Miranda do Douro faz parte da chamada Terra Fria Transmontana, um território no nordeste de Trás-os-Montes composto pelos concelhos raianos de Bragança, Mogadouro, Vinhais, Vimioso e Miranda do Douro.
Não fica perto de quase nada, é certo, mas o esforço para lá chegar é recompensado. Pelas pessoas; pelo património; pela gastronomia; pela beleza do Parque Natural do Douro Internacional. Tudo motivos mais do que suficientes para visitar Miranda do Douro o quanto antes. Venha daí.
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O que fazer em Miranda do Douro
- 1.1 Passeio de barco no Douro Internacional
- 1.2 Visitar o centro histórico de Miranda do Douro
- 1.3 Apreciar a paisagem no Miradouro da Freixiosa
- 1.4 Visitar a aldeia de Picote (e o Miradouro da Fraga de Puio)
- 1.5 Visitar o Centro de Valorização do Burro de Miranda (em Atenor)
- 1.6 Outras sugestões na Terra Fria Transmontana
- 2 Dicas para visitar Miranda do Douro
O que fazer em Miranda do Douro
Esta curta lista de lugares a visitar em Miranda do Douro integra-se na perfeição num roteiro de dois dias, ideal para uma escapadinha ao Parque Natural do Douro Internacional, na chamada Terra Fria Transmontana.
Note que nesta viagem não tive oportunidade de explorar Miranda do Douro a fundo, pelo que as sugestões são um tanto ou quanto óbvias. Vamos a isso.
Passeio de barco no Douro Internacional
Na manhã do primeiro dia, comece por fazer um passeio de barco no Rio Douro. A viagem, chamada “Cruzeiro Ambiental”, permite contemplar as vertentes do rio de uma perspetiva totalmente distinta da que se obtém a partir de terra firme, nomeadamente do alto das arribas.
Para além disso, é um passeio muito educativo. A tripulação da Estação Biológica Internacional DueroDouro interpreta a fauna, flora, geologia e recursos etnográficos do desfiladeiro; permitindo, por exemplo, ver ao microscópio os microorganismos da água do rio e conhecer melhor a avifauna que habita o parque natural.
A bordo existem instrumentos como um disco de Sechi, um microscópio e uma manga de plâncton.
Note que eu fiz uma versão alargada do passeio (o chamado “Cruzeiro Especial”), com duração de duas horas, o que permitiu navegar um pouco mais rio acima, até avistar a Passagem dos Contrabandistas.
Tive ainda oportunidade de desembarcar na Área Etnográfica do Vale da Águia, antes de regressar à Estação Biológica.
Por tudo isso, é um passeio que recomendo.
Outros passeios de barco no Douro Internacional
Caso não queira embarcar em Miranda do Douro, há dois passeios alternativos à sua escolha.
O primeiro parte da localidade espanhola de Aldeadávila de la Ribera, e é semelhante ao de Miranda do Douro (embora numa secção diferente do rio), no sentido em que se faz a bordo de um barco grande, com capacidade para 100 passageiros. Veja no site Corazon de las Arribes.
O segundo parte de Bemposta e faz-se a bordo de uma embarcação muito mais pequena (máximo de 14 passageiros), proporcionando uma experiência bem diferente. Saiba mais no site da naturisnor.
Visitar o centro histórico de Miranda do Douro
Deixei o carro junto às muralhas de Miranda do Douro, e fui andando pela Rua Mouzinho de Albuquerque, uma das principais artérias pedonais do centro histórico.
Adiante, passei pela Praça D. João III, onde se encontra uma estátua com duas figuras humanas, em tamanho real, representando um casal mirandês. É lá que fica o Museu da Terra de Miranda, dedicado ao modo de vida no planalto mirandês.
O objetivo era chegar ao Largo da Sé, onde pontifica a Sé Catedral de Miranda do Douro, porventura o edifício mais emblemático da urbe; e em cujas traseiras existe um miradouro com vistas para o Rio Douro e suas arribas.
Mas não é tudo. A dois passos ficam as ruínas lindíssimas do Paço Episcopal, onde vale a pena demorar-se.
Há ainda as Ruínas do Castelo, o chafariz e a Fonte dos Canos, o Postigo da Barca e as antigas portas principais da cidade. Muito património para ver numa área relativamente pequena de Miranda do Douro. Deixe-se ficar, que a tarde vai passar a correr…
Apreciar a paisagem no Miradouro da Freixiosa
Na manhã seguinte, é hora de sair de Miranda do Douro e conhecer alguns dos locais mais interessantes das proximidades. Incluindo um dos mais belos miradouros do Douro Internacional: o Miradouro da Freixiosa, localizado perto da homónima aldeia e acessível por uma curta estrada de terra batida com respeitável declive.
O miradouro não tem estruturas humanizadas, para além de um gradeamento de ferro no acesso ao topo do promontório rochoso que protege os mais incautos; e isso é uma enorme mais-valia. É, por assim dizer, um miradouro selvagem, onde o granito domina e a avifauna mesmeriza.
As vistas sobre as arribas do Douro, essas, são do melhor.
Visitar a aldeia de Picote (e o Miradouro da Fraga de Puio)
A aldeia de Picote (ou Picuote, em mirandês) fica no município de Miranda do Douro, em pleno Parque Natural do Douro Internacional, numa envolvente de grande beleza natural.
Reza a história que, na Idade do Ferro, algures no primeiro milénio antes de Cristo, se instalou um castro na área da Fraga do Puio. Posteriormente, na época romana, Picote terá sido um importante aglomerado populacional, admitindo-se que tenha sido “a capital de uma ampla civitas abrangendo o território que, na Idade Média, seria a Terra de Miranda”.
Hoje em dia, há quem tente com afinco preservar as tradições locais, incluindo a língua mirandesa. Ao ponto das placas toponímicas dos espaços públicos de Picote serem bilingues, com o mirandês em destaque.
A visitar!
Junto à aldeia fica o Miradouro da Fraga de Puio, alvo recente de obras de beneficiação que lhe acrescentaram uma plataforma de chão de vidro, tornando-o mais apelativo para os visitantes.
O miradouro é tido como um dos melhores locais para se observar o canhão fluvial do Douro Internacional, onde as arribas graníticas chegam a ter mais de 200 metros de altura. Não deixe Picote sem o visitar.
Visitar o Centro de Valorização do Burro de Miranda (em Atenor)
De tarde, fica ainda a faltar uma atividade imprescindível nesta lista com o que fazer em Miranda do Douro. Falo do Centro de Valorização do Burro de Miranda (CVBM), localizado na aldeia de Atenor, e que tem por objetivos “contribuir para a caracterização, conservação, melhoramento, promoção e utilização sustentável da raça asinina de Miranda (ou Burro de Miranda)”.
“Além de assumir um papel fundamental na conservação e melhoramento das características genéticas da raça através da reprodução do Burro de Miranda, o CVBM contribui grandemente para a promoção desta raça autóctone e do território do Planalto Mirandês, não só fomentando a visita a este espaço como organizando atividades que têm o burro como peça central (caminhadas, jogos, formações), dando assim a conhecer a raça asinina de Miranda a um público cada vez mais alargado.”, in AEPGA
Tinha curiosidade em conhecer o espaço na companhia dos meus filhos e, para isso, bastou ligar para a AEPGA – Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino e marcar a visita (por sorte, ficámos com as últimas vagas do dia).
Chegados à sede da associação, em Atenor, fomos recebidos pela simpaticíssima Cláudia, que nos encaminhou até ao Centro de Valorização do Burro de Miranda. Aí, foi explicado o trabalho da associação e as valências do centro, incluindo as preocupações com o bem-estar animal; e tivemos contacto com os burros – que o meu filho mais novo insistia em querer alimentar.
Tudo somado, foi tempo educativo e bem passado. E as crianças gostaram muito.
É obrigatório marcar a visita ao Centro de Valorização do Burro de Miranda, por email ou telefone. Para mais informações e contactos, consulte o site da AEPGA – Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino.
Outras sugestões na Terra Fria Transmontana
Caso goste de caminhar e não viaje durante o verão, considere fazer o trilho até à Cascata da Faia da Água Alta, no lugar de Lamoso. Fica a 40km de Miranda do Douro.
Eu não fiz, porque estive na região no mês de agosto e, naturalmente, a cascata estava sem água, pelo que o objetivo final da caminhada (ver a Cascata da Faia da Água Alta) não seria possível concretizar.
De resto, de Mogadouro a Vimioso, passando pelos belíssimos miradouros do Douro Internacional, não faltam atrativos nas proximidades de Miranda do Douro, na chamada Terra Fria Transmontana. Espero voltar com mais tempo para poder fazer justiça a uma região de que tanto gosto.
Dicas para visitar Miranda do Douro
Como chegar a Miranda do Douro
Tendo como referência a cidade do Porto, a melhor forma de chegar a Miranda do Douro é seguir de carro pela A4 e IC5, direto à cidade transmontana. No total, são aproximadamente 260km (cerca de três horas de viagem).
Quando ir
Caso tenha interesse, pode ainda conciliar a visita a Miranda do Douro com algum dos eventos culturais ligados às tradições locais do planalto mirandês – entre os quais espetáculos de dança dos Pauliteiros, concertos do grupo musical Galandum Galundaina ou até festivais temáticos. A saber:
- DEZEMBRO A FEVEREIRO: Festas de Inverno;
- FEVEREIRO: Festival de Sabores Mirandeses;
- JUNHO: Ronda das Adegas de Atenor;
- JULHO: L Burro i l Gueiteiro – Festival Itinerante de Cultura Tradicional (nas aldeias da região);
- AGOSTO: Festival Intercéltico de Sendim (a pouco mais de 20km de Miranda do Douro);
- DEZEMBRO: Festival Geada (música, dança, cultura, tradições, natureza e sustentabilidade).
Gastronomia e restaurantes em Miranda do Douro
Consta que entre os restaurantes onde se come a melhor posta mirandesa estão O Mirandês e o Hotel Parador Santa Catarina. Eu, infelizmente, não fui comprovar – terá de ficar para uma próxima visita a Miranda do Douro.
Há também o fumeiro e os enchidos mirandeses (alheira, butelo, chouriça, salpicão, bocha e chabiano); para além dos roscos e da tradicional bola doce.
Onde ficar
Para o ajudar a decidir em que local montar base, veja onde ficar no Douro Internacional. Eu, pela minha parte, acho a aldeia de Picote uma excelente escolha, mas a opção de Miranda do Douro é igualmente interessante – embora fique quase no extremo do parque (o que implicará fazer mais quilómetros).
Nesse caso, recomendo sem reservas o turismo rural Puial de l Douro (fica fora da cidade, mas é mesmo extraordinário). Ou, considerando um ambiente mais urbano, o Hotel Cabeço do Forte ou ainda, num registo diferente, o Douro Camping, são unidades hoteleiras muito elogiadas.
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Seguro de viagem
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