Quer visitar Leiria e está farto de ler as mesmas dicas de viagem em todos os guias? Desafiámos o português David Samuel Santos, profundo conhecedor da cidade de Leiria – onde vive – e autor do excelente Dobrar Fronteiras, a partilhar cinco sugestões sobre o que fazer em Leiria para tornar a sua viagem única e inesquecível. “Se um amigo te visitar em Leiria, onde o levarás?” – eis as dicas do David.
O que fazer em Leiria com um amigo
Reza a lenda que El Rei Dom Dinis, numa das suas paragens por Leiria, se terá apaixonado por uma mui formosa camponesa da região. Os encontros foram-se sucedendo e o lugar onde eles ocorriam passou a ser conhecido por Amor. Certo dia, tendo a rainha Isabel conhecimento da traição do marido, mandou iluminar o caminho por onde este havia de regressar à corte que normalmente parava em Monte Real. Ao ver tal aparato o rei terá exclamado: “Até aqui cego vim!”. Ficou assim aquele local a ser conhecido como Cegovim, hoje, Segodim.
Amor é assim a aldeia do concelho de Leiria que guarda as memórias desta história de amor medieval. Já não se diz Amor, mas sim “Ámor”: não sei se pela natural relutância dos portugueses em pronunciar a palavra amor se, como alguns estudiosos da toponímia afirmam, pela origem nada ter a ver com esta lenda. Mas o que importa a toponímia, perante tão bela lenda?
Foi também por amor que há dois anos vim viver para Leiria. Apesar do tempo passado, não é ainda fácil para mim escolher onde levar os meus amigos que vêm visitar Leiria. Ainda assim, embora prefira visitar outros lugares nas redondezas, como a Batalha, Porto de Mós ou Nazaré, apresento alguns dos locais por onde não me canso de passar.
#1 Caminhar junto ao Rio Lis
Nos últimos anos, ao abrigo do programa Polis, a cidade de Leiria voltou-se de novo para o rio que a atravessa. O Lis agradece e a população também. Tal como a generalidade dos rios pelo mundo além, também este sofreu ao longo dos anos com o crescimento e a evolução da cidade: as suas águas deixaram de ser essenciais para tocar os moinhos ou dar de beber à população e a poluição e o abandono tomaram conta das suas margens, acabando com os banhos nos dias de calor.
Depois veio o Polis, com a ambiciosa missão de devolver o rio à cidade. Matagais foram transformados em jardins, ruínas passaram a albergar museus, as margens passaram a suportar inúmeras pontes pedonais e o seu leito a serpentear por Leiria juntamente com um percurso para caminhantes e ciclistas.
Seguindo as águas do rio podemos assim visitar o Museu do Moinho do Papel, usado a partir do século XV no fabrico de papel, ou o recém-inaugurado Museu de Leiria nos claustros da Igreja de Santo Agostinho. Mais próximo do centro da cidade, o rio passa próximo de edifícios emblemáticos como a antiga central elétrica ou o antigo hospital, seguindo depois pelo Parque do Avião, um dos melhores locais para passear com crianças em Leiria.
#2 Senhora da Encarnação: um miradouro para a cidade
No horizonte de Leiria destacam-se duas colinas: a do castelo e a da Senhora da Encarnação. Embora o castelo seja mais visitado, a Senhora da Encarnação é o local ideal para caminhar, descansar e namorar.
A colina da Senhora da Encarnação é uma verdejante lufada de ar fresco nos limites da cidade. O arvoredo oferece agradáveis sombras para um piquenique e, ao longo da escadaria, os medronheiros oferecem os seus frutos vermelhos a quem necessitar de recarregar baterias.
#3 Ernesto Korrodi: o arquiteto que (re)construiu Leiria
Nenhum outro homem marcou tanto a imagem da cidade como o arquiteto suíço Ernesto Korrodi. Korrodi que veio viver para Leiria em 1894 como professor de desenho e acabou por ser o maior responsável pela imagem da cidade com a reconstrução das ruínas do seu castelo.
O castelo que conhecemos hoje era pouco mais que um monte de pedras no início do século XX. Korrodi, após efetuar vários estudos sobre estas ruínas, viria a ser o responsável pelas obras de reconstrução do mais emblemático edifício de Leiria.
Da Arte Nova ao Modernismo, por toda a cidade podemos encontrar mais de 20 edifícios da sua autoria. Se uns estão em bom estado, como o edifício do Banco de Portugal, a Câmara Municipal ou a Villa Hortênsia, sua moradia, outros há cujo estado de abandono faz doer o coração.
#4 Arte Xávega
Embora Leiria diste uns 20 quilómetros do Oceano Atlântico, o seu concelho estende-se até ao mar. Saindo da cidade, separa-nos deste o pinhal de Leiria, uma das maiores manchas florestais de Portugal.
O Pedrogão é a única praia do concelho de Leiria. Aqui, tal como em Vieira de Leiria, mais a sul e onde desagua o Lis, continua a ser praticada regularmente uma forma de pesca tradicional: a Arte Xávega. Especialmente nos meses de verão, é ver as pessoas que se apinham para ver as redes saírem do mar.
A Arte Xávega é praticada com recurso a um barco de pequenas dimensões que lança ao mar uma rede, ligada à costa por uma longa corda. Outrora puxada por juntas de vacas e força braçal, hoje a rede é recolhida por tratores que circulam pela praia.
O peixe, esse, é vendido logo ali na areia, ao desbarato, depois de separado pelos pescadores.
#5 Praça Rodrigues Lobo: a porta para o centro histórico
Ocupando uma posição central no centro histórico de Leiria, a Praça Rodrigues Lobo é a sala de visitas da cidade. Com todos os seus cafés, bares e restaurantes, este é o local para tomar um copo, beber um café ou saborear uns petiscos com os amigos.
Com o castelo sempre à espreita, saem da praça várias ruelas apertadas onde, felizmente, o comércio e a restauração voltam a fervilhar.
Seguindo daqui em direcção à Sé, podemos seguir a Rota do Crime do Padre Amaro e conhecer as ruas que inspiraram Eça de Queiroz na escrita do romance proibido entre Amaro e a jovem Amélia. Mais uma história de amor por terras de Leiria.
Mapa: o que fazer em Leiria
Se está a pensar viajar para Leiria, conheça o excelente trabalho do David Samuel Santos em www.dobrarfronteiras.com, um blog recheado de dicas para aproveitar ao máximo a sua estadia em Leiria, região centro de Portugal, e outros destinos espalhados pelo mundo.
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