Já tinha estado na comunidade autónoma da Extremadura, visitando locais como Mérida, Cáceres e Trujillo. Mas a verdade é que, por um motivo ou por outro, nunca tinha visitado a cidade de Badajoz. Creio, aliás, que Badajoz sofre um pouco com a fama dos seus vizinhos Cáceres e Mérida, sendo para muitos uma cidade apenas de passagem. Ora, a verdade é que foi, para mim, uma boa surpresa, com muitos atrativos que fazem dela um destino turístico por mérito próprio. Sim, não falta o que fazer em Badajoz, especialmente no seu centro histórico e na zona alta da cidade.
Assim, partilho um pouco da minha experiência a visitar Badajoz, com referências às principais atrações turísticas que conheci na cidade e arredores, incluindo todo o centro histórico, igrejas e museus, um surpreendente passeio nas margens do rio Guadiana e, claro, bons restaurantes. Eis, pois, o que fazer em Badajoz numa estadia de um ou dois dias. Vamos a isso.
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Badajoz, o que visitar
- 1.1 Apreciar a Ponte de Palmas
- 1.2 Visitar a Praça Alta
- 1.3 Conquistar a Alcáçova de Badajoz
- 1.4 Aprender no Museu Arqueológico de Badajoz
- 1.5 Admirar a Torre de Espantaperros
- 1.6 Ermida do Rosário e Igreja da Consolação
- 1.7 Galeria de arte Igreja de Santa Catalina
- 1.8 Edifício La Giralda
- 1.9 Catedral de São João Batista
- 1.10 Museu Estremenho e Ibero-americano de Arte Contemporânea
- 1.11 Passeio para observação de aves nas margens do rio Guadiana
- 1.12 Churrería aAaaa
- 1.13 Visitar Olivença
- 1.14 Porto Villareal de Olivenza
- 1.15 Outras coisas a fazer em Badajoz (e arredores)
- 2 Nota sobre o Carnaval de Badajoz
- 3 Mapa dos lugares a visitar em Badajoz
- 4 Dicas para visitar Badajoz
Badajoz, o que visitar
Antes de mais, convém dizer que, tal como na maioria das cidades espanholas, uma das coisas mais prazeirosas de Badajoz é caminhar sem rumo pelas ruas estreitas e íngremes do seu centro histórico, tapeando pelos bares e esplanadas para recuperar energias. Sem grandes planos.
Dito isto, e sem prejuízo dessa liberdade vagabunda, há um conjunto de património arquitetónico, museus e espaços ligados às artes que vale a pena incluir num eventual roteiro para uma escapadinha a Badajoz. Assim, eis as minhas sugestões sobre o que fazer e visitar em Badajoz.
Apreciar a Ponte de Palmas
Construída sobre uma outra ponte datada do século XV mas posteriormente danificada por fortes cheias, a atual Ponte de Palmas foi concluída em 1596 e nunca teve uma relação fácil com o rio Guadiana. Em 1603, por exemplo, já no reinado de Felipe III, uma outra cheia do Guadiana destruiu 16 dos seus 24 mananciais, forçando a sua reconstrução parcial.
Seja como for, a Ponte de Palmas sempre teve grande importância estratégica, sendo hoje um dos ex-líbris da cidade de Badajoz. É especialmente fotogénica ao pôr-do-sol, quando as cores quentes do entardecer pintam as águas do Guadiana. Há bares com esplanada nas imediações da ponte, para desfrutar de um fim de tarde em grande estilo.
Visitar a Praça Alta
A Praça Alta é a principal praça da zona mais antiga do centro histórico de Badajoz. Fica nas proximidades da alcáçova, a cidadela construída durante o domínio muçulmano, que vale igualmente a pena visitar – já lá vamos!
Ao que consta, até ao século XVII a Praça Alta e a vizinha Praça de São José formavam um espaço único onde se supõe que, devido à proximidade da alcáçova e da Porta do Capitel, “ali se realizassem os socos (mercados) durante a Idade Média”.
Hoje em dia, é um amplo espaço de forma retangular, com arcadas quase a toda a volta e, por cima, casas de habitação decoradas de forma muito característica – e que tornam a praça única e distintiva. Do ponto de vista turístico, é provavelmente o local mais chamativo e identitário da cidade de Badajoz. A visitar.
Conquistar a Alcáçova de Badajoz
A Alcáçova de Badajoz é uma cidadela de caráter defensivo construída num local estratégico no alto do Cerro de la Muela, rodeada de encostas íngremes e de difícil acesso. É, atualmente, “considerada a maior alcáçova da Europa” e outro dos ex-líbris do atual centro histórico da cidade de Badajoz. No seu interior encontra-se o Museu Arqueológico de Badajoz, a Torre de Espantaperros, a Ermida do Rosário e a Igreja da Consolação, todos merecedores da atenção do visitante. Comecemos pelo museu…
Eu tive a felicidade de visitar a Alcáçova de Badajoz em duas ocasiões – ao entardecer e durante a manhã -, e posso garantir que o final da tarde é absolutamente deslumbrante. Assim as condições climáticas o permitam.
Aprender no Museu Arqueológico de Badajoz
Estando na Alcáçova de Badajoz, aproveitei para conhecer o Museu Arqueológico Provincial de Badajoz.
“O museu está situado na alcáçova muçulmana da cidade. No seu interior são expostas mais de 15.000 peças procedentes dos sítios arqueológicos da província de Badajoz. Assim, podem ser contemplados desde elementos arquitetónicos visigóticos, cerâmicas e lápides funerárias árabes até mosaicos romanos. Especialmente relevante é a coleção de vestígios da Idade do Bronze, uma das mais completas da Península Ibérica. Também se destaca a secção dedicada aos povoados megalíticos”.
in site oficial do Turismo de Espanha
Não visitei a totalidade das salas de exposição, é certo, mas fiquei imediatamente maravilhado com o painel de mosaicos exposto logo à entrada do museu. Tenho um especial fascínio por mosaicos romanos, e locais como Heraclea Lyncestis, na Macedónia do Norte; Pompeia, em Itália; ou os mosaicos em Sabratha ou Leptis Magna, na Líbia, são um deleite para os sentidos. Foi um bom prenúncio para o que haveria de descobrir no interior do museu, sobre o qual não tinha grandes expectativas, mas que se revelou uma boa surpresa.
Admirar a Torre de Espantaperros
Curiosa construção octogonal, a Torre de Espantaperros é, na sua essência, uma torre de vigia conhecida como Torre da Atalaya ou Torre do Aprendiz. Originalmente, a torre “era encimada por uma pequena construção quadrada decorada com arcos entrelaçados”, substituída entretanto por “um acabamento de estilo mudéjar que albergava um sino”.
Seja como for, vale a pena apreciar a Torre de Espantaperros; especialmente da parte superior da alcáçova, a partir de onde se tem uma vista deslumbrante sobre a torre e a Praça Alta de Badajoz. É outro dos ícones arquitetónicos da cidade.
Ermida do Rosário e Igreja da Consolação
Ainda dentro da muralha da época islâmica da Alcáçova de Badajoz, encontram-se vestígios arquitetónicos da Ermida do Rosário e da Igreja da Consolação. O seu estado de conservação não é o melhor, mas ainda assim creio que vale a pena espreitar, na esperança de que, em breve, o que resta das edificações possa ser recuperado.
Galeria de arte Igreja de Santa Catalina
Uma das grandes surpresas da minha ida a Badajoz foi a visita a uma galeria de arte. A responsável por essa descoberta foi Maribel Paredes, uma guia local que fez questão de me levar a conhecer alguns dos mais especiais recantos de Badajoz; incluindo ruelas, monumentos, museus e, claro, a galeria de arte instalada na antiga Igreja de Santa Catalina.
O contraste é extraordinário. Abóbadas e frescos no teto, um vislumbre da antiga cripta no subsolo, através de pedaços de chão envidraçado e… magníficas obras de arte contemporânea nas paredes. Se não sabe o que fazer em Badajoz, este é um espaço absolutamente imperdível que merece toda a sua atenção!
Edifício La Giralda
Um dos edifícios mais famosos de Badajoz é conhecido como La Giralda, nome que advém do facto de ser inspirado na torre La Giralda de Sevilha, um antigo minarete posteriormente convertido em torre sineira para a Catedral de Sevilha.
No caso de Badajoz, o edifício foi construído em estilo neomudéjar no local onde se situava a Ermita de la Soledade, com o objetivo de ser um armazém com funções comercias nos pisos inferiores, à imagem dos grandes armazéns europeus; e residência do proprietário, Manuel Cancho Moreno, na parte superior. Vale a pena parar para observar La Giralda.
Catedral de São João Batista
Vista de fora, a Catedral de São João Batista parece-se mais com uma fortaleza do que com um templo cristão. Devido ao “facto de se encontrar fora da cidadela, tem paredes grossas e maciças, ameias e uma torre sóbria e poderosa, onde se encontra o campanário”. Nada indiciaria, portanto, a exuberância interior da Catedral de Badajoz.
Pela minha parte, acabo quase sempre por focar a minha atenção na zona do coro – e isso aconteceu uma vez mais. Há qualquer coisa naquele ambiente austero, onde predomina a madeira em tons escuros de cima a baixo, que me fascina profundamente. Referência ainda para o adjacente Museu da Catedral, que ocupa antigas dependências do edifício, como a Sala Capitular, a Contaduria e o Claustro, e onde se destacam coleções de objetos litúrgicos.
Tudo somado, creio não cometer qualquer exagero se disser que a Catedral de Badajoz é um lugar de visita obrigatória para todos os que chegam à cidade.
Caso queira visitar a Catedral de Badajoz, não se deixe enganar pela porta fechada. O acesso faz-se pelo Museu da Catedral, cuja entrada se localiza no lado direito da catedral (para quem está na rua virado para a porta principal).
Museu Estremenho e Ibero-americano de Arte Contemporânea
O MEIAC – Museu Estremenho e Ibero-americano de Arte Contemporânea é um museu instalado num edifício cilíndrico onde outrora estava a Prisão Preventiva e Correcional de Badajoz. O museu reúne obras de artistas contemporâneos espanhóis, portugueses e ibero-americanos – um acervo que, para mim, foi muito interessante conhecer. Mesmo que não se goste de – ou não se compreenda – todas as obras expostas, fica a sugestão de visita.
A entrada no MEIAC é gratuita, sendo que a maioria das exposições são temporárias. Caso queira visitar outros museus de Badajoz, considere também o Museu do Carnaval.
Passeio para observação de aves nas margens do rio Guadiana
Certo dia, acordei de manhã cedo com um objetivo bem definido: fazer um passeio para observar as aves que habitam o Guadiana. À minha espera estava Francisco Peláez, mais conhecido por Paco, diretor da Escola da Natureza Geo2 e profundo conhecedor das aves que fazem de Badajoz o seu habitat. Foi uma espécie de birdwatching urbano absolutamente deslumbrante.
Vi inúmeras espécies de aves, incluindo um inacreditavelmente belo martim-pescador (ou guarda-rios) que Paco dizia não ver há mais de dois meses, e ainda duas águias pesqueiras perscrutando as águas do rio. Se não sabe o que fazer em Badajoz e tem uma manhã disponível, considere seriamente entrar em contacto com o Paco.
Churrería aAaaa
A Churrería aAaaa é um espaço emblemático da zona alta de Badajoz. É, na verdade, muito mais do que uma simples churrería. É um projeto de cariz social; uma casa que, inspirada no exemplo de Carmen, irmã do proprietário Carlos Díaz que sofre de síndrome de Down e trabalha na churreria entregando churros, cidade adentro, montada na sua bicicleta, ajuda pessoas com algum tipo de incapacidade.
Falta dizer que ali se vendem livros doados pela população por apenas 1€ – valor que, ao que consta, reverte para os empregados. Em suma, se apenas puder visitar um lugar em Badajoz depois de passar pela Praça Alta e estiver munido de um espírito solidário, faça uma paragem na Churrería aAaaa. Obrigado.
Em jeito de curiosidade, ao que consta, o nome original seria La Alcabaza – que, por imposições legais, não podia ser utilizado, tendo o proprietário, Carlos Díaz, decidido manter apenas as vogais e dar, assim, o estranho nome de aAaaa à casa de churros.
Visitar Olivença
O portal oficial do Turismo de Espanha escreve que Olivença “não renuncia à tradição lusa”, sendo que “toda a sua arquitetura apresenta uma mistura de estilos de ambos os países”, Portugal e Espanha. É isso. Nas ruas há até quem fale em português no dia-a-dia (aconteceu-me o contrassenso de cumprimentar alguém com “buenos dias” e do outro lado ouvir um “bom dia”), facto que contribuiu para que me parecesse estar a caminhar pelas ruas de uma cidadezinha tipicamente portuguesa.
Disputas territoriais à parte, Olivença é um destino que, estando em Badajoz, seria impensável não visitar. É uma cidade linda, com alma e história!
Porto Villareal de Olivenza
E, estando em Olivença, porque não aproveitar para desfrutar da área de lazer ribeirinha que dá pelo nome de Porto Villareal de Olivenza? O espaço é uma área de lazer com foco nas atividades náuticas no ambiente mágico da albufeira do Alqueva, tendo o povoado português de Juromenha como pano de fundo, na outra margem do rio. Fica a sugestão, especialmente em dias de tempo quente.
Outras coisas a fazer em Badajoz (e arredores)
Mas não é tudo. Como é evidente, esta não é uma lista exaustiva com o que fazer em Badajoz, mas sim o resultado da minha curta experiência a visitar a cidade. Dito isto, além das atrações referenciadas no artigo (e no mapa), não deixe de fazer outros percursos pedestres, de explorar com mais profundidade o lado rural da província e, claro, cidades vizinhas como Elvas (em Portugal) ou Mérida, entre outras.
A propósito, e embora seja um pouco mais longe, a cidade de Zafra tem muitos motivos de interesse. Entre eles, há pelo menos um lugar que seguramente o vai surpreender e merece ser incluído nos seus planos com o que fazer em Badajoz e arredores. Falo do incrível e já referido El Capricho de Cotrina, uma casa inspirada nas obras do génio Antoní Gaudí. Inacreditável!
Caso possa programar a sua visita a Badajoz para a época do Entrudo, saiba que o Carnaval de Badajoz é dos mais afamados e participativos de Espanha.
Nas palavras do Turismo de Espanha, durante o Carnaval a cidade fica “cheia de fantasias, murgas e comparsas, especialmente no domingo de Carnaval, altura em que tem lugar o enorme Desfile das Comparsas. Entre os eventos que acontecem durante os cinco dias do Carnaval, destacam-se o Concurso de Murgas (que acontece na sexta-feira), o Grande Desfile de Carnaval e, por fim, a dispensa de Don Carnal, o enterro da sardinha (terça-feira gorda)”.
Nunca estive em Badajoz durante a época carnavalesca, mas dizem que vale muito a pena!
Para mais informações, veja o site oficial do Carnaval de Badajoz.
Mapa dos lugares a visitar em Badajoz
No mapa acima, encontra a localização exata de todos os lugares referenciados no artigo. Como vê, não falta o que fazer em Badajoz!
Dicas para visitar Badajoz
Como chegar a Badajoz
A cidade de Badajoz fica a pouco mais de 10 km de Elvas, junto à fronteira entre Portugal e Espanha. Para quem viaja sem carro próprio, a melhor forma de chegar a Badajoz a partir de Lisboa é de autocarro. As viagens demoram sensivelmente quatro horas, com preços a partir de 6€ por trajeto. Veja os horários em sites como o CheckMyBus ou diretamente nas empresas de transportes FlixBus e Alsa.
Onde ficar em Badajoz
Boa parte dos visitantes acaba por não pernoitar em Badajoz; mas, caso tenha tempo, não deixe de ficar num dos bons hotéis de Badajoz, antes de seguir viagem para outras regiões da Extremadura. Dito isto, apesar de Badajoz ser uma urbe de média dimensão, é importante escolher um hotel bem localizado para poder explorar a cidade a pé.
Pela minha parte, fiquei no excelso NH Gran Hotel Casino de Extremadura (★ 8.8), de 5 estrelas. O hotel é absolutamente magnífico (é provavelmente o melhor hotel de Badajoz) mas, se fosse hoje, teria escolhido um hotel ou pousada menos luxuoso mas na outra margem do rio.
Em concreto, provavelmente o mais popular hotel de Badajoz, fruto da localização impecável e serviços de qualidade, o Sercotel Gran Hotel Zurbarán (★ 8.5) é uma escolha fantástica. No mesmo segmento, o Hotel Badajoz Center (★ 8.6) é igualmente muito procurado, pese embora, na minha opinião, o nome seja um pouco enganador (o hotel fica afastado do centro histórico).
Para opções hoteleiras mais simples e mais baratas, o Hotel San Marcos (★ 8.1) pode ser aquilo que procura: está bem localizado e oferece boa relação qualidade/preço. Por fim, caso prefira um apartamento, dificilmente encontrará melhor do que a chamada Casa da Catedral (★ 9.5). De resto, para ver todas as alternativas de alojamento em Badajoz pesquise diretamente no link abaixo.
Gastronomia e onde comer
Felizmente, o que não falta em Badajoz são restaurantes de enorme qualidade, com ênfase natural nos tradicionais pratos baseados na carne de porco – claro! – mas sem descurar um toque de modernidade.
Em concreto, nesta minha viagem a Badajoz experimentei alguns restaurantes dos quais guardo boas memórias. Fiz, aliás, duas refeições de grande qualidade: uma no tradicional restaurante La Casona Alta (carne de porco inacreditavelmente saborosa); e outra no Querida Milagros, com um toque de modernidade junto à margem do rio. Mas há ainda muitos outros restaurantes que vale a pena experimentar, como o Casa Azcona ou o superlativo (mas mais caro) Marchivirito, especialista em gastronomia regional.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.