Não imaginam o quão bem me soube visitar Castro Laboreiro novamente. Durante anos, passei férias de verão na região, pertencente ao concelho de Melgaço, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Ficava hospedado na Casa do Barreiro, uma antiga casa de guardas florestais a poucos quilómetros da vila. Tomava banhos no Rio Laboreiro; explorava o planalto castrejo em busca de mamoas megalíticas, curioso com as escavações arqueológicas que então decorriam; fazia caminhadas até ao Castelo de Castro Laboreiro, ou por trilhos para lá da Ponte da Cava da Velha, e por vezes até seguindo pelas serranias até Lamas de Mouro, munido apenas com cartas militares. E que boas memórias guardo desses tempos!
Sim, fui muito feliz em Castro Laboreiro. Daí que este regresso, tantos anos volvidos, tenha tido tanto de mágico como de emocionante.
Neste artigo, partilho um pouco desse fascínio por uma terra fantástica nos confins de Portugal. Eis, pois, o que fazer em Castro Laboreiro, uma região do país que não me canso de visitar.
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O que visitar em Castro Laboreiro
- Castelo de Castro Laboreiro
- Igreja de Santa Maria da Visitação (Igreja Matriz)
- Núcleo Museológico de Castro Laboreiro
- Pelourinho de Castro Laboreiro
- Ponte da Cava da Velha
- Ponte da Varziela
- Passeio de jipe pelo planalto de Castro Laboreiro
- Lagoas do Rio Laboreiro
- Aldeia de Pontes
- Aqueduto de Pontes
- Fazer o Trilho Castrejo (PR3 MLG)
- Conhecer o cão de Castro Laboreiro (raça)
- Visitar a Porta de Lamas de Mouro
- Praticar arvorismo em Lamas de Mouro
- Mapa com as principais atrações de Castro Laboreiro
- Dicas para visitar Castro Laboreiro
O que visitar em Castro Laboreiro
Castelo de Castro Laboreiro
Mandado erigir por D. Dinis sobre o que se supõe ter sido uma anterior fortificação, o Castelo de Castro Laboreiro tem uma estrutura oval de que resta pouco mais do que alguns trechos da muralha.
Desenhos do século XVI sugerem, no entanto, a existência de cinco torres quadrangulares envolvendo a torre de menagem, e ainda de uma cisterna do lado norte da fortificação.
Apesar do mau estado provocado pelo passar dos séculos, visitar o Castelo de Castro Laboreiro é sempre uma experiência recomendável. Fi-lo, uma vez mais, com o mesmo prazer dos tempos de miúdo.
O pequeno trilho para lá chegar a partir da vila é muito agradável e, não menos importante, as vistas sobre o vale e as serras são maravilhosas!
Igreja de Santa Maria da Visitação (Igreja Matriz)
A Igreja Matriz de Castro Laboreiro é um pequeno templo de fundação pré-românica, de nave única, situado num adro murado no centro da vila.
A fachada é austera e resulta de uma remodelação setecentista, sendo que não consegui visitar o interior por se encontrar fechada de todas as vezes que por lá passei.
Núcleo Museológico de Castro Laboreiro
Apesar de modesto, o Núcleo Museológico de Castro Laboreiro vale uma curta visita. Instalado na antiga Fábrica de Chocolates de Caravelos, o museu promove a história e etnografia da região.
Referência especial para a informação sobre as Brandas e Inverneiras (ver mais informações, abaixo), e ainda sobre a necrópole megalítica do planalto de Castro Laboreiro.
Contígua ao edifício principal do museu, existe ainda uma casa castreja transformada em museu, onde é possível vislumbrar o que seria uma habitação regional na segunda metade do século XX.
Pelourinho de Castro Laboreiro
Reza a história que o primitivo pelourinho de Castro Laboreiro, datado do século XVI, foi, três séculos depois, desmontado e “as suas peças dispersas por várias casas da vila”.
O acontecimento está explicado num placard informativo que adianta que o monumento “faz parte da arquitetura judicial manuelina”.
Para mim, desde sempre me fascinou. É, sem dúvida, um dos pormenores arquitetónicos a visitar em Castro Laboreiro.
Ponte da Cava da Velha
Também conhecida como Ponte Nova, a Ponte da Cava da Velha é uma construção romana sobre o Rio Laboreiro, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês. É, porventura, o ícone maior do legado romano na região, e um dos mais procurados por quem decide visitar Castro Laboreiro.
Foi originalmente construída por volta do século I e mais tarde, na época medieval, foi adaptada, sendo transformada numa ponte com tabuleiro em cavalete e dois arcos. Desta construção medieval pode ainda vislumbrar-se o pavimento composto por grandes lajes e guardas de cantaria que ligam, dos dois lados, a uma calçada romana.
Ponte da Varziela
Na literatura oficial, a Ponte da Varziela é “uma construção de arco de volta perfeita, alicerçado na rocha de granito que aflora nas margens”, tendo “um aparelho construtivo rude e mal-afeiçoado”.
De facto, não é a mais entusiasmante ponte de Castro Laboreiro; mas consta que faria parte da rede viária minhoto-galaica, sendo por isso um monumento de relevo.
É de lá que partem alguns passeios de canyoning no Rio Laboreiro.
Caso tenha interesse por estas pontes, há ainda a ponte romana de Dorna, na estrada a caminho da Ameijoeira e da aldeia de Pontes.
Passeio de jipe pelo planalto de Castro Laboreiro
Lembro-me de, em miúdo, visitar o planalto de Castro Laboreiro com os meus pais, múltiplas vezes, sempre a bordo do nosso inquebrável jipe Toyota Land Cruiser.
A ideia era, não só contemplar e conhecer a paisagem do planalto, mas também ver os vestígios pré-históricos existentes na região, incluindo a chamada Necrópole Megalítica, tida como uma das maiores e mais importantes da Peneda-Gerês. As mamoas com dólmen megalítico permanecem em bom estado de conservação.
Desta feita, por dificuldades de agenda, acabei por não regressar ao planalto de Castro Laboreiro, mas fica a referência para os interessados. Porque vale mesmo a pena!
Para organizar um passeio pelo planalto – seja de jipe ou a pé -, contacte as empresas Montes de Laboreiro e Just Natur.
Lagoas do Rio Laboreiro
Recanto da adolescência, voltei a esta lagoa no Rio Laboreiro para dar mergulhos e resgatar memórias. Do tempo em que deixávamos melões e melancias no curso de água para se manterem frescos; em que percorríamos o leito do rio a pé, no que hoje se chamaria river trekking; e onde íamos tomar banho à noite, pelo simples prazer da aventura.
Boas recordações. Um sorriso na cara. Ao ponto de me ter emocionado ao chegar ali tantos anos depois. Porque é a minha lagoa!
É possível nadar em muitas pequenas lagoas formadas ao longo do Rio Laboreiro. Outros locais conhecidos incluem a Ponte da Cava da Velha e o Poço do Contador.
Aldeia de Pontes
A aldeia de Pontes é uma inverneira localizada a pouco mais de 6km de Castro Laboreiro, atualmente a beneficiar do trabalho de Manuel Rodrigues, um filho da terra – emigrante em França por muitos anos – que, com as suas próprias mãos, decidiu ir reconstruindo as antigas casas da aldeia, convertendo-as para turismo rural.
Era lá, na inverneira de Pontes, que os habitantes passavam os três meses mais frios do ano; subindo para as brandas de Campelo e Formarigo assim que a primavera se anunciava. Ainda hoje há uma mão-cheia de famílias a praticar a transumância na região.
É um espaço para descansar e desligar a tecnologia – até porque nem a rede móvel se apanha com facilidade no coração da aldeia. E, mais do que visitar a aldeia de Pontes de passagem, recomendo mesmo que fique lá hospedado (ver onde ficar em Castro Laboreiro, abaixo).
Não muito longe da aldeia fica a Cascata do Pântano de Pontes, o aqueduto e as lagoas do Poço do Contador.
Nota sobre brandas e inverneiras
As brandas e as inverneiras são núcleos habitacionais temporários, típicos do antigo modo de vida em transumância. As populações deslocavam-se das suas habitações nos vales e outras zonas baixas, onde o frio não era tão intenso (as inverneiras), para as zonas mais altas da serra, onde abundavam pastos férteis para alimentar o gado (as brandas).
Era um sistema muito comum, por exemplo, nas serras do Soajo e da Peneda-Gerês, região onde continua a haver pessoas a praticar a transumância, alternando entre brandas e inverneiras ao longo do ano.
Aqueduto de Pontes
Mesmo conhecendo relativamente bem Castro Laboreiro, desconhecia a existência do Aqueduto de Pontes. Trata-se de um aqueduto de rega de curta extensão, assente sobre pilares de granito, que terá sido edificado nos anos 1940.
Junto do aqueduto ergue-se um cruzeiro simples, também em granito, com um pedestal quadrangular sobre o qual assentam umas alminhas e uma cruz latina.
A poucas centenas de metros fica o chamado Poço do Contador, onde se tomam uns banhos fantásticos.
Fazer o Trilho Castrejo (PR3 MLG)
O Trilho Castrejo é uma Pequena Rota de 17km de extensão, ao longo dos antigos caminhos que ligavam as brandas às inverneiras, fundamentais no estilo de vida em transumância.
Assim, com início e término na vila de Castro Laboreiro, o trilho passa pelas inverneiras de Barreiro, Assureira, Curveira, Bico, Cainheiras e Varziela, atravessando também a belíssima Ponte da Cava da Velha e outros locais que não deixam esquecer a antiguidade da ocupação humana no território castrejo.
Não menos importante, a caminhada atravessa paisagens variadas e de grande beleza, que vão dos ambientes graníticos da serra até aos frondosos bosques de carvalho-alvarinho. Recomendo vivamente.
Conhecer o cão de Castro Laboreiro (raça)
Desde que, pela primeira vez, visitei Castro Laboreiro que aprecio as feições do cão de Castro Laboreiro, uma antiga raça de cão autóctone utilizada para a guarda de rebanhos.
Para quem gosta de cães, e para além do contacto com os canídeos que andam pelas ruas da vila, é possível visitar o canil local e aprender um pouco mais sobre esta raça. Fica a dica.
Visitar a Porta de Lamas de Mouro
As Portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês são centros informativos vocacionados para a promoção do conhecimento e a divulgação dos valores naturais e culturais do território do parque.
Ao todo, existem cinco portas, cada uma responsável por abordar uma temática específica: Porta de Lamas de Mouro (Ordenamento do Território); Porta do Mezio (Conservação da Natureza e Biodiversidade); Porta de Lindoso (Água e Geologia); Porta de Campo do Gerês (História e Civilizações); e Porta de Montalegre (Paisagem).
No caso da Porta de Lamas de Mouro, a exposição temática procura retratar a forma de povoamento no concelho de Melgaço, incluindo as brandas (como as do planalto castrejo) e as inverneiras (como as abrigadas no vale do Laboreiro).
Uma dessas brandas é a Branda da Aveleira, que fui visitar a caminho de Castro Laboreiro.
Praticar arvorismo em Lamas de Mouro
Caso viaje com adolescentes na família, deixo aqui uma última sugestão: ir até Lamas de Mouro para praticar arvorismo. O percurso é desafiante e nem toda a gente ultrapassa o medo, mas os filhos crescidos vão adorar.
Mapa com as principais atrações de Castro Laboreiro
Dicas para visitar Castro Laboreiro
Melhor época para visitar Castro Laboreiro
Dada a recente popularidade de todo o Parque Nacional da Peneda-Gerês, evite, se possível, os fins de semana e todo o pico do verão (principalmente o mês de agosto). Nessas alturas, há muitos visitantes portugueses e espanhóis que aproveitam o fim de semana para uma escapadinha a Castro Laboreiro, lotando locais como a Ponte da Cava da Velha e os restaurantes – pelo que a experiência é menos interessante.
De resto, caso opte por visitar Castro Laboreiro durante o inverno, tenha em mente que as temperaturas podem ser muito baixas, especialmente após o anoitecer. Leve equipamento apropriado.
Como chegar a Castro Laboreiro
Tendo como referência a cidade do Porto, a melhor forma de chegar a Castro Laboreiro (sem cruzar a fronteira) é seguir pela A3 até Valença e, daí, prosseguir pela EN101, EN202 e EN202-3 até Castro Laboreiro. No total, são pouco mais de 150km de viagem.
Onde ficar
Para viver uma experiência diferente, atente no projeto do castrejo Manuel Rodrigues que, sozinho, vai aos poucos recuperando a inverneira de Pontes, localizada a 6km de Castro Laboreiro. Entre as casas de turismo rural atualmente disponíveis. que no seu conjunto são conhecidas como pelo nome da aldeia – Aldeia de Pontes – contam-se a Casa da Forja, a Casa da Eira, a Casa da Corga e a Casa do Lume, entre outras. É uma escolha para quem quer isolamento e sossego; e pode não ser para todos os gostos (por exemplo, não tem wi-fi, e até a rede telefónica é muito fraca). Eu adorei!
Igualmente fora da vila, mas na direção de Lamas de Mouro, ficam os belíssimos Moinhos do Poço Verde – que também recomendo vivamente.
Por fim, caso pretenda ficar dentro da malha urbana de Castro Laboreiro, julgo que a opção com melhor relação qualidade/preço será a Just Natur Guesthouse; se bem que os tradicionais Miradouro do Castelo e Hotel Miracastro não sejam, naturalmente, de descartar. Para outras opções de alojamento, pesquise usando o link abaixo.
Pesquisar hotéis em Castro Laboreiro
Gastronomia e onde comer
Sendo uma vila pequena, não há muitos restaurantes em Castro Laboreiro. Ainda assim, entre as opções mais recomendadas, referência para dois restaurantes localizados frente a frente, no final da urbe.
São eles o Miradouro do Castelo e o restaurante do Hotel Miracastro, especialistas na gastronomia regional (pense em cabrito assado no forno, vitela assada ou bacalhau com broa). Almocei ou jantei em ambos, e recomendo-os. O primeiro tem um terraço perfeito para dias de bom tempo; o segundo tem excelentes profissionais atrás do balcão e pratos que me pareceram superiores. Se tivesse de escolher apenas um, iria ao Miracastro.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Outros destinos a visitar em Portugal
Se está a pensar visitar Castro Laboreiro, talvez tenha interesse em saber um pouco mais sobre o que ver e fazer noutras aldeias, cidades e ilhas portuguesas.
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