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Roteiro em São Jorge | O que visitar em 5 dias

Roteiro em São Jorge: Fajã da Caldeira de Santo Cristo
Ao fundo, a Fajã da Caldeira de Santo Cristo

Está a pensar visitar São Jorge, nos Açores? Pois bem, quem acompanha as minhas viagens sabe que adoro viajar sozinho. Mas a verdade é que já dei uma volta ao mundo com crianças e, sempre que possível, viajo com os meus filhos. Foi o que aconteceu na ilha de São Jorge.

O curioso é que tenho família nos Açores (ilha do Faial) mas, por incrível que pareça, nunca tinha estado em São Jorge. Hoje, posso garantir que visitar São Jorge com crianças é maravilhoso.

Da tranquilidade de Urzelina à vila de Velas; da “Poça” Simão Dias à Fajã dos Cubres; do Parque Florestal das Sete Fontes à Ponta dos Rosais; da belíssima Fajã das Almas ao Trilho da Caldeira de Santo Cristo (PR1SJO), passando por uma estadia mais prolongada na homónima fajã; este foi o meu roteiro de 5 dias em São Jorge. Com crianças, claro!

Roteiro em São Jorge (o que ver e fazer)

Dia 1: Urzelina

O que visitar em São Jorge: Urzelina
Uma pequena “praia” próxima de Urzelina

Aterrámos na ilha de São Jorge a meio da tarde. Depois de nos instalarmos num bungalow da Intact Farm, nada melhor do que uma caminhada para desentorpecer as pernas. E assim fomos a pé até à povoação de Urzelina, sempre junto à falésia, atravessando campos privados com vistas privilegiadas sobre a ilha do Pico.

De regresso a casa, e com os miúdos cheios de vontade de por lá ficar, fui sozinho a Velas, principal povoação de São Jorge, fazer compras para o jantar. Era o início de uma bela viagem a São Jorge.

Dormida em Urzelina: Intact Farm

Dia 2: Parque Florestal das Sete Fontes e Ponta dos Rosais

Parque Florestal das Sete Fontes
Parque Florestal das Sete Fontes, ilha de São Jorge, Açores

Carro alugado, fomos para o lado oeste da ilha de São Jorge. Demos um passeio por Velas, antes de seguirmos para o belíssimo Parque Florestal das Sete Fontes, que explorámos a pé embrenhados numa neblina que acrescentava uma áurea de mistério à paisagem.

Os miúdos deliraram com os patos, claro está; mas o Parque das Sete Fontes vale, acima de tudo, pela sua frondosa vegetação. Não tivesse começado a chover e teria sido um lugar incrível para um piquenique em família.

Vigia da Baleia, Ponta dos Rosais
Ao fundo, a Vigia da Baleia na Ponta dos Rosais, São Jorge

Terminado o passeio e ainda debaixo de chuva, seguimos por uma estrada poeirenta até à antiga Vigia da Baleia, na Ponta dos Rosais – o extremo Noroeste da ilha de São Jorge. Felizes da vida, subimos ao miradouro e apreciámos as vistas (tivemos sorte que o tempo abriu entretanto).

A pedido das crianças, acabámos a tarde na piscina de Urzelina, um espaço de acesso barato bem junto ao parque de campismo.

Dormida em Urzelina: Intact Farm

Dia 3: Urzelina e Fajã das Almas

De manhã, fizemos um pequeno passeio de barco junto a Urzelina, na companhia do Filipe, da Intact Farm, que nos recomendou uma visita à Fajã das Almas. Disse-nos que era a sua “fajã preferida em São Jorge” e, por isso mesmo, era impossível não aceitar a sugestão. Pela minha parte, não me desiludiu – adorei a Fajã das Almas!

Após a inspiração regional trazida por uma paragem num café de rua para tomar café e provar as espécies de São Jorge (doce tradicional da ilha), decidimos verificar se a Fábrica da Indústria Conserveira de Santa Catarina estaria aberta ao público. Fica na Calheta, mas infelizmente estava encerrada; pelo que mudámos de rumo e cruzámos a ilha com o objetivo de conhecer a famosa “Poça” de Simão Dias, já na Fajã do Ouvidor.

Poça Simão Dias, ilha de São Jorge
A piscina natural de Simão Dias, na Fajã do Ouvidor

Antes de nos deliciarmos com as águas da famosa piscina natural, fomos almoçar ao não menos famoso restaurante O Amílcar. Uma decisão um pouco inconsciente para quem queria ir tomar banho a seguir; mas a fome apertava e, por isso, tivemos de inverter a ordem natural dos acontecimentos!

Sem tempo a perder, voltámos a Urzelina com o objetivo de assistir a uma tradição local: a largada de touros no porto de Urzelina. Era uma atividade integrada na Festa do Emigrante, em que os jovens provocam o touro até serem obrigados a fugir, mergulhando nas águas do Atlântico.

Não ficámos para o espetáculo musical mas jantámos ali mesmo, antes de recolhermos a casa. Foi seguramente o dia mais preenchido desta viagem a São Jorge.

Dormida em Urzelina: Intact Farm

Dia 4: Trilho da Caldeira de Santo Cristo

Trilho da Caldeira de Santo Cristo, São Jorge, Açores
Paragem para um piquenique durante o Trilho da Caldeira de Santo Cristo

Bagagem arrumada em Urzelina e rumámos até ao parque de estacionamento da Serra do Topo, local onde começa o Trilho da Caldeira de Santo Cristo. Alguém haveria de lá ir buscar o carro (ficou tudo combinado), uma vez que iríamos ficar a dormir na Fajã da Caldeira de Santo Cristo e não voltaríamos à Serra do Topo. Em simultâneo, a nossa bagagem seria entregue na Casa da Lagoa, onde iríamos dormir. Foi uma opção perfeita.

O Trilho da Caldeira de Santo Cristo é um percurso linear com quase 10km de extensão – caso seja feito na totalidade, até à Fajã dos Cubres. Foi uma caminhada muito bonita mas difícil, em virtude das chuvadas dos dias anteriores que tornaram o piso enlameado e escorregadio. Mas os miúdos aguentaram!

Quando chegámos à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, a bagagem – e os mantimentos para as refeições – estavam já lá, pelo que foi tempo de cozinhar e fazer um almoço tardio. Para gáudio da pequenada, o resto da tarde foi passado na lagoa, a tomar banho e a relaxar.

Dormida na Fajã da Caldeira de Santo Cristo: Casa da Lagoa

Dia 5: Fajã da Caldeira de Santo Cristo

O que visitar em São Jorge: Fajã da Caldeira de Santo Cristo
Vista da lagoa da Fajã da Caldeira de Santo Cristo

No dia seguinte, voltei à lagoa com os miúdos logo pela manhã. Carregámos o caiaque até lá e fui pagaiando com um e com outro, explorando a lagoa tranquilamente, observando aves e peixes, divertindo-nos.

Se as crianças pudessem decidir sempre, com certeza teríamos passado o dia todo na lagoa; mas, à tarde, houve um momento dedicado aos adultos. Fomos ao restaurante O Borges, ao lado de casa, provar as famosas amêijoas oriundas da lagoa. O resto do tempo foram livros e legos e brincadeira…

Dormida na Fajã da Caldeira de Santo Cristo: Casa da Lagoa

Dia 6: Barco para o Faial

De manhã, e depois de termos arranjado alguém para nos ir buscar à Fajã dos Cubres, contratámos os serviços do senhor Luís para nos levar a bagagem na sua moto quatro. Na verdade, havia lugar para alguns de nós aproveitarem a boleia, pelo que acabei por ir com as crianças em cima da motorizada. A Luísa preferiu vestir a roupa de corrida e ir a pé.

Chegados à Fajã dos Cubres, foi apenas o tempo de tomar uma Kima de maracujá no Snack-bar Costa Norte e rumar de carro até ao porto de Velas. Estava terminado o roteiro de viagem à ilha de São Jorge. Foram cinco dias apenas, mas muito bem preenchidos.

Mapa com as principais atrações de São Jorge

Guia para visitar São Jorge

Como chegar a São Jorge

Após chegar a um dos hubs do arquipélago açoriano, a SATA tem voos para o aeródromo de São Jorge, uma pequena estrutura aeroportuária situada na Fajã da Queimada, a poucos quilómetros de Velas. Fora da época alta, considere a possibilidade de beneficiar do encaminhamento inter-ilhas da SATA (atualização: já não estão disponíveis).

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Se já estiver numa das ilhas do grupo Central, o barco é a melhor opção para chegar a São Jorge. Tenha em atenção que fora dos meses de verão a frequência diminui drasticamente. Veja os horários no site da Atlanticoline.

Transportes na ilha de São Jorge

Não há volta a dar: para conhecer São Jorge precisa de um carro, caso contrário dificilmente conseguirá visitar de forma eficiente boa parte dos locais mais emblemáticos. A alternativa seriam os táxis, mas nesse caso acabará por gastar muito mais dinheiro. Veja o artigo sobre alugar carro nos Açores para mais dicas.

Eu, infelizmente, marquei a viagem com pouca antecedência e já não consegui arranjar carro (estava tudo completamente esgotado). A solução foi alugar informalmente a um habitante local, mas não é de todo a solução mais aconselhável. Por isso, tente reservar com muita antecedência.

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Onde ficar

Ficar uns dias na Fajã Caldeira de Santo Cristo sempre esteve nos meus planos mas, para poder alugar um carro e explorar a ilha, não queria ficar todo o tempo lá hospedado. Assim, decidi dividir a estadia em dois locais: ficaria três noites em Urzelina (ou em Velas), e duas noites na fajã. E julgo que foi uma sábia decisão.

Em concreto, pernoitei as primeiras três noites nos bungalows da Intact Farm, em Urzelina. Caso esteja esgotado, considere o Marficas Hostel como alternativa. Eu confesso que ponderei durante algum tempo montar a primeira base numa casa da Aldeia da Encosta, em Velas – principal povoação da ilha de São Jorge. Só optei por Urzelina por sugestão do meu irmão, que mora há muitos anos nos Açores, e não me arrependo.

De seguida, fiquei duas noites na magnífica Casa da Lagoa, na Fajã de Santo Cristo. Adorei! Note que na Fajã de Santo Cristo outra opção muito popular é a Caldeira Guesthouse (também conhecida como Caldeira Surfcamp), ideal para quem viaja sozinho ou a dois, por exemplo. Para uma família, julgo que tomei a opção acertada.

Boa parte da hospedagem em São Jorge são apartamentos, e a oferta não é muito grande. Caso pretenda visitar São Jorge no verão, reserve com a máxima antecedência possível.

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Produtos de São Jorge

Eis alguns produtos gastronómicos tradicionais da ilha de São Jorge que vale a pena provar (e comprar):

  • Atum Santa Catarina;
  • Café do Nunes;
  • Espécies de Maria de Fátima Silvestre Brasil;
  • Queijo de São Jorge na Cooperativa da Beira.

Seguro de viagem

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.