Rioja Alavesa: guia para visitar as adegas vinícolas de Álava

A Rioja Alavesa é uma região vitivinícola localizada no Sul da província de Álava, sensivelmente entre o Rio Ebro e a Serra da Cantábria. São apenas 300 quilómetros quadrados inseridos na mais vasta região vinícola da Rioja, “onde as vinhas têm sido plantadas desde a época dos Romanos” e se produzem alguns dos melhores vinhos de Espanha!

Creio, aliás, que a Rioja foi a primeira denominação de origem espanhola a atingir o nível Denominación de Origen Calificada (DOCa), o segundo patamar mais elevado da classificação de vinhos espanhóis. Mas o que é a Rioja Alavesa?

Rioja Alavesa

Para que fique claro, a Rioja está dividida em três sub-regiões: Rioja Alta, Rioja Baja e Rioja Alavesa. E é sobre este último território da província de Álava que me vou debruçar. É lá que passa a chamada Rota do Vinho de Rioja Alavesa, que inclui mais de uma centena de produtores de vinho.

Na literatura oficial diz-se que é “um convite para desfrutar de experiências únicas e descobris todos as recantos escondidos desta região”. Laguardia, Elciego, Labastida-Bastida e Samaniego são alguns dessas preciosidades que vale a pena conhecer quando visitar a Rioja Alavesa!

No que toca aos vinhos, e apesar de ter um clima muito semelhante ao da região de Rioja Alta, a Rioja Alavesa produz vinhos tidos como mais encorpados e com maior acidez.

Segundo o Turismo de Espanha, “o vinho mais característico de Rioja Alavesa é o tinto. A maior parte da produção é elaborada a partir da variedade de uva Tempranillo. São vinhos de uma cor vívida e brilhante; de aroma fino e intenso, e com um sabor frutado, que é aveludado e quente para o paladar. O resultado é um vinho equilibrado.”

É certo que existem vinícolas em toda a região, mas é em Laguardia e Elciego que se localizam as adegas da Rioja Alavesa que eu fui visitar. São, na verdade, algumas das mais emblemáticas. É disso exemplo a Bodegas Marqués de Riscal, uma das vinícolas mais antigas de La Rioja, que oferece ainda um hotel de luxo desenhado pelo arquiteto Frank Gehry.

Assim, se pensa visitar Rioja Alavesa, veja alguns dos produtores de vinho e aldeias que pode conhecer. Eu passei mais tempo na Bodegas Marqués de Riscal, pelo que esta não é, naturalmente, uma lista exaustiva com o que fazer na Rioja Alavesa. São, isso sim, boas sugestões para incluir num roteiro imperdível pela região vinícola de Álava. Vamos a isso.

O que visitar na Rioja Alavesa

Bodegas Marqués de Riscal

Como disse, foi na Bodegas Marqués de Riscal que passei mais tempo durante a minha visita à região de Rioja Alavesa.

Tive oportunidade não só de conhecer o excelso Hotel Marqués de Riscal, criação do arquiteto canadiano Frank Ghery; mas também de visitar as vinhas e toda a zona de produção de vinhos. E, claro, de provar vinhos que foram, para mim, uma muito agradável surpresa.

À chegada, fui recebido pelos responsáveis da vinícola, que, ainda na loja, tiveram a gentileza de dar as boas-vindas e me explicar um pouc da história da Marqués de Riscal.

Seguimos depois para o exterior, a caminho das vinhas, primeiro, e do centro de triagem, pisa e armazenamento. Infelizmente, as vindimas tinham acabado e o processamento das vinhas estava mesmo, mesmo no final. Uma semana antes e teria apanhado as vindimas e todo o processo na máxima pujança.

Apaixonado que sou pelas vindimas no Douro, assistir às vindimas na Rioja Alavesa teria sido a cereja no topo do bolo. Ainda assim, deu para conhecer pormenorizadamente a Bodegas Marqués de Riscal, eleita a segunda melhor vinícola do mundo pelo terceiro ano consecutivo nos prémios World’s Best Vineyards. Não é coisa pouca.

Fundada em 1858, foi aqui que foram engarrafados os primeiros vinhos Rioja, sendo a primeira vindima do então Marquês em 1862. Foi também onde começou a tendência de cobrir as garrafas de Rioja em malha dourada, tendo os vinhos da quinta sido tão populares pelos inícios do século XX que exigiam uma forma de selo para garantir a autenticidade. Além disso, Marqués de Riscal pode ser creditado pela introdução de vinhos brancos na província vizinha de Rueda e por ajudar na sua elevação ao estatuto DO na década de 1970; há muito para aprender e descobrir nesta terra de aventuras que é uma adega.

in World’s Best Vineyards

Tempo ainda para visitar a impressionante coleção de vinhos antigos que repousam nas caves refrescantes de Marqués de Riscal. São milhares de garrafas com dezenas e dezenas de anos que encontrei na escuridão das caves – porventura um dos maiores tesouros de toda a região. Tal como o hotel.

O Hotel Marqués de Riscal

Socorro-me novamente das palavras do World’s Best Vineyards. “As fitas retorcidas de alumínio espalhadas pelo Hotel Marqués de Riscal brilham sob a luz solar espanhola, os seus tons roxos, dourados e prateados refletindo os vinhos e as suas garrafas produzidos na bodega, em baixo. A obra-prima de Frank Gehry é agora uma visão familiar na paisagem de Rioja, uma estética futurista que desmente a história que encerra”.

Não há como negar que o Hotel Marqués de Riscal, que integra a rede Luxury Collection da cadeia Marriot, é uma preciosidade que engrandece a vinícola dos arredores de Elciego. Depois de o visitar pode dentro, posso confirmar que o fascínio que o exterior provoca continua lá dentro. Tal como o Museu Guggenheim de Bilbau, é lindo e surpreendente!

No final, tempo para uma prova de vinhos. Experimentei três – um branco, um rosé e um tinto – e confesso que, com exceção do rosé (não sou apreciador!), os outros dois foram verdadeiramente surpreendentes. Muito bons, mesmo!

Bodegas Ysios

A título de curiosidade, dizer que também fui espreitar a Bodegas Ysios, nos arredores de Laguardia. Tal como o Hotel Marqués de Riscal, também o edifício principal da Bodegas Ysios, do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, é igualmente belo e distintivo.

Não tive tempo para explorar a Ysios com a calma que a propriedade mereceria, mas fica a referência. Até porque, sob o mote “Revolucionar a tradição”, a Ysios diz que procura “evocar o prazer do inesperado, respeitando a tradição vitivinícola da região com uma mentalidade inovadora e revolucionária na elaboração dos vinhos”. Muito bom.

Bodegas Javier San Pedro Ortega

Localizado literalmente do outro lado da estrada, fica a vizinha e irreverente Bodegas Javier San Pedro Ortega. Creio que é bom vincar a palavra irreverente. E o lema “Pense menos. Sinta mais.” reflete na perfeição essa postura.

Na verdade, Javier é a “quinta geração de uma família de enólogos de Laguardia”. Ao que consta, aprendeu o ofício com o avô e fez o seu primeiro vinho na adega do pai, quando tinha apenas 17 anos.

Um pouco mais tarde, em 2013, arriscou no projeto vitivinícola Bodegas Javier San Pedro Ortega, tendo-se rodeado de uma equipa extremamente jovem que – dizem! – “procura surpreender e diferenciar-se do clássico vinho Rioja”.

No fundo, visitar a Bodegas Javier San Pedro Ortega é o complemento perfeito à visitas a produtores mais tradicionais. Porque, na Rioja Alavesa, há lugar para todos.

Visitar a aldeia medieval de Laguardia

O vilarejo de Laguardia fica numa colina rodeada de vinhas e é a capital da região conhecida como Rioja Alavesa. Reza a história que a cidade medieval foi fundada no século X para “defesa do Reino de Navarra”, sendo que o seu traçado medieval manteve-se praticamente intacto até aos dias de hoje.

É, por isso mesmo, um enorme prazer caminhar pelas ruas estreitas de Laguardia, dentro das suas muralhas. Assim que cruza uma das antigas portas da cidade e atravessa o que resta das suas muralhas, o visitante entra num mundo com muitos, muitos séculos. E isso nota-se imediatamente nas fachadas, nos portais, em monumentos históricos como a Igreja de Santa Maria de los Reyes. É maravilhoso.

Dito isto, como explico no artigo sobre o que visitar em Vitoria-Gasteiz, tive azar com o tempo e visitei Laguardia debaixo de chuva forte. Como é natural, não desfrutei do povoado com o mesmo prazer que teria num dia mais soalheiro. Mas mesmo assim deu para perceber que é uma localidade muito, muito interessante, perfeita para complementar as visitas às quintas produtoras de vinhos. A visitar, portanto.

Outros produtores de vinho a visitar na Rioja Alavesa

Como é evidente, existem dezenas e dezenas de vinícolas que é possível visitar na Rioja Alavesa. Assim, para o caso de dispor de mais tempo, deixo aqui algumas sugestões de adegas e produtores de vinho a visitar na região.

• Bodegas Baigorri, Samaniego. O edifício, criado pelo arquiteto de Iñaki Aspiazu Iza, é um dos ícones da arquitetura da Rioja Alavesa.
• Bodegas Izadi, em Villabuena.
• Eguren Ugarte, em Laguardia.
• Bodegas Solar de Samaniego, em Laguardia.

Mas há muitas outras vinícolas da Rioja Alavesa que vale a pena visitar. E não só. Mesmo em termos arqueológicos, há locais que pode incluir no roteiro pela Rioja Alavesa para tornar a experiência ainda mais rica e completa. É disso exemplo o Dolmen Chabola de la Hechicera.

Mapa das principais vinícolas de Rioja Alavesa

Se procura o que visitar na Rioja Alavesa, nada como visualizar a localização exata dos lugares referenciados no artigo. É esse o objetivo deste mapa.