Aveiro, Portugal. Se procura o que visitar em Aveiro, este artigo é para si. Sou apaixonado por Aveiro desde há mais de trinta anos. Nunca lá vivi, mas acredito ser uma das cidades com melhor qualidade de vida em Portugal. Nesse contexto, não me canso de visitar Aveiro, terra de canais e salinas, de ovos moles e excelente gastronomia, de azulejos e de um vasto património arquitetónico. E, acima de tudo, uma cidade com um ambiente leve, jovem e descontraído.
Tudo somado, não falta o que fazer em Aveiro, especialmente no seu centro histórico e no bairro Beira Mar, deambulando entre ceboleiros e cagaréus. Só não lhe chamem a “Veneza portuguesa”, que a cidade dispensa bem essas comparações clichés.
Não foi, pois, a primeira vez que decidi visitar Aveiro. Sou, como disse, fã da cidade desde os tempos universitários. Mas, por algum motivo, nunca tinha parado para escrever sobre Aveiro, partilhando as minhas impressões ao explorar a malha urbana e os meus locais favoritos para ver, sentir e estar. A exceção tinha sido um artigo sobre os chamados Passadiços de Aveiro, mas já lá vamos.
Assim, partilho um pouco da minha experiência a visitar Aveiro, com referências às principais atrações turísticas que conheci na cidade e arredores, incluindo todo o centro histórico, os canais, as salinas, igrejas, museus, percursos pedestres e, claro, bons restaurantes. Eis, pois, o que fazer em Aveiro numa estadia de dois ou três dias. Vamos a isso.
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O que fazer em Aveiro
- 1.1 Explorar o Bairro Beira Mar
- 1.2 Fazer o Roteiro da Arte Nova
- 1.3 Passeio de moliceiro nos canais de Aveiro
- 1.4 Apreciar os azulejos de Aveiro
- 1.5 Cais dos Botirões (ou Canal dos Botirões)
- 1.6 Mercado de Peixe
- 1.7 Mercado Manuel Firmino
- 1.8 Lago da Fonte Nova
- 1.9 Museu de Aveiro / Santa Joana
- 1.10 Apreciar a Igreja das Carmelitas
- 1.11 Reparar no Zodíaco na Calçada Portuguesa
- 1.12 Capela de São Gonçalinho
- 1.13 Fotografar a antiga Estação de Comboios de Aveiro
- 1.14 Passear no Parque Infante D. Pedro
- 1.15 Pôr-do-sol nas salinas de Aveiro
- 1.16 Ver uma exposição de fotografia no Espaço Exodus (antigo Trilhos da Terra)
- 1.17 Provar os ovos moles de Aveiro
- 1.18 Beber um copo no Mercado Negro
- 1.19 Percurso pedestre nos Passadiços de Aveiro
- 1.20 Fotografar os palheiros da Costa Nova
- 1.21 Caminhar no BioRia Estarreja
- 1.22 Visitar o Museu Marítimo de Ílhavo (e o Aquário dos Bacalhaus)
- 1.23 Visitar o Museu da Vista Alegre
- 1.24 Outras coisas a fazer em Aveiro (e arredores)
- 2 Nota sobre o Exodus Aveiro Fest
- 3 Mapa com o que visitar em Aveiro
- 4 Dicas para visitar Aveiro
O que fazer em Aveiro
Antes de mais, convém dizer que uma das coisas mais prazeirosas de Aveiro é explorar sem rumo o bairro Beira Mar, da Praça do Peixe às ruelas estreitas e cheias de vida. Sem grandes planos. É uma cidade perfeita para explorar a pé!
Dito isto, e sem prejuízo dessa liberdade vagabunda, há um conjunto de património arquitetónico e espaços ligados às artes que vale a pena incluir num eventual roteiro para uma escapadinha a Aveiro. Assim, eis as minhas sugestões sobre o que fazer em Aveiro.
Explorar o Bairro Beira Mar
Ao contrário do que eu imaginava antes de conhecer melhor Aveiro, o bairro Beira Mar não é o seu centro histórico. Essa honraria cabe à antiga freguesia da Glória, terra de ceboleiros, onde pontificam, entre outros, a Sé Catedral de Aveiro e o Mosteiro de Jesus/Santa Joana. Os bairros são separados pelo canal central de Aveiro.
Outrora chamado de Vila Nova e tido como o bairro mais típico de Aveiro, Beira Mar alberga dos ambientes mais populares da cidade. É terra de cagaréus (nome dado aos nativos do bairro) e a minha região preferida em Aveiro. Adoro deambular pelas ruelas estreitas que desembocam no Canal de São Roque; levantar o pescoço em busca das mais belas fachadas Arte Nova; deixar o tempo passar sentado numa esplanada da Praça do Peixe; entrar nas lojas de comércio tradicional; percorrer as margens dos canais como o dos Botirões; e, claro, almoçar ou jantar em alguns dos melhores restaurantes da cidade.
Talvez por isso, o bairro Beira Mar seja a zona mais frequentada pelos turistas da cidade. Adoro!
Fazer o Roteiro da Arte Nova
Se há cidades muito aprazíveis para os amantes da Arte Nova em Portugal, Aveiro é, seguramente, uma delas. Ao ponto da autarquia tentar – e muito bem! – capitalizar turisticamente a existência desse património artístico e arquitetónico, promovendo o chamado Roteiro Arte Nova de Aveiro.
Para tal, foram identificados 28 pontos de interesse arquitetónico relacionados com essa corrente artística, desafiando os visitantes a percorrer a pé boa parte da malha urbana da cidade em sua busca. Entre eles encontra-se o Museu Arte Nova, ponto de paragem inicial na exploração do itinerário.
O Museu Arte Nova, localizado na antiga residência familiar de Mário Pessoa, apresenta o movimento Arte Nova aos visitantes e efetua a introdução para o Roteiro Arte Nova de Aveiro, convidando a descobrir um conjunto de edifícios e monumentos, dispersos pela cidade, e que constituem a verdadeira coleção do museu.
in folheto da Câmara Municipal de Aveiro
De resto, referência para locais como o coreto do Parque Infante D. Pedro; a Casa Amarela e a Casa do Rossio; a Farmácia Ala; a antiga Cooperativa Agrícola; a Fábrica Jerónimo P. Campos; a Residência Pompeu Figueiredo; e a Casa dos Lírios, entre outras pérolas da arquitetura Art Nouveau. Recomendo vivamente que levante a cabeça e preste atenção a estas – e outras – preciosidades e inclua o Roteiro Arte Nova de Aveiro na sua lista de coisas a fazer na cidade.
Existe um bilhete combinado que permite aceder a três museus de Aveiro por apenas 5€. São eles o Museu de Aveiro/Santa Joana, o Museu Arte Nova e o Museu da Cidade. O passe é promovido como dando também acesso ao Ecomuseu Marinha da Troncalhada, mas este é um espaço ao ar livre e de visita franca.
Passeio de moliceiro nos canais de Aveiro
Provavelmente a mais procurada atração turística de Aveiro, os passeios de moliceiro pelos canais da ria são efetivamente agradáveis, embora, na minha opinião, sobrevalorizados. Ainda assim, tendo tempo disponível para ver Aveiro de outra perspetiva, vale a pena escolher um passeio de barco que vá o mais longe possível, navegando pelos canais fora da malha urbana de Aveiro.
Em suma, já experimentei e não desgostei. É sem dúvida um aspeto distintivo de Aveiro, mas confesso que não está no topo da minha lista de prioridades na hora de decidir o que fazer em Aveiro. Mas, melhor do que se guiar pela minha opinião, é mesmo experimentar (se possível, evite os fins de semana, altura em que há mais turistas a fazer os passeios de moliceiro).
Caso queira estar descansado quanto à disponibilidade dos barcos, especialmente nos meses de verão, reserve com antecedência um passeio de moliceiro.
Apreciar os azulejos de Aveiro
Em terra firme, e além dos edifícios Arte Nova, há um outro aspeto arquitetónico a que vale a pena estar atento. Refiro-me ao património azulejar de Aveiro. Tal como na vizinha cidade de Ovar, onde os azulejos são sobejamente conhecidos, também em Aveiro há fachadas absolutamente deslumbrantes, como é o caso da frontaria da antiga Estação de Comboios.
Há ainda vários painéis azulejares para conhecer em Aveiro, nomeadamente no Palacete do Visconde da Granja; na Estação de Caminhos-de-Ferro de Aveiro (nas fachadas e nos sanitários); no Jardim Infante D. Pedro; na Rua Clube dos Galitos; no Viaduto de Esgueira; no Adro da Capela da Senhora da Alegria; na Praça da República; e na Escadaria do Mercado do Manuel Firmino, entre outros.
Recorde-se que a afamada fábrica de cerâmicas Aleluia, entidade responsável, por exemplo, pelos azulejos da Igreja de Válega (ver abaixo), está implantada em Esgueira, Aveiro.
Cais dos Botirões (ou Canal dos Botirões)
A Ponte Pedonal Circular de Aveiro, também conhecida como Ponte do Laço ou Ponte dos Botirões, é uma moderna ponte pedonal construída sobre os canais de São Roque e dos Botirões, em Aveiro, que une as margens dos cais dos Mercantéis e Botirões. É uma área muito aprazível para passear, nos limites do bairro Beira Mar. Não muito longe fica a chamada Praça do Peixe.
Mercado de Peixe
Longe de ser dos mercados de peixe mais exuberantes que já conheci (basta pensar no antigo mercado Tsukiji, em Tóquio, ou no mercado de peixe de Negombo, no Sri Lanka), o Mercado de Peixe de Aveiro é pequeno e quando o visitei estava, digamos, a meio gás. Ainda assim, e como adoro mercados de frescos, não poderia deixar de o visitar.
É oficialmente conhecido como Mercado José Estevão, fica na Praça do Peixe e é preferencialmente visitável de manhã bem cedo. Fica a dica.
Mercado Manuel Firmino
Localizado junto ao canal central, a dois passos do Fórum Aveiro, o Mercado Manuel Firmino é um mercado coberto e bem cuidado onde se encontra fruta e produtos hortícolas, sementes e flores, além de carnes, peixes e outros géneros alimentícios.
Infelizmente, quando o visitei havia muitas bancas encerradas, pelo que não vi o mercado com grande atividade; mas para quem, como eu, gosta de mercados, vale sempre a pena uma espreitadela.
Lago da Fonte Nova
Um pouco adiante do Mercado Manuel Firmino, seguindo o curso do canal central, chega-se ao chamado Lago da Fonte Nova. Trata-se de uma área muito agradável para passear a pé, junto ao excelente Meliá Ria Hotel & Spa e ao Centro de Congressos de Aveiro – espaço que integra o Roteiro Arte Nova de Aveiro e onde se realiza anualmente o festival Exodus Aveiro Fest). Fica a referência, caso tenha tempo disponível.
Museu de Aveiro / Santa Joana
O Museu de Aveiro alberga um espólio significativo de obras de pintura, escultura, talha, azulejo ou ourivesaria, ao mesmo tempo que percorre o silêncio do espaço dominicano, por entre as arcadas do claustro, o contraste de cores dos altares da igreja, ou as pedras solenes do dormitório.
in site oficial da Câmara Municipal de Aveiro
Confesso que fui visitar o Museu de Aveiro sem grandes expectativas. Não sou especialmente fã de arte sacra pesada e cheia de talha dourada; mas a verdade é que, não raras vezes, fico boquiaberto com artefactos e espaços ligados ao culto. Seja em locais improváveis como a Casa Museu Fernando de Castro (Porto), em ateliês como os dos santeiros de São Mamede do Coronado (Trofa) ou em espaços de culto como a Mesquita-Catedral de Córdoba (Espanha), os mosteiros pintados de Bucovina (Roménia) ou as grutas de Dambulla (Sri Lanka).
Vem isto a propósito do Museu de Aveiro, instalado no antigo Convento de Jesus da Ordem Dominicana feminina, tido como o mais antigo convento de Aveiro (remonta à segunda metade do século XV).
No piso térreo do convento, é possível ver o coro baixo, onde pontifica o incrível túmulo da Princesa Joana, uma “obra-prima da arte barroca em mármore multicor”; o claustro; e, claro, a sumptuosa Igreja de Jesus, um daqueles exemplos onde a exuberante utilização da talha dourada me deixa boquiaberto. Dito isto, para um leigo como eu, o que me pareceu mais fascinante foi mesmo a mistura entre a talha dourada e os azulejos portugueses em tons de azul e branco, usados na decoração interior.
No piso superior, o claustro dá acesso ao coro alto e às “capelas devocionais”, mas acabei por não ter tempo de visitar tudo.
Apreciar a Igreja das Carmelitas
A Igreja das Carmelitas, sita em plena Praça do Marquês de Pombal, é seguramente outra das mais bonitas igrejas de Aveiro.
A igreja “preserva a combinação do dourado da talha com o azul e branco dos azulejos e a forte policromia das pinturas do teto e das paredes, numa alusão à vida celestial que o espaço sagrado procura encenar”. As palavras constam de um folheto informativo da Câmara Municipal de Aveiro e resumem o que visitante avista assim que atravessa a porta de entrada na Igreja das Carmelitas.
Nota ainda para o facto do edifício do Convento de São João Evangelista, onde se inclui a referida igreja, não espelhar a sua arquitetura original. Isto porque, por alturas da abertura da Praça do Marquês de Pombal, no início do século XX, boa parte do edifício do convento foi demolida, incluindo dependências conventuais muito relevantes, como “o coro-alto, parte do claustro e diversas capelas”.
Reparar no Zodíaco na Calçada Portuguesa
Na mesma praça, existe ainda outra particularidade para a qual o visitante deve estar atento. Trata-se de um trabalho artístico do pintor António Quadros que, a convite da autarquia de Aveiro, criou desenhos alusivos ao zodíaco no empedrado da calçada portuguesa, com a particularidade de, ao que consta, o trabalho ter sido executado in loco e sem recurso a qualquer molde.
Nas palavras dos responsáveis locais, “a composição, com os 12 signos do zodíaco, é considerada um dos mais emblemáticos trabalhos em calçada portuguesa do país”. Confesso que não fiquei impressionado a ponto de corroborar tal afirmação, mas fica a referência para quando estiver a visitar Aveiro.
Capela de São Gonçalinho
Em frente à Capela de São Gonçalinho, assim nomeada em honra de São Gonçalo de Amarante (o “santo casamenteiro” ou “curador de doenças de ossos”), existe uma peça escultórica em pedra que, segundo a placa identificativa, “representa a leitura contemporânea do culto a São Gonçalinho. A volumetria da peça exprime a afeição popular pelo santo, convidando ao abraço. No momento em que abraçamos São Gonçalinho é o Menino (é ele) que nos abraça.”
Estátuas à parte, a verdade é que a capela está quase sempre fechada, abrindo apenas em dias especiais. Foi pelo menos o que me disseram amigos moradores em Aveiro, aproveitando também para me motivar a conhecer as festas em honra de São Gonçalinho.
Os festejos acontecem anualmente, no dia 10 de Janeiro, e prolongam-se normalmente por cinco dias. Do alto da capela, as pessoas lançam cavacas para o largo, “como forma de pagamento de promessas, reproduzindo a bondade do Santo, que alimentava as gentes mais desfavorecidas”. Nunca tive oportunidade de estar em Aveiro durante as festas, mas aqui fica a promessa.
Fotografar a antiga Estação de Comboios de Aveiro
Não tenho dúvidas em afirmar que a antiga estação de Aveiro é um dos mais belos edifícios da cidade. Foi recentemente requalificada, mantendo os belíssimos painéis de azulejos que adornam a fachada.
Lá dentro, existe uma espécie de posto de informação turístico que inclui uma loja de produtos identitários, nos quais se incluem os ovos moles, o sal e os vinhos e espumantes. Mais uma das coisas a visitar em Aveiro (nem que seja por fora, para apreciar a beleza ímpar do edifício).
Passear no Parque Infante D. Pedro
Instalado no coração de Aveiro, numa antiga propriedade de frades franciscanos do Convento de Santo António, o Parque Infante D. Pedro foi criado com o objetivo de dotar a cidade de um espaço verde para usufruto dos seus habitantes.
É, hoje em dia, a maior mancha verde da cidade de Aveiro. Além de um grande lago central, de uma flora rica e diversificada e de largas alamedas perfeitas para caminhadas e atividades desportivas, conta ainda com um bonito coreto em estilo Arte Nova, e com um torreão hexagonal originalmente concebido como mãe d’água.
Na minha opinião, passear no Parque Infante D. Pedro é especialmente agradável sob as cores quentes do final da tarde.
Pôr-do-sol nas salinas de Aveiro
Nas palavras da Câmara Municipal de Aveiro, “a marinha da Troncalhada mostra aos seus visitantes os métodos de produção artesanal do sal, explora a paisagem, fauna e flora características, bem como mantém vivas as vivências e tradições ligadas a esta atividade secular”.
Na prática, e apesar do pomposo nome de Ecomuseu Marinha da Troncalhada, trata-se simplesmente de umas salinas, abertas permanentemente ao visitante, que poderá explorar as salinas da Troncalhada de forma independente. É especialmente interessante ao pôr-do-sol.
Para uma visita mais informativa, é possível solicitar uma visita guiada às salinas de Aveiro acompanhada por um dos técnicos dos serviços educativos do Museu da Cidade [mínimo 6 pessoas]. Nunca experimentei, mas acredito que valha a pena.
Ver uma exposição de fotografia no Espaço Exodus (antigo Trilhos da Terra)
O Espaço Exodus é um espaço multifacetado direcionado para os amantes da fotografia e das viagens, que conjuga uma Galeria de Fotografia, a Biblioteca do Fotógrafo e do Viajante e uma Sala de Formação.
Criado pelo meu amigo e viajante Bernardo Conde, ali se encontram livros de fotografia de viagens e aventura, exposições de fotografia, tertúlias sobre viagens ou sustentabilidade ambiental e ainda um “espaço de cowork para fotógrafos, videógrafos, designers e outros criativos”. A conhecer.
Provar os ovos moles de Aveiro
Os ovos moles de Aveiro são uma perdição. Não há outra forma de o dizer. Mesmo para quem não costuma comer muitos doces, é difícil resistir ao ex-líbris da doçaria tradicional aveirense. São deliciosos!
Ao que consta, a origem dos ovos moles de Aveiro remontará ao século XVI, tendo sido criados, muito provavelmente, no Convento de Jesus de Aveiro. Segundo a Confraria dos Ovos Moles de Aveiro, o doce terá tido origem na “necessidade de encontrar uma forma de conservar por mais tempo (…) as gemas, pois as claras tinham várias utilizações como a de engomar os tecidos”. Uma forma de aproveitar essa matéria-prima tão especial, portanto.
Diz a confraria ainda que “a antiga receita do doce de ovos da cozinha do convento terá dado origem ao actual característico doce de Aveiro, não se sabendo no entanto quando terá aparecido tal como hoje o conhecemos.”
Dito isto, a questão é: onde comprar os melhores ovos moles de Aveiro? Pessoalmente, sou fã dos ovos moles da M1882 – Maria da Apresentação da Cruz, mas a Oficina do Doce também recolhe muitos elogios. Pela minha parte, evitaria a histórica, famosa e muito concorrida Confeitaria Peixinho, mas é uma opinião que vale o que vale. A M1882 fica na porta ao lado!
Para os interessados nas questões culinárias, a Oficina do Doce organiza workshops de ovos moles.
Beber um copo no Mercado Negro
Se há lugar a que volto sempre que estou em Aveiro é o Mercado Negro. Adoro o conceito, o edifício histórico com vista para o canal central, a decoração alternativa e o ambiente eclético e descontraído. Um pouco na onda do Plano B, no Porto, ou da Casa Independente, em Lisboa. O Mercado Negro pertence à homónima associação cultural sem fins lucrativos. Imperdível, seja para uma bebida refrescante ao final da tarde ou para um copo depois de jantar.
Atualização: infelizmente, o Mercado Negro foi obrigado a encerrar as suas portas em janeiro de 2024. É mais uma vítima da pressão imobiliária que assola muitas das principais cidades portuguesas. Mantenho a dica no blog para memória futura.
Percurso pedestre nos Passadiços de Aveiro
Entre o Cais da Ribeira da Esgueira e Rio Novo do Príncipe, em Vilarinho, são pouco mais de 5 km, boa parte dos quais em passadiços de madeira construídos sobre a Ria de Aveiro. Trata-se de um percurso muito agradável, sem qualquer dificuldade, sempre plano e com piso em bom estado, muito bonito e educativo; e, por isso mesmo, um passeio propício a caminhadas em família.
O trajeto oficial começa no Cais de São Roque, na cidade de Aveiro, e segue por um percurso totalmente desinteressante, junto à autoestrada, até ao Cais da Ribeira da Esgueira. Não faça essa parte. Ao invés, vá até ao Cais da Ribeira da Esgueira de carro ou de táxi e comece a caminhar só a partir daí.
Os Passadiços do Paiva também ficam no distrito de Aveiro, mas a viagem até lá ainda demora quase 1h30.
Fotografar os palheiros da Costa Nova
Bem sei que a Costa Nova pertence ao vizinho concelho de Ílhavo, mas, para o viajante, essas fronteiras administrativas pouco ou nada significam. Assim, visitar a Costa Nova e conhecer (e fotografar!) os seus antigos palheiros é, sem qualquer dúvida, uma das coisas a fazer em Aveiro mais procuradas pelo comum dos visitantes. Até porque ficam a apenas 10 km do centro de Aveiro.
Para quem não conhece, é importante dizer que os palheiros da Costa Nova eram originalmente usados como armazéns para guardar as redes e outros materiais associados à pesca. E, curiosamente, ao contrário do colorido atual, eram pintados em tons de vermelho, ocre e preto.
Aos poucos, em especial na segunda metade do século XIX, foram sendo adaptados para servir como habitação na estação balnear, e decorados com as atuais riscas coloridas – bem à “moda burguesa de ir a banhos” dessa época.
Caminhar no BioRia Estarreja
Localizado a menos de 20 km de Aveiro, o BioRia Estarreja é um projeto de conservação da natureza e biodiversidade da autarquia local, criado com o objetivo de valorizar o ecossistema da Ria de Aveiro.
Entre todas as atividades disponíveis para usufruto das populações locais e dos visitantes, e além da visita ao Centro de Interpretação Ambiental do BioRia, uma das atividades que mais recomendo fazer no BioRia é percorrer um dos trilhos marcados, nomeadamente o emblemático Percurso de Salreu.
Trata-se de um trilho circular com 7,7 km de extensão e início precisamente junto ao Centro de Interpretação Ambiental, que atravessa paisagens bonitas (arrozais, sapais, juncais e caniçais) que apresentam índices elevados de biodiversidade. Ora, era exatamente o Percurso de Salreu que eu tencionava fazer de bicicleta; mas fui até ao BioRia numa quinta-feira de inverno e o Centro de Interpretação Ambiental estava, por essa razão, encerrado. E assim acabei por fazer caminhadas ao longo do Salreu.
Caso tenha interesse neste tipo de atividade, eis a lista dos trilhos marcados no interior do BioRia:
- Percurso de Salreu (7.7 km)
- Percurso do Rio Jardim (1.8 km)
- Trilho do Bocage (3.6 km)
- Percurso do Rio Antuã (5.7 km)
- Percurso do Rio Gonde (3.5 km)
- Trilho das Ribeiras de Pardilhó (7.7 km)
- Percurso das Ribeiras de Veiros (7.5 km)
- Percurso de Fermelã (10.1 km)
Durante a época baixa, o Centro de Interpretação Ambiental do BioRia só está aberto durante o fim de semana. Ou seja, durante a semana é possível fazer os percursos pedestres, mas não alugar bicicletas. Mais informações no site oficial.
Visitar o Museu Marítimo de Ílhavo (e o Aquário dos Bacalhaus)
O Museu Marítimo de Ílhavo é um espaço muito agradável, que tem por missão “preservar a memória do trabalho no mar, promover a cultura e a identidade marítima dos portugueses”. Aborda a “pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia, as fainas da ria e a diáspora dos Ílhavos ao longo do litoral português”, testemunhando a forte ligação dos habitantes locais ao mar e à Ria de Aveiro.
Concretamente, o museu conta com uma sala extraordinária sobre a pesca do bacalhau, que inclui a presença do navio-museu Santo André, um antigo arrastão bacalhoeiro; com uma outra sala dedicada à ria, com a presença de vários barcos moliceiros – na minha ótica muito menos interessante; e o chamado Aquário dos Bacalhaus, que as autoridades oficiais descrevem da seguinte forma:
“O Aquário dos Bacalhaus do MMI, inaugurado em janeiro de 2013, consiste numa atraente exposição de património biológico dedicado à espécie Gadus Morhua, o bacalhau do Atlântico, que podemos considerar “o nosso bacalhau”, aquele que os portugueses pescam e consomem há vários séculos. Plenamente inserido no percurso expositivo do museu, o Aquário completa o discurso histórico e memorial da Faina Maior oferecendo ao público uma experiência de conhecimento e lazer incomparável.”
in site oficial do Museu Marítimo de Ílhavo
Fica a dois passos de Aveiro e vale muito a pena conhecer!
Visitar o Museu da Vista Alegre
Nunca tinha visitado o Museu da Vista Alegre. Foi por isso que, depois de passar pela Praia da Barra e pela Costa Nova, decidi fazer um pequeno desvio até ao complexo da Vista Alegre, tida como a mais antiga fábrica de porcelana da Península Ibérica.
O museu reúne a história da empresa fundada por José Ferreira Pinto Basto, incluindo a evolução da fábrica e das suas coleções ao longo de quase dois séculos de existência – foi fundada em 1824! -, e ainda “a relação do complexo fabril com a povoação de Ílhavo”.
No terreno existe um sumptuoso palácio, que serviu como “residência de sete gerações da família Pinto Basto”; magníficos jardins; a capela barroca de Nossa Senhora da Penha de França, fundada nos finais do século XVII pelo bispo D. Manuel de Moura Manoel, padroeira da Vista Alegre, e em cujo interior se destacam os azulejos setecentistas, a talha dourada e as abóbadas pintadas a fresco; e ainda o chamado Bairro da Vista Alegre, mandado erigir pelos proprietários da fábrica para habitação permanente dos operários.
Pela minha parte, e apesar da temática não me entusiasmar tanto como o referido Museu Marítimo de Ílhavo, não dei o tempo por mal empregado. Até porque é possível aceder a uma oficina de pintura manual, onde o visitante pode observar a minúcia e delicadeza do trabalho dos pintores da Vista Alegre.
Para quem quiser aproveitar e comprar peças da Vista Alegre, há uma loja e um outlet com preços reduzidos, onde encontrei peças de um serviço de mesa criado há mais de 20 anos.
Outras coisas a fazer em Aveiro (e arredores)
Mas não é tudo. Além das atrações referenciadas no artigo (e no mapa), não deixe de fazer outros percursos pedestres além dos referidos, incluindo na Reserva Natural das Dunas de São Jacinto; e até de explorar com mais profundidade cidades vizinhas como Águeda ou Ovar.
A propósito, e embora seja um pouco mais longe (cerca de 40 km), a cidade de Ovar tem muitos motivos de interesse. Entre eles, há pelo menos um lugar que seguramente o vai surpreender e merece ser incluido nos seus planos com o que fazer em Aveiro e arredores. Falo da Igreja de Válega, cujos azulejos sairam da já mencionada fábrica Cerâmica Aleluia, em Aveiro.
Nota sobre o Exodus Aveiro Fest
Caso possa programar a sua visita a Aveiro para finais de novembro/início de dezembro, deixo aqui a sugestão de um evento incrível que merece a atenção de todos os amantes da fotografia, das viagens e aventura, e das questões ligadas ao fotojornalismo socialmente interventivo em questões como a conservação, sustentabilidade ambiental e questões sociais.
Chama-se Exodus Aveiro Fest. Fui a todas as edições desde 2017 – ano de estreia – e, para mim, é dos melhores eventos que ocorrem atualmente em Portugal. O festival tem decorrido sempre no Centro de Congressos de Aveiro, junto ao Lago da Fonte Nova. Aconselho vivamente!
Mapa com o que visitar em Aveiro
No mapa acima, encontra a localização exata de todos os lugares referenciados no artigo. Como vê, não falta o que fazer em Aveiro – é mesmo uma cidade apaixonante!
Dicas para visitar Aveiro
Como chegar a Aveiro
Para quem viaja sem carro próprio, a melhor forma de chegar a Aveiro a partir de cidades como Porto, Coimbra ou Lisboa é sem dúvida de comboio. Veja os horários no site da CP – Comboios de Portugal, tendo em consideração que, reservando com antecedência, pode obter bons descontos para os comboios rápidos Alfa Pendular e Intercidades.
Caso tenha pouco tempo para visitar Aveiro e esteja hospedado na região do Porto, veja esta Excursão c/ passeio de moliceiro saindo de Gaia ou Porto. Pode valer a pena.
Onde ficar em Aveiro
Já foi tempo em que a maioria dos turistas não pernoitava em Aveiro, optando por passeios de um dia a partir de cidades como o Porto ou Coimbra. E ainda bem que agora pernoitam na cidade. Ora, apesar de Aveiro ser uma urbe relativamente pequena, é importante escolher um hotel bem localizado para poder explorar a cidade a pé. Veja o artigo especificamente sobre onde ficar em Aveiro, em que explico as vantagens e desvantagens de cada zona e dou exemplos dos melhores hotéis e pousadas.
Em concreto, o Meliá Ria Hotel & Spa (★ 8.3) é provavelmente o melhor hotel de Aveiro; mas, nesse segmento, considere também o reputado Hotel Moliceiro (★ 8.9). Para opções, digamos, mais simples e intimistas (e que são mais a minha cara), o Aveiro Rossio Hostel (★ 9.0), a guesthouse Casa do Cais (★ 9.6) e o Welcome In (★ 8.7) são todos excelentes escolhas.
Nesta visita recente, fiquei pela primeira vez hospedado no Hotel Afonso V (★ 8.3) e só tenho a dizer bem; é muito melhor do que as fotografias faziam supor. De resto, para ver todas as alternativas de alojamento em Aveiro pesquise diretamente no link abaixo.
Gastronomia e onde comer
Em jeito de nota prévia, posso dizer que tenho comido muitíssimo bem em Aveiro. Nem todas as refeições foram memoráveis, mas a verdade é que a gastronomia de Aveiro não são apenas ovos moles. Felizmente, o que não falta em Aveiro são restaurantes de enorme qualidade, com ênfase nos pratos de peixe (incluindo a tradicional caldeirada de enguias) e propostas mais criativas.
Em concreto, nesta última estada em Aveiro, experimentei novos restaurantes e tive surpresas e desilusões. Pela positiva, tive duas experiências extraordinárias no Marquês – Lounge & Food (excelente relação qualidade/preço) e no japonês Matsuri. Mas há ainda muitos outros restaurantes que vale a pena experimentar, como Salpoente, O Legado da Ria (já lá comi fantasticamente), O Batel, Ferro, Porta 36, O Telheiro ou Musgo, entre outros.
Pela negativa, detestei o muito elogiado Arco da Velha, tendo feito uma refeição em que, de tudo o que cinco pessoas provaram, nada (literalmente) foi digno de elogio. Nem a sopa!
De resto, num registo mais contemporâneo e inovador, sou fã indefetível do restaurante Rebaldaria, onde já jantei diversas vezes ao longo dos anos. Desta vez estava fechado para obras e por isso não sei se algo mudou entretanto. Mas, apesar de algumas críticas que tenho lido, é um dos meus restaurantes de Aveiro preferidos.
Depois de jantar, para beber um copo ao final da noite, não há que enganar: o já referido Mercado Negro é o meu lugar de eleição. Adoro e recomendo a toda a gente!
Compras e outros projetos
Além de comprar (e provar) os ovos moles de Aveiro numa das confeitarias referidas, há algumas lojas com conceitos interessantes que vale a pena conhecer. Em concreto, espreite o espaço Aqui à Volta, que assina como “a sua loja de coisas bonitas”, e a Alma de Alecrim. Vai gostar!
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.