Golden Gai, a noite alternativa no coração de Tóquio (são mais de 200 bares!)

A zona de Shinjuku é conhecida pelos néons, multidões e arranha-céus, e a sua estação de metro é uma das mais movimentadas de Tóquio. Não deixa por isso de ser curioso que, paredes-meias com esse caldeirão de urbanidade megalómana, existam áreas tão tradicionais como o Piss Alley e o Golden Gai.

Golden Gai é um dos raros lugares de Tóquio que não foi arrasado por bulldozers para ser modernizado. Permanece, por isso, uma espécie de gueto no coração de Tóquio, como se fosse um bairro de lata mais arranjado, transformado em local de culto da noite underground da capital.

À procura de um bar em Golden Gai

Tinha lido em blogs como o de Kate McCulley algumas particularidades sobre os inúmeros bares de Golden Gai. São, na verdade, mais de 200 bares minúsculos (a maioria não tem mais do que meia dúzia de lugares) espalhados por seis ou sete ruas contíguas. Muitos só aceitam os clientes regulares ou recusam-se a servir estrangeiros. E boa parte deles são temáticos; entre os quais bares muito estranhos, como um decorado tipo hospital, pejado de objetos hospitalares e uma empregada de balcão vestida de enfermeira.

Os bares Albatross, Bar Darling, Kenzo’s Bar, Bitter Orange, Bistro Pavo ou Asyl são alguns dos mais recomendados de Golden Gai. Pela minha parte, vagueei pelas ruelas sem objetivo definido, apenas na tentativa de encontrar algum bar onde tomar um copo barato.

Acontece que a esmagadora maioria dos bares cobrava um valor pela entrada, razão pela qual, viajando com orçamento controlado e sendo o álcool um dos itens onde se pode poupar bastante em viagem, acabei por desistir de tomar um copo em Golden Gai. Foi quando aconteceu um daqueles imprevistos que enriquecem as viagens.

Um gin e karaoke no Champions Bar

Estava já de saída de Golden Gai, desanimado igualmente com os preços das bebidas nos bares que não exigiam pagamento à entrada, quando meti conversa com um casal que fumava à porta de um bar chamado Champions. Ele era de Osaka, ela de Tóquio e estávamos a falar quando ele mencionou que, no Champions, as bebidas custavam apenas 300¥; e, melhor que tudo, não cobravam entrada. Perfeito, pensei.

Entrei. Pedi um gin tónico e fiquei a ouvir os clientes a cantarem karaoke. O gin não era grande coisa (o que poderia esperar por aquele preço?!) e dificilmente os notívagos poderiam ter dotes musicais menos desenvolvidos; mas, em compensação, o ambiente era, digamos, engraçado.

Diverti-me.

É certo que o dia tinha sido comprido e eu não estava imbuído no espírito notívago e, por isso, não entrei nos bares mais emblemáticos (e estranhos) de Golden Gai.

Ainda assim, valeu a pena!

São lugares assim – com personalidade – que vale a pena encontrar em viagem.