Visitar Olivença, alma portuguesa em território espanhol

Andava há algum tempo para visitar Olivença (ou Olivenza, em castelhano) e, felizmente, a oportunidade surgiu durante um roteiro pela província de Badajoz, que fiz recentemente. Estando na região, tinha mesmo de conhecer o povoado de que tanto se fala! Apesar de reivindicado de jure por Portugal, o município de Olivença faz parte da província de Badajoz, pertencente à comunidade autónoma espanhola da Extremadura.

A esse respeito, o portal oficial do Turismo de Espanha escreve que Olivença “não renuncia à tradição lusa”, sendo que “toda a sua arquitetura apresenta uma mistura de estilos de ambos os países”, Portugal e Espanha. Concordo inteiramente. É um verdadeiro ponto de encontro entre as culturas portuguesa e espanhola.

Nas ruas há até quem fale em português no dia-a-dia (aconteceu-me cumprimentar alguém com “buenos dias” e do outro lado ouvir um “bom dia”), facto que contribuiu para que me parecesse estar a caminhar pelas ruas de uma cidadezinha tipicamente portuguesa.

Disputas territoriais à parte – até porque o presente artigo pretende ser uma inspiração para visitar Olivença e não uma reflexão jurídica ou diplomática -, estando na região de Badajoz seria impensável não conhecer Olivença. Até porque é uma povoação verdadeiramente interessante!

Assim, partilho um pouco da minha experiência de viagem a Olivença, com referências às principais atrações turísticas que conheci na cidade e arredores, incluindo todo o centro histórico amuralhado, igrejas e a torre de menagem. Eis, pois, o que fazer em Olivença durante um dia de estadia. Vamos a isso.

O que fazer em Olivença

Não há que inventar. Olivença é uma cidade pequena, com um centro histórico muito agradável, pelo que uma das coisas mais interessantes para fazer em Olivença é simplesmente caminhar, caminhar, caminhar. Percorrer as ruas estreitas do seu centro histórico. Deixar-se levar pela simpatia das pessoas. Explorar.

Dito isto, e sem prejuízo dessa liberdade que tanto valorizo, tive a sorte de visitar Olivença na companhia de Joaquín Becerra, profundo conhecedor da cidade e excelente guia local, tendo tido a oportunidade, não só de conhecer um conjunto de património arquitetónico, museus e espaços religiosos que vale a pena incluir num eventual itinerário de visita, mas também auscultar o sentir de alguém profundamente ligado à terra. E isso foi uma enorme mais-valia.

Eis, pois, as minhas sugestões sobre o que fazer em Olivença, baseado nessa experiência.

Vaguear pelo centro histórico

Como disse, uma das coisas mais interessantes para fazer em Olivença é simplesmente caminhar. E, naturalmente, não há melhor zona para o fazer do que o seu centro histórico. Não deixe de o explorar, de preferência sem rumo pré-definido.

Provavelmente será surpreendido pela afabilidade dos oliventinos e talvez até falem consigo em português corretíssimo. Repare na beleza das ruelas em tons claros e note que boa parte delas exibem duas toponímias distintas (o nome atual e o nome antigo, sendo que muitas continuam a ser conhecidas pelo nome antigo). Deixe-se, no fundo, contagiar pelos encantos da pequena cidade de Olivença.

Subir à Torre de Menagem

A Torre de Menagem do Castelo de Olivença é, seguramente, um dos elementos arquitetónicos mais emblemáticos da cidade. Do alto dos seus 37 metros de altura – que, ao que consta, fazem dela “a mais alta das torres de fortaleza da fronteira luso-espanhola” – tem-se uma vista espetacular sobre a cidade e toda a envolvência transfronteiriça. Motivo mais do que suficiente para recomendar a sua subida – com a particularidade adicional do interior da torre ser muito original, com corredores inclinados suficientemente largos para permitir a passagem de cavalos e mercadorias. Imprescindível!

Visitar o Museu Etnográfico Gonçalo Santana

No mesmo local está instalado o Museu Etnográfico Gonçalo Santana, também conhecido como Museu Etnográfico de Olivença. O espaço ocupa mais de vinte salas distribuídas por dois andares do Castelo de Olivença e dois do Quartel do Assento, a Padaria do Rei.

Na literatura oficial, escreve-se que “a temática central é a etnografia, usufruindo das diversas manifestações culturais da vila: o trabalho, a habitação das várias classes sociais, os ofícios, o ensino, o lazer… e temática não etnográfica, como a arqueologia com peças da zona, desde o Neolítico, ou arte sacra”.

Pela minha parte, gostei bastante e recomendo.

Igreja de Santa Maria Madalena

Construída em estilo manuelino, “que parte de um gótico tardio e singulariza-se pelo seu carácter decorativo e naturalista, onde não faltam motivos marítimos”, a Igreja de Santa Maria Madalena é um dos elementos religiosos mais significativos de Olivença. Ao que consta, tem grandes semelhanças com a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Elvas.

Para o visitante, e apesar da imponência exterior, o que mais impressiona é, sem qualquer dúvida, o interior da igreja, onde pontificam colunas absolutamente extraordinárias (dizem que parecem “evocar os calabrotes de um navio”). Caso tenha interesse por este tipo de monumentos, não deixe de incluir a Igreja de Santa Maria Madalena no seu roteiro em Olivença.

Atravessar as portas da cidade

A Porta do Calvário faz parte da fortificação abaluartada (o “quarto cinturão de Olivença”) construída no século XVII para as Guerras da Restauração. Nas palavras do site oficial do Turismo de Olivença, “a muralha possuía três portas, das quais só se conserva a monumental – a do Calvário -, orientada para Portugal”. Infelizmente, na altura em que visitei Olivença a Porta do Calvário estava inacessível devido a obras.

Há, num entanto, portas resistentes ao tempo que faziam parte da chamada muralha medieval, mais antiga, edificada para proteger o atual centro histórico da cidade – “um quadrilátero com quatro portas, cortado por duas ruas perpendiculares que se cruzam no centro”. São elas a Porta de Alconchel e a Porta dos Anjos, com torres semicirculares; e ainda a Porta da Graça, da qual só se conserva o arco. Quanto à quarta e última porta, de São Sebastião, o que se pode atualmente observar é uma reconstrução da original, demolida no século XIX devido ao seu estado de ruína iminente.

Seja como for, são pontos arquitetonicamente apelativos (e fotogénicos!) e de enorme relevância histórica, pelo que aconselho vivamente que lhes preste a devida atenção.

Capela do Espírito Santo

A Capela do Espírito Santo, na Santa Casa da Misericórdia, é um dos mais espetaculares testemunhos da identidade portuguesa de Olivença. Além dos majestosos retábulos barrocos, o que mais me chamou a atenção foi a típica azulejaria portuguesa que cobre as paredes da capela até à altura das abóbadas; é magnífica. Vale muito a pena visitar!

Porto Villareal de Olivenza

Estando em Olivença, seria uma pena não aproveitar para desfrutar de uma zona ribeirinha que dá pelo nome de Porto Villareal de Olivenza.

O espaço, que fica a sensivelmente 12 km da cidade, é uma área de lazer com foco nas atividades náuticas no ambiente mágico da albufeira do Alqueva, tendo a aldeia portuguesa de Juromenha como pano de fundo, na outra margem do rio. Fica a sugestão, especialmente em dias de tempo quente.

Outras coisas a fazer em Olivença (e arredores)

Como é evidente, esta não é uma lista exaustiva com o que fazer em Olivença, mas sim o resultado da minha curta experiência a visitar a cidade. Dito isto, além das atrações referenciadas no artigo (e no mapa), não deixe de fazer alguns percursos pedestres (eu não tive oportunidade); de visitar outros locais na malha urbana, como a Igreja de Santa Maria do Castelo; explorar com mais profundidade o lado rural da província; conhecer a Ponte da Ajuda, mandada construir por D. Manuel I; visitar Zafra, que não fica assim tão longe; e, claro, explorar Badajoz e a sua alcáçova altaneira.

Mapa dos lugares a visitar em Olivença

No mapa acima encontra a localização exata de todos os lugares referenciados no artigo. Apesar de pequena, não falta o que fazer em Olivença para um dia de viagem. Veja o site oficial do Turismo de Olivença para outras sugestões e informações históricas aprofundadas.