Ilha das Flores, Açores. Wow! Sou apaixonado pelos Açores e já tive oportunidade de visitar a maioria das ilhas – algumas delas várias vezes, como o Faial, onde tenho família a viver. No entanto, nunca tinha estado nem na ilha do Corvo nem na ilha das Flores, ambas localizadas no Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores. Até agora.
Terra de lagoas e cascatas, de piscinas naturais e miradouros, de percursos pedestres e flores como a cana-roca, a ilha das Flores é, porventura a par com São Jorge, uma das mais bonitas ilhas dos Açores.
Já visitei muitas vezes o arquipélago dos Açores (a última viagem foi antes da pandemia, precisamente à ilha de São Jorge), mas nunca tinha estado nem nas Flores nem no Corvo. Decidi, por isso, dividir os dez dias de férias de verão familiares pelas duas ilhas.
Neste artigo, partilho a minha experiência a visitar a ilha das Flores em família, apesar da limitação de não dispor de carro alugado (era agosto e estava tudo esgotado). Faço referência às principais atrações turísticas que conheci, incluindo lugares como a Fajã Grande, as piscinas naturais de Santa Cruz das Flores e as lagoas da Reserva Florestal Natural do Morro Alto e Pico da Sé, percursos pedestres e, claro, muitas dicas sobre transportes, onde comer e onde dormir.
Eis, pois, o que fazer na ilha das Flores numa estada de quatro ou cinco dias. Vamos a isso.
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O que visitar na ilha das Flores
- 1.1 Dar um mergulho nas piscinas naturais de Santa Cruz das Flores
- 1.2 Visitar o Museu da Fábrica da Baleia do Boqueirão
- 1.3 Visitar o Poço Ribeira do Ferreiro
- 1.4 Fazer o Trilho Lajedo – Fajã Grande (PR02 FLO)
- 1.5 Poço do Bacalhau
- 1.6 Apreciar a paisagem no Miradouro do Portal
- 1.7 Visitar as 7 lagoas da ilha das Flores
- 1.8 Miradouro das Lagoas Rasa e Funda
- 1.9 Rocha dos Bordões
- 1.10 Dormir (e comer) na Aldeia da Cuada
- 1.11 Outras coisas a ver nas Flores
- 2 Trilhos da ilha das Flores (para descobrir a pé)
- 3 Mapa dos lugares a visitar nas Flores
- 4 Guia prático para visitar a ilha das Flores (Açores)
O que visitar na ilha das Flores
Antes de mais, convém dizer que a ilha das Flores tem sofrido um boom turístico impressionante nos últimos anos, pelo que esqueça a ideia idílica de ter as Flores “só para si”. Especialmente no verão, a pressão turística é imensa, provocando falta de alojamentos e de carros para alugar e, pior ainda, de restaurantes para fazer refeições. Não estou a brincar – em agosto de 2021 as Flores estavam exatamente assim!
Dito isto, se puder fugir dos meses de maior procura, faça-o. As Flores são populares e com razão. Os amantes da Natureza, de trilhos e caminhadas, do verde a perder de vista, de lagoas e cascatas vão ficar embasbacados. Tal como eu fiquei! Eis as minhas sugestões sobre o que ver ou fazer nas Flores.
Dar um mergulho nas piscinas naturais de Santa Cruz das Flores
Saído do barco, vindo da ilha do Corvo, e antes de fazer a viagem até à Fajã Grande, onde me hospedei, decidi explorar um pouco de Santa Cruz das Flores. E assim, após um rápido pequeno-almoço na Lanchonete Orquídea, segui de imediato para as piscinas naturais de Santa Cruz das Flores – que um amigo tinha classificado como “as melhores piscinas naturais dos Açores”.
Lá chegado, fiquei rendido. Wow!
Encontrei águas translúcidas e cheias de peixe (e muito menos frias do que antecipara), um espaço razoavelmente amplo e bem cuidado, perfeito para toda a família. Na hora de ir embora, a reação dos miúdos dizia tudo: “podemos voltar aqui?”
Visitar o Museu da Fábrica da Baleia do Boqueirão
Ora, bem perto das piscinas naturais fica o Museu da Fábrica da Baleia, razão para uma incursão museológica com as crianças, para saberem um pouco mais sobre a história baleeira dos Açores. Foi mais uma bela surpresa.
A coleção do Museu da Fábrica da Baleia do Boqueirão permite ilustrar todo o processo de caça e transformação da “baleia” – nome vulgarmente usado nos Açores para designar o cachalote, único cetáceo caçado no arquipélago. Pretende-se desta forma que o visitante tenha uma experiência enriquecedora e que a coleção, bastante abrangente, dê a conhecer os trabalhos inerentes à caça costeira praticada na região, desde o avistamento do cachalote até ao seu desmancho na Fábrica.
Site oficial do museu
O museu está muito bem pensado. Desde logo, a possibilidade de ver um documentário sobre todo o processo da caça à baleia, que nos prendeu por longos minutos (até o mar se começar a pintar de vermelho, altura em que achei por bem não expor o mais pequeno à violência das imagens). E depois, o passeio pela própria fábrica, conhecendo a maquinaria utilizada no desmancho dos cachalotes e as explicações sobre o processo.
Em resumo, não tenho dúvidas em incluir o Museu da Fábrica da Baleia do Boqueirão em qualquer lista com o que fazer nas Flores. Não que Santa Cruz das Flores seja um ponto alto da estadia na ilha – nada disso! -; mas porque, combinando o museu com as piscinas naturais, pode passar uma manhã (ou uma tarde) muito bem aproveitada. Vá por mim!
Visitar o Poço Ribeira do Ferreiro
O Poço Ribeira do Ferreiro é, provavelmente, um dos locais mais icónicos e fotogénicos da ilha das Flores. Eu visitei-o no verão, altura em que as cascatas tinham pouca água, mas mesmo assim achei belíssimo. E o que lá encontrei foi uma envolvência magnífica, com uma parede verde quase vertical diante de um espelho de água em tons de verde e amarelo. Nem imagino a beleza que o Poço Ribeira do Ferreiro deve ser em meses de maior pluviosidade, com as cascatas largas e pujantes. É, sem qualquer dúvida, um dos locais a visitar na ilha das Flores.
A melhor forma de lá chegar é, para muitos, combinar com o Trilho Lajedo – Fajã Grande (PR02 FLO), fazendo o pequeno desvio a partir da estrada alcatroada, tal como explico abaixo.
Seja como for, a partir da estrada o trilho para o Poço Ribeira do Ferreiro tem apenas 600 metros, facto que pode levar algumas pessoas a facilitarem. Mas tenha em atenção que há secções do percurso que podem estar muito escorregadias, pelo que aconselho o uso de calçado apropriado. Pelo menos, não vá de chinelos!
Não se pode tomar banho no Poço Ribeira do Ferreiro. Respeite.
Fazer o Trilho Lajedo – Fajã Grande (PR02 FLO)
O Trilho Lajedo – Fajã Grande é um percurso pedestre com 13 km de extensão, que liga precisamente as localidades de Lajedo e Fajã Grande, na costa ocidental da ilha das Flores.
Ora, estando a viajar com crianças, optei por não fazer a totalidade do percurso. Em vez disso, fui à boleia até ao início do caminho para o Poço Ribeira do Ferreiro, fiz esse pequeno passeio e voltei à estrada. Foi só a partir desse local que fiz o PR02 FLO, quase sempre a descer até à Fajã Grande. No total, combinando ida e volta ao Poço Ribeira do Ferreiro com esta parte do PR02 FLO, terei caminhado pouco mais de 5 km – distância perfeitamente aceitável para o meu filho de 6 anos.
De referir que o percurso é absolutamente deslumbrante, especialmente assim que se deixa a estrada de alcatrão e se começa a calcorrear um caminho de terra ao longo da base da falésia, rodeado por pastagens e campos de cultivo e ladeado por antigos muros de pedra. Se não sabe o que fazer nas Flores (além de visitar as lagoas), não hesite. O trilho é lindo, lindo!
Para terminar em grande, nada melhor do que um banho nas piscinas naturais da zona balnear da Fajã Grande.
Poço do Bacalhau
O Poço do Bacalhau fica junto à Fajã Grande e é outro dos ícones paisagísticos da ilha das Flores. Uma cascata com 90 metros de altura, caindo na vertical para uma pequena lagoa rodeada de vegetação endémica, é uma visão impressionante. Especialmente em alturas com muita água – imagino.
Eu visitei a ilha das Flores em agosto e, ainda assim, apesar da escassez de água na cascata, não me arrependo de ter conhecido o Poço do Bacalhau. O caminho para lá chegar é curto mas bonito e bem arranjado. Mas, mais impressionante, foi mesmo a quantidade de aves nas suas atividades quotidianas que pude observar, sentado num banco de pedra, para deleite do meu filhote. Impagável.
É permitido tomar banho no Poço do Bacalhau.
Apreciar a paisagem no Miradouro do Portal
Não sei se a opinião é consensual mas, para mim, o Miradouro do Portal oferece uma das vistas mais espetaculares da ilha das Flores. Dali avista-se a povoação da Fajãzinha, socalcos e campos de cultivo, a linha da costa e, ao fundo, parte da Fajã Grande e da imponente escarpa que a delimita.
Escolha uma altura de céu razoavelmente limpo e não se vai arrepender de parar no Miradouro do Portal.
Visitar as 7 lagoas da ilha das Flores
As depressões vulcânicas (caldeiras) e as lagoas da ilha das Flores são, provavelmente, o atrativo maior que povoam o imaginário dos viajantes que visitam a ilha. São sete, no total, e todas oferecem visões deslumbrantes – assim as nuvens o permitam.
Note, a esse propósito, que tive de esperar pelo dia certo para conseguir ver e fotografar as lagoas, pelo que convém alguma paciência. Abaixo, partilho imagens das sete lagoas e algumas dicas para as visitar.
Lagoa Comprida
Uma das quatro lagoas que integram a Reserva Florestal Natural do Morro Alto e Pico da Sé – reserva localizada no Planalto Central e que inclui o Morro Alto, o ponto mais elevado das Flores -, a Lagoa Comprida é seguramente uma das mais fotogénicas da ilha.
Fica ao lado da Caldeira Negra, separadas por uma elevação rochosa antecedida por um miradouro a partir do qual se pode observar as duas lagoas. Creio não exagerar se disser que é um dos locais mais fotografados da ilha das Flores.
Lagoa Negra
A Caldeira Negra, “de vertentes rochosas e muito declivosas”, alberga a Lagoa Negra (ou Lagoa Funda), que tem uma profundidade máxima de 115 metros. É, por isso, a lagoa mais profunda dos Açores.
No dia em que visitei o Miradouro das Lagoas, as águas da Lagoa Negra estavam esverdeadas, enquanto que as da vizinha Lagoa Comprida apresentavam uns belos tons de azul muito escuro, quase preto. Não sei se é sempre assim, mas a combinação era visualmente magnífica.
Lagoa Seca
Consta que a Lagoa Seca nem sempre faz jus ao nome. E, ao contrário do cenário desprovido de água com que me deparei, dizem que noutras estações do ano a imagem é muito distinta. Ainda pertence à Reserva Florestal Natural do Morro Alto e Pico da Sé.
Lagoa Branca
Um pouco mais adiante, na chamada estrada dos Ferros Velhos, o visitante vai deparar-se com a Lagoa Branca, descrita como “um anel de tufos de vertentes suaves”. Confesso que gostei bastante, principalmente por causa do jogo de cores verde e amarelo na base da caldeira e junto ao miradouro, fruto da presença de flores como a cana-roca. A visitar.
Lagoa da Lomba
Provavelmente a lagoa de que menos gostei na ilha das Flores. Não que seja feia, evidentemente, mas falta-lhe o dramatismo montanhoso das outras caldeiras. Ainda assim, não deixe de a incluir na sua lista com o que fazer nas Flores; até porque a Lagoa da Lomba é a única onde é permitido tomar banho.
Lagoa Rasa
Por fim, as duas últimas lagoas – Rasa e Funda – ficam muito próximas uma da outra, algures entre os lugares de Mosteiro e Lajedo. É possível vê-las da estrada que as separa, sempre pintalgada pelo amarelo das cana-roca; mas a melhor vista é de longe, a partir de um local chamado – adivinhe! – Miradouro das Lagoas Rasa e Funda (veja abaixo).
Lagoa Funda
Vista de perto, a Lagoa Funda já é impressionante, encaixada numa imponente caldeira rodeada de escarpas verdejantes. Mas ganha outra dimensão vista de longe, como facilmente comprova na fotografia seguinte. Foram as últimas lagoas que avistei na ilha das Flores – e, cada uma à sua maneira, são de facto maravilhosas.
Miradouro das Lagoas Rasa e Funda
Vistas as sete lagoas das Flores, há ainda um local que, na minha opinião, é absolutamente imperdível. Tem, para mim, uma das vistas mais fotogénicas da ilha. Para tal, é preciso “contornar” a Lagoa Funda e percorrer a estrada onde se encontra o chamado Miradouro das Lagoas Rasa e Funda (veja a localização no mapa abaixo). É lindo, lindo, lindo…
Eu passei lá de tarde e a luz já não estava nas melhores condições. Às primeiras horas da manhã, com o sol pelas costas, acredito que as fotografias serão ainda mais espetaculares.
Rocha dos Bordões
Implantada a curta distância da estrada que liga Mosteiro a Lajedo, a Rocha dos Bordões é um geossítio muito importante da ilha das Flores.
Trata-se de um conjunto de colunas rochosas com uma vintena de metros de altura, razoavelmente bem preservadas e que, nas palavras do Geoparque dos Açores, “corresponde a uma disjunção prismática ou colunar, associada ao arrefecimento de uma escoada lávica traquibasáltica aquando do seu fluxo e implantação”. Seja como for, é impressionante.
O melhor local para observar a Rocha dos Bordões é o chamado Miradouro da Rocha dos Bordões, perto da povoação de Mosteiro. Assim as nuvens o permitam, claro está.
Dormir (e comer) na Aldeia da Cuada
Reza a história que a antiga aldeia da Cuada, localizada na parte ocidental da ilha das Flores, foi abandonada pelos seus habitantes nos anos 60 do século XX, muitos dos quais emigraram para o continente americano.
Mais recentemente, um casal açoriano tomou em mãos a tarefa de recuperar as antigas casas de pedra da aldeia, transformando-as em alojamento voltado para o turismo. A ideia de Teotónia e Carlos Silva, os proprietários, é estabelecer uma ligação entre o passado e o presente, mantendo a traça rural das casas de pedra mas adaptando-as às exigências do turista dos dias de hoje. Nascia assim um dos mais belos exemplos de turismo de aldeia no arquipélago dos Açores.
Pela minha parte, não fiquei hospedado na Aldeia da Cuada, mas fui visitar o empreendimento e experimentar o seu restaurante – e fiquei encantado. Recomendo vivamente.
Outras coisas a ver nas Flores
Há, naturalmente, um conjunto de outras atividades a fazer e lugares a visitar na ilha das Flores. Algumas dessas atividades tinha, inclusive, ponderado fazer. Mas, por um lado, o facto de não ter carro acabou por limitar os movimentos; e, por outro, o facto de viajar com crianças eliminou do roteiro alguns trilhos mais difíceis. Eis, então, outras visitas que deve também considerar:
- Ponta Delgada;
- Povoações de Mosteiro e Lagedo;
- Fajã de Lopo Vaz e a sua praia;
- Miradouro dos Caimbros;
- Gruta dos Enxaréus;
- Farol de Albarnaz;
- Miradouro da Baía de Além;
- Pico do Meio Dia;
- Aldeia da Caldeira, para onde está pensado um novo empreendimento de turismo da aldeia (na linha da Aldeia da Cuada).
Trilhos da ilha das Flores (para descobrir a pé)
Museus, piscinas naturais e miradouros à parte, algo que não pode faltar nas sugestões sobre o que fazer nas Flores são os percursos pedestres.
Na ilha das Flores existem cinco trilhos oficiais marcados, sendo quatro Pequena Rota (listas amarelas e vermelhas) e um Grande Rota (listas brancas e vermelhas), todos eles maravilhosos mas nem sempre fáceis. Não são, por isso, acessíveis a todos os viajantes, sendo que a dificuldade de alguns dos trilhos varia muito em função do sentido da marcha. Planeie bem antes de se meter ao caminho.
Eis um resumo dos trilhos oficiais existentes nas Flores.
- Trilho Fajã Grande – Ponta Delgada (PR01 FLO). Este era o percurso pedestre que mais queria conhecer na ilha das Flores, mas acabei por não o fazer. São 12,9 km de um percurso costeiro belíssimo, que une a povoação de Ponta Delgada à Fajã Grande (faça o trilho neste sentido, não no sentido oficial). O caminho passa pelo Farol de Albarnaz e por miradouros incríveis, que proporcionam vistas sobre o recorte da costa, o oceano Atlântico e o ilhéu Maria Vaz. Mais informações.
- Trilho Lajedo – Fajã Grande (PR02 FLO). Como referi, percorri apenas o último terço do percurso e posso garantir que vale a pena. No total, são 13,1 km que ligam Lajedo à Fajã Grande, com passagem pelo acesso ao Poço Ribeira do Ferreiro e vistas para os ilhéus da freguesia do Mosteiro e as colunas basálticas da Rocha dos Bordões. Mais informações.
- Trilho Miradouro das Lagoas – Poço do Bacalhau (PR03 FLO). Um trilho alucinante, com 7,3 km de extensão, que começa no Miradouro das Lagoas, entre as lagoas Negra e Comprida, e desce ao longo da parede rochosa até à Fajã Grande. Tenha cuidado se o terreno estiver enlameado. Mais informações.
- Trilho Fajã de Lopo Vaz (PRC04 FLO). Um pequeno trilho com pouco mais de 3,4 km (ida e volta), ligando o parque de merendas à Fajã de Lopo Vaz, alegadamente um dos primeiros locais da ilha a ser habitado. O percurso não é particularmente difícil, mas tenha em consideração os quase 200 metros de desnível positivo no regresso da fajã. Mais informações.
- Grande Rota das Flores. A Grande Rota das Flores percorre boa parte do litoral costeiro da ilha, ligando Santa Cruz das Flores à freguesia do Lajedo, situada na costa sudoeste da ilha. O percurso é linear, tem 47 km de extensão e um grau de dificuldade elevado, com troços “não aconselháveis a pessoas com vertigens, em especial a descida da Rocha do Risco”. A Grande Rota das Flores é normalmente dividida em duas etapas, com paragem em Ponta Delgada.
Mapa dos lugares a visitar nas Flores
Como vê, não falta o que fazer nas Flores para uma estada de quatro ou cinco dias; ou até mais, no caso de querer fazer a maioria dos percursos pedestres da ilha.
Guia prático para visitar a ilha das Flores (Açores)
Quando visitar a ilha das Flores
Antes de mais, tenha em consideração que a meteorologia dos Açores é, regra geral, bastante instável, pelo que é difícil antever como será o clima em determinada época.
Dito isto, em teoria a melhor altura para visitar a ilha das Flores são os meses de julho e agosto, época em que o tempo está quente e mais estável, os dias são longos e a probabilidade de encontrar céu limpo é maior. Isto em teoria, naturalmente, já que, por exemplo, segundo os florentinos, o passado mês de julho (2021) foi horrível.
Seja como for, o principal problema desta altura do ano é o grande fluxo de turistas, facto que aumenta os preços e torna a oferta de hospedagem e de carros de aluguer muito escassa. Se viajar nesta altura, reserve tudo com meses de antecedência.
Alternativamente, os meses de maio e setembro (e mesmo outubro) são igualmente boas apostas em termos climáticos, com a vantagem de terem menos turistas do que no pico do verão.
Em sentido contrário, junho é conhecido como um mês onde a probabilidade das Flores estarem cobertas de nevoeiro é maior; e entre novembro e janeiro a probabilidade de encontrar mau tempo é elevada.
Como chegar à ilha das Flores
De avião
Como queria visitar as duas ilhas do Grupo Ocidental (Flores e Corvo), procurei um voo open jaw, com ida para uma das ilhas e regresso pela outra. Se não encontrasse boas ligações, teria provavelmente optado por voar para as Flores; mas, com alguma persistência e dois meses de antecedência, felizmente consegui encontrar voos baratos.
Eu paguei 125€ por pessoa para um bilhete ida e volta da Azores Airlines (SATA), com ida Porto – Corvo e regresso Flores – Porto, em pleno mês de agosto (com uma curta escala em Ponta Delgada em ambos os sentidos). Como o preço era muito bom e as ligações excelentes, não tentei usufruir do encaminhamento gratuito inter-ilhas nos Açores; mas aconselho vivamente que estude essa possibilidade (atualização: o encaminhamento gratuito já não está disponível).
Caso não queira alugar carro e precise de um transfer para o seu alojamento, contacte Armando Rodrigues, proprietário da Experience OC, com antecedência.
De barco, a partir do Corvo
A Atlantico Line é a empresa que faz a ligação de barco entre as ilhas dos Açores. No caso da viagem entre o Corvo e as Flores, a travessia demora cerca de 40 minutos e é feita a bordo da pequena embarcação Ariel. O bilhete custa 10€ por adulto e 5€ para crianças até aos 12 anos de idade, e pode ser comprado na Atlântico Line (encontra os horários no site).
Transportes na ilha das Flores
Não há volta a dar: para conhecer as Flores precisa de um carro (cumprir esta lista com o que visitar nas Flores fica muito mais fácil dessa forma). As alternativas seriam os autocarros da UTC (veja aqui os horários), mas servem apenas para se deslocar entre as povoações, e não para visitar as lagoas ou desfrutar dos miradouros, por exemplo. Ou, claro, os táxis, mas nesse caso acabará por gastar muito mais dinheiro. Veja o artigo sobre alugar carro nos Açores para mais dicas.
Eu, infelizmente, marquei a viagem com pouca antecedência e já não consegui arranjar carro (estava tudo completamente esgotado), pelo que fiquei um pouco limitado nos meus movimentos. Não cometa o mesmo erro! Reserve com meses de antecedência.
Excursões e passeios organizados
Caso pretenda organizar passeios, seja uma excursão pelas lagoas ou a logística para trekkings lineares (como o PR01 FLO, que começa em Ponta Delgada), recomendo vivamente que contacte a já referida Experience OC.
DICA: Os leitores do Alma de Viajante têm 10% de desconto em todas as atividades com guia reservadas diretamente no site da Experience OC. Basta usar o código de desconto “almadeviajante2022” antes de efetuar o pagamento. Aproveite!
Caso queira fazer uma excursão de ida e volta à ilha do Corvo, além da Experience OC pode também falar com a Extremocidente, do muito elogiado Carlos Mendes, ou com o Cristino Serpa. O preço ronda os 35€ por pessoa.
Onde ficar nas Flores
Antes de mais, penso que, na minha opinião, o melhor lugar para ficar nas Flores é a Fajã Grande. Acho preferível ficar ali, por oposição a dormir em Santa Cruz das Flores ou noutra das povoações da ilha.
Dito isto, o local mais emblemático para se hospedar nas Flores é, sem dúvida, a Aldeia da Cuada, a 2 km da Fajã Grande; mas saiba que ficará totalmente isolado e que, sem carro, a sua mobilidade estará seriamente comprometida. Ou seja, só fique na Aldeia da Cuada se tiver carro alugado. Já colado à Fajã Grande, o Sítio da Assumada é outra opção de alojamento incrível e que vale a pena considerar, assim como as Casas da Cascata.
Pela minha parte, optei por ficar numa casa independente na Fajã Grande, chamada Casa do Sol Posto; e, para o meu estilo, funcionou muito bem. Ficar inserido na povoação – com gente, mercearias e um ou outro café -, é algo que aprecio. Ainda assim, e dada a ausência de táxis na Fajã Grande, recomendo igualmente que tenha carro. Outra opção mais barata nas proximidades é a Residência Mateus, com a particularidade de ter um bom pequeno-almoço incluído na diária. Eu conheci os donos e são gente fantástica.
Por fim, caso por algum motivo prefira dormir em Laje das Flores, a Vivenda Joaquim é provavelmente a melhor escolha. Os seus hóspedes têm escrito opiniões muito elogiosas a respeito.
Note que, em qualquer dos casos, convém reservar alojamento com a máxima antecedência, especialmente nos meses de verão. Para ver todas as alternativas de alojamento nas Flores, pesquise diretamente no link abaixo.
Pesquisar hotéis na ilha das Flores
Gastronomia e onde comer
Antes de mais, tenho de referir que comi poucas vezes fora, pelo que não experimentei muitos restaurantes. Depois, um aviso: é muito difícil comprar peixe fresco na ilha das Flores, exceto em Santa Cruz das Flores. Para mim, habituado a comer peixe excelente nas outras ilhas do arquipélago, confesso que foi uma surpresa.
Como referi, fiquei hospedado na Fajã Grande e, apesar de haver pescadores na aldeia, não havia peixe fresco à venda. Aparentemente, o motivo para tal é a obrigatoriedade imposta pelo Governo aos pescadores de venderem o seu peixe na lota em Santa Cruz das Flores.
Feita esta ressalva, um dos melhores lugares para comer nas Flores é, sem qualquer dúvida, o restaurante da Aldeia da Cuada. Não é barato – e consta que o serviço às vezes é muito lento – mas a minha experiência foi muito positiva. Toda a comida – peixe incluído! – estava deliciosa. De resto, há na Fajã Grande dois restaurantes que não visitei: o Papadiamandis, tido como aceitável; e o Maresia, que dois habitantes locais diferentes me instaram a evitar a todo o custo por causa dos preços elevados.
Em Santa Cruz das Flores, duas das opções mais consensuais são os restaurantes O Moreão e a Sereia, localizados um em frente ao outro junto ao Porto das Poças. Não experimentei nenhum deles, mas almocei por conveniência no Hotel Café (fica entre as piscinas naturais de Santa Cruz das Flores e o Museu da Fábrica da Baleia) e cumpriu a função. Mas a melhor sugestão que tenho para dar quanto a restaurantes em Santa Cruz das Flores chama-se Fora d’Horas, um local despretensioso, com comida deliciosa (tem pratos do dia), preços justos e um atendimento extraordinário. Vá à confiança!
Por fim, em Lages das Flores, o restaurante O Forno Transmontano parece ser uma aposta segura, mas também não experimentei.
Nota: caso necessite de se abastecer de víveres para as suas férias nas Flores, as pequenas povoações como a Fajã Grande dispõem de mercearias que ajudam no dia-a-dia; mas, para compras maiores, pode valer a pena passar pelo supermercado do Centro Comercial Floratlântico, em Santa Cruz das Flores.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.