Olinda é música. É o som dos baques nas alfaias marcando o ritmo frenético do maracatu. É história em cada esquina. É igrejas com azulejos portugueses e palacetes coloniais. É Carnaval nas ladeiras. É festa, samba e bonecos gigantes. E mamulengo. Olinda é tudo isso e muito mais. E é linda!
Para mim, foi um regresso. Tinha estado em Olinda num contexto completamente diferente (explico tudo mais perto do final do post); e, apesar de ter andado a passear pelo centro histórico, não visitei igrejas nem mosteiros, nem tive oportunidade de viver a cidade mais por dentro. Até porque estava hospedado num hotel em Recife.
O facto de ter pernoitado em Olinda permitiu conhecer a cidade de forma mais lenta. Por dentro. Caminhar à noite, depois de boa parte dos turistas desaparecerem da cidade. Intercalar as ladeiras de Olinda com uma visita a Recife Antigo e outra a um dia de praia em Cabo de Santo Agostinho. Descansar no pico do calor. Passar várias vezes nas mesmas ruas.
No fundo, foi como viver em Olinda durante três dias. Eis o que de melhor encontrei durante esse tempo. É uma espécie de lista com o que fazer em Olinda, baseada na minha experiência sem grande planeamento. Como é evidente, muito ficou de fora. Vamos a isso.
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O que fazer em Olinda (a minha experiência)
- 1.1 Caminhar pelas ladeiras de Olinda
- 1.2 Convento de São Francisco
- 1.3 Sé Catedral Metropolitana
- 1.4 Miradouro do Alto da Sé
- 1.5 Museu do Mamulengo
- 1.6 Igreja do Carmo
- 1.7 Sobrado Mourisco
- 1.8 Mosteiro de São Bento
- 1.9 Comer tapioca
- 1.10 Assistir a um ensaio do grupo Maracatu Nação Pernambuco
- 1.11 Participar numa serenata pelas ruas de Olinda
- 2 Mapa: o que visitar em Olinda
- 3 Guia prático
O que fazer em Olinda (a minha experiência)
Caminhar pelas ladeiras de Olinda
Não é preciso mais do que uns minutos para perceber o encanto das ruas da cidade. Aliás, um dos maiores prazeres que encontrei em Olinda foi cirandar pelas ruas do centro histórico. Sentir o pulso da cidade velha. Percorrer a Rua do Amparo, uma das mais charmosas de Olinda.
Não tenho uma walking tour em Olinda para propor; porque o verdadeiro prazer é andar sem destino. Confesso que tive dificuldades pouco habituais em orientar-me na cidade; mas isso acabou por fazer parte do encanto da descoberta. A vizinha de Recife está feita para ser explorada a pé.
Convento de São Francisco
Quem acompanha as minhas viagens saberá que não sou particularmente fã de arte sacra. Visito algumas igrejas, é certo, mas sem o entusiasmo próprio de quem conhece os santos, de quem é católico praticante ou, simplesmente, de quem aprecia presbitérios e estatuária religiosa.
Dito isto, acontece-me frequentemente ficar abismado com uma igreja, e foi isso mesmo que aconteceu ao entrar na pequena igreja do Convento de São Francisco. Os azulejos portugueses; o altar, simples e profusamente decorado; os frescos no teto da nave lateral.
É, muito provavelmente, a igreja mais bonita de Olinda.
Sé Catedral Metropolitana
Também chamada de Matriz de São Salvador do Mundo, a Sé de Olinda domina a zona mais alta da cidade, chamada precisamente Alto da Sé. Não me impressionou tanto como o Convento de São Francisco, mas é um templo católico com enorme significado histórico.
Nem que fosse só por isso, já valeria incluir numa lista mental com o que fazer em Olinda.
Miradouro do Alto da Sé
Não sendo Olinda uma cidade plana, é natural que seja do Alto da Sé, a zona mais alta da urbe, que se tenha as melhores vistas. Ora, nessa lógica do quanto mais alto melhor, e descontando o belo terraço da Sé, há um local praticamente imbatível no que toca à amplitude das vistas. Falo do chamado Miradouro do Alto da Sé, localizado a escassas dezenas de metros da catedral.
Trata-se, na verdade, de um edifício cuja utilidade não consegui descortinar, mas cujo terraço – ainda que totalmente vazio – está aberto ao público. Na prática, permite desfrutar de vistas incríveis sobre Olinda e Recife, incluindo o litoral da área metropolitana. Vale a pena.
Museu do Mamulengo
Mamulengo. O nome terá origem na expressão “mão molenga”, uma referência ao movimento feito pelos artesãos para movimentar os fantoches tradicionais de Pernambuco.
Os bonecos retratam quase sempre o quotidiano e as personagens típicas do quotidiano nordestino. Personagens como Lampião, “Rei do Cangaço”, tido como o maior cangaceiro do sertão. Os teatros de mamulengo foram em tempos uma das principais atrações das festas populares brasileiras. E os shows eram quase sempre divertidos.
O Museu do Mamulengo de Olinda pretende perpetuar essa tradição. Mudou recentemente de localização; fica atualmente no interior do edifício do Mercado Eufrásio Barbosa.
Igreja do Carmo
A Igreja do Carmo é uma das mais importantes – e fotografadas – igrejas de Olinda. Não consegui perceber se é atualmente visitável: porque, infelizmente, encontrei-a sempre fechada. Limitei-me, por isso, a apreciar a bela fachada, de traços tradicionais em tons de amarelo-ouro. Fica na parte baixa da cidade.
Sobrado Mourisco
Não é um local para visitar, no sentido estrito da palavra; mas, sendo o Sobrado Mourisco tido como a casa mais antiga de Olinda, vale a pena passar em frente do edifício e admirá-lo. Divide a Praça João Alfredo com a Igreja de São Pedro Mártir de Verona, e faz parte da história colonial de Olinda.
Mosteiro de São Bento
A Basílica e o Mosteiro de São Bento são outros dos edifícios emblemáticos de Olinda. Fazem parte do conjunto arquitetónico do centro histórico, que a UNESCO inclui na lista de Património Mundial no Brasil, e merecem sem qualquer dúvida uma visita atenta do viajante.
Lá dentro, pontifica um altar-mor em madeira completamente folheado a ouro. Uma nave central com dois púlpitos e altares laterais. Os frescos no teto, retratando a vida de São Bento. E uma estatueta em tamanho natural de Jesus Cristo crucificado, instalada no coro superior.
Comer tapioca
Tenho de admitir que a melhor tapioca que comi foi no bed & breakfast onde fiquei hospedado. Era um dos pontos altos do pequeno-almoço. Dito isto, experimentei comer tapioca nos vendedores instalados nas bancas do Alto da Sé. Gostei. Recomendo especialmente a tapioca com queijo coalho e coco.
Assistir a um ensaio do grupo Maracatu Nação Pernambuco
Certo final de tarde, deixei a minha filha em casa (ela não queria sair) e fiz-me às ruas. Lá fora, o som das batucadas era intenso e hipnótico. Fui seguindo o som ladeira abaixo, até que, defronte da Igreja do Carmo, encontrei finalmente a sua origem.
Infelizmente, quando cheguei ao Clube Atlântico Olindense estavam já a sair dezenas de homens e mulheres, boa parte trazendo instrumentos de percussão. Ainda se ouviam esporádicas batucadas lá dentro, mas era sinal de que o ensaio tinha acabado.
Fiquei triste. Tinha ouvido nas ruas e acedido imediatamente ao chamamento dos ritmos do maracatu. Mas cheguei demasiado tarde.
Nota: pelo que percebi, os ensaios do Maracatu Nação Pernambuco ocorrem aos domingos a partir das 16:00 e às quartas-feiras pelas 19:30; mas o melhor é confirmar quando chegar a Olinda.
Participar numa serenata pelas ruas de Olinda
Visitei Olinda pela primeira vez em 2001. Na altura, acompanhado de um grupo musical universitário em digressão pelo Brasil, participei numa seresta (serenata), cantando e tocando pelas ladeiras da cidade velha. Foi um momento mágico, que guardo até hoje com enorme carinho no baú da memória.
No meu regresso a Olinda, e após referir essa minha experiência aos donos da guesthouse, fiquei a saber que o evento semanal continua ativo há quase 40 anos. Sexta-feira é, pois, noite de seresta. Uma experiência única para terminar em grande estilo esta pequena lista de sugestões com o que fazer em Olinda.
Mapa: o que visitar em Olinda
Guia prático
Como chegar a Olinda
A partir de Portugal, a forma mais direta de chegar a Recife são os voos da TAP que ligam Lisboa à capital de Pernambuco. Veja as minhas dicas para conseguir comprar voos baratos – a flexibilidade de datas é a regra número um. Aproveite!
Do aeroporto de Recife para Olinda, a forma com melhor custo/benefício é chamar um Uber (cerca de R$35). Para isso, facilita ter um cartão SIM local, caso contrário estará dependente das redes wi-fi – e poupa dinheiro se tiver um cartão Revolut associado à app. Caso não tenha hipótese de usar o Uber, combine um transfer com a sua pousada (vai ficar mais caro que o Uber). Um táxi do aeroporto para Olinda ronda os R$70.
Para quem tem tempo e quer economizar um pouco (sobretudo se está a viajar sozinho, é possível usar uma combinação metro + Uber. Do aeroporto, siga a pé até à estação de metro Tancredo Neves. Apanhe o metro até à estação terminal de Recife, no bairro central de São José. Para terminar, faça o restante percurso até à sua pousada em Olinda de Uber (ou táxi).
Onde comer
Olinda tem dois restaurantes muito famosos (e caros), que eu não experimentei. São eles o Oficina do Sabor e o Beijupirá – e consta que a comida é muito boa em ambos.
Eu optei por restaurantes mais em conta e partilho dois deles, onde fui por recomendação de habitantes locais, o Barrio Café e Bar, junto à Câmara Municipal de Olinda; e o Cantinho da Sé, em frente à Sé Catedral. Em qualquer um deles, aproveite para provar os famosos caldinhos pernambucanos, especialmente o de feijão. Li também boas recomendações sobre um tal de Tô em Casa, mas acabei por não experimentar.
Não deixe também de provar os gelados artesanais da sorveteria Saboreart (grande nome!) – especialmente os sabores de frutos locais.
Onde ficar
Antes de mais, é importante decidir se prefere ficar em Olinda ou em Recife. Ambas são opções válidas, mas a resposta varia em função do que procura.
Em resumo, se prefere um ambiente de cidade grande – com todas as vantagens e desvantagens daí decorrentes -, veja o texto sobre onde ficar em Recife, onde lhe deixo muitas recomendações hoteleiras na Praia de Boa Viagem.
Se, por outro lado, prefere lugares mais pequenos e um ambiente mais charmoso e não tem problemas de locomoção, fique hospedado no centro histórico de Olinda. Foi essa a minha escolha.
Nesse caso, recomendo sem reservas o Cama e Café Olinda – literalmente a casa de Yolanda e Sebastian. Não tinha o luxo de um hotel de quatro ou cinco estrelas, mas tinha um calor humano inigualável (e um delicioso pequeno-almoço).
Alternativamente, pondere deleitar-se com a qualidade da Pousada dos Quatro Cantos; com a simplicidade da Pousada Convento da Conceição; ou com a hospitalidade da Irradiante. Embora porventura menos mediática que a Quatro Cantos, é outra das melhores pousadas de Olinda. Não se vai arrepender.
Por fim, uma opção mais simples e económica – mas igualmente muito elogiada – é o Hostel da 13. Trata-se de um albergue acolhedor com limpeza exemplar e ambiente jovem.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.