Tudo em Tallinn tem história – até os seus habitantes que, dizem, já por aqui andavam na altura em que os egípcios construíam as pirâmides. E apesar das invasões sucessivas dos países vizinhos, a cidade antiga mantém uma arquitectura e atmosfera medieval únicas. Memórias de uma viagem a Tallinn, a bela capital da Estónia.
O tempo também ajuda: o frio intenso, os ventos e nevoeiros do Golfo da Finlândia, onde foi construída a cidade, a humidade do mar e a falta de sol emprestam-lhe desde logo um carácter misterioso e romântico.
Só faltava os castelos de torres redondas e telhados pontiagudos, as grandes muralhas defensivas, as ruas de empedrado irregular – que os locais se apressaram a construir e reconstruir ao longo dos tempos. E é assim que hoje encontramos a capital da Estónia: como um grande cenário para um filme de Hollywood, situado entre os séculos XI e XV.
Depois de séculos de pilhagens e bombardeamentos por dinamarqueses, cavaleiros teutónicos, suecos, russos, nazis e soviéticos, é espantoso que a cidade mantenha mais do seu passado histórico do que a grande maioria das suas congéneres europeias, mas a verdade é que a parte antiga da cidade possui quilómetros de ruelas sinuosas com casas medievais, uma muralha de dois quilómetros e meio com vinte e seis torres defensivas, igrejas seculares, o magnífico castelo de Toompea, dos séculos XIII e XIV, e ainda bairros com casas tradicionais de madeira, como os de Kalamaja e Lillekula.
O próprio nome do país, Eesti, parece vir do termo usado pelos romanos para as tribos dessa região, a Leste dos germânicos, e Tallinn foi já referida em 1154 pelo cronista árabe Al Idrissi como “Kolovan” – o nome Tallinn deriva do estónio taani linn, “cidade dinamarquesa”, e surgiu nos tempos em que estes a ocupavam.
Dito isto, nada podia ser mais moderno: a actualidade, feita de internet, telemóveis e multibanco, tomou conta das ruas e dos hábitos dos estonianos, famintos de repor a independência e a modernidade tanto tempo adiada por outros, e que agora está, de novo, nas suas mãos. Todas as maravilhas da mais moderna tecnologia e informática já aqui chegaram e o investimento finlandês deu fôlego à economia emergente.
O inglês parece já ser a segunda língua e o turismo vai de vento em popa. “A cold country with a warm heart” (um país frio com coração quente), reza a publicidade turística do país, e se bem que os estonianos não sejam propriamente calorosos, a verdade é que também não deixam de ser hospitaleiros. E sobretudo não há quem não fique seduzido pela linha descontínua das muralhas semeada de torreões austeros com telhados cónicos – um deles, de uma rotundidade exagerada, baptizado de Margaret Gorda -, pela catedral ortodoxa russa de Alexandr Nevsky, ou a luterana Toomkirik, que são apenas alguns dos monumentos que a cidade oferece aos visitantes.
Todas as ruas de Tallinn parecem convergir para Raekoja Plats, a Praça do Município, com as suas casas góticas de cores outonais em contraste com a pedra do chão e das muralhas. Mas seguindo certas ruelas estreitas e calmas – a menos que passe um grupo de finlandeses bêbados em fim-de-semana de festa – e depois a longa Pikk jalg, de um asseio irrepreensível, chegamos ao cimo da colina de Toompea, que tem a melhor vista panorâmica sobre a cidade antiga.
Daqui avistamos as torres aguçadas que parecem perfurar as nuvens baixas, e adivinhamos que mais cedo ou mais tarde vão consegui-lo, e teremos direito a mais um chuveiro gélido antes do sol se impor de novo.
As águas do Golfo avistam-se ao fundo, por entre telhados e arvoredo, uma tira lisa e fina de azul que muda para branco durante o Inverno. Romântica e viva, Tallinn espelha ao mesmo tempo o passado e o futuro.
Roca al Mare, um museu rural perto de Tallinn
Se mesmo com o mergulho calmo no passado que a cidade velha nos proporciona se fartar de Tallinn, pode sempre apanhar o autocarro 21 para este museu ao ar livre, cujo baptismo se deve a um comerciante italiano que aí construiu uma casa no século XIX.
Por entre bosques e a costa, encontramos uma excelente mostra de construções típicas da Estónia dos séculos XVIII e XIX: habitações em vários estilos com mobiliário de época, moinhos de vento, estábulos e uma capela, tudo construído em madeira, com troncos sobrepostos, telhados de colmo e pinturas tradicionais. Aos domingos, há mesmo um pequeno espectáculo de canto e dança tradicionais, com participantes vestidos a rigor.
Guia de viagens a Tallinn
Este é um guia prático para viagens a Tallinn, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades em capital estónia.
Geografia da Estónia
A Estónia é um pouco maior que a Holanda e tem cerca de 1,4 milhões de habitantes, 32% dos quais de origem russa; a capital tem cerca de 430.000 habitantes. Com uma costa com cerca de 3.700 km e mais de 1.000 ilhas, a maior quantidade de pântano por metro quadrado da Europa (20% do país) e cerca de 40% do território coberto de floresta e lagos, a Estónia não é o local ideal para montanhistas. Ainda assim, a colina Suur Munamagi, com os seus 318 metros de altura, é o ponto mais alto do Báltico.
Quando viajar para Tallinn
Tallinn fica no Norte da Estónia, bem próximo da Finlândia, o que significa temperaturas desagradáveis durante mais de metade do ano, e o resto do tempo com uma frescura de Primavera; recomenda-se, portanto, o final da Primavera, o Verão (sobretudo Julho) e o início do Outono.
Como chegar a Tallinn
A oferta de voos directos entre Portugal e Tallinn é inexistente, sendo preciso voar através de outras cidades europeias como Londres ou Frankfurt. Compare preços abaixo.
Onde ficar
A escolha é imensa. Damos apenas três exemplos de hotéis, por ordem decrescente de preços: Hotel Schlossle, em Puhavaimu 13/15, num edifício do séc. XV da cidade antiga, para quem gostaria de ter a experiência de viver num castelo com vistas sobre a cidade – 307 euros um quarto. Meriton Old Town Hotel, em Lai 49, bem central – 60 euros o quarto. Academic Hostel, um pouco mais afastado do centro, em Akademiaa teel, junto à Universidade – quartos por 30 euros.
Onde comer
A cozinha estoniana é aparentada com a alemã, com abundância de carne de porco, batatas e legumes. Em Tallinn podemos encontrar restaurantes para todos os gostos, do indiano ao georgiano, do tailandês ao grego, passando pelo churrasco sul-americano. O supra-sumo é o Restaurante O, em Mere pst., que apresenta a moderna comida da Estónia com pratos de enguia, queijo de cabra com couve roxa, etc. Outro restaurante recomendado é o Aed, em Raraskaevu.
Museus de Tallinn
O Kumu Art Museum, que acaba de ganhar o galardão de melhor museu da Europa em 2008, fica em Weizenbergi 34 / Valge 1.
Sobre a Estónia
A Estónia faz parte da União Europeia, pelo que não é necessário visto. A moeda ainda não é o Euro mas a coroa, kroon, e 1 Euro vale cerca de 15 coroas. Há caixas Multibanco e facilidade em trocar dinheiro por toda a cidade. O Posto de Turismo de Tallinn fica em Niguliste 2/Kullassepa 4, na cidade antiga. A língua é muito próxima do finlandês, mas o inglês já ultrapassa o russo como segunda opção. Consulte o site oficial do Turismo da Tallinn para mais informações e dicas sobre o que fazer na capital estónia.
Seguro de viagem
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