Regressei a Recife 18 anos depois da primeira visita à capital de Pernambuco, no nordeste brasileiro. Tempo para a cidade se modernizar, cuidar um pouco melhor do seu centro histórico (o chamado Recife Antigo); e afastar alguma da insegurança que na época senti.
Desta vez, e apesar do principal objetivo ser explorar Fernando de Noronha (em especial as praias de Noronha), optei por dedicar alguns dias a revisitar Recife, com epicentro na parte antiga da cidade, e Olinda, que eu adoro!
Não fui, por isso, visitar locais geograficamente distantes como o Instituto Ricardo Brennand e a Oficina Cerâmica Francisco Brennand, ambos magníficos. Nem tive tempo para descobrir cafés e restaurantes bons e baratos, ou outros segredos da capital pernambucana.
Seja como for, eis uma pequena lista com o que fazer em Recife, tendo por base a região de Recife Antigo. São coisas quase sempre óbvias, é certo, mas ligadas à cultura pernambucana e cuja referência vale a pena aqui fazer. Vamos a isso.
O que visitar em Recife Antigo (centro histórico)
Museu Cais do Sertão
O Cais do Sertão foi a minha primeira paragem em Recife Antigo, depois de me embrenhar nas ladeiras de Olinda. Na memória tinha uma zona da cidade algo descuidada e insegura, com edifícios a precisar de cuidados e uma vida noturna muito vibrante. Mas o que encontrei à chegada ao centro histórico de Recife foi algo diferente.
As ruas estavam mais bem cuidadas, havia muitas famílias a passear e alguns equipamentos culturais que eu não conhecia, fruto da renovação dos armazéns do Porto de Recife, aos quais se pretendeu dar novas valências. O arrojado projeto arquitetónico do Museu Cais do Sertão é um desses casos.
Construído no ano de 2018, trata-se de um museu interativo sobre o sertão – o interior do nordeste brasileiro -, com ênfase na vida e obra do artista Luiz Gonzaga. É uma espécie de homenagem ao “Rei do Baião”, ícone maior da cultura popular do sertão pernambucano.
Vale a pena visitar, tocar, experimentar. Nem que seja apenas para fazer má figura nas cabines de karaoke tentando cantar músicas sertanejas. Eu e a minha filha divertimo-nos…
Paço do Frevo
A Praça do Arsenal concentra duas atrações de Recife cuja visita recomendo. Desde logo, o Paço do Frevo, um espaço cultural “dedicado à difusão, pesquisa, lazer e formação nas áreas da dança e música do frevo, visando propagar a sua prática para as futuras gerações”. E que lança um desafio: “experimentar o Carnaval pernambucano durante o ano todo”.
Isto porque o frevo, reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, é o principal ritmo a animar o Carnaval no Estado de Pernambuco; incluindo naturalmente as cidades de Recife e Olinda.
Ora, mesmo não tendo dançado frevo, não dei por mal empregado o tempo a percorrer as diferentes salas do Paço do Frevo, em Recife Antigo. Ainda para mais porque a entrada foi franqueada sem custos.
Logo ao lado fica a outra atração da Praça do Arsenal a visitar sem reservas: o Teatro Mamulengo.
Teatro Mamulengo
Todos os dias, por volta das 17:00 (informação dada no local), ocorre um pequeno teatro com bonecos tradicionais no exterior do Espaço Cultural Restaurante Teatro Mamulengo.
Ora, sendo apreciador de manifestações culturais diferenciadoras, o Teatro Mamulengo chamou-me a atenção quando pesquisava coisas alternativas para fazer em Recife. Os bonecos, a teatralidade, a tradição associada pareceram-me bons motivos para assistir a um dos eventos.
Infelizmente, por um azar incrível, no exato dia em que visitei Recife Antigo o grupo do Teatro Mamulengo estava a fazer uma apresentação noutro local; pelo que não houve espetáculo. Terá, pois, de ficar para uma próxima visita a Recife, quem sabe a caminho do sertão!
Marco Zero
Tido como o local da fundação da cidade, o Marco Zero é o ponto a partir do qual se medem as distâncias a partir de Recife. Fica na Praça Rio Branco, em Recife Antigo.
Durante o fim de semana – especialmente ao domingo – é uma área com muito movimento de pessoas, aproveitando a adjacente feirinha de artesanato (na Rua Domingos José Martins, que liga à Praça do Arsenal); os ensaios de rua dos grupos de maracatu; ou a cerveja gelada dos bares do Cais do Porto.
Não é, evidentemente, uma atração espetacular. Mas vale pelo simbolismo.
Parque das Esculturas Francisco Brennand
Instalado no estuário do Porto do Recife, defronte do Marco Zero, o Parque das Esculturas Francisco Brennand foi construído no ano 2000 como marco comemorativo dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. É quase uma centena de esculturas do artista pernambucano Francisco Brennand, acessíveis de barco a partir do pequeno cais no Marco Zero.
É, digamos, uma instalação algo insólita, que vale pelo simbolismo e criatividade. Fica a dica.
Guia prático
Como chegar a Recife
A partir de Portugal, a forma mais direta de chegar a Recife são os voos da TAP que ligam Lisboa à capital de Pernambuco. Veja as minhas dicas para conseguir comprar voos baratos – a flexibilidade de datas é a regra número um. Aproveite!
Transportes em Recife
Os autocarros são uma boa forma de se movimentar em Recife, pese embora poderem ser desconfortáveis (muito cheios) e implicar grandes esperas.
Alternativamente, em Recife – tal como na maioria das grandes cidades brasileiras – a Uber é dos transportes mais usados pelos locais, em virtude da sua excelente relação qualidade/preço. Foi o meio de transporte que mais usei em Recife. Para isso, facilita ter um cartão SIM local, caso contrário estará dependente das redes wi-fi – e poupa dinheiro se tiver um cartão Revolut associado à app.
Onde ficar
Para uma opinião mais detalhada veja o texto onde ficar em Recife, onde explico as melhores regiões e hotéis para pernoitar na cidade (ou em Olinda).
Seja como for, a maioria dos turistas opta por ficar nos grandes hotéis de Boa Viagem. Trata-se da faixa litoral de Recife, segura e bem cuidada, excelente pela proximidade ao “calçadão” e à praia urbana da capital pernambucana. Se for essa a sua opção, recomendo hotéis bem conceituados como o Fity Hotel ou o Radisson Recife – que, com a cotação atual do Real, estão com excelente relação qualidade/preço.
E o centro histórico de Recife, será uma alternativa a considerar? Em teoria sim – é onde ficam opções baratas como o Recife Antigo Hostel; mas eu sinceramente não aconselho. A área é agradável para visitar durante o dia; mas não estou tão certo que seja ideal para ficar hospedado.
Por último, caso prefira um ambiente mais tradicional, considere dormir em Olinda, cidade vizinha de Recife. Foi onde eu fiquei alojado – na acolhedora casa de Yolanda e Sebastian, a que chamaram simplesmente Cama e Café Olinda. Para outras opções de hospedagem em Recife, pesquise usando o link abaixo. Com toda a certeza encontrará um hotel dentro do seu gosto e orçamento.
Seguro de viagem
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