Destino: Europa » Portugal » Minho » Braga

O que fazer em Esposende | Visitar Apúlia, Fão e Ofir

Por Filipe Morato Gomes
Surfista na praia de Ofir, Esposende
Surfista na praia de Ofir, Esposende

Visitar Esposende não é novidade para mim. Desde miúdo que sei que não falta o que fazer em Esposende. Locais como os moinhos de Apúlia, a pequena mas charmosa Fão e as praias do concelho não me são estranhos, incluindo a praia de Suave Mar, de Apúlia e de Ofir. E até da noite do Pacha de Ofir guardo boas recordações, dos tempos idos da juventude.

O que nunca tinha feito era explorar o concelho com olhos de turista (ou de blogger de viagens). Mas, recentemente, tive oportunidade de visitar Esposende de pescoço levantado e com esse olhar mais atento; de ser turista num local meu conhecido; e de partilhar sugestões com o que fazer em Esposende para inspirar outros viajantes a descobrirem um destino com muito para oferecer. Além das praias.

Sim, talvez se surpreenda. Porque, de museus a igrejas passando por arte urbana, percursos pedestres, passeios no rio ou desportos aquáticos, não falta o que ver, fazer e apreciar em Esposende.

Esposende
A marina de Esposende debaixo de um belíssimo nevoeiro matinal

Assim, partilho um pouco da minha experiência a visitar Esposende, deixando referências às principais atrações turísticas da cidade e arredores – incluindo Apúlia, Fão e a praia de Ofir, mas não só! – e aos melhores restaurantes para aconchegar o estômago. Eis, pois, sugestões sobre o que fazer em Esposende numa escapadinha de fim de semana.

Conteúdos do Artigo

O que fazer em Esposende

Fazer o Caminho dos Mareantes (trilho urbano)

Visitar Esposende: Caminho dos Mareantes
O Caminho dos Mareantes passa pela marginal de Esposende

Uma das melhores formas de conhecer a malha urbana de Esposende é percorrer o chamado Caminho dos Mareantes. Trata-se de um percurso pedestre urbano, com pouco mais de 6 km de extensão e desnível praticamente inexistente, que passa pelas mais emblemáticas atrações de Esposende.

Percorrê-lo será uma excelente introdução aos atrativos da cidade. A lista de pontos de interesse que pode visitar durante o trajeto inclui, entre outros, a Capela do Senhor dos Aflitos; o Museu Municipal de Esposende; o pelourinho; a Igreja da Misericórdia e Capela do Senhor dos Mareantes; o Museu Marítimo; a Igreja Matriz; e ainda a foz do rio Cávado, o Forte S. João Baptista e o Farol de Esposende. Fica a sugestão.

Para mais informações, veja o folheto do Caminho dos Mareantes (PR7 – EPS) em formato pdf.

Visitar a Capela do Senhor dos Mareantes (Esposende)

Capela do Senhor dos Mareantes Esposende
Pormenor da Capela do Senhor dos Mareantes, no centro de Esposende

Seguramente um dos locais mais emblemáticos da cidade, a Capela do Senhor dos Mareantes está no interior da Igreja da Misericórdia, sita no centro histórico de Esposende.

Trata-se de uma capela com origem em finais do século XVI e cujo destaque, ao meu olhar, vai direitinho para o teto feito em caixotões de madeira pintados de branco, onde estão “representados em relevo os doze profetas messiânicos”. Isso e, claro está, a imagem de Cristo Crucificado exposta no altar-mor da capela.

No site Visite Esposende é possível fazer uma interessante visita virtual à Igreja da Misericórdia e à Capela do Senhor dos Mareantes.

Apreciar as exposições no Museu Municipal de Esposende

Museu Municipal de Esposende
Exposição de arte no Museu Municipal de Esposende

Uma das boas surpresas da minha visita a Esposende foi o Museu Municipal. Por desconhecimento, as expectativas eram tão baixas que nem tinha incluído o museu no meu roteiro em Esposende. Mas, certo dia, passeando pelo coração da cidade, decidi entrar no centenário edifício do Teatro Club de Esposende. E ainda bem que o fiz.

Em exibição estava uma exposição (temporária) intitulada “Os Mendanhas”, que reúne trabalhos de pintura, escultura e desenho da autoria de diversos membros da família Mendanha, de Forjães. Gostei mesmo muito da sala de exposições e do acervo propriamente dito. Não é grande, mas vale a pena. Fica a dica.

Visitar o Museu Marítimo de Esposende

Museu Marítimo de Esposende
Pormenor da exposição permanente do Museu Marítimo de Esposende

De acordo com o site oficial, o Museu Marítimo de Esposende é “um espaço cultural destinado à divulgação e preservação da história e cultura marítima do concelho de Esposende (…) através do seu riquíssimo espólio museológico e documental”.

O museu está instalado no histórico edifício da Estação de Socorros a Náufragos, também conhecido como Estação Salva-vidas, colocado no enfiamento da foz do rio Cávado. E, apesar de não ser das coisas que mais me entusiasmaram na cidade, creio ser justo dizer que vale a visita. Como bónus, o ingresso dá acesso ao exterior do torreão, a partir de onde se tem uma bela vista sobre o estuário do rio e toda a cidade de Esposende.

Note que as exposições, apesar de “temporárias”, têm uma duração aproximada de dois anos, pelo que é muito provável que ainda encontre em exibição “A Arte do Modelismo Naval por mãos de Esposedenses” durante algum tempo.

Vagabundear pelas ruas de Fão

O que fazer em Esposende: visitar Fão
Rua no centro de Fão

É fácil apaixonar-se por Fão, povoado localizado na margem esquerda do rio Cávado onde é notória a influência arquitetónica dos chamados brasileiros de torna-viagem. Em locais como o Largo do Cortinhal é possível apreciar algumas dessas residências, imponentes, que marcaram uma época.

Mas não é tudo. Há ainda a Igreja do Bom Jesus de Fão, outros atrativos arquitetónicos e religiosos, a canoagem e as praias e, claro, as pecaminosas Clarinhas de Fão. Mas sobre isso escrevo mais adiante.

Tudo somado, Fão é, muito provavelmente, para mim, o lugar com mais charme de todo o concelho de Esposende. Imperdível!

Percorrer os Passadiços de Fão

Passadiços de Fão
Passadiços de Fão

Apesar do seu deficiente estado de conservação, os Passadiços de Fão proporcionam uma agradável caminhada no estuário do rio Cávado, em pleno Parque Natural do Litoral Norte. O percurso tem início junto ao Clube Náutico de Fão e é especialmente bonito ao nascer do dia (ou final da tarde).

Tendo tempo e vontade, é possível fazer o Trilho Entre o Cávado e o Atlântico (PR2 – EPS) – que, depois dos passadiços, segue até ao Clube Náutico de Ofir e, um pouco adiante, inverte para Sul junto ao areal de Ofir. No total, são apenas 5,7 km de extensão com grau de dificuldade muito baixo.

Seja a restinga do Cávado ou o sistema dunar, são estas as paisagens que constituem o palco para se caminhar e desfrutar, com calma, deste manancial de bonitos lugares e pontos de interesse únicos do nosso passado.

in Visite Esposende

Para mais informações, veja o folheto do Trilho Entre o Cávado e o Atlântico (PR2 – EPS) em formato pdf.

Observação de aves no Miradouro de Avifauna do Rio Cávado

Miradouro de Avifauna do Rio Cávado
Vista a partir do Miradouro de Avifauna do Rio Cávado

Ao planear o meu roteiro em Esposende, reparei na existência de um local denominado Miradouro de Avifauna do Rio Cávado. Imaginei uma pequena estrutura de madeira onde os amantes da observação de aves se pudessem “esconder” para observar as inúmeras espécies que fazem do estuário do Cávado a sua casa. Naturalmente, fui verificar.

Percorrendo os passadiços de Fão, são apenas algumas centenas de metros até chegar ao miradouro. Não ía preparado com binóculos para a observação de aves, pelo que a minha missão se resumiu a visitar o miradouro, sentar-me alguns minutos e deixar-me ficar a ver a tarde desmaiando lentamente.

Em abono da verdade, fiquei um pouco desiludido pelo facto de não ter uma estrutura que esconda a presença humana, como já vi noutros locais de Portugal. Mas, ainda assim, acredito que seja possível observar muitas espécies de aves – especialmente de manhã cedo. Fica a dica.

Apreciar os moinhos de Apúlia…

Moinhos da Apúlia
Vista dos icónicos moinhos de Apúlia

Porventura o local mais famoso e fotografado de Esposende, os moinhos de Apúlia marcam de forma bem vincada a paisagem dunar. A visão daquelas estruturas bem cuidadas sobranceiras ao areal é de facto impactante.

Por enquanto, nenhum dos moinhos está aberto ao público (há um, inclusivamente, que é habitado), mas é possível pelo menos admirar o exterior. Pela sua beleza e simbolismo, é obrigatório em qualquer lista com o que fazer em Esposende. Mas há outros moinhos.

… e os moinhos da Abelheira

Moinhos da Abelheira, Esposende
Moinhos de vento da Abelheira (Marinhas), em Esposende

Muito menos conhecidos do que os seus congéneres da Apúlia, os moinhos da Abelheira são pouco visitados pelos turistas. Testemunho da riqueza cerealífera da região, os moinhos da Abelheira são, nas palavras oficiais, “edifícios de corpo cilíndrico, construídos em granito e localizados na encosta do monte, onde os ventos predominantes podiam ser bem aproveitados”. E são também muito bonitos. Se ainda não conhece os moinhos da Abelheira, está na hora de o fazer.

Visitar a Igreja Matriz de Esposende

Visitar Esposende: Igreja Matriz de Esposende
Nave central da Igreja Matriz de Esposende

Além da Igreja da Misericórdia, onde se situa a Capela do Senhor dos Mareantes, há uma outra igreja em Esposende igualmente emblemática. Trata-se da Igreja Matriz, que me chamou a atenção especialmente pela profusão de talha dourada usada nos altares.

Remonta a 1566 a primitiva ermida, dedicada a Nossa Senhora da Graça. Em 1758 terá dado lugar à nova igreja, remodelada para matriz da Vila de Esposende, dotada de altar-mor e nave principal abobadada, com sacristia, altares laterais, dois púlpitos e duas torres sineiras, tomando a invocação a Santa Maria dos Anjos, padroeira de Esposende. Entre 1885 e 1896 foi ampliada a igreja no seu interior e melhorada a fachada, sendo erguida ao gosto neoclássico de três corpos. Desta obra resulta a instalação do órgão de tubos. Em 1968 a torre sineira é também dotada de um relógio. No seu interior destaque para os vitrais, os painéis azulejares, o coro e a pia batismal.

in Visite Esposende

Mesmo não sendo crente, passe por lá. Creio que vai gostar!

No site Visite Esposende é possível fazer uma visita virtual à Igreja Matriz de Esposende.

Dar um mergulho na Praia de Apúlia

Praia da Apúlia
Barracas de praia, Apúlia

Tal como escrevi no Instagram, “cheguei muito cedo e deixei-me ficar a observar a praia a acordar. Primeiro deserta, depois com muitos grupos de crianças, por fim com gente muito mais velha. A lembrar a minha avó Guida. Ela tinha uma barraca destas, azul e branca, mas na praia do Furadouro. Verão após verão, a barraca era sempre a mesma, os vizinhos eram sempre os mesmos, a alegria era sempre a mesma. Já nessa altura eu preferia praias mais selvagens, mas fui muitas vezes para a barraca da minha avó. Era igualzinha a estas que encontrei na praia de Apúlia. E até aquela senhora poderia ser a avó Guida…”

Não sei por que razão fiz essa associação, mas não foi algo premeditado. Nunca mais olharei para a praia de Apúlia da mesma forma. Faltou apenas dizer que os moinhos estão ali, à distância de um olhar.

Se gosta de praia e não sabe bem o que fazer em Esposende, a área de Fão e Apúlia têm mesmo muito para oferecer. E não é apenas a praia…

Subir à Torre de Observação Panorâmica de Apúlia

Miradouro da Lagoa de Apúlia
Vista da Torre de Observação Panorâmica de Apúlia

Também chamada de Miradouro da Lagoa de Apúlia, a Torre de Observação Panorâmica de Apúlia é uma estrutura de madeira que permite desfrutar da área rural envolvente de um ponto de vista mais elevado.

Honestamente, não creio que se justifique ir de propósito até lá. Mas, uma vez que uma das mais bem cuidadas masseiras de Apúlia fica a dois passos [ver mapa com o que visitar em Esposende, abaixo], nada como passar pelo miradouro e avaliar.

Conhecer as masseiras de Apúlia

Masseira em Apúlia
Mulheres preparam-se para apanhar batatas de uma masseira em Apúlia

As masseiras (ou campos masseira) são uma forma de agricultura única no mundo, que consiste em fazer uma cova larga e retangular nos terrenos arenosos, regra geral com as laterais cultivadas com vinhas para suster as areias e proteger a área central dos ventos. Existem em algumas freguesias da Póvoa de Varzim e de Esposende, incluindo Apúlia e Fão, e conhecê-las é absolutamente obrigatório em qualquer roteiro com o que fazer em Esposende. Mesmo.

E assim, após alguns contactos, soube que no dia seguinte, por volta das 6:00 da manhã, um grupo de mulheres iria apanhar batatas numa das masseiras de Apúlia. Foi nessa altura que conheci as “jovens” Rosa, Aurora e Maria e tive oportunidade de perceber um pouco melhor a função das masseiras.

No final fui presenteado com uns bons quilos de batatas. E posso garantir que há muito não tinha em casa batatas tão rijas e saborosas. Produtos da terra produzidos com amor.

Fazer o Trilho das Masseiras (PR12 – EPS)

Trilho das Masseiras, Apúlia
Marca ao longo do Trilho das Masseiras (PR12 – EPS), em Apúlia

Caso a temática das masseiras lhe interesse, saiba que existe um percurso pedestre em Esposende exatamente com esse nome. O Trilho das Masseiras (PR12 – EPS) tem 7,5 km de extensão, é um percurso circular maioritariamente em ambiente rural que permite conhecer algumas masseiras, subir ao já referido Miradouro da Lagoa de Apúlia e ver os moinhos de vento de Apúlia, entre outros atrativos. O grau de dificuldade é muito baixo, até porque o passeio se desenrola em ambiente plano.

Para mais informações, veja o folheto do Trilho das Masseiras (PR12 – EPS) em formato pdf.

Visitar o Castro de São Lourenço

Castro de São Lourenço
Castro de São Lourenço

Outro dos locais a incluir na lista do que visitar em Esposende é, sem dúvida, o Castro de São Lourenço. De acordo com a informação oficial, trata-se de “um povoado fortificado, no qual foram encontrados vestígios que recuam ao século IV a.C.” e onde, ao que consta, “desde o século II a.C. que as casas vão sendo construídas por todo o monte em patamares”.

Para o visitante, além do património arqueológico (as escavações arqueológicas realizadas até ao momento mostraram “a existência de núcleos habitacionais”), há a referir a existência de um miradouro junto à Capela de São Lourenço, com vista para o Atlântico e toda a orla costeira, a cidade de Esposende e o pinhal de Ofir.

Visitar os dólmens do Rápido e da Portelagem

O que visitar em Esposende: Dólmen da Portelagem
Vista do Dólmen da Portelagem

Não creio que muita gente decida visitar Esposende por causa de monumentos megalíticos. Mas, tendo interesse na temática, vale a pena referir a existência dos dólmens do Rápido e da Portelagem no planalto de Vila Chã.

Em síntese, são monumentos megalíticos tumulares datados do III milénio a.C., em aceitável estado de conservação, que mantêm as suas lajes de cobertura. Fica a dica – para os interessados.

Fazer um passeio na Barca do Lago

Passeio na Barca do Lago
Passeio na Barca do Lago, em Esposende

Para quem tem oportunidade de visitar Esposende com tempo, uma das coisas realmente aprazíveis é fazer um passeio no rio Cávado a bordo da Barca do Lago. A experiência permitirá deslizar suavemente pelas águas do rio, em boa parte rodeado por floresta, usufruindo de grande tranquilidade. É especialmente aconselhável para famílias ou grupos de amigos que privilegiam uma forma mais lenta de viajar. Aconselho vivamente.

Para organizar um passeio na Barca do Lago contacte a Pro River, gerida pelo mítico “Miro” – antigo campeão de canoagem.

Pôr do sol na praia de Ofir

Pôr do sol na praia de Ofir
Pôr do sol na praia de Ofir

Seguramente um dos locais que mais turistas atrai a Esposende, a praia de Ofir tem um areal extenso que fica especialmente bonito ao entardecer. Assim as habituais nortadas dêem tréguas aos veraneantes…

Fazendo o Trilho Entre o Cávado e o Atlântico (PR2 – EPS), é possível combinar uma passagem pela praia de Ofir com os Passadiços de Fão, conhecendo assim o estuário do Cávado de forma mais intensa. E, para os amantes do surf, a sul das chamadas Torres de Ofir – para lá do pontão – há um local muito frequentado por surfistas. Bom para praticar ou simplesmente assistir.

Praticar surf, bodyboard ou kitesurf

O que fazer em Esposende: surf em Ofir
Surfistas junto ao pontão de Ofir Sul

Na verdade, Esposende afirma-se como um destino propício à prática de atividades desportivas ligadas ao mar, como sejam o surf, o bodyboard ou o kitesurf. Eu confesso que não pratico nenhuma dessas modalidades, pelo que não posso dar muitas indicações ou dicas úteis.

Mas fiquei por algum temo a observar os surfistas (e candidatos a surfistas) junto ao referido pontão de Ofir Sul e há de facto muitos praticantes de surf e bodyboard. Quanto ao kitesurf, creio que, regra geral, os principiantes praticam numa zona mais protegida, no estuário do Cávado.

Para aprender a fazer surf, veja as escolas OndaMagna e Salt Flow, localizadas em Ofir; ou a EspoZende Surf School, na praia de Suave Mar.

Fazer o Caminho Português da Costa (Caminho de Santiago)

Caminho Português da Costa
Uma peregrina do Caminho Português da Costa na avenida marginal de Esposende

Em parte coincidente com o Caminho dos Mareantes acima referido, o Caminho Português da Costa atravessa o concelho de Esposende e está cada vez mais na moda. Na verdade, quando fui visitar Esposende vi dezenas e dezenas de peregrinos, todos os dias, a percorrer o caminho e suas variantes.

Ora, quem sabe não se motiva para fazer esta versão do Caminho de Santiago – que, em território português vai de Porto a Valença, num total de 150 km (20 km dos quais no concelho de Esposende) normalmente divididos em sete etapas. Chegando a Esposende, há albergues identificados em Fão e nas Marinhas. Fica a sugestão.

Apreciar a obra “Mulheres do Mar”, de Vhils

Obra Mulheres do Mar, de Vhils
Vista da obra Mulheres do Mar, de Vhils

Há muito que sou fã incondicional da obra de Alexandre Farto, mais conhecido pelo nome artístico Vhils. Ora, sabendo da existência de uma obra do artista na cidade de Esposende, fui conhecê-la.

Intitulado “Mulheres do Mar”, o mural é formado por diversos rostos de mulher esculpidos em cimento, e “pretende homenagear os pescadores através da figura das mulheres que ficam em terra”.

Infelizmente, ao contrário do habitual, a obra não foi executada numa parede de um prédio com história, na qual o talento de Vhils pudesse potenciar algum simbolismo ou mensagem de ativismo social. Ao invés, inserido numa iniciativa denominada Esposende SmartCity, foi construído um muro junto aos estaleiros navais especificamente para albergar a obra do autor. Não é a mesma coisa; mas, ainda assim, gostei de ver.

Conhecer o artesanato de junco (Forjães)

Fazer cestas de junco
Demonstração da manufatura de cestas de junco no Centro Cultural Rodrigues de Faria, em Forjães

Valioso elemento identitário, o artesanato de junco em Forjães “é um dos patrimónios culturais mais estimados e queridos pela população local”. Na verdade, Forjães sempre teve uma forte ligação ao artesanato de junco, atividade recentemente valorizada com a inauguração do Centro Interpretativo do Junco no edifício da Junta de Freguesia de Forjães.

Para conhecer o produto final do trabalho dos artesãos de Forjães, o melhor é espreitar o projeto A Lançadeira, de Maria do Carmo Lopes, uma das últimas artesãs de Esposende a fazer cestas de junco profissionalmente.

Assistir à apanha do junco

Apanha do junco em Esposende
“Mena do Rio” durante uma pontual apanha de junco em Esposende

Para quem se interessa por artesanato e artes tradicionais, nada melhor do que aprofundar a experiência com as artesãs do junco de Forjães e assistir ao início do processo: a apanha do junco.

Foi precisamente isso que presenciei na marginal de Esposende, no estuário do rio Cávado. “Mena do Rio” (apesar de reformada da arte) e suas companheiras juntaram-se para recolher a matéria-prima das margens do rio, transformando-a em fardos de junco que levariam para os seus ateliers.

Foi uma aprendizagem. Se tiver oportunidade, não deixe de assistir à apanha do junco. Decorre “de quinze em quinze dias, no quarto minguante e no quarto crescente, depois do São João e até à Nossa Senhora da Agonia”. Ou seja, do final de junho até meados de agosto, mas sempre dependente da lua e das marés.

Não há visitas guiadas para assistir à apanha do junco. Tive sorte em ter falado com as pessoas do Turismo da Câmara Municipal de Esposende, que me puseram a par da apanha do junco que decorreria no dia seguinte por causa de uma reportagem televisiva. Mas pergunte no posto de informação turística – pode ser que eles consigam ajudar.

Comprar peixe na Lota de Esposende

Artes de pesca
Artes de pesca junto à Lota de Esposende

Quando planeava o que fazer em Esposende, visitar a lota estava, naturalmente, nos meus objetivos. Mas fiquei surpreso ao perceber que, ao contrário de boa parte das lotas que conheço – que vendem maioritariamente por atacado! -, a Lota de Esposende está aberta ao público em geral. E as pessoas vão de facto lá comprar peixe.

Ali, o peixe é distribuído em pequenas quantidades e colocado em cabazes numerados e com preço fixo (ao contrário do sistema de leilão invertido que vigorava anteriormente). E os clientes – locais ou turistas – podem escolher, pagar e levar para casa. Simples.

Comprar meloas no mercadinho de Apúlia

Coisas a fazer em Esposende: comprar meloas de Apúlia
Manuel Ribeiro exibindo as famosas meloas de Apúlia | O que fazer em Esposende

Outra coisa que desconhecia por completo é o orgulho que, aparentemente, os habitantes locais têm nas meloas da Apúlia. Cheguei a ouvir que “são as melhores meloas do mundo”, pelo que, para saciar a curiosidade, fui prová-las.

Na Rua dos Sargaceiros, há um pequeno mercado onde se vendem frutas e legumes. Numa das primeiras bancas, chamada Legumes Isabel, estava do outro lado do balcão Manuel Ribeiro, homem simpático e conversador que, claro está, tinha meloas. O veredito? São mesmo, mesmo extraordinárias.

Comer bom peixe

O que comer em Esposende: sardinhas assadas
Sardinhas assadas no restaurante D. Quina

Vivo em Matosinhos, uma terra que se gaba de ter “o melhor peixe do mundo”. Além disso, sou apaixonado por peixe, ao ponto de isso (e sopa!) ser das coisas de que mais sinto falta em viagem. Não sou por isso fácil de surpreender no que toca a este assunto.

Ora, manda a verdade dizer que em Esposende se come muito bom peixe, mesmo sem ser em restaurantes de luxo (onde não fui). É, aliás, de inteira justiça referir as excecionais sardinhas assadas que comi no restaurante D. Quina (Apúlia), que tiveram até o dom de converter um não apreciador de sardinhas. Foi lá que provei igualmente um saboroso robalo grelhado.

Mas há outros bons restaurantes, como facilmente verificará na secção “Gastronomia e onde comer” deste artigo, mais abaixo. Em suma, há vários restaurantes em Esposende onde se come bom peixe. Só não consigo dizer que é melhor do que Matosinhos – neste assunto não consigo ser imparcial!

Provar clarinhas de Fão

Chila para Clarinhas de Fão
Chila usada na confeção das clarinhas de Fão

O doce mais famoso de Esposende dá pelo nome de Clarinhas de Fão, marca registada da Pastelaria Clarinhas. Tive oportunidade de assistir a todo o processo de fabrico, incluindo ao corte inicial da chila em pedaços, passando pela preparação da massa, o recheio das clarinhas e, finalmente, a fritura. Mas não posso dizer que fiquei fã (principalmente porque são fritos).

Vale a pena provar quando visitar Esposende, naturalmente; mas eu não faria a viagem tendo isso como prioridade. Até porque, na minha opinião, há outros doces mais interessantes, como as Cavacas de Fão.

Outras coisas a fazer em Esposende (e arredores)

Como é evidente, esta não é uma lista exaustiva com o que fazer em Esposende. Até porque, como dá para perceber, não falta o que ver e fazer no concelho. Dito isto, além das atrações referenciadas no artigo (e no mapa), considere fazer ou visitar o seguinte:

  • Conhecer a praia de Suave Mar;
  • Participar no evento gastronómico O Robalo está Aqui;
  • Comprar a tradicional manteiga das Marinhas;
  • Descer o rio de canoa.

Mapa dos lugares a visitar em Esposende

No mapa acima, encontra a localização exata de todos os lugares referenciados no artigo. Como vê, não falta o que fazer em Esposende e arredores!

Dicas para visitar Esposende

Como chegar a Esposende

Para quem viaja de forma independente e sem carro alugado, saiba que a Auto Viação do Minho tem autocarros que ligam o Porto (Estação da Trindade) a Esposende em menos de uma hora. Caso venha de fora e tencione alugar carro à chegada ao aeroporto do Porto, não tem que enganar: basta seguir a A28 até praticamente Esposende.

Calcular preço do aluguer de um carro

Onde ficar

Na hora de pensar no alojamento, sugiro a leitura do artigo sobre onde ficar em Esposende, em que explico as vantagens e desvantagens de cada zona e dou exemplos dos melhores hotéis e pousadas.

Em jeito de resumo, é impossível não começar por referir o clássico e intemporal Hotel Suave Mar, localizado na primeira linha de mar, a dois passos da praia Suave Mar. Porventura mais indicado para viajantes de espírito jovem, o alojamento local Sea Soul tem uma atmosfera alegre e vibrante que eu adorei. Só senti falta de ar condicionado na noite extremamente quente que lá passei; mas, tirando isso, gostei de tudo. Alternativamente, a Esposende Guesthouse é outra opção a considerar.

Na margem esquerda do rio, referência para a excelente Villa dos Corcéis e para a acolhedora e muito elogiada guesthouse Cantinho d’Avó, em Apúlia. E ainda para os económicos The Spot Hostel, em Ofir, e Hostel do Alto, em Fão.

Ficará muito bem hospedado em qualquer um destes hotéis. Mas, para ver todas as alternativas de alojamento em Esposende, pesquise diretamente no link abaixo.

Pesquisar hotéis em Esposende

Quantos dias são necessários para visitar Esposende

Para visitar Esposende e ficar a conhecer minimamente o concelho, não basta ir e voltar no mesmo dia. Na verdade, o mínimo que aconselho é um fim de semana completo (duas noites), tempo que permitirá ao visitante conhecer algumas das praias – como Apúlia e Ofir -, fazer caminhadas, explorar o charme de Fão e visitar os mercados e museus de Esposende. Fica a dica.

Gastronomia e restaurantes em Esposende

O que comer em Esposende: polvo
Polvo à venda numa peixaria de Apúlia

Intimamente ligada ao mar, a gastronomia em Esposende tem como elementos fortes o peixe, o marisco e o polvo. Existe até um evento gastronómico denominado O Robalo está Aqui, que acontece anualmente nos restaurantes da cidade.

Felizmente, o que não falta em Esposende são restaurantes de enorme qualidade, com ênfase natural nos pratos de peixe e em tudo o que o mar oferece. Em concreto, e além dos já referidos D. Quina (Apúlia) e Rita Fangueira (Fão), referência ainda para o excelente Shore House (Esposende) e para o El Garden Food & Drinks (Apúlia), que dispõe de boas opções vegetarianas.

Para uma cerveja ao final da tarde e umas tostas divinas, passe pelo Vermelhinho, uma instituição e espécie de ponto de encontro informal em Esposende. Alternativamente, o bar de tapas Padaria Bar (Fão) vale igualmente a paragem.

Por fim, uma breve nota gastronómica em prol dos pequenos prazeres da vida: experimente as clarinhas de Fão. Apesar de não serem dos meus doces favoritos (são fritas), não pode deixar Esposende sem as provar.

Seguro de viagem

A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.

Fazer seguro na IATI (com 5% de desconto)

Outros destinos a visitar em Portugal

Se está a pensar visitar Esposende, talvez tenha interesse em saber um pouco mais sobre o que ver e fazer noutras aldeias, cidades e ilhas portuguesas.

AlcobaçaAldeias do XistoAldeias Vinhateiras do DouroAmaranteArcos de ValdevezAveiroBragançaCastro LaboreiroChavesCorucheÉvoraFigueira da FozGuimarãesIlha das FloresIlha de Santa MariaIlha do CorvoLeiriaLindosoLisboaMatosinhosMelgaçoMina de São DomingosMiranda do DouroMonsantoOvarParedesPitões das JúniasPodencePonte de LimaPortalegrePortoPorto SantoQuintandonaRio de OnorSão JorgeSão MiguelSisteloSoajoTaviraTomarViseu

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

Deixe um comentário