
O Japão é um paraíso para os amantes de boa comida. É um desfilar de experiências gastronómicas desafiadoras, com produtos frescos e confeção irrepreensível, que proporcionam refeições deliciosas.
Dos yakitori baratos às izakayas (as tascas japonesas, muitas delas requintadas); das bento box pronto-a-comer às demoradas refeições kaiseki (a alta cozinha japonesa); passando pelos gurus do sushi como o estrelado Jiro Ono e o seu filho; não é difícil apaixonar-se pela gastronomia japonesa.
Não por acaso, boa parte dos grandes chefs de cozinha escolhe Tóquio como local onde gostariam de viver, caso tivessem de morar na mesma cidade o resto das suas vidas. Não é difícil de perceber os motivos.
Eu também sou apaixonado pela gastronomia do Japão. Decidi, por isso, partilhar uma espécie de TOP com as melhores experiências culinárias da minha viagem ao Japão, na expectativa de inspirar mais viajantes a comer bem no Japão (e, por vezes, sem gastar muito dinheiro).
Como é evidente, os restaurantes referidos não são os melhores restaurantes do Japão. Longe disso. Refletem apenas experiências gastronómicas que me marcaram durante a viagem de 18 dias pelo Japão. Tanto incluí panquecas japonesas em locais cheios de fumo e gordura de Hiroshima como refeições extraordinárias em dois izakayas de Kanazawa.
Só não refiro qualquer refeição de sushi, que eu adoro. E a razão é simples: comi muito sushi razoável e barato nas bento box e em mercados; mas, para poupar dinheiro, não fui a restaurantes de gama média, e muito menos aos de topo – como o Sukiyabashi Jiro, em Tóquio, ou o Otomezushi, em Kanazawa. Se o tivesse feito, haveria com certeza muito sushi no topo da lista das melhores refeições que fiz no Japão!
Valorizo a comida de qualidade, naturalmente. Mas, mais do que isso, recordo a experiência como um todo (por isso é que gosto tanto dos izakayas). Eis, pois, as minhas melhores experiências gastronómicas no Japão.
As melhores refeições no Japão (onde comi muito bem!)
Eis uma lista das minhas melhores experiências gastronómicas no Japão, ordenadas por ordem crescente de deslumbramento sensorial. Bom apetite!
9. Yakitori no Piss Alley (Tóquio)
O nome oficial é Omoide Yokocho (Memory Lane), mas a rua é mais conhecida pela alcunha de Piss Alley. Apesar disso, é uma viela recheada de yakitori-ya (semelhantes aos tascos portugueses), restaurantes muito simples onde é possível comer yakitori – pequenas espetadas (regra geral de galinha) grelhadas na hora, tradicionalmente em fogareiros a carvão.
É um lado de Tóquio mais tradicional e popular, longe do brilho incandescente dos neons das grandes avenidas; e adoro este tipo de ambientes.
Pela negativa, o facto de ter ficado com a nítida sensação de que, por ser turista, terei pago bem mais do que o preço justo. Mas, ainda assim, foi uma experiência gastronómica memorável.
8. Okonomiyaki no Okonomimura (Hiroshima)
Não há nada de glamoroso no Okonomimura, um prédio de quatro andares cheio de restaurantes (tipo food court de centro comercial mas em mau) que praticamente só servem okonomiyaki, a típica panqueca japonesa.
O lugar era claustrofóbico, com deficiente extração de fumo, um calor tremendo e um ar tão impregnado de fritos que era impossível ser agradável. Ainda assim, vale pela experiência – diferente de tudo.
7. Afuri (Tóquio)
Tal como o restaurante vegetariano Brown Rice Cafe (ver abaixo), também o Afuri me foi recomendado pela minha anfitriã em Tóquio. E a verdade é que gostei tanto que acabei por lá jantar três vezes durante os dias que passei em Tóquio.
É certo que a localização, a poucos metros da minha minúscula casa em Harajuku, tornava o Afuri muito apetecível nas noites frias de dezembro. Mas a verdade é que, se não fosse bom, não voltaria.
O Afuri é tido como um dos melhores novos restaurantes ramen de Tóquio, dando um toque de modernidade à receita tradicional. Eu provei um caldo de soja e outro com yuzu (um citrino) – e fiquei fascinado com este último. Para mim, o yuzu foi a grande descoberta gastronómica da viagem ao Japão. E tudo começou no Afuri!
Veja onde comer ramen em Tóquio.
6. Ochudo (Shirakawa-go)
Enquanto passeava por Ogimachi, uma das casas chamou-me a atenção sem aparente motivo. Era muito discreta, a porta estava aberta e decidi por isso espreitar: era um restaurante com um aspeto tradicional acolhedor.
Gostei tanto que, pouco depois, mais cedo que o normal, estava sentado a almoçar. Optei pelo menu combinado, composto por caril com arroz e um creme de feijão doce com gelado de arroz; tudo muito simples mas caseiro e delicioso. Foi, sem dúvida, uma das melhores refeições que fiz no Japão. Sem luxos.
5. Soba (Nagano)
Passei em Nagano apenas para visitar os macacos das neves em Jigokudani. Mas, uma vez lá, tinha um outro objetivo, gastronómico: provar soba, uma massa caseira feita a partir de trigo sarraceno, especialidade da região de Nagano. A questão era… onde.
Felizmente, não precisei de sair da estação de caminhos-de-ferro para encontrar um restaurante com excelente relação qualidade/preço. O prato do dia era soba com tempura de vegetais, e a forma de a comer é todo um ritual.
A soba é servida fria numa taça de bambu com folhas de algas por cima. Ao lado, vem um molho de soja quente, onde se coloca a soba – que se mete à boca fazendo o barulho que for preciso. A tempura de vegetais, por seu lado, também deve ser molhada num molho condimentado. E, no final, é obrigatório misturar o molho de soja com o caldo de cozedura da massa que também é trazido para a mesa. Tudo delicioso.
Foi uma fantástica experiência gastronómica!
4. Brown Rice Cafe (Tóquio)
Cheguei ao Brown Rice Cafe – um restaurante vegetariano em Tóquio -, abri a porta e fiquei imediatamente cativado pelo ambiente. A decoração era minimalista – como eu gosto -, com uma grande mesa quadrada no meio da sala; e algumas mesas mais pequenas ao fundo. Os tons eram terra, castanhos, cor de palha. Tudo muito clean e harmonioso.
Ainda de pé, pedi o menu para me certificar que não era demasiado caro. Enquanto olhava para o menu, uma senhora japonesa de meia idade, que já tinha almoçado e ia a sair do restaurante, passou por mim e disse: “experimente, a comida é muito boa”. Quando isto acontece, todas as eventuais dúvidas se dissipam.
Sentei-me e pedi o menu de almoço. Veio um tabuleiro com arroz selvagem, uma dezena de vegetais cozidos ao vapor, uma sopa de miso saborosa e mais alguns vegetais e tofu cozinhados. Para acompanhar, dois molhos: um de pasta de miso com sementes de sésamo e outro com ponzu caseiro (molho de soja e limão). Tudo absolutamente delicioso, saudável, orgânico, e outra das experiências gastronómicas mais marcantes da minha viagem ao Japão.
3. Plat Home (Kanazawa)
Com duas refeições no TOP 3 das melhores refeições que fiz no Japão, a cidade de Kanazawa confirmou-se como um paraíso gastronómico. Eu, que valorizo as opiniões de quem vive nos lugares, tinha anotado três recomendações que uma japonesa tinha dado a uma amiga viajante. Entre elas, estavam o Fuwari e o Plat Home.
No caso do Plat Home, tive a sorte de conseguir lugar no pequeno balcão do izakaya, em frente ao chef. Estava prestes a começar o desfile de iguarias extraordinárias.
Primeiro, pequenos cogumelos com folhas de espinafre. Depois, a especialidade do chef, composta por pedaços de abacate, sashimi de atum e molho de algas marinhas (uma coisa dos deuses!); um prato de sashimi variado; raiz de lotus em tempura; e, para terminar, uma dose de cogumelos salteados com ovo e espinafres. A gastronomia japonesa no seu melhor. Sem palavras!
2. Fuwari (Kanazawa)
Quanto ao restaurante Fuwari, fiquei igualmente sentado ao balcão, para assim poder apreciar o chef a preparar aquela que viria a ser uma das refeições japonesas mais memoráveis de sempre.
Confesso que perdi a cabeça no Fuwari. Com tanta coisa deliciosa no menu, acabei por pedir bastantes pequenos pratos para provar o máximo de sabores possível. E, com isso, o jantar saiu um pouco caro – mas valeu cada yen!
Comecei com legumes salteados com sementes para couvert (obrigatório). O que depois se seguiu foi um desfile de prazeres gastronómicos difíceis de traduzir por palavras. A saber:
Um prato de caranguejo, produto muito apreciado em Kanazawa (pude comprovar isso mesmo quando fui visitar o Mercado Omicho); sashimi de peixe preparado com esmero; batata doce grelhada; ostras em tempura (absolutamente divinais); um prato de bife; e ainda “sushi à casa”, antes de terminar o repasto com um inesquecível gelado de pêra.
Tudo somado, foi uma refeição incrível!
1. Ryokan Minshuku Takizawa (Okuhida Onsengo)
A refeição que fiz no ryokan Minshuku Takizawa, nos Alpes Japoneses, foi, de longe, a mais cara que fiz no Japão. Mas também a melhor!
Depois de uma entrada com queijo fresco e alguns vegetais, foi servido o yakizakana, composto por truta grelhada em folha de bambu com molho de miso. Seguiu-se um prato de sashimi, preparado como ikizukuri, que viria a ser uma das partes mais surpreendentes de toda a refeição. Isto porque o peixe (foto acima) é servido vivo – e ainda se mexia no prato!
Seguiu-se um prato cozinhado a vapor (mushinono), composto por ovo com cogumelos, galinha e kamaboko (pasta de peixe e surimi); e, na sequência, um inesquecível sushi de bife Hida – a carne típica da região.
Para terminar, tempo ainda para o wanmono (sopa) com tofu frito em caldo de Bonito (agedashi); e para um prato de bife com rebentos de soja que estava a cozinhar à nossa frente desde o início da refeição. Quanto à sobremesa, veio uma panna cotta de caramelo que ocupou o último espacinho disponível no estômago.
Foi, sem qualquer dúvida, a melhor experiência gastronómica da viagem!
Nota: o pequeno-almoço do ryokan Minshuku Takizawa é igualmente fabuloso. Não perca!
Mapa dos meus restaurantes preferidos (onde comer no Japão)
Nunca é demais referir que este texto não é uma lista dos melhores restaurantes do Japão. Aliás, num país com tantas estrelas Michelin, nenhum destes restaurantes teria lugar numa hipotética lista desse género.
Muito gostaria, por exemplo, de ter tido experiências gastronómicas em restaurantes de topo, incluindo os já referidos Sukiyabashi Jiro (o mítico sushiman em Tóquio) e Otomezushi, em Kanazawa. Mas, como é natural, o meu orçamento da viagem ao Japão não permitia tais veleidades.
É, isso sim, um conjunto de restaurantes de que gostei muito – tanto da comida como da experiência – e que, por isso mesmo, recomendo aos leitores-viajantes. Há melhores, naturalmente, mas as refeições que fiz nestes restaurantes souberam-me pela vida. Faça bom proveito!
Entre as refeições japonesas que ficaram de fora da lista, destaque para o tonkatsu que comi na Rua Pontocho, em Kyoto; para um almoço no restaurante Hanana, também em Kyoto; e para as deliciosas takoyaki (bolinhas de polvo) degustadas de pé num mercado de rua em Takayama.
Guia prático
Tour gastronómico
Caso tenha interesse em aprofundar conhecimentos sobre a gastronomia japonesa na companhia de um guia local, veja este Tour de comida de rua japonesa. Decorre nas ruas de Shibuya, em Tóquio.
Onde ficar
Em resumo, eis os locais onde escolhi pernoitar durante a minha viagem ao Japão:
- Tóquio: cinco noites num airbnb que não recomendo (veja o post sobre onde ficar em Tóquio e pesquise os melhores hotéis aqui);
- Matsumoto: uma noite no Hotel M Matsumoto;
- Alpes Japoneses: uma noite no (magnífico) ryokan Minshuku Takizawa;
- Takayama: uma noite no The Takayama Station Hostel;
- Kanazawa: duas noites no extraordinário The Share Hotels Hatchi;
- Hiroshima: um noite numa cápsula do Capsule Hotel Cube Hiroshima;
- Kyoto: cinco noites num airbnb simples mas agradável (veja o post sobre onde ficar em Kyoto ou procure bons hotéis aqui).
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