Está a pensar viajar para os Açores e procura um roteiro em São Miguel? Pois bem, São Miguel é razoavelmente extensa e diversificada, pelo que há muito a conhecer na ilha. Vale por isso a pena investir algum tempo a pensar o que visitar em São Miguel, tentando distribuir essas atrações pelos vários dias de viagem para aproveitar ao máximo a estadia. Não fique só pelas lagoas e miradouros… e talvez se surpreenda!
Tenha em atenção que em São Miguel há mesmo muito para ver e fazer, pelo que 3 dias na maior ilha açoriana podem não ser suficientes para visitar São Miguel de ponta a ponta. Ou seja, em 5 dias completos consegue conhecer muita coisa; mas se tiver 7 ou mais dias terá tempo para fazer trilhos, conhecer todos os miradouros e lagoas, explorar o pouco visitado nordeste e muito mais. E tudo isso com margem para os maus humores climáticos muito comuns nos Açores.
Assim, partilho neste artigo o meu roteiro de viagem a São Miguel, Açores, dia a dia, para que possa adaptar o itinerário aos seus gostos pessoais, tempo disponível e objetivos da viagem. Nesta última visita, passei 6 dias em São Miguel, com condições climáticas pouco amigas do viajante. Mas isso é algo que, nos Açores, é sempre uma possibilidade.
Dica: as condições climáticas nos Açores são imprevisíveis, pelo que é necessário ser flexível no planeamento. Sugiro que se mantenha atento às câmaras do site SpotAzores, que transmitem imagens em tempo real de vários pontos da ilha de São Miguel, incluindo das lagoas, para melhor ajustar o que visitar em São Miguel em cada um dos dias.
Roteiro para visitar São Miguel (Açores)
Dia 1: Lagoa das Sete Cidades e costa Oeste
No primeiro dia do roteiro para visitar São Miguel, sugiro que se dedique a explorar a região da Lagoa das Sete Cidades e a costa Oeste da ilha, onde fica a povoação de Mosteiros. Foi seguramente uma das principais razões que o levou a São Miguel; pelo que, se as condições climáticas permitirem, não adie. Será seguramente um dos melhores dias deste roteiro nos Açores.
Dica: para este dia a viajar em São Miguel tenha consigo um fato de banho e equipamento básico de caminhada, principalmente calçado apropriado para trekking, um impermeável, um cantil para água e alguns snacks.
Comece cedo. Saindo de Ponta Delgada, a primeira paragem do dia será no Miradouro Pico do Carvão, onde desfrutará (caso o nevoeiro permita) de vistas fantásticas sobre a costa norte de São Miguel. É uma espécie de aquecimento para o que aí vem!
Logo adiante avistará o chamado Aqueduto do Carvão, localizado nas imediações da pequena Lagoa do Carvão, alojada numa cratera vulcânica de grande beleza no Maciço das Sete Cidades.
Ora, uma vez aqui chegado, poderá fazer uma pequena mas muito bonita caminhada na serra da Devassa para conhecer a pouco visitada Lagoa das Empadadas. É um trilho de apenas 1,5 km de extensão, ida e volta, que pode ser completado com uma ida ao excelso Miradouro do Pico do Paúl circundando a Lagoa das Éguas, bem junto à Lagoa Rasa e a bosques de onde não apetece sair. No total, são pouco mais do que 3,5 km, ida e volta, a partir do aqueduto.
Informação útil: se vir no Maps.me, encontra a indicação de um parque de estacionamento junto à Lagoa das Empadadas. Mas, quando lá passei, a estrada de acesso à lagoa estava vedada com um portão onde se lia que o acesso era apenas pedonal. Terá, portanto, de deixar o carro junto ao aqueduto e ir até à margem da lagoa a pé, como acima referido.
Quer faça ou não a caminhada, a próxima paragem tem mesmo de ser junto à Lagoa do Canário, 2 km adiante. É de lá que tem acesso ao Miradouro da Boca do Inferno, provavelmente o lugar mais emblemático de toda a ilha. É, seguramente, um dos mais belos miradouros de São Miguel.
Tal como na paragem anterior, encontrará um portão que veda o acesso aos carros, pelo que terá de ir a pé da Lagoa do Canário até ao miradouro. Na verdade, são pouco mais de mil metros através de uma estrada bonita e praticamente plana pelos bosques do Parque Florestal da Mata do Canário – pelo que é um passeio muito agradável. E a recompensa é de tirar o fôlego mesmo ao viajante mais experiente.
Pela minha parte, confesso que fiquei siderado. Não importa quantas fotografias já viu deste lugar, provavelmente ficará surpreendido. É lindo, incrível, maravilhoso. Dali avistam-se a Lagoa das Sete Cidades (dividida entre Lagoa Verde e Lagoa Azul), a Lagoa Rasa e a Lagoa de Santiago, além da povoação de Sete Cidades e das colinas verdejantes que cobrem os cones vulcânicos. É, para mim, das paisagens mais bonitas de todo o arquipélago dos Açores, a par da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, em São Jorge, e das lagoas e fajãs da ilha das Flores.
Dica: para vistas espetaculares sobre o cone vulcânico da Lagoa Rasa (primeira foto deste artigo), ao chegar ao início do corrimão de madeira que dá acesso ao miradouro, siga pelo trilho à sua esquerda. Adiante, encontrará vários locais com vistas magníficas. Sente-se e desfrute da paisagem, mas tenha cuidado e não se aproxime demasiado da falésia.
De olhar satisfeito, era então hora de prosseguir o roteiro em São Miguel e visitar um dos miradouros mais famosos de São Miguel. Chama-se Miradouro da Vista do Rei e, para ser honesto, não me surpreendeu. Na verdade, depois do Miradouro da Boca do Inferno é difícil ser surpreendido, mas não há dúvida de que tem boas vistas sobre a Lagoa das Sete Cidades.
Muitos turistas, no entanto, vêm até este local por outro motivo: visitar as ruínas do Monte Palace Hotel. Mas aconselho vivamente a não cometer o erro de entrar nas ruínas. Primeiro, é propriedade privada; segundo, o edifício não oferece condições de segurança; e terceiro, não faltam locais com vistas incríveis sobre a Lagoa das Sete Cidades (não precisa subir às ruínas do hotel!). Fica o apelo.
A partir Miradouro da Vista do Rei, é então altura de descer até à povoação de Sete Cidades. Mas, se ainda não estiver farto de miradouros, pode naturalmente parar nos miradouros do Cerrado das Freiras e da Lagoa de Santiago. Ficam ambos à face da estrada a caminho da vila de Sete Cidades.
Uma vez em Sete Cidades, não deixe de percorrer a bela alameda de criptomérias que conduzem à Igreja de São Nicolau, um pequeno templo edificado no século XIX no coração de Sete Cidades. E, se porventura for hora de almoço, recomendo sem reservas a Casa de Chá O Poejo.
Com Sete Cidades pelas costas, é então hora de rumar ao litoral oeste de São Miguel. E a primeira paragem é em Mosteiros. Não sei bem explicar os motivos, mas adorei a povoação de Mosteiros – tem algo que me cativou profundamente.
Siga então para a Ponta dos Mosteiros, junto às Piscinas Naturais dos Caneiros. A título de curiosidade, posso dizer que numa tarde de inverno as piscinas eram inexistentes, mas acredito que com maré mais baixa e mar calmo possam ser um excelente local para um banho retemperador. Para mim, mais interessante foi, sem dúvida, a Praia de Mosteiros. Quando lá passei estava um ambiente mágico, com um pouco de neblina a abraçar a escarpa, a areia preta e a espuma das ondas. Lindo, lindo.
Ainda no primeiro dia deste roteiro em São Miguel, pode parar no Miradouro da Ponta do Escalvado. Foi o que eu fiz, mas na verdade não me fascinou. Estava porventura já um pouco cansado, mas decidi visitar ainda a região da Ponta da Ferraria, última paragem do dia – e um local verdadeiramente impressionante.
Assim, após uma estrada com um declive vertiginoso, chegará ao geossítio Pico das Camarinhas – Ponta da Ferraria, uma fajã lávica perfeita para um banho de água quente. Além das chamadas Termas da Ferraria, pode também tomar banho nas piscinas naturais de água quente, ou até percorrer o pequeno mas interessante Trilho Pico das Camarinhas – Ponta da Ferraria (PRC43 SMI), com 4,9 km de extensão.
Eu confesso que não fiz o trilho, mas, no verão e com dias mais longos, pode ser uma boa opção antes de mergulhar nas águas quentes e dar o primeiro dia do roteiro a visitar São Miguel como concluído.
Regressando a Ponta Delgada, há algumas opções gastronómicas de qualidade. Veja onde comer em Ponta Delgada.
Dormida: Hotel do Colégio, em Ponta Delgada.
Dia 2: Ponta Delgada e observação de baleias
É natural que esteja com muita vontade de visitar mais lagoas, mas recomendo vivamente que descanse o carro alugado e fique em Ponta Delgada um dia de viagem completo. E isto porque, de igrejas a jardins botânicos, passando por belos passeios no centro histórico e até plantações do delicioso ananás dos Açores, não falta o que visitar em Ponta Delgada. Isso e, claro, as baleias!
Assim, para começar nada melhor do que fazer um passeio de barco para observação de baleias (whale watching). É uma das coisas mais especiais que pode fazer nos Açores, incluindo nas ilhas do Faial, do Pico e de São Miguel. Nesta viagem em concreto, como viajei em dezembro, acabei por não fazer qualquer passeio de barco, mas é daquelas coisas que tem mesmo de incluir na lista com o que fazer nos Açores.
Em qualquer outra época do ano convém reservar com antecedência, razão pela qual deixo aqui um conjunto de passeios para ver baleias – e golfinhos – que têm excelente feedback.
- Observação de Baleias e Passeio de Barco em Ilhéus, da Azores Whale Watching Terra Azul
- Observação de Baleias: Passeio de Meio Dia, da Picos de Aventura
- De Ponta Delgada: Observação de Golfinhos e Baleias, da Futurismo Azores Whale Watching
De regresso a terra firme, comece então por explorar o centro histórico de Ponta Delgada, com epicentro nas chamadas Portas da Cidade. Entre todas as atrações da capital açoriana, pondere conhecer as igrejas de Todos os Santos e de Nossa Senhora da Esperança, e passar pelo Mercado da Graça, na esperança de que as obras já tenham terminado.
E, tendo vontade de conhecer os belos jardins, recomendo vivamente uma visita ao Jardim Botânico José do Canto, um dos meus locais preferidos em toda a cidade. Alternativamente, fazer uma caminhada no Jardim António Borges é igualmente agradável.
Por fim, sugiro uma visita à Plantação de Ananás dos Açores. Não demora muito tempo e é uma visita agradável. E, para terminar, nada melhor do que uma caminhada pela Marginal de Ponta Delgada, porventura entre o Forte de São Brás e a marina, antes de um jantar retemperador num dos vários restaurantes de qualidade da capital açoriana. Vai adorar.
Será um dia em cheio no seu roteiro em São Miguel, centrado na capital Ponta Delgada e na riqueza do Atlântico.
Dormida: Hotel do Colégio, em Ponta Delgada.
Dia 3: Lagoa do Fogo e Ribeira Grande
Ao terceiro dia do roteiro para visitar São Miguel, a proposta é explorar a região da serra de Água de Pau, onde pontificam a Lagoa do Fogo e a Caldeira Velha, bem como a zona da Ribeira Grande, na costa norte da ilha de São Miguel.
A primeira paragem será no Miradouro Pico da Barrosa, no coração da serra de Água de Pau, que oferece vistas deslumbrantes sobre a Lagoa do Fogo. Adiante, encontrará um outro miradouro onde se pode observar a Lagoa do Fogo de uma perspetiva ligeiramente diferente. Chama-se precisamente Miradouro da Lagoa do Fogo, e é de lá que parte o percurso pedestre de acesso à homónima praia fluvial. Eu não fiz o percurso, de sensivelmente 4 km (ida e volta), mas ao que consta o declive é muito acentuado e, à conta disso, bastante exigente.
Deixando a Lagoa do Fogo para trás, é altura de um dos momentos altos deste roteiro para visitar São Miguel. A proposta é ir a banhos nas piscinas de águas termais da Caldeira Velha, um dos locais visualmente mais extraordinários de toda a ilha. E, para conhecer a origem e importância da Caldeira Velha, não deixe de visitar o Centro de Interpretação Ambiental criado no local.
Informações úteis: a entrada na Caldeira Velha custa 3€ (apenas para visitar) ou 8€ (bilhete completo que permite tomar banho nas piscinas termais). Especialmente na época alta, se quiser tomar banho deve comprar o bilhete com antecedência usando o site oficial do Centro de Interpretação Ambiental da Caldeira Velha. Terá de escolher um dos cinco horários pré-definidos (9:00 às 10:30; 10:30 às 12:00; 12:00 às 13:30, 13:30 às 15:00; 15:00 às 16:30), sendo que em cada horário são admitidas, no máximo, 100 pessoas. Se possível, leve um fato de banho velho e de preferência de cor escura.
Dependendo da hora, pode ir já almoçar ou prosseguir para a fábrica de chá Gorreana. No primeiro caso, duas opções: o restaurante da Associação Agrícola, em Rabo de Peixe, para comer o Bife Regional; ou O Faria, na Ribeira Grande, provavelmente a melhor tasca da costa norte de São Miguel. Pode também almoçar n’O Faria e deixar o restaurante da Associação Agrícola para o jantar.
Antes ou depois da refeição, estando na costa norte vale a pena aproveitar para visitar a fábrica de chá Gorreana e as plantações de chá envolventes. Tida como a “mais antiga fábrica de chá na Europa ainda em funcionamento”, a fábrica de chá Gorreana é, sem dúvida, uma paragem obrigatória em qualquer visita à ilha de São Miguel.
E isso é especialmente verdade nos dias úteis de abril a outubro, altura em que provavelmente encontrará os trabalhadores em ação, sendo possível assistir a todo o processo do fabrico do chá, desde o tratamento das folhas ao empacotamento. Além disso, pode naturalmente apreciar a velha maquinaria de origem britânica usada no fabrico do chá.
E, se tiver tempo e disponibilidade física, a Gorreana desenhou um trilho circular com 3,4 km de extensão (PRC28 SMI) que percorre as suas verdejantes plantações de chá. É um passeio muito bonito, que parte junto do parque de estacionamento da fábrica e permite apreciar as plantações que se espraiam nas colinas do lado oposto da estrada (cuidado ao atravessar!). Vale a pena.
Informações úteis: a visita à fábrica de chá Gorreana é gratuita. Está aberta diariamente das 8:00 às 18:00 (de segunda a sexta) e das 9:00 às 18:00 (ao fim de semana). Pode ver o perfil do trilho no site do Turismo dos Açores.
Na viagem de regresso à Ribeira Grande, sugiro uma rápida paragem no Miradouro de Santa Iria. Talvez já esteja farto de miradouros, mas este permite uma vista muito bonita sobre a costa norte. Eu, pelo menos, gostei muito (apesar do vento cortante).
Caso se interesse por cultura e arte contemporânea, não deixe de visitar o Centro de Artes Contemporâneas Arquipélago. Pela minha parte, creio não exagerar se disser que é um local de visita obrigatória em qualquer roteiro em São Miguel.
O edifício, de linhas retas e tons de basalto, projetado pelo arquiteto João Mendes Ribeiro, integra-se de forma harmoniosa na paisagem açoriana. E, quanto às exposições, confesso que não estava à espera de encontrar algo do género na Ribeira Grande. Uma bela surpresa, portanto!
Informações úteis: o Arquipélago está aberto de terça-feira a domingo, entre as 10:00 e as 18:00. A entrada custa 3€, exceto aos domingos e feriados municipais, dias em que a visita é gratuita. Pode aproveitar para combinar com uma visita à fábrica de chá Gorreana e uma ida ao restaurante da Associação Agrícola de São Miguel.
Para concluir o dia, e caso ainda tenha vontade de incluir mais arte no roteiro para visitar São Miguel, sugiro uma incursão à zona piscatória de Rabo de Peixe, onde existem algumas obras de arte urbana do artista português Vhils, que eu adoro.
De alma cheia, será então hora de regressar a Ponta Delgada e dar por terminado mais um dia maravilhoso em São Miguel. De Rabo de Peixe até à capital micaelense é uma viagem de pouco mais de 13 km de distância.
Dormida: Hotel do Colégio, em Ponta Delgada.
Dia 4: Furnas
Depois de um dia muito intenso neste roteiro de viagem em São Miguel, proponho um dia mais tranquilo mas nem por isso menos interessante. Até porque se desenrola na incrível região das Furnas.
Assim, e mesmo antes de se embrenhar no interior da ilha, sugiro uma paragem para conhecer a muito agradável Vila Franca do Campo. A dois passos da marina, encontrará a fábrica das Queijadas da Vila do Morgado. Caminhe, explore, mas não deixe de provar as queijadas.
Olhando para o oceano, com toda a certeza vai reparar na existência de um ilhéu. É o Ilhéu de Vila Franca – que pode observar à distância ou conhecer mais a fundo.
Dica: caso queira aproveitar para visitar o Ilhéu de Vila Franca, talvez seja melhor dividir este dia do roteiro em São Miguel em dois. Isto porque há várias atividades que pode fazer, especialmente para quem gosta de mergulhar, fazer snorkeling ou simplesmente passear de caiaque. Deixo aqui algumas sugestões de passeios, para que possa considerar em função do número de dias de que dispõe para visitar São Miguel.
- Mergulho no Ilhéu de Vila Franca do Campo, nos Açores, pela Azores Sub Dive Center
- Passeio de Caiaque no Ilhéu de Vila Franca do Campo, pela Fun Activities Azores Adventure
- Observação de Baleias e Passeio de Barco em Ilhéus (a partir de Vila Franca), pela Azores Whale Watching Terra Azul
Deixando Vila Franca do Campo para trás, o roteiro para visitar São Miguel leva-nos, então, para o interior da ilha, a caminho da Lagoa do Congro. Trata-se de uma das lagoas mais bonitas e misteriosas de São Miguel, escondida num bosque mágico e verdejante que abraça a lagoa (vista de cima parece um donut!). São apenas 700 os metros que separam a estrada da Lagoa do Congro, numa caminhada de grande beleza que recomendo vivamente. É, aliás, a única forma de conseguir chegar às margens da lagoa.
Nota: no mapa abaixo está marcado com a letra “C” o ponto exato da EN4-2A onde tem de virar para a Lagoa do Congro.
Com a lagoa visitada e o olhar feliz com tamanha beleza, é então hora de rumar às Furnas. Ora, um pouco antes da povoação, ao chegar à Lagoa das Furnas, encontrará à sua direita um parque de estacionamento; e à sua esquerda um bosque. Trata-se da chamada Mata Jardim José do Canto, onde recomendo que faça um curto passeio para apreciar as vistas sobre o lago. Não tarda nada reparará num majestoso edifício em ruínas: a Capela de Nossa Senhora das Vitórias. Aprecie (do exterior).
De regresso ao carro, o roteiro em São Miguel prossegue até ao outro lado da lagoa. É lá que ficam as chamadas Fumarolas da Lagoa das Furnas, local dominado pelo intenso cheiro a enxofre e onde se prepara o afamado Cozido das Furnas.
Ali foram construídos passadiços de madeira que permitem visitar e observar em segurança as caldeiras com lamas borbulhantes, prova da intensa atividade vulcânica nesta região da ilha de São Miguel.
Onde comer o Cozido das Furnas: apesar de não me encher as medidas (e eu adoro Cozido à Portuguesa!) e, por isso, não recomendar enfaticamente, acho natural que quem visita São Miguel queira provar o Cozido das Furnas. Se for esse o seu caso, aposte no restaurante Tony’s (um clássico na vila das Furnas) ou no mais recente restaurante Já Se Sabe, onde provei uma feijoada feita nas caldeiras de que não desgostei. Reserve por telefone no dia anterior.
Se preferir, pode também cozinhar o seu próprio Cozido das Furnas. Para tal, e apesar da maioria dos buracos (onde se colocam as panelas para que o vulcão das Furnas cozinhe a refeição) existentes nas fumarolas ser destinada aos restaurantes das Furnas, há alguns reservados para os visitantes que quiserem experimentar. O processo demora pelo menos seis horas.
Chegado à vila das Furnas, recomendo que explore as ruas tranquilas do povoado e conheça as caldeiras do Parque das Caldeiras e Fumarolas da Vila das Furnas e o Jardim Público da Courela. E talvez repare numa tal de “casa invertida” muito fotografada mas, honestamente, não creio que tenha qualquer interesse. Mais vale entrar na Igreja das Furnas ou parar nos cafés da vila e conversar com os seus habitantes!
Para terminar o dia em beleza, nada melhor do que relaxar nas piscinas de águas quentes da Poça da Dona Beija. Na verdade, o melhor conselho que posso dar a quem esteja nos Açores e não saiba o que fazer em São Miguel num dia de chuva é visitar a Poça da Dona Beija e aproveitar as suas águas quentes. É nessas alturas que sabe bem tomar um banho nas piscinas de água quente – não quando está um sol abrasador. Ou, em alternativa, deixe para visitar a Dona Beija e tomar banhos nas piscinas termais depois de escurecer!
Informações úteis: a Poça da Dona Beija está aberta todos os dias, incluindo domingos e feriados, das 8:30 às 23:00 (a última entrada é às 22:15). O acesso custa 8€ por pessoa, sendo que os ingressos só podem ser adquiridos à entrada. O tempo máximo de permanência no local é de uma hora e meia.
Pode, naturalmente, trocar a Poça da Dona Beija pelo Parque Terra Nostra (onde, aliás, pode ficar hospedado), que tem um jardim botânico muito conceituado e uma enorme piscina de águas termais. Pessoalmente, prefiro a Poça da Dona Beija, mas se tiver oportunidade experimente os dois.
É o fim de mais um belo dia neste roteiro de viagem em São Miguel, Açores!
Dormida: Octant Furnas, nas Furnas.
Dia 5: Nordeste
Ao quinto dia do roteiro em São Miguel, a proposta é fazer um passeio para explorar Povoação, Faial da Terra e o fantástico litoral da região do Nordeste, a menos visitada da ilha. Acorde cedo e não se vai arrepender.
Assim, comece por explorar a vila de Povoação, incluindo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a marginal e a praia e, claro, não deixe de provar as fofas da Povoação. Trata-se de um doce feito com massa muito parecida à do éclair, que servirá para acumular energias para os passeios seguintes.
Siga então até Faial da Terra e, a meio caminho, se ainda não estiver cansado de miradouros, uma curta paragem no Miradouro do Pico dos Bodes proporcionará belas vistas sobre o litoral de São Miguel. Haverá miradouros mais espetaculares neste dia do roteiro em São Miguel, mas neste também não dará por mal empregado o seu tempo.
Umas quantas curvas mais adiante chegará a Faial da Terra, uma das vilas mais bonitas de São Miguel. É de lá que parte o percurso pedestre Faial da Terra – Sanguinho (PRC9 SMI), um trilho circular com sensivelmente 4,5 km de extensão que leva o viajante até à cascata do Salto do Prego, passando por uma floresta luxuriante de rara beleza. É, seguramente, um dos melhores percursos pedestres de São Miguel, até porque, além do Salto do Prego, permite conhecer a especialíssima aldeia de Sanguinho.
Informações úteis: para saber mais sobre o trilho Faial da Terra – Sanguinho (PRC9 SMI) veja o folheto oficial em PDF disponibilizado pelo Turismo dos Açores.
Prosseguindo viagem, pode aproveitar para conhecer a pequena aldeia de Água Retorta, antes de se dedicar a apreciar algumas das melhores vistas de toda a ilha. Assim, e por mais farto que possa estar de miradouros, não deixe de visitar o Miradouro da Ponta da Madrugada e o Miradouro da Ponta do Sossego, a caminho da Vila do Nordeste. Têm ambos vistas magníficas sobre as falésias desta zona da ilha. Por exemplo, a partir do Miradouro da Ponta do Sossego avista-se a Fajã do Araújo, a Praia do Lombo Gordo, a Ponta da Marquesa e a Ponta da Madrugada – onde se situa o primeiro miradouro aqui referido, tão ou mais espetacular do que o segundo. É ver para crer!
Com o roteiro para visitar São Miguel a chegar ao fim, resta apenas explorar calmamente a Vila do Nordeste, antes de regressar à Vila das Furnas (se for esse o seu desejo). Mas olhe que pernoitar na região de Nordeste será das melhores decisões que poderá tomar na sua viagem a São Miguel. Fica a dica!
Dicas de hospedagem: talvez se surpreenda se eu lhe disser que a região do Nordeste tem dos melhores hotéis e turismos rurais de toda a ilha de São Miguel. Ou seja, vale muito a pena pernoitar no Nordeste e explorar melhor a região – especialmente se tiver 7 dias ou mais para visitar São Miguel.
Em concreto, considere ficar no extraordinário The Lince Nordeste Country and Nature Hotel ou no aldeamento turístico Aldeia do Priolo. E, se preferir um espaço completo, não ficará nada mal nas unidades independentes da Azores Casa Atlantis, da Casas da Chaminé Eco Country Lodge ou da Azores Casa Hawaii. Quem diria!
Caso regresse às Furnas, não deixe de parar no Miradouro da Vigia das Baleias, um dos mais bonitos da costa Norte de São Miguel. E ainda, caso o dia permita, faça uma incursão pelo Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões, em Achada.
Dormida: Octant Furnas, nas Furnas; ou The Lince Nordeste Country and Nature Hotel, no Nordeste.
Mapa do roteiro em São Miguel (5 dias)
Este mapa reflete os quatro dias do roteiro de viagem em São Miguel em que é necessário conduzir. Pretende ser uma base para a sua própria viagem, em função do tempo disponível.
Como é evidente, quantos mais dias tiver para visitar São Miguel mais profunda será a experiência. Porque, acredite, não falta o que ver e fazer em São Miguel em 7 dias (provavelmente a duração ideal mínima de uma primeira viagem aos Açores!) ou até duas ou três semanas.
Escapadinha de 3 dias em São Miguel, o que visitar
Caso tenha apenas 3 dias em São Miguel, eu diria que ficará com uma bela ideia da principal ilha dos Açores se escolher um roteiro com os dias um (Lagoa das Sete Cidades), três (Lagoa do Fogo e Ribeira Grande) e quatro (Furnas) do itinerário acima. Dará atenção à capital Ponta Delgada apenas no tempo que sobrar no final de cada dia, mas ainda assim consegue aproveitar. Eis o resumo de um possível roteiro para uma escapadinha em São Miguel:
- Dia 1: Lagoa das Sete Cidades e Costa Oeste (Mosteiros)
- Dia 2: Lagoa do Fogo e Ribeira Grande
- Dia 3: Furnas
Roteiro de 7 dias para visitar São Miguel (uma semana)
Caso tenha uma semana completa para explorar São Miguel, poderá conhecer a ilha com mais calma e, principalmente, aproveitar para fazer mais alguns trilhos. Assim, em termos geográficos, eis um possível roteiro de uma semana em São Miguel:
- Dia 1: Lagoa das Sete Cidades e Costa Oeste (Mosteiros)
- Dia 2: Ponta Delgada e observação de baleias
- Dia 3: Lagoa do Fogo e Ribeira Grande
- Dia 4: Furnas
- Dia 5: Vila Franca do Campo e Ilhéu de Vila Franca
- Dia 6: Povoação e Faial da Terra
- Dia 7: Nordeste
Dicas para visitar São Miguel
Quando ir para São Miguel (melhor época para visitar)
Os meses de verão (julho, agosto e setembro) são excelentes para visitar São Miguel mas, como seria de esperar, essa é a época mais concorrida. Assim, aconselho os meses da primavera ou o início do outono, épocas em que as temperaturas são amenas e o fluxo turístico menos intenso.
Como bónus, a primavera é a época do ano favorita para ver as grandes baleias que passam pelos Açores durante a migração, e os dias começam a ter muitas horas de luz. Em suma, eu diria que é a melhor época para visitar São Miguel.
Dito isto, o arquipélago dos Açores é um daqueles destinos que pode ser visitado durante todo o ano. Desde que, naturalmente, esteja ciente da instabilidade climática e seja flexível no planeamento do seu roteiro.
Como chegar a Ponta Delgada (voos)
A partir de Portugal continental, há uma miríade de voos por semana com destino a Ponta Delgada. Isso inclui voos de companhias tradicionais como a TAP e a Azores Airlines (antiga SATA), mas também de companhias low cost como a Ryanair. Reserve com antecedência para conseguir os melhores preços, especialmente na época alta do verão.
Note que, apesar da Ryanair ter regra geral as tarifas-base mais competitivas, muitas vezes, se precisar de pagar a bagagem de mão ou de porão, acaba por compensar voar com a TAP ou com a Azores Airlines. Reservando com antecedência, não é difícil encontrar tarifas do Porto ou de Lisboa para São Miguel a 70€, 50€ ou até 35€, ida e volta (sem bagagem).
Pesquisar voos para São Miguel
Como ir do aeroporto para o centro de Ponta Delgada
De autocarro. Existe um serviço de autocarro chamado ANC Aerobus, alegadamente reativado na primavera de 2022, com partidas a cada 20 minutos, entre as 6:00 e as 22:00. Não utilizei e, honestamente, não creio que seja uma boa opção. Até porque o bilhete para uma pessoa custa quase tanto como um táxi para o centro de Ponta Delgada.
De táxi. Ponta Delgada é dos raros lugares onde o táxi é, de facto, a melhor opção para ir do aeroporto até o centro da cidade. Isto para quem não quer alugar carro logo no aeroporto – o que, para mim, é ainda mais recomendável. O custo da viagem de táxi está tabelado e os preços são exibidos no interior do aeroporto, facto que evita eventuais burlas por algum taxista menos sério. A título de curiosidade, a viagem de 5 km entre o aeroporto e o centro de Ponta Delgada custa 8€ ou 10€, consoante tenha ou não bagagem (preços de 2022). Consulte a tabela junto aos tapetes de recolha de bagagem para saber o preço exato do táxi para outros destinos na ilha de São Miguel.
De carro alugado. Caso prefira o conforto de ter um carro logo a partir do aeroporto (coisa que recomendo), veja o item “Como se deslocar em São Miguel”, imediatamente a seguir.
Como se deslocar em São Miguel
Não há volta a dar: para explorar São Miguel precisa de transporte próprio. Caso contrário, dificilmente conseguirá visitar de forma eficiente boa parte dos locais mais emblemáticos, como as lagoas e miradouros. Veja o artigo sobre alugar carro nos Açores para mais dicas.
Eu viajei no inverno e paguei cerca de 19€ por dia, mais 6,36€/dia pelo seguro Cobertura Total da Discovercars. Considerando o tempo total da viagem, alugar carro no aeroporto de Ponta Delgada custou-me pouco mais de 150€ para 6 dias a visitar São Miguel, seguro incluído. Mas isto, repito, foi na época baixa.
No pico do verão, os preços disparam. Em agosto, conte com mais de 50€ por dia para o aluguer de carros de gama baixa (“Mini”) e pelo menos 70€ para um carro “Económico”, caso reserve com muita antecedência. Mas os preços podem ultrapassar os 100€ por dia.
Simule na caixa abaixo os preços para alugar carro em qualquer ilha dos Açores.
Onde ficar em São Miguel
Para entender um pouco melhor as diferentes regiões da ilha, veja o guia completo sobre onde ficar em São Miguel. Em jeito de spoiler, posso adiantar que, na minha opinião, é melhor dividir a estadia em dois locais (Ponta Delgada e Furnas) – pelo menos, caso fique seis ou mais dias a visitar São Miguel.
Em resumo, se eu tivesse de escolher hotéis para os leitores, sem conhecer as suas preferências, diria 3 a 5 noites no Hotel do Colégio ou na Herdade do Ananás, em Ponta Delgada; seguidas de 2 ou 3 noites no Octant Furnas, nas Furnas. E, se ficar mais tempo em São Miguel, pesquise hotéis no Nordeste da ilha para os últimos dias de viagem – é uma das regiões mais bonitas da ilha.
Caso as unidades hoteleiras referidas no artigo não tenham disponibilidade ou não lhe agradem, seja pela localização ou pelo custo, não deixe de procurar hotéis em São Miguel no link abaixo. Até porque há mais de mil opções de alojamento em toda a ilha. Experimente.
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Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.