os preços dos carros alugados na plataforma Discovercars. Se viajar fora das épocas de maior procura, vai ver que encontra carros muito baratos – eu já aluguei por menos de 5€ / dia no inverno.

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Onde ficar em Portugal

No que toca ao alojamento, ao longo do artigo fui indicando uma ou duas unidades hoteleiras em cada aldeia referenciada, pelo que pode tomar essas sugestões como ponto de partida. Para pesquisar hotéis em qualquer outro destino português pesquise usando o link abaixo.

Pesquisar hotéis em Portugal

Seguro de viagem

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Filipe Morato Gomes

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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