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Roteiro na Sardenha: o que visitar na belíssima ilha italiana

Por Filipe Morato Gomes
Roteiro na Sardenha: Praia Spiaggia Poltu Di Li Cogghj, Costa Esmeralda
Vista da praia Spiaggia Poltu Di Li Cogghj (Praia do Príncipe), na Costa Esmeralda da Sardenha

Procura o que visitar na Sardenha? Apesar da ilha ser principalmente conhecida como um destino de verão, muito por causa das belas praias da Costa Esmeralda, a verdade é que a Sardenha é um destino para quase todo o ano. Dito isto, este roteiro na Sardenha aplica-se melhor numa viagem em clima de férias de verão, favorável para aproveitar as praias.

Tenha em atenção que a Sardenha é muito extensa e diversificada, pelo que há muito a visitar na ilha. Vale por isso a pena investir algum tempo a pensar o que fazer na Sardenha, tentando distribuir essas atrações pelos vários dias de viagem para aproveitar ao máximo as férias na Sardenha. Não fique só pelas calas e praias… e talvez se surpreenda!

Nuraghi, Sardenha
Vestígios do povo Nuraghi, na Sardenha

Partilho neste artigo o meu roteiro na Sardenha, dia a dia, para que possa adaptar o itinerário aos seus gostos pessoais, tempo disponível e objetivos da viagem. Foram duas semanas intensas, com dias muitíssimo bem aproveitados, distribuídos por cinco bases distintas, em diferentes regiões da ilha: Cagliari, Alghero, Costa Esmeralda, La Maddalena e Cala Gonone. Mas viajei com crianças, pelo que tive de adaptar o ritmo da viagem.

Encare então este roteiro de viagem à Sardenha como um ponto de partida para elaborar o seu próprio itinerário. Vamos a isso!

Roteiro na Sardenha

Aterrei na Sardenha às 21:00 de uma segunda-feira, pelo que nesse dia tive apenas tempo de recolher o carro alugado e seguir para um jantar tardio em Cagliari. Por isso, esse dia não está contemplado neste roteiro na Sardenha. Foi, por assim dizer, o dia zero da viagem.

Veja tudo o que precisa saber sobre alugar carro na Sardenha.

Dia 1: Cagliari

Sardenha o que visitar: Cripta da Catedral de Cagliari
Cripta da Catedral de Cagliari, capital da Sardenha

O primeiro dia na Sardenha foi inteiramente dedicado a visitar Cagliari. Para tal, acordei cedo e fui imediatamente explorar o Mercado Cívico de San Benedetto. Fui muito bem recebido e em nenhum momento senti hostilidade, por vezes comum em alguns mercados. Deram-me a provar Bottarga, uma especialidade mediterrânica feita de ovas secas de tainha, mas o meu palato não pareceu muito agradado.

Mais satisfeito ficou com o pequeno-almoço, até porque à saída do mercado provei pardulas e uma pizzetta sfoglia cagliaritana. E, como tencionava cozinhar algumas vezes durante a viagem à Sardenha, fui a um hipermercado comprar víveres (muitas massas, claro).

Terminada essa tarefa, voltei ao centro para percorrer as ruas pedonais em torno da Igreja de São Miguel (que, infelizmente, estava encerrada para obras). Segui então rumo à Catedral de Cagliari, com passagem pela imponente Torre do Elefante, e fiquei fascinado com a riqueza decorativa da catedral. Não deixe de ir à cripta – é extraordinária! Quando me preparava para sair, o órgão de tubos começou a tocar, pelo que me sentei a contemplar aquela reconfortante sonoridade durante largos minutos. Vai ficar na memória…

Depois de conhecer o Castello San Michele e para terminar o primeiro dia do roteiro na Sardenha, ao final da tarde fui então dar o primeiro mergulho de mar destas férias em família, pelo que fui até à Praia do Poeta. Como praia urbana não é nada má, mas honestamente não fiquei fã. Há muitas, muito melhores ao longo de todo o litoral da Sardenha.

Dormida: guesthouses Orma Design Rooms ou Relais Santa Croce, em Cagliari. Veja onde ficar em Cagliari para outras sugestões.

Dia 2: Praias do sul da Sardenha

Praia Tuerredda, Sardenha
Praia Tuerredda, uma das melhores praias da Sardenha

Pessoalmente, não sou muito de fazer praia; mas o resto da família adora! Foi por isso com algum ceticismo que alinhei num dia inteiramente dedicado a banhos de mar. Mas a verdade é que foi incrível.

Viajar com crianças é, naturalmente, bastante diferente de viajar sozinho; e, quando estávamos a escolher o destino de férias, o pedido mais comum era “calor e boas praias”. Sardenha, portanto!

E assim passei praticamente todo o dia na praia Tuerredda, uma praia absolutamente deslumbrante perto do Cabo Malfatano. Entre banhos e lagartar, passaram-se horas e horas e horas. Mas ainda tive tempo de conhecer o não menos bonito areal de Su Giudeu, nas proximidades de Tuerredda, antes de regressar a Cagliari.

Por esta altura, ainda não sabia que as melhores praias da Sardenha eram ainda mais extraordinárias do que as fantásticas praias de Menorca ou praias de Maiorca. Mas, ao longo dos dias seguintes, haveria de comprovar que, por toda a ilha, de norte a sul, não faltam praias incríveis para umas férias de verão inesquecíveis. Não tenho palavras para as cores daquele mar…

Dormida: guesthouses Orma Design Rooms ou Relais Santa Croce, em Cagliari.

Dia 3: Jardim Sonoro de Pinuccio Sciola e Su Nuraxi de Barumini

Roteiro Sardenha: Jardim Sonoro de Pinuccio Sciola
Jardim Sonoro de Pinuccio Sciola, em San Sperate

Saí de Cagliari com o objetivo de rumar a Alghero, mas programei algumas paragens pelo caminho. A primeira foi no Jardim Sonoro de Pinuccio Sciola, que fica na aldeia de San Sperate. E ainda bem que o fiz. Foi a surpresa maior deste roteiro de viagem na Sardenha.

Isto porque o Jardim Sonoro de Pinuccio Sciola é uma obra de arte única e original. Trata-se de um museu a céu aberto, com instalações de pedra – calcário, basalto, granito – criadas desde a década de 1960, que produzem “sonoridades místicas e ancestrais”. É, nas palavras do museu, “um lugar rodeado de vegetação, cheio de energia, que envolve todos os sentidos, dando aos visitantes a oportunidade de desfrutar, numa dimensão inédita, da Arte e da Natureza. Uma natureza viva, até ao seu elemento mais imóvel e silencioso: a pedra”. Absolutamente incrível!

Já visitei muitos museus por este mundo fora, mas poucas vezes fui tão surpreendido como em San Sperate.

Segui então para o complexo arqueológico de Su Nuraxi de Barumini, classificado como Património Mundial pela UNESCO. Trata-se de uma vila fortificada com epicentro num nurago “construído por volta do século 16 a.C.”, e muros enormes “construídos com técnicas de construção megalíticas clássicas”.

Nurago ou Nurague é um tipo de torre-fortaleza troncocónica, próprio da cultura nurágica da Sardenha, em que se aplica o princípio da falsa cúpula, originário do Mediterrâneo oriental. São construções que datam da Idade do Bronze, a partir do II milénio a.C.

in Wikipedia

Prosseguindo viagem para o norte da Sardenha, fiz ainda uma curta paragem no povoado de Bosa. Mas estava demasiado calor para passear na vila, pelo que optei por continuar quase de imediato para Alghero.

Depois de me instalar no centro da cidade de Alghero, tempo ainda para dar um mergulho de fim de tarde na praia Bombarde, onde acabei por ficar para jantar.

Dormida: guesthouses Alghero Roof Garden ou Panta Rei (centro histórico); ou Alma di Alghero Hotel (praia), em Alghero. Veja onde ficar em Alghero para outras opções.

Dia 4: Praia La Pelosa e Alghero

Sardenha o que visitar: Alghero
Vista das muralhas de Alghero, Sardenha

Dia dedicado a visitar La Pelosa, provavelmente a praia mais famosa da Sardenha. Infelizmente, e como seria de esperar, estava demasiada gente, pelo que não pude desfrutar da praia da melhor forma possível. Mas, ainda assim, não há como negar a beleza de La Pelosa.

De regresso a Alghero, tempo para explorar o centro histórico amuralhado e ficar a conhecer um pouco melhor as belezas da cidade. Gostei muito – e creio, aliás, que Alghero mereceria maior destaque neste roteiro na Sardenha. Fica a dica.

Dormida: guesthouses Alghero Roof Garden ou Panta Rei (centro histórico); ou Alma di Alghero Hotel (praia), em Alghero.

Dia 5: Castelsardo e Praia Rena Bianca

Roteiro na Sardenha: Castelsardo
Vista de Castelsardo, uma das mais charmosas povoações da Sardenha

O quinto dia do roteiro na Sardenha implicou nova mudança de poiso. Desta feita, o destino final era Olbia, mas o objetivo principal do dia era visitar a belíssima povoação de Castelsardo, na província de Sassardi. E posso garantir que vale bem a pena.

Castelsardo é uma urbe muito pitoresca, com ruas íngremes e estreitas, com um ambiente muito agradável. Está muito voltada para o turismo, é certo, mas ainda é possível encontrar artesãos como Tonino Borrielli, que trabalha o junco, e pessoas genericamente muito simpáticas. Gostei muito!

A meio da tarde, a ideia era dar uns mergulhos numa das muitas praias da Sardenha, e a escolha recaiu na praia Rena Majori. Feliz ou infelizmente, o mar estava com demasiada ondulação para o elemento mais pequeno, pelo que decidi rumar à (muito melhor) praia Rena Bianca, em Santa Teresa Gallura, para uns merecidos mergulhos. Há males que vêm por bem!

Quanto a Olbia propriamente dita, neste dia fui apenas lá dormir.

Dormida: L’Essenza Hotel ou In centro da Viola – Eco Design Rooms, em Olbia.

Pela lógica geográfica, deveria ter seguido de Alghero para o arquipélago de La Maddalena e só depois para Olbia, que fica mais a sul. Mas quis evitar La Maddalena durante o fim de semana (quando fica ainda mais lotada de gente), pelo que inverti a ordem.

Dia 6: Costa Esmeralda

Roteiro de viagem na Sardenha: Praia Porto Istana
Vista da praia Porto Istana, na Sardenha

Primeiro dia a explorar a afamada Costa Esmeralda da Sardenha. Na verdade, e com o cansaço acumulado por causa de uns primeiros cinco dias de viagem muito intensos, a manhã foi passada em modo relax. Fui às compras a um supermercado, fiz o almoço na casa alugada em Olbia; e só da parte da tarde decidi explorar algumas das praias da Costa Esmeralda. E que praias!

Assim, a tarde foi divida entre as praias Brandinchi e Porto Istana, ambas bastante movimentadas mas lindíssimas. Não exagero, aliás, se disser que foram duas das mais bonitas praias que conheci na viagem, pelo que as deve mesmo incluir no seu roteiro na Sardenha. Não se vai arrepender.

Dormida: L’Essenza Hotel ou In centro da Viola – Eco Design Rooms, em Olbia.

Dia 7: Praia Capriccioli Este, na Costa Esmeralda

Praia Capriccioli Este, Sardenha o que visitar
Vista da praia Capriccioli Este, na Costa Esmeralda, uma das melhores praias da Sardenha

Ao sétimo dia do roteiro na Sardenha, nova jornada dedicada ao dolce fare niente numa das mais belas praias da Sardenha. Mesmo!

Ora, se no dia anterior tinha rumado para sul de Olbia, desta vez fui explorar a costa a norte da cidade. A praia eleita foi a Capriccioli Este, e posso garantir que foi a minha praia favorita em toda a Costa Esmeralda – quiçá também da Sardenha. Vale o que vale, até porque o assunto é totalmente subjetivo, mas eu adorei a praia Capriccioli Este. É linda, linda!

Após muitas horas de deleite e estando entusiasmado com a praia Capriccioli, antes de regressar a Olbia decidi visitar ainda a praia Poltu Di Li Cogghj, onde me diverti a fazer voar o drone e a perscrutar a Costa Esmeralda de outra perspetiva. Wow! Foi mais um dia de viagem perfeito pela Sardenha – em estilo férias de verão com crianças.

Dormida: L’Essenza Hotel ou In centro da Viola – Eco Design Rooms, em Olbia.

Dia 8: Praia Grande Pevero e La Maddalena

Praia Grande Pevero, Costa Esmeralda
Praia Grande Pevero, na Costa Esmeralda

Saí de Olbia relativamente cedo e passei boa parte do dia na praia Grande Pevero, outra das mais bonitas da Costa Esmeralda. Na verdade, por esta altura ficar boquiaberto com as praias e calas já se tornara normal.

O único senão de Grande Pevero foi o tecno constante do clube de praia local, cujo som se espraiava por todo o areal. Teria sido mais tranquilo sem essa sonoridade eletrizante, mas ainda assim Grande Pevero é uma praia verdadeiramente espetacular. Começam aliás a faltar as palavras para descrever as melhores praias da Sardenha!

A meio da tarde, fui até a Palau apanhar o ferry para a ilha La Maddalena, onde ficaria durante quatro noites.

Depois de me instalar no centro do povoado, fui dar um mergulho à praia Bassa Trinita, na costa oeste da ilha La Maddalena. Valeu a pena; mas, em comparação com tudo o que já tinha visto na Sardenha até ao momento, não me pareceu nada de muito espetacular.

À noite, altura para tomar um primeiro contacto com o ambiente agradável de La Maddalena. E o que vi foi um excelente prenúncio para os dias seguintes.

Dormida: Casa Ilva, Excelsior ou Hotel Delle Isole, em La Maddalena. Veja onde ficar em La Maddalena para outras opções.

Dia 9: Ilha Caprera (Arquipélago La Maddalena)

La Maddalena
Amanhecer junto ao porto marítimo de La Maddalena

Dia tranquilo, aproveitado para explorar Caprera, a segunda maior ilha do arquipélago La Maddalena e onde foi enterrado o herói italiano Giuseppe Garibaldi.

Na verdade, acabei por ficar a manhã em casa, em La Maddalena – viajar com crianças é diferente -, só saindo um pouco para fotografar. Mas, à tarde, rumei a Caprera e calcorreei parte da ilha Caprera, antes de passar horas infinitas na bela praia I due Mari. Foi um dos dias mais tranquilos de todo o roteiro na Sardenha.

Dormida: Casa Ilva, Excelsior ou Hotel Delle Isole, em La Maddalena.

Dia 10: Trilho da Cala Napoletana

Roteiro Sardenha: Trilho da Cala Napoletana
Trilho da Cala Napoletana, na ilha Caprera

Para esta jornada do roteiro de viagem pela Sardenha, a ideia original era conhecer a Cala Coticcio, tida como uma das mais fotogénicas praias de toda a Sardenha. Mas, desde 2022 que, por ficar numa zona de proteção especial, não é possível fazer o trilho até à praia de forma independente. Só mesmo acompanhado por um guia credenciado pelo Parque Nacional do Arquipélago de La Maddalena.

Pela minha parte, só descobri este facto ao chegar a La Maddalena, razão pela qual não consegui organizar em tempo útil a caminhada até Cala Coticcio, uma vez que os guias estavam todos ocupados.

Assim, de manhã fui explorar um pouco a povoação de La Maddalena. E, à tarde, troquei a caminhada até Cala Coticcio por uma caminhada no Trilho da Cala Napoletana (Trilho n.º 14), esse sim passível de ser efetuado de forma independente. Pelo menos por enquanto.

Trata-se de um percurso com pouco mais de 2 km de extensão, em cada sentido. E que, devagar e com um miúdo de 7 anos, demorou 40 minutos a completar. A cereja no topo do bolo foi a Cala Napoletana, uma pequena praia muito bonita e praticamente sem gente, onde, apesar do vento, encontrei das águas mais quentes de toda a Sardenha.

No regresso, tempo ainda para conhecer a base militar abandonada de Poggio Rasu. Para quem gosta de locais abandonados, vale muito a pena.

Em suma, apesar do revés de não conseguir ir até Cala Coticcio, foi um belo dia de viagem.

Dormida: Casa Ilva, Excelsior ou Hotel Delle Isole, em La Maddalena.

Veja o artigo sobre as melhores praias da Sardenha, onde explico o (pouco prático) processo de visita a Cala Coticcio, para que possa reservar um guia com antecedência e conhecer Cala Coticcio. Note que as informações também se aplicam à Cala Brigantina.

Dia 11: Passeio de barco no arquipélago La Maddalena

Praia del Cavaliere, Ilha Budelli, Sardenha
Vista aérea da Praia del Cavaliere, na Ilha Budelli, uma das melhores praias da Sardenha

Uma das coisas que queria fazer neste roteiro na Sardenha era um passeio de barco no arquipélago La Maddalena que me permitisse conhecer alguns locais das ilhas Spargi, Budelli e Santa Maria. E assim fiz. Depois de muito procurar, lá escolhi uma empresa chamada Apollo II; mas a verdade é que, mais coisa menos coisa, os passeios são todos muito parecidos. A diferença principal é que alguns passam pela costa leste de Caprera, com paragem para ver Cala Coticcio ao longe; e outras não.

Assim, a meio da manhã dirigi-me ao porto de La Maddalena e entrei no barco. Após uma paragem em Palau para recolher mais passageiros, o barco atracou perto da Cala Garibaldi, na ilha Caprera, para um primeiro mergulho. A maioria dos barcos estava do outro lado do canal, junto às águas azul-turquesa da baía perto da praia Testa del Polpo, na ilha Giardinelli.

Segui depois para as águas inacreditavelmente azuis da zona em torno da Praia del Cavaliere, na ilha Budelli – provavelmente o momento alto do passeio. Tenho poucas palavras para descrever o que vi, mas talvez a imagem acima, tirada com o drone, ajude a explicar o meu estado de deslumbramento.

A terceira paragem deu-se na chamada Praia Rosa (que, hoje em dia, de rosa tem pouco!) para fotografar. E a quarta e última paragem ocorreu na Cala dell’Amore, uma praia sem graça na ilha Spargi. Teria sido melhor atracar nas belas Cala Corsara ou Cala Granara mas, por algum motivo, assim não aconteceu.

Em resumo, valeu bem a pena fazer o passeio de barco e recomendo vivamente a experiência. Mas creio que escolhi mal a empresa – há outras que fazem paragens mais acertadas (veja abaixo).

Dormida: Casa Ilva, Excelsior ou Hotel Delle Isole, em La Maddalena.

Para fazer o passeio de barco em La Maddalena, pode chegar ao povoado, falar com os operadores e ver os roteiros, decidir com quem ir e, tendo lugar, embarcar no dia seguinte. Caso prefira, prudentemente, efetuar uma reserva antecipada, eis alguns passeios recomendáveis:

Dia 12: Mamoiada, Orgosolo e Dorgali

Sardenha o que visitar: Murais em Orgosolo
Um dos inúmeros murais de Orgosolo, na província de Nuoro, Sardenha

O dia começou com uma saída madrugadora por estradas em muito mau estado até à praia Testa del Polpo, na pequena ilha Giardinelli, para um mergulho matinal quase sem companhia. Tinha ficado com a pulga atrás da orelha depois da viagem de barco, pelo que decidi ir até lá por terra.

Depois disso, de corpo refrescado, era então hora de recolher os pertences em La Maddalena e apanhar o ferry de regresso a Palau. Mais uma vez, não parei em Palau, preferindo seguir viagem até Mamoiada, com o objetivo de conhecer o pequeno Museu da Máscara Mediterrânica. Para quem não sabe, em Mamoiada a tradição carnavalesca é muito forte, tendo algumas similitudes com os nossos caretos transmontanos (como os Caretos de Podence). Confesso que, apesar do museu ser bastante simples, fiquei com vontade de visitar Mamoiada durante o Carnaval. Quem sabe um dia…

Não muito longe de Mamoiada fica a povoação de Orgosolo, afamada pelo facto de ter centenas de murais de arte urbana pintados nas suas fachadas. E foi precisamente para lá que me dirigi, antes de rumar a Dorgali, poiso para as últimas noites do meu roteiro na Sardenha.

Dormida: Palazzo Santa Caterina (na cidade) ou Rifugio Gorropu (nos arredores), em Dorgali.

Dia 13: Cala Gonone (Golfo de Orosei)

Praia di Cartoe, Sardenha
Vista aérea da Praia di Cartoe, na Sardenha

O plano era fazer um passeio de barco no Golfo de Orosei para conhecer algumas das praias mais espetaculares da Sardenha, que têm a particularidade de serem mais facilmente acessíveis de barco. Lugares como Cala Luna, Cala Sisine, Cala Biriola, Cala Mariolu e muito especialmente Cala Goloritze estavam no topo das minhas prioridades na Sardenha no que a praias diz respeito.

Infelizmente, ao final do dia anterior recebi a seguinte mensagem: “Devido às condições meteorológicas marítimas de amanhã, somos obrigados a cancelar qualquer tipo de excursão/aluguer de barco previsto para amanhã”. Foi um tremendo balde de água fria; até porque, estando praticamente no final do roteiro na Sardenha, não tinha como reagendar o passeio para quando o mar estivesse mais calmo. O passeio de barco em Cala Gonone teria de ficar para outra oportunidade.

Assim, e como a família queria tomar banhos de mar, acabei por passar boa parte do dia na Praia di Cartoe, perto de Cala Gonone, povoado que aproveitei também para explorar. E a verdade é que Cala Gonone foi uma bela surpresa. Esperava um local muito turístico e sem alma mas, apesar de efetivamente ser muito turístico, até que gostei do ambiente.

Pela positiva, tive oportunidade de passar mais tempo em Dorgali, uma característica povoação de montanha, relativamente perto de Cala Gonone mas muito longe dos roteiros turísticos de massas. Vivenciei o ambiente de aldeia de que tanto gosto, e isso acabou por amenizar a frustração de não conhecer as praias do Golfo de Orosei.

Dormida: Palazzo Santa Caterina (na cidade) ou Rifugio Gorropu (nos arredores), em Dorgali.

Para ter flexibilidade no caso de algo semelhante acontecer, talvez seja mais prudente não deixar Cala Gonone para o final. Por exemplo, começando em Cagliari e percorrendo a ilha em sentido contrário aos ponteiros do relógio.

Apesar de não ter feito o passeio de barco, é uma atividade que recomendo vivamente (assim as condições do mar o permitam), porque poderá conhecer locais lindíssimos no Golfo de Orosei de outra forma inacessíveis. Dito isto, alternativamente, pode também chegar a Cala Luna a pé, numa incrível caminhada com guia. Com a vantagem do trekking de regresso, a partir da praia – mais difícil por ser sempre a subir -, poder ser evitado apanhando um barco até Cala Gonone.

Dia 14: Cabo Carbonara e voo de regresso

Dorgali, Sardenha
Vista de Dorgali, na província de Nuoro, Sardenha

No último dia do roteiro na Sardenha, levantei-me cedo para fotografar a envolvente montanhosa de Dorgali. É uma povoação muito bonita, e confesso que fiquei feliz por ter escolhido pernoitar lá em vez de Cala Gonone. O resto da manhã foi passado a arrumar as coisas, dar um último passeio pelas ruas de Dorgali e pegar no carro para rumar a sul.

Ora, como o voo era apenas às 21:15, no aeroporto de Cagliari, tive ainda tempo para mais uma atividade. E o local escolhido foi a praia Porto Giunco, na região de Cabo Carbonara, onde, após quase três horas de viagem, a família deu o último mergulho nas águas quentes da Sardenha. Uma despedida em beleza de uma ilha que, apesar do muito turismo nos meses de verão, conseguiu surpreender-me pela positiva (eu estive na Sardenha em julho).

Creio não exagerar ao dizer que a Sardenha é um dos melhores destinos de praia que conheço na Europa. Ou quem sabe o melhor!

Para terminar o roteiro na Sardenha, ainda pensei parar noutros locais do litoral sul da ilha (vi praias maravilhosas da janela do carro!), mas a prudência imperou e decidi não arriscar. Fui então para o aeroporto de Cagliari entregar o carro alugado e apanhar o voo de regresso ao Porto. Era o final desta viagem de duas semanas na Sardenha, Itália, que me permitiu conhecer boa parte das suas principais atrações. Adorei!

Outras coisas a visitar na Sardenha

De resto, há um conjunto de outras coisas que eu tinha ponderado fazer no meu roteiro na Sardenha, mas que, por um motivo ou por outro, acabei por não concretizar. O tempo nunca dá para tudo, e os imponderáveis acontecem! Eis, pois, algumas atividades a considerar:

  • Fazer trekking na região montanhosa de Dorgali;
  • Passeio de barco no Golfo de Orosei;
  • Visitar Carloforte;
  • Explorar a Zona Arqueológica de Tharros.

Alternativa: roteiro na Sardenha para 7 dias na praia

Caso tenha apenas uma semana para o seu roteiro na Sardenha e o objetivo das férias for conhecer praias maravilhosas, talvez se justifique concentrar a viagem numa área mais pequena, por oposição a tentar conhecer toda a ilha. Dessa forma passará menos tempo em transportes e terá mais tempo para aproveitar as águas transparentes da Sardenha.

Assim, eis um possível roteiro de uma semana na Sardenha focado na zona da Costa Esmeralda, onde se encontra o litoral mais extraordinário da ilha. Parto do princípio que aterra em Alghero (aterrando em Cagliari, é preciso adaptar os dias 1 e 7 em conformidade).

  • Dia 1: Conhecer a Praia La Pelosa e explorar Alghero.
  • Dia 2: Viagem para Palau e ferry para La Maddalena. Explorar ilha La Maddalena.
  • Dia 3: Trekking a Cala Coticcio (La Maddalena).
  • Dia 4: Passeio de barco em La Maddalena.
  • Dia 5: Regresso à ilha da Sardenha para explorar o coração da Costa Esmeralda.
  • Dia 6: Costa a sul de Olbia (praias Porto Istana, Cala Brandinchi ou outras).
  • Dia 7: Rumar a Alghero e apanhar voo de regresso.

Veja a secção “Quanto tempo ficar na Sardenha”, abaixo, para mais dicas a este respeito.

Dicas para visitar a Sardenha

Como chegar à Sardenha

A ilha da Sardenha está relativamente bem servida de ligações aéreas, especialmente durante o verão. No caso de Portugal, atualmente a opção mais comum é a ligação aérea da Ryanair entre o Porto e Cagliari. Estava também anunciada uma rota entre Lisboa e Alghero, mas a low cost irlandesa cancelou os planos. Dito isto, pode voar para Alghero com escala numa outra cidade italiana, por exemplo; e há um terceiro aeroporto em Olbia.

Note que, caso queira combinar a Sardenha e a vizinha Córsega (França) na mesma viagem, poderá compensar voar para uma das ilhas e regressar pela outra – mas tenha em atenção que não há voos diretos para a Córsega desde Portugal. Para tal, é uma questão de pesquisar voos no Google Flights ou Skyscanner, e de verificar na Direct Ferries os horários e preços dos ferries entre Santa Teresa di Gallura (Sardenha) e Bonifacio (Córsega).

Pesquisar voos para a Sardenha

Quando viajar para a Sardenha

O verão europeu é a altura do ano que recebe mais turistas, atraídos pelas águas quentes da Costa Esmeralda, La Maddalena e Cala Gonone. Os preços, esses, crescem em conformidade. Assim, a melhor época para visitar a Sardenha é, para mim, nos meses de maio e setembro/outubro, altura em que o clima está mais ameno, é possível aproveitar as praias e os preços não são tão altos como nos meses de julho e agosto.

Quanto tempo ficar na Sardenha

Com 1.850 km de costa, a Sardenha é uma ilha imensa. Poderá facilmente passar um mês na ilha sempre ocupado e sem repetir locais ou atividades.

Dito isto, 15 dias completos é a estada mínima que recomendo para visitar toda a ilha e ainda o arquipélago de La Maddalena. Se tiver apenas uma semana, e por muito que custe deixar o resto de fora! – recomendo que concentre a sua viagem à Sardenha numa região mais pequena. Por exemplo:

  • COSTA ESMERALDA (viagem para praia): 7 dias na Costa Esmeralda – incluindo o arquipélago de La Maddalena -, e eventualmente o Golfo de Orosei. Para tal, o ideal é voar de e para Olbia.
  • SUL DA SARDENHA (viagem para cidades, cultura e alguma praia): 7 dias no Sul da Sardenha, incluindo Cagliari, as atrações nas proximidades (como o Jardim Sonoro de Pinuccio Sciola e Su Nuraxi de Barumini), e ainda as ilhas de Carloforte e Sant’Antioco. Para tal, o ideal é voar de e para Cagliari.
  • NORTE DA SARDENHA (viagem diversificada): 7 dias no Norte da Sardenha, explorando as belas cidades de Alghero, Bosa e Castelsardo, e praias como La Pelosa (a mais famosa da Sardenha). Para tal, o ideal é voar de e para Alghero.

Mas, como digo, tendo tempo opte por ficar duas semanas na Sardenha e não se arrependerá. Poderá conjugar duas destas sugestões ou replicar o meu roteiro de viagem na Sardenha.

Como se deslocar na Sardenha

Há uma rede de transportes públicos relativamente interessante. Especialmente no verão, em que linhas especiais levam os veraneantes até às melhores praias da ilha. Mas, apesar disso, ter carro é, de longe, a alternativa mais eficiente, porque só tendo carro próprio se consegue a flexibilidade para aceder a muitos locais da ilha.

Fora da época alta, o custo é acessível (no verão, nem tanto). No meu caso, para uma viagem em pleno mês de julho, paguei 955€ por 15 dias de aluguer através da Discovercars, incluindo seguro com cobertura total. Não foi barato, por isso tente reservar com meio ano ou mais de antecedência. Se viajar fora do verão, pagará uma pequena fração deste valor.

Veja o artigo sobre alugar carro na Sardenha, já que explica muitos dos cuidados a ter, incluindo no sistema colorido das linhas do estacionamento. A polícia não perdoa!

Simule na caixa abaixo os preços para alugar um carro na Sardenha.

Onde dormir na Sardenha

Para entender um pouco melhor as diferentes regiões da ilha, veja o guia completo sobre onde ficar na Sardenha. Em jeito de spoiler, posso adiantar que, na minha opinião, a melhor base para se hospedar depende muito do tempo disponível para o seu roteiro na Sardenha e dos objetivos da viagem (explico porquê no artigo). Mas Cagliari, Alghero e toda a Costa Esmeralda (Porto Cervo, por exemplo) são excelentes opções.

Alternativamente, no link abaixo encontra dezenas de hotéis de excelente qualidade e para todas as bolsas. Experimente!

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Seguro de viagem

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.